680 likes | 827 Views
As perspectivas para a indústria brasileira na era das cadeias globais de valor, dos mega acordos regionais e das barreiras não tarifárias Prof. Lucas Ferraz (Escola de Economia de São Paulo - FGV). Julho/2014. Centro do Comércio Global e do investimento – EESP/FGV.
E N D
As perspectivas para a indústria brasileira na era das cadeias globais de valor, dos mega acordos regionais e das barreiras não tarifárias Prof. Lucas Ferraz (Escola de Economia de São Paulo - FGV) Julho/2014 Centro do Comércio Global e do investimento – EESP/FGV
IntroduçãoàsCadeiasGlobais de Valor Algunsfatosestilizadossobre o comérciointernacional de bens intermediários A EconomiaBrasileirana era das CadeiasGlobais de valor: Hásinais de integração? Hásinais de umacadeia regional de valor emformação no Mercosul? AcordosRegionais x Cadeias de Valor Os Mega AcordosRegionais e a importância das barreirasnãotarifárias O papel da infraestrutura e da facilitação do comércio ComentáriosFinais Sumário Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
O que há de novo sobre Cadeias Globais de Valor? • A “Nova Teoria do Comércio” foi consolidada nos anos 80s, principalmente pelos trabalhos de Paul Krugman, buscando explicar o comércio bilateral entre países sem vantagens comparativas mútuas evidentes (chamado comércio “Norte-Norte” ou intra-indústria); • Naquela época, o comércio intra-indústria era tipicamente praticado por economias desenvolvidas e representava cerca de 30% a 40% das exportações mundiais; • Os anos 70’s e 80’s também testemunharam a ascensão econômica da Ásia e a rápida industrialização de vários de seus países, como China, Taiwan, Coréia do Sul, Singapura e outros; Julho/2014 Center for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
Ao invés de adotarem o tradicional modelo de “substituição de importações”, amplamente adotado na América Latina, estes países optaram por um modelo de especialização em estágios de produção, integrando suas estruturas produtivas, não apenas a cadeias de valor existentes na Europa e no NAFTA , como também criando suas próprias cadeias de valor regionais… • Mais recentemente, a mesma estratégia de industrialização foi adotada pelos países do leste asiático, como Polônia, República Checa, Eslováquia e Hungria. Aos invés de construírem cadeias de suprimentos integralmente domésticas, estes países estão se industrializando rapidamente por meio da integração a cadeias de valor da Europa ocidental; • Atualmente, o comércio intra-indústria (ou comércio de bens intermediários) corresponde a cerca de 66% das exportações mundiais, não sendo mais, apenas, Norte-Norte, mas também Norte-Sul… Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
Consequências… • A integração das estruturas produtivas em escala internacional faz com que o conceito de competitividade de um país deixe de ser apenas doméstico, tornando-o dependente das vantagens comparativas de cada país integrante das cadeias globais de valor às quais pertence (Timer et al, 2013; Johnson&Noguera, 2012); 8 A integração às cadeias globais de valor enfatiza a importância de não apenas reduzir as barreiras ao comércio (Tarifáriase não Tarifárias), como também de melhoria da infraestrutura de transporte, qualificação da mão de obra e melhoria do ambiente de negócios (Baldwin, 2013) Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
Alguns fatos estilizados sobre o comércio internacional de bens intermediários… Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
1. A formação de cadeias regionais/globais de valor vem impulsionando o comércio internacional de bens intermediários… (Grossman & Rossi-Ransberg, 2008; Johnson & Noguera, 2012; Baldwin & Nicoud, 2014) Source: WIOD Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
2. O crescimento do comércio global de bens intermediários resultou em aumento do conteúdo importado nas exportações nacionais (Johnson & Noguera, JIE, 2012), significando menor valor adicionado doméstico por dólar exportado…. Para cada dólar exportado pela China, apenas 61 cents corresponde a pagamento a fatores domésticos de produção (capital, trabalho e terra). O restante corresponde a pagamento por intermediários importados… Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
3. Como consequência, estatísticasbaseadasemcomérciobrutopodemnãomaisrefletir a competitividade de umaeconomia... (Koopman et al, AER, 2014); O Superávit comercial da China com os USA é cerca de 40% menor quando medido em valor adicionado ... Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
4. Nosúltimosanos, ospaísesemdesenvolvimento aumentaram sua participação no valor adicionado global gerado pelas exportações globais, em detrimento dos países desenvolvidos... Possivelmente sugerindo que, ao menos no agregado, a fragmentação da produção mundial tem sido mais benéfica para países em desenvolvimento.... Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
5. Indústria Brasileira aponta como uma das que menos emprega bens intermediários importados em suas exportações de bens finais manufaturados... Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
6. Como a mais integrada às cadeias globais de valor, a China é a economia, dentre os BRICS, a que mais vem se beneficiando do processo de fragmentacão global da produção, a despeito do baixo valor adicionado por unidade exportada... Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
A economia Brasileira na era das cadeias globais de valor: há sinais de integração? Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
1. Desde a criação do Mercosul, o Brasilreduziusuaparticipação no comércio global, enquanto a participação da Argentina nãoevoluiu… Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
2. Quão aberta é a indústria Brasileira ao comércio internacional de bens finais e intermediários? Source: GTAP 8 data base Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
3. A participação do total importadoaumentounaindústria de transformaçãobrasileira, mas aindaemníveisinferioresaosobservadosempaísescomo China, India, Mexico, EUA e Alemanha… Source: WIOD Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
4. O mesmo vale para o total importado (apenas) de bens intermediáriosnaindústria de transformaçãobrasileira… Source: WIOD Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
5. Como consequência, apesar de umapequenaquedanosúltimosanos, a parcela dos bens intermediáriosdomésticossobre o total de intermediáriosconsumidospelaindústriabrasileiraéaindamuitomaiorqueobservadoem outros países, tantoemergentes, quantodesenvolvidos… A pequenaparticipação de intermediáriosimportados no consumo total de intermediáriospelaindústriabrasileira, sugereumatímidaparticipaçãoemcadeias de suprimentosinternacionais…. Source: WIOD Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
6. Com baixoíndice de aberturacomercialaosconcorrentesimportados, é natural que a indústriabrasileiratambémexportepouco, numaperspectivacomparada… Source: WIOD Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
7. O mesmopodeserditoquantoàsexportações de bens intermediários da indústriabrasileira, sugerindobaixaintegraçãoàscadeiasglobais de valor, como eventual fornecedora de insumos… Source: WIOD Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
Hásinais de umacadeia regional de valor emformação no Mercosul? Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
1. A crescenteimportância da Argentina comodestino das exportações de manufaturadosbrasileiros coincide com a perda de importância de mercadostradicionais, comoos EUA e UE_28… Source: WIOD Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
2. Atualmente, mais de 90% das exportaçõesbrasileiraspara a Argentina corresponde a produtosmanufaturados. Para outros destinosimportantes, estaparcelavemcaindo… Share of Brazilian manufacturing exports in total exports by destination Source: WIOD Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
3. Cerca de 50% do comércio bilateral com a Argentina éconcentradoemapenas 1 setor: Veículosautomotores e peças. Source: WIOD Julho/2014 São Paulo SchoolofEconomics – EESP/FGV
4. Apesar da forte concentraçãoemprodutosmanufaturados, éfraca a evidência de formação de umacadeia regional de valor no âmbito do Mercosul… Source: GTAP 8 data base Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
5. Osnúmerospara as cadeias da Europa, Asia eNaftasãomuitomaisexpressivos… Source: GTAP 8 data base Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
A formação de acordos preferencias de comércio pode contribuir para a criação de cadeias globais/regionais de valor? Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
1. O “regionalismo” vemsubstituindo, progressivamente, o “multilateralismo” : Mais de 400 notificações de acordospreferenciaisnosúltimos 20 anos… Julho/2014 São Paulo SchoolofEconomics – EESP/FGV
2. Enquantoisso, no Brasil… • Nosúltimos 25 anos, o Mercosulfoi o único APC significativoformalizadopelasautoridadesBrasileiras; • Na últimadécada, o foco da políticacomercialbrasileirafoiclaramenteredirecionadopara a formalização de APCs com paísespobresouemdesenvolvimento, taiscomoEgito, Marrocos, Peru e India… Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
3. Sobre a LiteraturaEmpírica • Estudosrecentesapontamparaumacorrelaçãopositiva entre a formação de APCs e a integração das cadeiasprodutivas entre países: • Blyde, J, A Graziano and C Volpe Martincus (2013), “Economic Integration Agreements and Production Fragmentation: Evidence on the Extensive Margin.” Inter-American Development Bank, unpublished document. Washington, DC. • Johnson and Noguera (2012) “Fragmentation and Trade in Value Added Over Four Decades”, NBER Working Paper No. 18186; • Hayakawa, K and N Yamashita (2011) “The Role of Preferential Trade Agreements (PTAs) in Facilitating Global Production Networks", IDE Discussion paper No. 280; • Orefice, G and N Rocha (2011) “Deep Integration and Production Networks: an Empirical Analysis”, WTO, Staff Working Paper ERSD-2011-11. Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
4. Sobre a LiteraturaEmpírica • Principais desafios para a literatura empírica (Blyde, 2013): • Causalidade Reversa: Enquanto a formalização de APCs pode induzir a criação de cadeias de produção internacionais, eventuais cadeias pré-existentes também podem gerar demanda para a formalização de APCs; • Nem todo comércio e investimento são consequência de Cadeias de Valor: Difícil distinguir entre comércio em bens intermediários e investimentos externos diretos verticais (associados à formação de CGV) e comércio de bens finais e investimentos externos diretos horizontais (não associados à formação de CGVs); Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
5. Brasildeveriapriorizar a formação de APCs com “ParceirosNaturais de Comércio”, seguindo a lógica das cadeiasglobais de valor… • Backward Linkages: Quantomaior a relevância de um dado paíscomofornecedor de bens intermediáriospara as exportaçõesbrasileiras, maior o potencialpara a formação de cadeiasinternacionais de suprimentosenvolvendo o Brasil; • Forward linkages: Quantomaior a relevância do Brasilcomofornecedor de bens intermediáriospara as exportações de um dado país, maior o potencialpara a formação de cadeiasinternacionais de suprimentosenvolvendo o Brasil; Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
4. Quaisosparceirosnaturais de comércio do Brasil, sob o ponto de vista de “Backward linkages”? Note: China, UE NAFTA respondempormais de 50% do conteúdoimportado das exportaçõesbrasileiras Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
5. Quaisosparceirosnaturais de comércio do Brasil, sob o ponto de vista de “Forward linkages”? Note: China, NAFTA e EU respondempormais de 60% da compra de insumos do Brasil, utilizadosemsuasexportações… Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
Simulando um ALC entre Brasile UE_28 • Base de Dados: GTAP – 8; • Modelo GTAP representa 134 economias e 57 setores; • Modelo Estático, com estrutura de mercado em Competição Perfeita; • As tarifas de importação do GTAP foram comparadas com as reportadas no WITS (World Integrated Trade System, do Banco Mundial); • Fechamento: Mobilidade total dos fatores de produção, capital, trabalho e terra, exceto recursos naturais. Investimento externo segue diferencial de retorno do capital entre países/regiões; • Os resultados reportados pelo modelo, em valores de comércio bruto, foram recalculados em valor adicionado comercializado, utilizando-se metodologia descrita em Johnson & Noguera, (2012); Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
6. Resultados do modelosugeremaumento da integraçãoprodutiva doBrasil com váriospaíses da EU_28: Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
7. Resultados do modelosugeremaumento da integraçãoprodutiva do Brasil com váriospaíses da EU_28: Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
3. O Mercosulna era dos Mega AcordosRegionais: opapel das barreirasnãotarifárias… Julho/2014 São Paulo SchoolofEconomics – EESP/FGV
1. Atualmente, as economiasmaisricassão as queadotammenoresbarreirastarifáriasaocomérciointernacional (Kee et al, 2009). Julho/2014 São Paulo SchoolofEconomics – EESP/FGV
2. Contudo, a evidênciaempíricasugereque as barreirastarifáriasforamsubstituídasporbarreirasNãotarifárias(TBTs, SPSs e subsídios) nospaísesricos… (Kee et al, 2009) Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
3. Nãosurpreende, portanto, que a Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP), Mega APC emnegociação entre os EUA e a UE_28, foquesuasdiscussõesnaredução de BNTs… Source: WITS/ECORYS, 2009 Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
Qual seria o impacto da Parceria Transatlântica no Mercosul?? Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
A modelagem em equilíbrio geral computável, dos Mega acordos regionais, será desenvolvida em 3 etapas: • 1.Modelagem estática, em competição perfeita, com resultados estimados segunda a lógica de comércio em valor adicionado; • 2.Especificação de um modelo dinâmico, em competição imperfeita; • 3.Introdução do conceito de firmas heterogêneas a laMelitz (Econométrica, 2008) Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
Etapa 1 – Modelagem Estática • Base de dados: GTAP – 8; • Modelo acomoda 134 economias e 57 setores; • Estrutura de mercado em competição perfeita; • Foram utilizadas os equivalentes tarifários (das BNTs, entre os EUA e EU_28) reportados pelo Ecorys (2010) ; • 2 Cenários (ambos incluem a redução de 100% das tarifas de importação bilaterais entre os EUA e a UE_27) • 1. Redução de 50% das BNTs; • 2. Redução de 100% das BNTs; Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
4. As simulaçõessugeremque, quando as BNTs sãolevadasemconsideração, osimpactossobre o PIB de Brasil e Argentina podemsersignificativos… Crescimento do PIB (%) Source: GTAP 8 Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
5. Total ExportadoporBrasil e Argentina…. EXPORTS (%) Source: GTAP 8 Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
6. Em ambos ospaíses, as perdasestãorelativamentemaisconcentradasemsetoresquefazemusointensivoem terra… Retornosobreosfatores de produção (%) Source: GTAP 8 Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
7. Resultadospara o PIB setorialno Brasilconfirmampercentualmaior de perdasparasetoresintensivosem terra… PIB setorial (%) – Setoresintensivosem Terra PIB setorial (%) – Setoresintensivosem capital Perdasem 60,3% dos resultados Perdasem 35,0% dos resultados Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
8. Resultadossemelhantespara a Argentina… PIB setorial (%) – Setoresintensivosem Terra PIB setorial (%) – Setoresintensivosem capital Perdasem 82,5% dos resultados Perdasem 36,5% dos resultados Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV
Embusca dos gargaloscomerciais: O papel da infraestrutura... Julho/2014 Centre for Global Trade andInvestment – EESP/FGV