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MITOS • São modelos exemplares para comportamentos e ações do homem, oferecendo ao individuo uma referência de conduta ou ação. O mito possui uma estrutura básica e relativamente imutável, que subjaz às representações da cultura e da época onde o mito floresce. A variação de um mito ou da forma como é contado nos permite observar quais os aspectos mais ativos na psique coletiva de um dado período.
BEOWULF • Poema épico anglo-saxão “Beowulf” datado do século VII d.C., mas que chegou até nós através de um manuscrito do século X. • Um dos mais longos e antigos poemas épicos – possui 3182 versos. • Escrito em inglês arcaico por volta dos anos 680 e 725, Beowulf é um longo poema de temática heroicaque apresenta as principais características épicas anglo-saxãs – sobretudo a dicção típica da narrativa dos feitos bélicos e os valores específicos de conduta militar – mescladas a uma amálgama de material histórico, elemento mitológicos comuns aos povos germânicos antigos e preceitos do cristianismo. (RAMALHO, 2007, p. XI).
O poema se inicia narrado brevemente o surgimento da família real dos Danos, até os dias do Rei Hrothgar.
E a glória na guerra então garantiu Hrothgar. E o seu sucesso se seguiu da obediência dos homens, seus amigos de boa vontade, até vir varões jovens – um bando. Então, ele gerou, em sua cabeça, a idéia de construir um salão de hidromel muito suntuoso – igual a ele ninguém jamais veria. (…) As ordens dadas (eu ouvi dizer) para essa construção, por toda a terra, mundo-médio, (lar humano) migraram. Rápido, veio o reconhecimento: aquele salão era superior. Hrothgar chamou-o Heorot, o Salão das Hastes, pelo poder que lá havia em suas palavras, que eram soberanas. (versos 63-81 RAMALHO, 2007, p. 5-6).
por doze invernos tanta dor teve, pois, o povo Danes, então passando por essa magna mágoa. Mesmo em outros tempos, outras gerações ouviram (a prole do povo) patentes cantos sobre a guerra que Grendel contra Hrothgar travou. Atos hostis, por anos (tantos) a perdurar – prélio sem paz. Dos Danos, riquezas e trégua recusou Grendel. Sábio algum esperava, nos salões, por diferente decisão daquele monstro márcio – o qual, à noite; matava: (…) Assim, êmulo de humanos, estava o perverso monstro a perpetrar seu mal e sua afronta, habitando Heorot nas negras noites. Não tocava o trono – assento-dádiva: Deus não deixava-o. (versos 145-156; 163-167) Após o Rei Hrothgar concluir seu salão, que era cheio de convidados para os banquetes, uma criatura monstruosa passou a atacar o salão do Rei Hrothgar toda vez que havia festividades. Durante 12 anos. a criatura chamada Grendel atacou o salão matando os convidados, o Rei Hrothgar o combateu sem sucesso.
Os feitos de Grendel se tornaram conhecidos entre os povos. Até chegar ao conhecimento do guerreiro Beowulf, sobrinho do Rei dos Getas, que se dispõe a ir até o Rei Hrothgar e se oferecer para matar Grendel. Chegando ao rei dos Danos, e façanhas sendo comentadas – como a derrota de Beowulf, num desafio de natação para um guerreiro, chamado Breca, segundo Beowulf, ele foi derrotado devido ataques de monstros marinhos que o levaram para as profundezas, onde ele matou os monstros. Chegando noite combinada, o rei Hrothgar e seus homens se retiraram do salão deixando apenas os Beowulf e seus guerreiros getas. Fiava o herói dos Getas na sua força grande – graça divina. Então, da gálea e, depois, da cota férrea despiu-se. A espada ornada (a melhor) entregou ao seu criado, a ordenar-lhe que cuidasse dos seus bélicos artefatos. Beowulf, ao deitar-se no leito, depôs verbos – jactava-se no leito o herói: “Eu, cá, jamais digo que sou, em poder de pugna, sup’rior a Grendel – nem em façanhas de guerra.
Não venho para deixa-lo sem vida com esta espada minha, embora isso eu pudesse. Posto, pois, que não possui prática de armas alguma, não há de atacar-me, nem de me perfurar o pavês, mesmo que possa ser, assim, tão poderoso o terror que ele traz. Se não temer ele lutar desarmado, sem lâmina enfrentar-nos-emos . Que escolha Deus sábio(Senhor sacro) o sobrevivente. (versos 567-687)
A noite, Grendel chega, devora um dos companheiros de Beowulf, quando tenta pegar o herói, este rapidamente acorda e se ataca Grendel iniciando um combate, que por fim terminou com a fuga de Grendel mortalmente ferido – com o braço arrancado. O prodígio de Beowulf de propagou por todos os lugares, ele foi ricamente recompensado. A alegria durou pouco tempo, pois as mortes no salão de Heorot recomeçaram. A sono solto dormiam. Só um pelo noturno repouso pagava como ocorria, quando ocupou Grendel o salão de ouro, até o fim fazer-se-lhe (mal vindo): após pecados, a morte; Viu-se (era sabido) que um vingativo ser, após o prélio, sobrevivera: tivera que habitar temíveis águas (fêmea guerreira nas frias ribeiras), quando, co´a espada, ao seu único irmão Caim matara – parente de mesmo pai – e, marcado pela morte, do humano júbilo fugira – fora para o ermo. (…)
Humilhado, o algoz dos homens a umbria da morte procurara, pois, privado de júbilo. De desgraças jornada a mãe fez para a desforra de seu filho – lúgubre no âmago, de vingança ávida. Foi a Heorot. Dormiam Danos de Anéis. Adentrou ela o salão. Mais ataques fez ela, então: desforra ao filho seu. (versos 1251-1265; 1275-1282)
Beowulf se dispõe a matar a mãe de Grendel, e assim por fim ao sofrimento dos Danos. A mãe de Grendel, era uma espécie de demônio aquático, que vivia numa caverna submarina à beira de um penhasco. Beowulf recebe de um nobre uma espada chamada Hrunting que era considerada excelente, que já fora usada em muitas batalhas vitoriosas, e afirma:
(…)Ou fama, com Hrunting, hei de fazer, ou ela há de me levar à morte” O lorde dos Getas, depois de (com tal denodo) expressar aqueles verbos, então, não haveria, pois, de réplica aguardar alguma. E a água recebeu, agitada, ao guerreiro. Algum tempo ele gastou para discernir o fundo. Descobriu, logo, o estranho ser, ao encontro do qual tal homem descia. A devoradora (ávida) há meio século nas águas Estava. Golpe de garra, Ao guerreiro O monstro tocou, mas não fez mal: malha de prélio (elos em laços) protegia-lhe o corpo – cota contra seu cruel golpe de odiosos dedos. Desceu, a detê-lo p´la malha de anéis, a loba do mar rumo ao lar seu, no fundo. (…)
Ele se deu conta de que estava num adverso salão sem água – seu as enchentes evitava. Então, reparou luz de fogo, lume rútilo. O bravo foi bispar aquela fêmea- Mulher do mar. Deu, co´a espada marcial, Golpe. Cantou, gládio de guerra, um canto ávido: lâmina de anéis, eis a arma na cabeça do ser cravada após deixar a mão do herói. Mas, divisou o ser que, lâmina de luta, o gládio não lhe ameaçava a vida. A arma falhou, embora fendesse os elmos e as cotas daqueles em batalhas, destinavam-se a morrer. Pela primeira vez, preciosa peça, a espada no prélio não fizera lá valer sua fama. (versos 1291-1505; 1512-1528)
Segue-se uma batalha feroz. Sem espada capaz de vencer a mãe de Grendel, Beowulf ataca de mãos nuas, estando em situação muito desfavorável. Vira o varão u´a espada de vitórias, entre as armas – lâmina artificiada por gigantes. Gume rígido, glória de lutadores. Excelente e esplêndida, era a melhor espada, e a maior. Obra de gigantes, nunca os homens, nos jogos de gládios, conseguiam combater co´ela. De Scyld esse herói chegara-se, então, (irado estava – letal e implacável) à arma p´lo cinto que lhe cingia o cabo anelado. Aflito e irado, atacara: co´a ponta atingira, pois, o pescoço do monstro, quando os anéis se quebraram (de osso). Cravara-lhe o gume no corpo fadado a falecer. Ao chão, fora ela. Espada ensanguentada. Ele, feliz. (versos 1557-1573)
Tendo matado a mãe de Grendel, Beowulf encontra o corpo de Grendel, decapita-o e o leva como prêmio para o Rei Hrothgar, que o honra com mais presentes, e o louva como grande herói. O rei e Beowulf juram lealdade e amizade. Após as comemorações, os Getas retornam para casa. Chegando em sua terra natal, Beowulf é honrado pelo rei Hygelac, seu tio, e pelo seu povo pelos seus feitos.
Ambos, por direito ancestral, ali tinham, naturalmente, terras (mais, porém, Hygelac possuía, por ter posição superior). Porém, Beowulf teria o reino, co´os tombos (na guerra de gládios) de Hygelac e de Heardred (sobrinho de Hereric, lá sofrendo – Rasgado o escudo – espada de heróis: Danos, atrozes, em triunfal ataque). Beowulf, protetor do povo, tão bem Reinaria sua terra natal (rei sábio), por cinquenta invernos. Sob ´scura noite, começaria um dragão, contudo, (de ouro guardião, num outeiro-sepulcro, alta pedra) a atacá-los: via haveria – lá dentro, dos homens desconhecia – de achar um ladrão tão astuto, então, que (o dragão a dormir) despojaria-o do cintilante ouro pagão. Sob fúria, ao acordar, ele atacaria o arrebalde. (versos 2200-2220)
Beowulf, o mais bravo dos getas, apesar de idoso, se dispõe a proteger seu povo, com alguns bravos guerreiros, ele se prepara para enfrentar o dragão. Segue assim, até a caverna onde o monstro jazia. Verbos ditos. Veio o dragão malévolo – colérico. De chispas coruscante, o monstro, outra vez, contra os seus odiosos inimigos investiu. Incendiou, A cota não conseguiu guardar o jovem lutador de guerra. Mas, pele jogou sob o pavês do amigo, com denodo, depois que o seu ardera. Então, o marcial rei (na mente, glória, outra vez), co´o gládio de guerra, golpe desferiu (o impelia a força da ira) no crânio do ser.
E quebrou-se Nægling: gorou o antigo gládio gris de beowulf – pelas feridas que fizera era ela enrijada. O fado não fez o férreo gládio o auxiliar na guerra. Forte a mão é desse que maneou espadas para além da dureza delas – assim ouvi. Mas bem não estava o bravo homem. Rumo a ele o dragão de fogo ropeu, (p´la terceira vez, quando teve chance) Terrível, quente e cruel: luta intentava Co´afiadas presas prendeu-lhe o pescoço. E Beowulf de sangue banhado estava: O licor da vida de lá vertia um jorro. (versos 2668-2693)
Beowulf cai desacordado. Os companheiros ou fugiram ou foram mortos pelo dragão, apenas Wiglaf ficou ao lado do rei dos Getas, auxiliando-o. O rei, pois, aos sentidos retornou. Então, brandiu ele sua espada afiada – gume de guerra que estava guardado sob seu arnês. Co´ela atravessando o dragão, o herói, que era defensor dos Getas ao meio cortou-o – monstro. Fizeram o hoste ter derrota. Foi o valor que levou dele a vida. Ambos aniquilaram-no – nobres aliados. (versos 2705-2713)
Mortalmente ferido, Beowulf e Wiglaf conversam pela última vez. Beowulf pede para ver o ouro que constara, pagando com a própria vida. A morte de Beowulf foi honrada pelo povo. Uma grandiosa pira funerária foi erigida e ali o herói que venceu Grendel, sua mãe e o dragão, encontrou seu descanso final.