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Morte e Vida Severina

Morte e Vida Severina. JOÃO CABRAL DE MELO NETO. JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1920-1999). POETA-ENGENHEIRO. DIPLOMATA-SERVIU EM VÁRIOS PAÍSES EUROPEUS E SUL-AMERICANOS. ESPANHA – BRASIL (ANALOGIA) . CARACTERÍSTICAS GERAÇÃO DE 45 FORMAS REGULARES DE ESTROFAÇÃO E AO VERSO METRIFCADO .

claudia
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Morte e Vida Severina

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  1. Morte e Vida Severina JOÃO CABRAL DE MELO NETO

  2. JOÃO CABRAL DE MELO NETO • (1920-1999). • POETA-ENGENHEIRO. • DIPLOMATA-SERVIU EM VÁRIOS PAÍSES • EUROPEUS E SUL-AMERICANOS. • ESPANHA – BRASIL (ANALOGIA)

  3. CARACTERÍSTICAS • GERAÇÃO DE 45 • FORMAS REGULARES DE ESTROFAÇÃO E AO VERSO METRIFCADO

  4. TEMAS A poesia de João Cabral se caracteriza pela objetividade na constatação da realidade e, em alguns casos, pela tendência ao surrealismo. No nível temático, podemos distinguir em sua poética três grandes preocupações, apresentadas a seguir. • O Nordeste com sua gente: os retirantes, suas tradições, seu folclore, a herança medieval e os engenhos; de modo muito particular, seu estado natal, Pernambuco, e sua cidade, o Recife. São objeto de verificação e análise os mocambos, os cemitérios e o rio Capibaribe, que aparece, por mais de uma vez, personificado. • A Espanha e suas paisagens, em que se destacam os pontos em comum com o Nordeste brasileiro. "Sou um regionalista também na Espanha, onde me considero um sevilhano. Não há que civilizar o mundo, há que 'sevilhizar' o mundo", afirma o poeta. • A Arte e suas várias manifestações: a pintura de Miró, de Picasso e do pernambucano Vicente do Rego Monteiro; a literatura de Paul Valéry, Cesário Verde, Augusto dos Anjos, Graciliano Ramos e Drummond; o futebol de Ademir Meneses e Ademir da Guia; a própria arte poética.

  5. ESTILO • Criou um estilo seco, anti-lírico, de musicalidade dissonante. • Textos de configuração concreta: EX: O LÁPIS, O ESQUADRO, O PAPEL: O DESENHO, O PROJETO, O NÚMERO; O ENGENHEIRO PENSA O MUNDO JUSTO. MUNDO QUE NENHUM VÉU ENCOBRE.

  6. Morte e Vida Severina, o texto mais popular de João Cabral de MeloNeto, é um auto de natal do folclore pernambucano. Foi escrito entre 1954-55. Morte Vida Severina tem como subtítulo Auto de Natal pernambucano e tem inspiração nos autos pastoris medievais, além de espelhar-se na cultura popular nordestina.

  7. Morte e Vida Severina estruralmente está dividida em 18 partes; no entanto, outra divisão muito nítida pode ser feita quanto à temática: da parte 1 a 9, compreende-se o périplo de Severino até o Recife, seguindo sempre o rio Capibaribe, ou o "fio da vida" que ele se dispõe a seguir, mesmo quando o rio lhe falta e dele só encontra a leve marca no chão crestado pelo sol. Da parte 10 a 18, o retirante está no Recife ou em seus arredores e sofridamente sabe que para ele não há nenhuma saída, a não ser aquela que presenciou no percurso: a morte.

  8. Sua linha narrativa segue dois movimentos que aparecem no título: "morte" e "vida". No primeiro, temos o trajeto de Severino, personagem-protagonista, para Recife, em face da opressão econômico-social, Severino tem a força coletiva de uma personagem típica: representa o retirante nordestino. No segundo movimento, o da "vida", o autor não coloca a euforia da ressurreição da vida dos autos tradicionais, ao contrário, o otimismo que aí ocorre é de confiança no homem, em sua capacidade de resolver os problemas sociais.

  9. O auto de natal Morte e Vida Severina possui estrutura dramática: é uma peça de teatro. Severino, personagem, se transforma em adjetivo, referindo-se à vida severina, à condição severina, à miséria.O retirante vem do sertão para o litoral, seguindo a trilha do rio Capibaribe. Quando atinge o Recife, depois de encontrar muitas mortes pelo caminho, desengana-se com o sonho da cidade grande e do mar.

  10. Resolve então "saltar fora da ponte e da vida", atirando-se no Capibaribe. Enquanto se prepara para morrer e conversa com seu José, uma mulher anuncia que o filho deste "saltou paradentro da vida" (nasceu).Severino assiste ao auto de natal (encenação comemorativa do nascimento). Seu José, mestre carpina, tenta demover Severino da resolução de "saltar fora da ponte e da vida".

  11. O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI — O meu nome é Severino,como não tenho outro de pia.Como há muitos Severinos, que é santo de romaria,deram então de me chamarSeverino de Maria;

  12. como há muitos Severinoscom mães chamadas Maria,fiquei sendo o da Mariado finado Zacarias.Mas isso ainda diz pouco:há muitos na freguesia,por causa de um coronelque se chamou Zacariase que foi o mais antigosenhor desta sesmaria.Como então dizer quem falaora a Vossas Senhorias?Vejamos: é o Severinoda Maria do Zacarias,lá da serra da Costela,limites da Paraíba.

  13. Mas isso ainda diz pouco:se ao menos mais cinco haviacom nome de Severinofilhos de tantas Mariasmulheres de outros tantos,já finados, Zacarias,vivendo na mesma serramagra e ossuda em que eu vivia.Somos muitos Severinosiguais em tudo na vida:na mesma cabeça grandeque a custo é que se equilibra,no mesmo ventre crescidosobre as mesmas pernas finas,e iguais também porque o sangueque usamos tem pouca tinta.

  14. E se somos Severinosiguais em tudo na vida,morremos de morte igual,mesma morte severina:que é a morte de que se morrede velhice antes dos trinta,de emboscada antes dos vinte,de fome um pouco por dia(de fraqueza e de doençaé que a morte severinaataca em qualquer idade, e até gente não nascida).

  15. Somos muitos Severinosiguais em tudo e na sina:a de abrandar estas pedrassuando-se muito em cima,a de tentar despertarterra sempre mais extinta,a de querer arrancaralgum roçado da cinza.

  16. "...E não há melhor respostaque o espetáculo da vida:vê-la desfiar seu fio,que também se chama vida,ver a fábrica que ela mesma,teimosamente, se fabrica,vê-la brotar como há poucoem nova vida explodida;mesmo quando é assim pequenaa explosão, como a ocorrida;mesmo quando é uma explosãocomo a de há pouco, franzina;mesmo quando é a explosãode uma vida severina." (Morte e Vida Severina)

  17. Outras obras • Pedra do sono (1942); O engenheiro (1945); Psicologia da composição (1947); O cão sem plumas (1950); O no (1954); Paisagem com figuras (1956), Uma faca só lâmina (1956); A educação pela pedra (1966); Museu de tudo (1975); Auto do frade (1984); Agrestes (1985); Crime na Calle Relator (1987).

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