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Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Centro de Ciências da Educação – CED Departamento de Ciência da Informação – CIN Controle dos Registros do Conhecimento III – CIN 5432 Prof. Ursula Blattmann. Acadêmica: Kellyn Vieira Semestre 2004-2. A Prática do serviço de referência.
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Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Centro de Ciências da Educação – CED Departamento de Ciência da Informação – CIN Controle dos Registros do Conhecimento III – CIN 5432 Prof. Ursula Blattmann Acadêmica: Kellyn Vieira Semestre 2004-2
A Prática do serviço de referência Capítulo 1: Serviço de referência Grogan, Denis, 1995
“O conhecimento é de duas espécies. Podemos conhecer nós mesmos um assunto ou saber onde podemos encontrar informações a respeito.” Dr. Samuel Johnson
Através dos homens da antiguidade que foram revolucionários para o seu tempo nascia a arte do serviço de referência, como um dom profissional do bibliotecário. Desde então, os usuários auxiliados pelos bibliotecários têm melhores condições de sucesso nas pesquisas do que o fariam sem essa assistência.
O serviço de referência é mais que um expediente para a comodidade do usuário. Conforme salientou Kenneth Whitaker, “a finalidade do serviço de referência e informação é permitir que as informações fluam eficientemente entre as fontes de informação e quem precisa de informações. Sem que o bibliotecário aproxime a fonte do usuário, esse fluxo jamais existirá ou só existirá de forma ineficiente.”
Infelizmente, muito usuários de bibliotecas foram levados a acreditar que, numa coleção adequadamente organizada, eles mesmos encontrariam sem ajuda as respostas que buscavam. Entretanto, toda uma geração de pesquisas sobre o uso de catálogos demonstrou, de forma conclusiva, que em buscas cujos itens são conhecidos (autor ou título específicos) até uma quarta parte dos usuários não conseguem encontrar o que estão procurando, mesmo quando esta possui o material e ele está representado no catálogo da biblioteca.
À medida que a cada dia o mundo da informação se torna mais complexo, o usuário auto-suficiente parece mais do que nunca uma miragem. O advento dos serviços em linha, com a promessa precoce e temerária de dispensar o intermediário, reforçou, ao contrário, o papel do bibliotecário de referência.
O trabalho de referência, porém, é muito mais que uma técnica especializada ou uma habilidade profissional. Trata-se de uma atividade essencialmente humana que atende a uma das necessidades mais profundas da espécie, que é o anseio de CONHECER e COMPREENDER.
Como uma arte humana, outra grande contribuição proporcionada pelo serviço de referência é ministrar assistência de maneira individualizada. É fundamental à biblioteconomia o conceito de prestação de serviços que se coadume, cuidadosa e especificamente, com as necessidades do individuo.
É penoso lembrar que o serviço de referência não foi sempre parte integrante da biblioteconomia. Segundo Rothstein, trata-se de uma “dimensão relativamente nova” da biblioteconomia, se comparada com a aquisição e a catalogação de livros. Até meados do século XX, muitos estudiosos só procuravam as bibliotecas quando sua coleções particulares, geralmente imensas, não os ajudavam. É claro que o conteúdo temático dos livros era mais limitado e os acervos das bibliotecas muito menores. Como reconhece Ranganathan “se a quantidade de livros de uma biblioteca for muito pequena, talvez não haja necessidade de manter um serviço de referência.”
A ampliação do ensino público e o avanço da alfabetização criaram todo um novo público leitor, num novo tipo de biblioteca – a biblioteca pública mantida com impostos - , principalmente nas grandes cidades industriais da Grã – Bretanha e dos Estados Unidos, onde pode-se localizar as origens daquilo que hoje conhecemos com serviço de referência.
Apesar de pouco comentado, não deixa de ter importância o fato de o começo do trabalho de referência como profissão ter coincidido com a imensa expansão da publicação de periódicos em meados e no final do século XIX. Para o especialista e também para o leitor comum isso transformou todo o campo do conhecimento com que estavam familiarizados.
Por volta de 1888, Mevil Dewey empregava a denominação `bibliotecário de referência`, mas a prestação desse serviço específico não era ainda uma função universalmente aceita para a biblioteca pública, o que só veio a acontecer nos primeiros anos do século XX. O desenvolvimento do serviço de referência nas bibliotecas universitárias do Estados Unidos deu-se de modo constante, embora não espetacular, recebendo um grande impulso, com a nova tendência do ensino superior favorável ao `estudo da pesquisa´, com os professores estimulando os alunos a lerem bastante.
Talvez algum dia, ao se definir o serviço de referência, bastará apenas dizer o que ele faz. Atualmente, as incompreensões que ainda persistem, mesmo entre aqueles que deveriam saber mais, obrigam quem quer que venha a justificá-lo a tomar especial cuidado para deixar claro o que o serviço de referência não é.
Nunca é demais repetir que entre o bibliotecário de referência e o livro não existe qualquer conexão inevitável e eterna. A substância do serviço de referência é a INFORMAÇÃO e não determinado artefato físico. Outro equívoco ainda duradouro é que o serviço de referência limita-se a bibliotecas de referência. Para começar, a maioria das bibliotecas especializadas e muitas bibliotecas universitárias não possuem um departamento de referência separado.
O que confere ao serviço de referência status ímpar , em comparação, por exemplo, com a catalogação, o desenvolvimento de coleções ou a administração da biblioteca, é, em primeiro lugar, sua característica de envolver uma relação face a face, que o torna o mais humano dos serviços de biblioteca; e, em segundo lugar, a certeza antecipada de que o esforço despendido provavelmente não se desmanchará no ar, mas será aplicado à necessidade específica expressada por um usuário.