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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA A SAÚDE – PET-SAÚDE COMO ESPAÇO DE EMPODERAMENTO INTERDISCIPLINAR A PARTIR DA RELAÇÃO ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃO-SERVIÇO-CUIDADO. Autores
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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA A SAÚDE – PET-SAÚDE COMO ESPAÇO DE EMPODERAMENTO INTERDISCIPLINAR A PARTIR DA RELAÇÃO ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃO-SERVIÇO-CUIDADO Autores Áureo dos Santos1; Tutor; Preceptores; Docentes de Apoio; Monitores Bolsistas e Acadêmicos Voluntários dos Cursos de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Serviço Social e Educação Física. Instituições: Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – Avenida Pedra Branca, 25 – Bairro Fazenda Pedra Branca – Palhoça – Santa Catarina – CEP 88132-000 – Fone: (48) 3279.1019 – petsaude.sf@unisul.br e Prefeitura Municipal de Palhoça – Secretaria Municipal de Saúde – Av. Ilza Terezinha Pagani, 289 – Parque Residencial Pagani – Palhoça – Santa Catarina - CEP: 88132-760 – Fone: (48) 3279.1718. 1 Introdução Em tempos atuais, cada vez mais se exige tecnologias agregadoras que produzam eficiência, eficácia e efetividade ao Sistema Único de Saúde – SUS. Ver, pensar e fazer um SUS universal, equânime e integral requer a compreensão e a prática de vontades basilares: vontade política, vontade técnica, vontade financeira e vontade social. A vontade política que nos remete para a idéia de que o SUS precisa ter garantido a sua constitucionalização e institucionalização. Compreende-se por política as decisões de caráter geral, destinadas a tornar públicas as intenções de atuação do governo em obediência à Constituição e sua requerida regulamentação, e a orientar o planejamento institucional – no tocante a um determinado tema – e seu desdobramento em outros instrumentos operacionais. Com a explicitação formal dessas decisões, busca-se, também, permitir o acesso da população em geral, e dos formadores de opinião em particular, à discussão, à implementação e à avaliação das políticas. 1 A vontade técnica, por sua vez, que exige formação, capacitação e aperfeiçoamento para fazer bem feito desde a primeira vez. A vontade financeira que reclama suficiência orçamentária e financeira para que os objetivos do SUS de promover, proteger e recuperar a saúde do sujeito individual e coletivo possa ser plenamente alcançado. E a vontade social que invoca a participação politizada e comprometida da população com a coisa e a causa pública. Uma dessas tecnologias consiste no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-SAÚDE, programa interministerial do Ministério da Saúde e Ministério da Educação, cujo objetivo central é o de qualificar e aperfeiçoar trabalhadores de saúde e inserir docentes e acadêmicos a partir da estreita relação entre ensino, pesquisa, extensão, serviço e cuidado (Figura 1 e Figura 2). Nesse contexto a interdisciplinaridade se apresenta como elemento de vital importância, a partir da exigência de interação entre docentes, acadêmicos, profissionais e usuários. A interdisciplinaridade, também concebida como trabalho em equipe sugere obediência à lei do ganha-ganha e do perde-perde, isto é, se um ganha todos ganham e se um perde todos perdem. A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas instituições, professores, acadêmicos, profissionais e usuários de explicar, compreender, intervir, mudar e prever algo que desafia e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários. 2 A materialização desse processo requer que o todo participativo seja empoderado. Para tal, consideram-se três tipos de empoderamento: o empoderamento individual ou intrapessoal que ocorre quando indivíduos singulares são/se autopercebem como detentores de recursos que lhes permitem influir nos e mesmo controlar os cursos de ação que lhes afetam. O empoderamento organizacional que consiste do empoderamento gerado na e pela organização, independentemente desta ser pública ou privada, por meio de mecanismos de compartilhamento do poder decisório e da liderança, de modo que as decisões sejam mais coletivas e horizontais. E o empoderamento comunitário que é o processo pelo qual os sujeitos – individuais e coletivos – de uma comunidade, por meio de processos participativos, constroem estratégias e ações para atingir seus objetivos coletiva e consensualmente traçados. 3 2 Objetivo O objetivo central deste estudo consiste em delimitar aspectos do empoderamento interdisciplinar a partir da relação ensino-pesquisa-extensão-serviço-cuidado no âmbito do PET-SAÚDE-SF-UNISUL-PALHOÇA-MS-MEC. 3 Orientação Metodológica Este estudo, de natureza qualitativa, teve como base de inserção um grupo instalado na Unisul – Campus da Grande Florianópolis, denominado PET-SAÚDE-SF-UNISUL-PALHOÇA-MS-MEC. O público alvo se caracterizou pelo quantitativo de quarenta e cinco sujeitos que compõem o grupo, sendo um tutor, seis preceptores (profissionais da Rede Municipal de Saúde de Palhoça), oito docentes de apoio e trinta acadêmicos distribuídos entre os cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia, educação física e assistência social. As percepções individuais foram obtidas a partir de uma assertiva a ser criticada, enviada por meio eletrônico. As informações perceptivas foram analisadas e interpretadas à luz do Discurso do Sujeito Coletivo, quando percepções individuais convergentes conformam discursos coletivos como se de um único sujeito fosse. 4 Resultados e Discussão A orientação metodológica oferecida pelo Método Discurso do Sujeito Coletivo, fundamentado na Teoria da Representação Social, postula que vários discursos convergentes compõem um só discurso a partir de idéias centrais/ancoragens e respectivas expressões chave. 4 Em alinhamento, buscou-se relacionar os tipos de empoderamento convergentes às idéias centrais extraídas do Discurso do Sujeito Coletivo (Quadro 1). A primeira idéia central revelada diz respeito ao Empoderamento do Processo Aprendizagem-Ensino-Aprendizagem, ratificada pela expressão chave assim delimitada: realmente, uma forma democrática e participativa de melhora da saúde coletiva através do trabalho interdisciplinar e de grande aprendizagem para os acadêmicos agregadores e construtores do conhecimento em saúde. Me sinto muito motivada em trabalhar no PET-SAUDE UNISUL, pois antes de qualquer decisão o grupo discute, procura entender, compreender as diferentes opiniões, sendo que todos falam e são ouvidos, e juntos chegamos a um resultado. As tarefas são distribuídas igualmente entre os participantes, e existe uma constante construção do conhecimento, haja vista que cada um tem algo a aprender e ensinar no grupo. A segunda idéia central encontra ressonância no Empoderamento doSenso de Responsabilidade com Foco, corroborada a partir das expressões: com certeza, estamos aprimorando nossa visão e foco acerca da saúde por meio do PET-Saúde. Entendemos que o PET-SAÚDE resume sucintamente em poucas palavras e ações o objetivo do mesmo para os envolvidos e comprometidos com o projeto. O respeito e comprometimento entre os envolvidos, tanto no aspecto pessoal como profissional, releva a eficácia do nosso trabalho, com retorno direto para a mais interessada - a sociedade. A terceira idéia central reside no Empoderamento daCapacidade de Integração e Interação, legitimada pela seguinte expressão chave: no meu modo de ver, creio que não há nenhuma dúvida em relação à interação de todas as áreas e cursos envolvidos no PET. Estamos conseguindo mostrar e realizar a verdadeira ação coletiva em prol da saúde coletiva que a área da saúde e social deveria estar aplicando há muito tempo. O PET-SAÚDE proporciona a vivência de relações compartilhadas e harmoniosas de distintas áreas de atuação, o que resulta em um excelente aprendizado teórico e prático orientado pelo trabalho em equipe. 5 Considerações Finais Pensar no cuidado à saúde do sujeito individual e coletivo, bem como no sistema nacional que o regula e o gerencia a partir da atenção básica deve ser um exercício constante e permanente. Este estudo revelou que a adoção de novas tecnologias tal como o PET-SAÚDE pode produzir impactos empoderadores em potencial, seja no plano pessoal, institucional e comunitário. Este possui características que reforçam o sentido da horizontalidade tão requerida, isto é, um SUS que seja visto, pensado e praticado de forma democrática, participativa e inclusiva enquanto rede de atenção resolutiva e equânime à saúde do sujeito individual e coletivo. 6 Agradecimentos Registra-se agradecimento à Professora Dilma Beatriz Rocha Juliano pela condução da força tarefa embrionária, à Professora Ana Regina Dutra Aguiar, gerente da GEPEX e toda sua equipe pela acolhida e apoio ao PET-SAÚDE, ao Senhor Ari Leonel, Secretário Municipal de Saúde pelo acolhimento incondicional, à Vanessa Francalacci, Coordenadora da UNA Saúde, aos Coordenadores dos Cursos da UNA Saúde da Unisul – Campus Grande Florianópolis, à Comunidade P(é)tiana (tutor, docentes de apoio, preceptores, acadêmicos e trabalhadores da saúde) e à Comunidade de Palhoça pela entrega e pelo compromisso dispensados ao PET-SAÚDE-SF-UNISUL-PALHOÇA-MS-MEC. • Referências • 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Planejamento e Orçamento. Sistema de planejamento do SUS: uma construção coletiva: formulação de políticas específicas de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Subsecretaria de Planejamento e Orçamento. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. • 2. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 2002a. • 3. PERKINS, D.D.; ZIMMERMAN, M.A. (1995). Empowerment meets narrative: Listening to stories and creating settings. American Journal of Community Psicology. Oct. v. 23. n. 5. p. 569-79. • LEFEVRE, F; LEFEVRE, AMC; Teixeira JJV. O Discurso do Sujeito Coletivo. Uma nova abordagem metodológica em pesquisa qualitativa. Caxias do Sul; Educs 2000. Quadro 1 – Tipologia do Empoderamento alinhado com o Discurso do Sujeito Coletivo Figura 2 - PET - Divulgação Figura 1 – Quadrilátero do PET-SAÚDE-SF (1) Professor Coordenador do Programa aureo.santos@unisul.br (48) 8806.7151.