1 / 1

PARTIR PARA FICAR: O CASO DE MIGRAÇÃO NA COMUNIDADE NEGRA DE BURITI DO MEIO

PARTIR PARA FICAR: O CASO DE MIGRAÇÃO NA COMUNIDADE NEGRA DE BURITI DO MEIO MAURO TOLEDO SILVA RODRIGUES 1 ; ANDRÉA MARIA NARCISO DE ROCHA PAULA² ¹ Acadêmico da UNIMONTES, graduando, maurimtsr@gmail.com ² Professora da UNIMONTES, Doutora, andreapirapora@yahoo.com.br. DISCUSSÃO

emera
Download Presentation

PARTIR PARA FICAR: O CASO DE MIGRAÇÃO NA COMUNIDADE NEGRA DE BURITI DO MEIO

An Image/Link below is provided (as is) to download presentation Download Policy: Content on the Website is provided to you AS IS for your information and personal use and may not be sold / licensed / shared on other websites without getting consent from its author. Content is provided to you AS IS for your information and personal use only. Download presentation by click this link. While downloading, if for some reason you are not able to download a presentation, the publisher may have deleted the file from their server. During download, if you can't get a presentation, the file might be deleted by the publisher.

E N D

Presentation Transcript


  1. PARTIR PARA FICAR: O CASO DE MIGRAÇÃO NA COMUNIDADE NEGRA DE BURITI DO MEIO MAURO TOLEDO SILVA RODRIGUES1; ANDRÉA MARIA NARCISO DE ROCHA PAULA² ¹ Acadêmico da UNIMONTES, graduando, maurimtsr@gmail.com ² Professora da UNIMONTES, Doutora, andreapirapora@yahoo.com.br DISCUSSÃO A comunidade de Buriti do Meio possui uma média de duzentos e cinquenta famílias e conta com um posto de saúde e duas escolas que vão do jardim de infância ao ensino médio. As fontes de renda dos moradores derivam da agricultura, pecuária, artesanato e da migração sazonal. No período em que fui à campo pude ter maior contato coma família de Dona das Neves. Considerada pelos moradores como líder comunitária e referência cultural, ela é uma negra de porte médio, que sempre anda com vestidos coloridos e turbantes na cabeça. A roupagem utilizada por ela, consideradas como próprias da comunidade, reflete o ethos e a afirmação da identidade negra. Das Neves é casada com Seu João*, agricultor, com quem gerou e criou sete filhos. O artesanato é sua principal fonte de renda e é com esta que ela sustenta seus filhos, não todos, pois moram na casa apenas cinco filhos: Flávia, Rita de Cassia, Davi e Walter ( entrarei em detalhe dos filhos ausentes mais à frente). Davi e Walter, são estudantes do ensino médio e ajudam em tarefas diárias na roça. Além destas atividades eles também participam do grupo de capoeira. Flávia e Rita cursam o ensino superior, estas atuam na dança junto à Dona das Neves e aprenderam a fazer o artesanato ancestral. Percebe-se claramente o envolvimento das mulheres, devido a influencia da mãe, nas atividades “culturais” da comunidade. Este envolvimento faz com que elas tenham vontade de permanecer na comunidade para ajudar a mesma a se organizar enquanto comunidade quilombola. Já Davi e Walter, pensam em procurar “oportunidades” fora dali. Neste momento que irei tratar dos filhos mais velhos, que são ambos homens e não estão presentes pelo mesmo motivo, estão trabalhando para a “firma”, que no linguajar local, representa grandes empresas localizadas no sul do estado e no estado de São Paulo. Estas por sua vez, compram a força de trabalho dos dois jovens, que trabalham tanto no corte da cana-de-açúcar, como na colheita do café. Depura-se neste contexto a adoção da migração, pelos moradores de Buriti do Meio, como uma reprodução do imaginário social pelas imagéticas-discursivas, segundo DURVAL(2006), do Sertão brasileiro e do povo sertanejo, que move os sujeitos das comunidade rurais para servirem de mão de obra barata para as monoculturas no “sul”, remontando a perspectiva histórica do povo sertanejo, que segundo RIBEIRO (2000) desbrava a terra ignota e se estabelece na região, mas é forçada à migrar devido à configuração agrária que se estabelece nessa região Em outro ângulo, o fenomenológico, trago à luz a perspectiva dos sujeitos migrantes. Estes que vivem uma realidade dual, que oscila a entre trabalho e vida, acabam por polarizar o próprio ser, que segundo MARTINS(1998), abarcam uma lógica quando estão rural, a percepção do tempo através do calendário agrícola, e outra lógica quando estão na “firma”, adotando o calendário do capital. Aspecto possível de ressaltar como característica idiossincrática é a adoção desta estratégia como forma dos quilombolas permanecerem em suas terras ancestrais, frente ao sistema capitalista que escoa toda a demanda laboral para o cenário urbano. Neste âmbito podemos encontrar uma migração multifacetada , passível de afetar o sujeito que migra, criando um paradoxo neste, assim como ser utilizada como estratégia identitária e até mesmo territorial, migrando para permanecer, fugindo para resisti, partindo para ficar... INTRODUÇÃO O estudo a ser apresentado é fruto de pesquisas realizadas através do Grupo de estudo e pesquisas sobre comunidades tradicionais do rio São Francisco – OPARÁ e se materializa no Sertão norte mineiro em uma comunidade quilombola, Buriti do Meio, localizada no município de São Francisco - MG. OBJETIVO Compreender a migração sazonal na comunidade de Buriti do Meio e assim analisar como se configura a migração nesta localidade, identificar como os sujeitos se utilizam da estratégia de migrar e fazer um recorte da migração presente no norte do estado. MÉTODOS O registro antropológico não deve tratar de buscar leis intrínsecas que transpassam a cultura. Tampouco se trata do analista se tornar um "nativo" para o entendimento do objeto em foco, pois ele nunca o conseguirá. Identificar certas dinâmicas sociais e seus significados não é o suficiente para que se possa compreender uma comunidade, pois estas dinâmicas sociais e seus significados estão dentro de um determinado "universo imaginativo" simbólico. Essas ações são determinadas e fazem sentido para os que dela participam, mas no qual não estamos inseridos, cabe assim ao analista interpreta. (GERTZ, 1978) O etnógrafo, desse modo, inscreve o discurso social, olha as dimensões simbólicas da ação social e, por fim, busca classificar os significados e os sentidos dos costumes, valores e normas na compreensão da cultura. Este, busca também, as particularidades e as categorias de entendimento das culturas específicas, olhando as situações concretas, mergulhando naquilo que lhes dão significações e sentidos. O método que me ajudará na compreensão do fenômeno migratório é a fenomenologia, que segundo HUSSERL (1990), se baseia em uma investigação em que pretende analisar a maneira como o conhecimento do mundo se realiza para cada individuo. REFERÊNCIAS GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Zahar. Rio de Janeiro, 1978 HUSSERL, Edmund. A Idéia da Fenomenologia. Tradução: Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1990. MARTINS, Souza José de. Não há terra para Plantar neste verão. Vozes. Petropólis. 1998 DURVAL, Júnior Albuquerque. A invenção do Nordeste, e outras artes. 2006 RIBEIRO. Darcy. O povo brasileiro . In O Brasil sertanejo. 20000 APOIO: FOTO 1:Estrada de terre e moradores. Buriti do Meio (Fonte: acervo do autor)

More Related