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Mitos Egípcios. Prof. Marcio Sant´Anna dos santos. Mito uma “história verdadeira” e, ademais, extremamente preciosa por seu caráter sagrado, exemplar e significativo. Tradição sagrada, revelação primordial, modelo a ser seguido.
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Mitos Egípcios Prof. Marcio Sant´Anna dos santos
Mito uma “história verdadeira” e, ademais, extremamente preciosa por seu caráter sagrado, exemplar e significativo. Tradição sagrada, revelação primordial, modelo a ser seguido. Existem mitos de criação, mitos de destruição e mitos voltados para o repasse de valores morais e éticos para as novas gerações. Mito é uma narrativa maravilhosa com personagens sobre-humanos. Pode ser apenas um relato fictício, uma história, ou então uma tentativa de explicar algum acontecimento ou fenômeno aparentemente inexpli-cável. ROCHA PEREIRA, M.H. Estudos de História da Cultura Clássica, v. I, Lisboa: Calouste Gulbenkian, 7ª ed., 1993. Mitos
Mitos • De acordo com o Prof. Ms. Julio Gralha: “O mito era uma forma de explicação para processos naturais que estavam sem resposta no pensamento egípcio, tais como a criação do mundo, da raça humana e o pós-morte. Os mitos também passavam um tipo de moral, concepção de ordem e caos, e valores éticos que deveriam ser seguidos e ensinados às próximas gerações”. GRALHA, Júlio. Egípcios. In: FUNARI, Pedro Paulo. (Org.). As religiões que o mundo esqueceu. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2009, p. 14. Extrato do livro dos mortos, mostrando a pesagem do coração perante o tribunal de Osíris. Tumba de Nany (cantora do templo de Amon-Rá). 3º Período Intermediário.
O Egito Antigo Baixo Egito Médio Egito Alto Egito
É um mito de criação; Objetivos: Descrever a concepção de ordem, caos e valores que devem ser transmitidos e seguidos por todos; Demonstrar que as forças divinas agem e transformam o mundo; Enaltecer o poder dos deuses e do monarca (legitimidade); Representar necessidades, anseios e características básicas da sociedade de um ponto de vista cultural e da visão de mundo da sociedade egípcia. A criação ocorre de um plano mais abstrato para um mais denso: Atum (Rá) emergiu do Nu (Oceano Primordial) Shu e Tefnut ar e umidade são criados Geb e Nut terra e céu são criados Osíris, Ísis, Seth e Néftis elementos éticos, criação do reino terreno e da raça humana Hórus deixado como mediador entre os deuses e os homens. Simbolizado pelo faraó que quando coroado torna-se Hórus Mito de Heliópolis (Enéada)
A Enéada Atum – o criador do universo (uma das formas de Rá) “Atum-Kepri, tú que vieste do alto da colina, tú que surgistes da pedra Benben, na mansão da ave Benu em Iunu [Heliópolis], tú que esculpistes a Shu, tú que vomitaste Tefnut, e tú que pusestes teus braços ao redor deles como os braços de um ka, de modo que teu ka pôde estar neles. Ó grande Enéada que está em Iunu: Atum, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Osíris, Ísis, Seth, Néftis, estendei seu coração ao seu filho, o rei, em nome dos nove arcos.” Prece encontrada em uma inscrição do templo dedicado a Rá em Heliópolis. Tefnut (a umidade) e Shu (o ar) Geb (a terra) e Nut (o céu) Néftis (senhora do palácio) Seth (senhor do caos) Ísis (senhora do trono) Osíris (senhor dos mortos)
Este mito moral foi compilado por Plutarco no séc. II d.C. a partir de relatos encontrados em todo o território egípcio, visto que o mito era transmitido de forma oral; Osíris, Ísis e Hórus eram os deuses nacionais, venerados em todo o país; Objetivos: Mostrar o assassinado de um rei justo (Osíris) enganado pelo irmão (Seth), encarnando assim, a luta entre o bem e mal. Ao mesmo tempo, o mito também simboliza outras dualidades: a luz e as trevas, as terras férteis e o deserto; Apresentar a esposa dedicada (Ísis) que procurou o corpo do marido e recorreu à magia para reconstituí-lo, gerando um filho póstumo (Hórus), legítimo herdeiro do trono egípcio; Legitimar o poder dos monarcas como sucessores de Hórus, o rei de direito do Egito e vencedor da disputa com seu tio Seth. Mito de Ísis e Osíris Hórus, Osíris e Ísis - Pendente em ouro do faraó Osorkon II
Mito da destruição da humanidade • É um mito de caráter divino e moral; • Objetivos: • Lembrar aos homens que não devem ignorar os deuses, devendo continuar a respeitá-los e realizar os cultos em sua honra; • Demonstrar o poder superior dos deuses, ilustrado pela devastação causada por Sekhmet, o raio destrutivo do sol, deusa enviada por Rá para punir a humanidade por suas faltas; • Alertar para a existência de ações que não tem volta; Hathor e seu pai, Rá, que a transformaria na terrível deusa leoa Sekhmet para destruir a humanidade (parede da tumba da rainha Nefertari no Vale das Rainhas). Seckmet, a sanguinária deusa leoa. Mural do templo de Kom Ombo no Alto Egito
Referências bibliográficas • GRALHA, Júlio. Egípcios. In: FUNARI, Pedro Paulo. (Org.). As religiões que o mundo esqueceu. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2009. • MELLA, Federico A. Arborio. O Egito dos faraós: história, civilização, cultura. São Paulo: Hemus, 1998. • NOBLECOURT, Christiane Desroches. A mulher no tempo dos Faraós. Campinas: Papirus, 1994. • ROCHA PEREIRA, M.H. Estudos de História da Cultura Clássica, v. I, Lisboa: Calouste Gulbenkian, 7ª ed., 1993. • SILVERMAN, David P. O Divino e as Divindades no Antigo Egito. In: SHAFER, Byron E. As religiões no Egito antigo – deuses, mitos e rituais domésticos. São Paulo: Nova Alexandria, 2002. • TRAUNECKER, Claude. Os deuses do Egito. Brasília: UnB, 1992.