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Faculdade União de Goyazes Disciplinas: Sociologia Aplicada / Ciências Sociais Cursos: Fisioterapia (1º Período), Enfermagem (1º Período) e Farmácia (2º Período). As Famílias. Profª Thaís Renata Q. Santana Carneiro. Bibliografia: GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
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Faculdade União de Goyazes Disciplinas: Sociologia Aplicada / Ciências Sociais Cursos: Fisioterapia (1º Período), Enfermagem (1º Período) e Farmácia (2º Período) As Famílias Profª Thaís Renata Q. Santana Carneiro Bibliografia: GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
A grande diversidade de formas de famílias e de núcleos domésticos tornou-se uma característica cotidiana de nossos tempos. As pessoas estão menos propensas a casar do que antes e também estão se casando cada vez mais tarde. • CONCEITOS BÁSICOS • O “parentesco”, a “família” e o “casamento” são termos intimamente relacionados de significado-chave para a sociologia e a antropologia. • O parentesco compreende tanto os laços genéticos quanto os formados pelo casamento. Laços de parentesco são conexões entre indivíduos, estabelecidas tanto por casamento como por linhas de descendência, que conectam parentes cosanguíneos (mães, pais, irmãos, etc). • Uma família é um grupo de pessoas diretamente unidas por conexões parentais, cujos membros adultos assumem a responsabilidade pela criação dos filhos. • O casamento pode ser definido como uma união sexual entre dois indivíduos adultos socialmente reconhecida e aprovada.
As relações familiares são sempre reconhecidas dentro de grupos de parentesco mais abrangentes. • Uma família nuclear é um núcleo doméstico em que um casal casado (ou pai ou mãe solteiros) mora junto com filhos, seus ou adotados. • Quando outros parentes além da família nuclear habitam o mesmo núcleo doméstico ou se envolvem em um relacionamento próximo e contínuo, falamos na existência de uma família ampliada. • Uma família ampliada pode incluir avós, irmãos e suas esposas, irmãs e seus maridos, tias e sobrinhos. • Nas sociedades ocidentais, o casamento, e portanto a família, estão associados à monogamia (um relacionamento sexual socialmente aprovado entre um homem e uma mulher). • Muitas outras culturas toleram ou encorajam a poligamia, em que um indivíduo pode estar casado com duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. • Durante o século XX, a predominância do núcleo familiar tradicional sofreu um gradual desgaste na maioria das sociedades industrializadas. Uma grande diversidade de formas familiares existe atualmente.
PERSPECTIVAS TEÓRICAS SOBRE A FAMÍLIA • Abordagens teóricas contrastantes foram adotadas no estudo da família. Muitas das perspectivas adotadas mesmo há poucas décadas agora parecem muito menos convincentes à luz de recentes pesquisas e de importantes mudanças no mundo social. • O Funcionalismo • A perspectiva funcionalista vê a sociedade como um conjunto de instituições sociais que desempenha funções específicas para assegurar continuidade e consenso. • Conforme essa perspectiva, a família desempenha importantes tarefas que contribuem para as necessidades básicas da sociedade e auxiliam a perpetuar a ordem social. • Para os funcionalistas, a família tem duas funções principais: • Socialização primária: processo pelo qual as crianças aprendem as normas culturais da sociedade em que nasceram. Visto que isso ocorre durante a infância, a família seria o mais importante núcleo para o desenvolvimento da personalidade humana.
Estabilização da personalidade: refere-se ao papel desempenhado pela família ao assistir emocionalmente seus membros adultos. O casamento entre homens e mulheres adultos é o arranjo pelo qual as personalidades adultas se apóiam e se mantêm saudáveis. • Talcon Parsons (sociólogo funcionalista norte-americano) considerava a família nuclear a unidade mais bem equipada para lidar com as demandas da sociedade industrial. • Na “família convencional”, um adulto pode trabalhar fora de casa enquanto outro adulto cuida da casa e dos filhos. Em termos práticos, essa especialização das funções dentro da família nuclear significava que o marido adotaria a função “instrumental” de provedor e a mulher, a função “afetiva”, emocional, dentro do ambiente doméstico. • Atualmente, a visão de Parsons da família é considerada inadequada e ultrapassada. As teorias funcionalistas sobre a família estão sendo duramente criticadas por considerarem a divisão doméstica das tarefas entre homens e mulheres natural e incontroversa. • Entretanto, vistas em seu próprio contexto histórico, as teorias são um pouco mais compreensíveis.
Os anos que se seguiram ao pós-guerra viram mulheres retornando às suas tradicionais funções domésticas e homens assumindo novamente seus postos de únicos provedores. • Contudo, podemos criticar as visões funcionalistas da família em outros aspectos. Ao enfatizar a importância da família no cumprimento de certas funções, ambos os teóricos negligenciam o papel que outras instituições sociais, como o governo, a mídia e as escolas, desempenham na socialização infantil. • As teorias também negligenciaram as variações nos padrões familiares que não correspondem ao modelo de família nuclear. As famílias que não se adequavam ao ideal branco da classe média, habitantes de áreas residenciais dos subúrbios, eram consideradas desviadas. • Abordagens Feministas • As feministas estudaram as desigualdades em muitas áreas da vida familiar, incluindo a divisão doméstica do trabalho, as desigualdades das relações de poder e cuidados essenciais.
O feminismo teve grande impacto ao desafiar a visão de família como um domínio harmonioso e igualitário. • Em 1965, uma das primeiras vozes divergentes foi da feminista norte-americana Betty Freidan, que escreveu sobre o inominável problema – o isolamento e o tédio que arrastaram muitas donas de casa norte-americanas a um ciclo interminável de assistência aos filhos e de trabalho doméstico. • Outras vozes vieram, explorando o fenômeno da esposa enclausurada e os efeitos danosos do sufocamento causado pelo ambiente familiar nas relações interpessoais. • Se previamente a sociologia da família concentrara-se nas estruturas familiares, no desenvolvimento histórico da família nuclear e da família ampliada e na importância dos laços de parentesco, o feminismo conseguiu direcionar as atenções dentro da família para o exame das experiências na esfera doméstica. • As sociólogas feministas estudaram como as tarefas domésticas, como o cuidado com as crianças e o trabalho doméstico, são partilhadas entre homens e mulheres.
O espancamento da mulher, o estupro conjugal, o incesto e o abuso sexual de crianças receberam todos mais atenção pública graças às alegações das feministas de que a face abusiva e violenta da família foi ignorada durante muito tempo tanto nos contextos acadêmicos quanto nos âmbitos policial e legal. • Novas perspectivas na sociologia da família • Os estudos feministas da família nem sempre refletiram tendências e influências mais amplas que ocorriam fora do lar, pois, muitas vezes, se concentraram em aspectos específicos dentro da esfera doméstica. • Na última década surgiu um importante corpo de literatura sociológica sobre a família, que, apesar de apresentar perspectivas feministas, não se restringia a elas estritamente. • Dentre as principais preocupações, estão as grandes transformações que estão ocorrendo nos perfis familiares – a formação e a dissolução de famílias e lares e a mudança crescente de expectativa no seio das relações pessoais dos indivíduos.
O aumento no número de divórcios e das relações monoparentais, o surgimento das famílias reconstituídas e das famílias homossexuais e a popularidade da coabitação são todos objetos de interesse destes autores. • Uma das mais importantes contribuições a essa literatura foi feita pelo casal Ulrich Beck e Elisabeth Beck-Gernsheim. Em O Caos Normal do Amor, os autores examinam a tumultuada natureza das relações pessoais, dos casamentos e dos padrões familiares contra o pano de fundo de um mundo de rápida transformação. • Eles vêem nossa época repleta de interesses colidentes entre família, trabalho, amor e liberdade de perseguir metas individuais. Essa colisão é sentida agudamente nas relações pessoais. • Afirmam que a “guerra dos sexos” é o drama central de nossos tempos, como se evidencia no crescimento da indústria de aconselhamento matrimonial, dos juizados de família, dos grupos de ajuda marital e das taxas de divórcio. • Mesmo que o casamento e a família pareçam mais quebradiços que nunca, eles ainda são muito importantes para as pessoas. O divórcio é cada vez mais comum, mas as taxas de recasamento são elevadas.
A taxa de natalidade pode estar caindo, mas há uma grande demanda por tratamento de fertilidade. Um número cada vez menos de pessoas pode estar escolhendo o casamento, mas o desejo de viver com alguém como parte de um casal certamente ainda é forte. • O que pode explicar essas tendências conflitantes? • De acordo com esses autores, a resposta é simples: o amor. Eles afirmam que a atual “guerra dos sexos” é talvez a indicação mais clara da “sede de amor” das pessoas. • As pessoas casam por amor e se divorciam por amor; engajam-se em um infinito ciclo de esperanças, arrependimentos e novas tentativas. Se de um lado as tensões entre homens e mulheres são grandes, ainda há uma profunda esperança e fé na possibilidade de encontrar o amor verdadeiro e a realização pessoal. • Beck e Beck-Gernsheim não consideram “o amor” uma resposta simplista para nossas complexidades atuais, alegam que o amor se tornou cada vez mais importante justamente porque o nosso mundo é tão devastador, impessoal, abstrato e em constante mutação. O amor é o único lugar onde as pessoas podem realmente encontrar a si mesmas e entrar em contato com outras.
“O amor é a busca de si mesmo, um desejo de realmente entrar em contato consigo mesmo e com você, partilhando corpos, partilhando pensamentos, encontrando um ao outro sem prevenções, fazendo confissões e recebendo perdão, compreendendo, validando e apoiando o que era e o que é, ansiando por um lar e pela confiança que rechaça as dúvidas e as ansiedades geradas pela vida moderna. Se nada parece certo ou seguro, se em um mundo poluído até mesmo respirar é arriscado, então as pessoas vão em busca dos ilusórios devaneios amorosos até que subitamente eles se transformem em pesadelos”. • O amor, dizem eles, é ao mesmo tempo desespero e alívio. É uma “força poderosa que obedece as regras próprias e inscreve suas mensagens nas expectativas, ansiedades e padrões de comportamento das pessoas”. Neste mundo oscilante, ele passou a ser uma nova fonte de fé. • O CASAMENTO E O DIVÓRCIO • As taxas de divórcio cresceram nos anos pós-guerra, e o número de primeiros casamentos declinou. Como resultado, uma crescente parcela da população vive em lares monoparentais.
Por muitos séculos, no Ocidente, o casamento foi considerado praticamente indissolúvel. Os divórcios eram concedidos apenas em casos limitados, como a não-consumação do casamento. • Há um ou dois países industrializados que ainda não reconhecem o divórcio, mas são casos isolados. A maioria dos países passou a facilitar a obtenção do divórcio rapidamente. • As taxas de divórcio não são obviamente indicadores diretos de infelicidade conjugal. Em primeiro lugar, elas não incluem pessoas que estão separadas, mas não legalmente divorciadas. Além disso, as pessoas que estão infelizes no casamento podem optar por permanecerem unidas – por acreditarem na santidade do casamento ou por se preocuparem com as consequências emocionais ou financeiras de um rompimento, ou ainda por desejarem permanecer juntas para dar aos filhos um lar “familiar”. • Diversos fatores estão envolvidos e relacionados a mudanças sociais mais amplas para explicar a frequência de divórcios: • Salvo por uma pequena camada mais abastada, o casamento hoje não tem mais a conexão com o desejo de perpetuar a propriedade e o status de geração a geração.
À medida que a mulher se torna mais independente economicamente, o casamento torna-se uma parceria econômica menos necessitária do que antes. • Uma maior prosperidade geral permite mais facilmente do que antes o estabelecimento de um núcleo doméstico separado, caso não haja mais afeição conjugal. • O fato de o estigma do divórcio hoje ser menor resulta em parte desses desenvolvimentos, mas também lhes dá impulso. • A crescente tendência de se avaliar o casamento quanto aos níveis de satisfação pessoal que oferece. • As taxas cada vez maiores de divórcio não parecem indicar uma profunda insatisfação com o casamento enquanto tal, mas uma elevada determinação de fazer dele um relacionamento satisfatório e recompensador. • Núcleos Domésticos Monoparentais • Os lares monoparentais tornaram-se cada vez mais comuns nas últimas três décadas.
Expressões mais antigas como “esposas abandonadas”, “famílias sem pai” e “lares desfeitos” tendem a desaparecer. • Caminhos que levam a monoparentalidade: • Separação (e possivelmente divórcio) de um casal com filhos dependentes. • Fim da coabitação com filhos dependentes. • Morte de um dos pais. • Uma mulher solteira, não-coabitante e sem filhos dependentes, dá à luz uma criança. • Caminhos que levam a sair da monoparentalidade: • Reconciliação com o antigo cônjuge ou companheiro. • Ingresso de pai solteiro em um novo casamento ou relação de coabitação. • Independência dos filhos por atingirem a maioridade civil, saírem de casa, serem levados para tratamento médico ou devido à morte ou ao desaparecimento.
Alternativas ao Casamento • O casamento não é mais a base definidora para a união entre duas pessoas. A coabitação (quando um casal vive junto em um relacionamento sexual fora do casamento) tornou-se cada vez mais difundida em muitas sociedades industriais. • Um número crescente de casais em relacionamentos de longo prazo opta por não casar, mas residir e criar os filhos juntos. • Embora a coabitação esteja se tornando cada vez mais popular, a investigação sugere que o casamento ainda é mais estável. Os casais não-casados que vivem juntos tendem a separar três a quatro vezes mais do que os casais casados. • Homens e mulheres homossexuais podem cada vez mais viver juntos como casais, à medida que as atitudes em relação ao homossexualismo tornam-se mais tolerantes. Em alguns casos, casais homossexuais obtiveram o direito legal de serem considerados uma família. • A expressão “famílias escolhidas” tem sido aplicada a parcerias homossexuais para refletir as formas positivas e criativas de vida cotidiana.
Violência e Abuso na Vida Familiar • A vida familiar não é de modo algum um retrato sempre de harmonia e felicidade; o abuso sexual e a violência doméstica às vezes fazem parte da rotina. • As relações familiares – entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs, ou entre parentes distantes – podem ser ternas e gratificantes. Mas também podem conter as mais acentuadas tensões, levando as pessoas ao desespero ou preenchendo-as com uma profunda sensação de culpa e ansiedade. • Podemos definir violência doméstica como o abuso físico dirigido por um membro da família contra outro ou outros. • Alguns fatores podem sugerir as causas da violência doméstica ser tão comum: • A combinação entre intensidade emocional e a intimidade pessoal características da vida familiar. Os laços familiares estão normalmente carregados de fortes emoções, misturando amor e ódio. O que parece um incidente sem importância pode precipitar gigantescas hostilidades.
Um bocado de violência dentro da família é na verdade tolerada e até mesmo aprovada. Embora a violência familiar socialmente sancionada seja de natureza relativamente confinada, ela pode facilmente propagar-se em formas mais severas de agressão. • O abuso sexual infantil pode ser mais facilmente definido como a prática de atos sexuais que adultos perpetram com crianças menores de idade. • O incesto refere-se às relações sexuais entre pessoas de parentesco próximo. Nem todo incesto é abuso sexual infantil. O intercurso sexual entre irmão e irmã é incestuoso, mas não se encaixa na definição de abuso. No abuso infantil, um adulto está explorando crianças ou adolescentes com fins sexuais. • No entanto, a forma mais comum de incesto também é abuso sexual infantil – relações incestuosas entre pais e suas filhas menores de idade. • A maioria dos abusos sexuais de crianças e das violências domésticas é praticada por homens, estando aparentemente conectados a outros tipos de comportamento violento em que alguns homens estão envolvidos. • O abuso sexual infantil é geralmente encontrado, com mais frequência, nas classes sociais mais baixas, mas existe em todos os níveis de hierarquia social.
Há hoje um material considerável que indica que o abuso sexual infantil pode acarretar consequências duradouras em suas vítimas. • Estudos com prostitutas, delinquentes juvenis, adolescentes que fugiram de casa e usuários de drogas mostram que uma grande proporção tem histórico de abuso sexual infantil. • Obviamente, correlação não é causação. • Demonstrar que as pessoas nessas categorias foram abusadas enquanto crianças não mostra que tais abusos tiveram influência causal sobre seus comportamentos posteriores. • Há provavelmente uma gama de fatores envolvida, como conflitos familiares, negligência paterna e violência física.