220 likes | 477 Views
LITERATURA. Monitora: Sara S. Almeida Gurupi - To, Outubro de 2011. A casa: (IN) Cômodos (DI) versos. Osmar Casagrande. Por dentro da obra. Lançamento: 2009 Autor: Osmar Casagrande Literatura moderna Gênero literário: Lírico
E N D
LITERATURA Monitora: Sara S. Almeida Gurupi - To, Outubro de 2011
A casa: (IN) Cômodos (DI) versos Osmar Casagrande
Por dentro da obra • Lançamento: 2009 • Autor: Osmar Casagrande • Literatura moderna • Gênero literário: Lírico • Livro de poemas que descreve cada cômodo de uma casa, o texto é escrito em verso
Por dentro da obra Características do autor: Poeta plural e que tem por diretriz não se prender a temas ou estilos pré-estabelecidos. Produz uma poesia vibrátil e ao mesmo tempo multiforme e irisada, combinações essas que contribuem sobremaneira para cativar ainda mais o leitor. “Estudar uma obra literária é muito difícil, pois o texto nos possibilita inúmeros olhares”. - Osmar Casagrande
Por dentro da obra Características do autor: Osmar Casagrande é natural de Presidente Epitácio (SP). Graduado em Publicidade e Propaganda, tem ainda destacada atuação como ator, dramaturgo, contista, apresentador em TV, documentarista e poeta. É membro fundador da Academia Palmense de Letras (APL), da qual é o atual vice-presidente. Trabalha na Fundação Cultural do Estado do Tocantins, na função de gerente de Literatura. "No livro faço a apresentação de cada cômodo. Desse modo o visitante saberá sempre o que há em cada um deles antes de aventurar-se. Aliás, penso que isso ajuda em muito orientar o sentido da idéia casa.“ - Osmar Casagrande
Por dentro da obra ANÁLISE As informações contidas nesta análise tiveram como base o artigo O VERBAL E O NÃO-VERBAL EM A CASA: (IN)CÔMODOS (DI)VERSOS, DE OSMAR CASAGRANDE, de Maria Alice Descardeci. Publicado na revista Entrelinhas do curso de Mestrados em Ensino de Línguas e Literatura da UFT.
Por dentro da obra O livro se baseia em uma leitura verbal e não verbal. Uma ligação entre texto e as figuras refletidas nos componentes da Casa. Não está dividido em capítulos, mas sim em cômodos.
Por dentro da obra Os cômodos da casa: na visão e nas palavras do poeta A Sala De início o autor apresenta a Sala. Segue-se então uma sequência de poemas atrelados a esse subtítulo refletindo o que esta parte da casa representa para ele. A cada texto, a cada verso, descrevem-se os signos que compõem a realidade “sala de estar”.
Por dentro da obra As pessoas, a bebida, a TV, o passar do tempo, o silêncio, o som ambiente, os assuntos, algumas guloseimas. Todos os componentes da sala vão sendo apresentados a cada página preenchendo o vazio da sala. Para ele a televisão é algo indesejável ele a chama de “janela eletrônica” e a abomina, pois julga que a TV é responsável pela transformação dos humanos em robôs, em massa amorfa como o mar. ‘’Meus olhos esvaziam-se, secos, órbitas lunares, cavernosas, cheias do nada que vêem na TV ‘’ (p. 17).
Por dentro da obra A Biblioteca Apesar de ser um grande anfitrião, não há nada na sala que o prenda por muito tempo, nada muito profundo fica das visitas que ocorrem ali, para o poeta: “-nada detém meu desejo” (p. 38). E muda-se, então, para outro cômodo da Casa.
Por dentro da obra A Biblioteca A coletânea de poemas apresentadas nesse subtítulo é a maior de todo o livro. A visão da biblioteca é passada ao leitor como algo restrito a poucos, pois ela é o local do recolhimento, da intimidade reservada a alguns escolhidos. Não é a sala, que recebe a todos. É o local da privacidade, ainda que coletiva.
Por dentro da obra A Biblioteca No livro, este é o lugar da utopia, da recordação, memória e reflexão; do artesanato com a palavra; e do passar do tempo ou de sua permanência; do envelhecimento. Apesar de ser visualmente apresentada como um local simples, de poucos livros, o próprio texto trata de preenche-la através de ricos poemas.
Por dentro da obra O Quarto O quarto apresentado no livro é simples, nele não há globo na lâmpada, nem cortinas na janela, tudo contempla a simplicidade. Os poemas inspirados neste cômodo da Casa apresentam a temática da separação conjugal, dos sonhos, das lembranças e das orações.
Por dentro da obra O Quarto É no quarto que o poeta leva ao conhecimento do leito os possíveis motivos de uma separação conjugal, que em as visão são a falta de amor, traição ou morte. A crueza da cama, que não possui colchas, almofadas aconchegantes ou marcas pessoais de quem as usa, remete a um conjunto de poemas que tem por tema a separação, um momento frio e árido pelo qual o cônjuge já passou ou irá passar.
Por dentro da obra O Quarto Os sonhos, que são próprios deste cômodos, são apresentados em poemas que por vezes os fazem ser confundidos com pensamentos de uma insônia. A religiosidade da oração é bem representada tanto verbal como não - verbalmente. Isto fica nítido quando se observa o crucifixo em destaque na gravura do livro. É importante observar que o autor reservou o lado romântico do quarto para um cômodo que ele chama de “Alcova”, termo arcaico que entrou em desuso nos dias de hoje. “Quando os lábios se descerram em preces, e a calma envolve o coração do ser, a alma se lança, qual hino de amor, em êxtase e louvação ao Pai criador”. (p. 87)
Por dentro da obra A Alcova No século XIX, o termo alcova era utilizado para designar o quarto dos relacionamentos amorosos, o ambiente mais restrito da casa, com acesso limitado. Cheia de calor e de cor, a visão da Alcova se destaca no livro. Nela sente-se a presença do eu - lírico, o pulsar das suas emoções, o calor de suas paixões, seu requinte. “É na alcova que, em vez de dormir, vivo sexo. Muitas vezes, sexo dos anjos, é certo, mas ainda assim, sexo ”(p. 95).
Por dentro da obra A Alcova Tanto o amor, quanto o sexo são tratados como ideais, são bons e morais; ambos elevam ao céu. Os poemas, como já era de se esperar, estão repletos desse amor e desse sexo ideais, refletindo toda a sensualidade da alcova. Trazendo em seus títulos, palavras que remetem a entrega e às paixões: “Fecundo”; “Tatear”;“Cio”; “Boca pintada”; “Prazer”; entre outros. “As impossíveis curvas do teu corpo Forçam, em levíssimo movimento, O curvar de meus lábios em sorriso.” (p. 96)
Por dentro da obra O Banheiro No passeio pela casa, chega-se ao banheiro, lugar também de privacidade, mas de forma diferente. Mais do que a alcova, o banheiro do poeta é o local de sua total privacidade enquanto indivíduo: “É no banheiro que faço coisas que não faria em qualquer outro lugar, na casa ou fora dela” (p. 121). Na ilustração de banheiro do autor as linhas retas – características da simplicidade da Casa – contrastam com as linhas curvas que dão conta do “despir-se de corpo e alma”. Pouco espaço físico é reservado ao banheiro. “Desculpe-me, antecipadamente, pelas dimensões deste banheiro, mas em qualquer metro quadrado já me caibo” (p. 121)
Por dentro da obra O Banheiro O pouco espaço físico dedicado ao banheiro evidencia-se no livro com os espaço ocupados pelos poemas referentes a ele, que totalizam apenas quatro. Apesar de na ilustração não ser possível ver o espelho, dois dos poemas fazem menção a ele, no primeiro o espelho mostra o correr da vida e certeza da morte. No segundo, as muitas faces que possuímos. A presença do espelho é imprescindível para que se possa de fato despir corpo e alma.
Por dentro da obra O Banheiro A menção feita ao chuveiro traz forte o tema da censura, em um poema no qual o autor inconformismo diante do fato. “A água do chuveiro não é capaz de apagar, de teu semblante, a censura. Nem tua nudez me toca tão intimamente quanto teu recato’’. (p. 125)
Por dentro da obra A cozinha A cozinha assim como a sala esta repleta de formas arredondadas. Representa para o poeta um local onde ele recebe suas visitas mais queridas: “os amigos da casa (...) os compadres, os afilhados, os parentes” (p. 127). A composição visual da página da cozinha congrega, em perfeito balanço, todos os elementos da coesão multimodal, informando ao leitor que a cozinha é o coração da Casa – eis aí o supra-sumo do entrosamento, da comunhão” (p. 127). A ela também são dedicados apenas quatro poemas, mas que nem por isso são menos importantes.
Por dentro da obra Considerações finais A Casa representada e apresentada na obra não é uma casa do senso-comum. A Casa do poeta nos remete à classe média alta dos anos 60 da sociedade paulista, mas, ao mesmo tempo, se desenha com extrema simplicidade, apenas alguns riscos nos revelam o interior da casa, poucos móveis, poucos objetos, poucos detalhes (à exceção da alcova e da cozinha). Um detalhe que vale a pena ser mencionado é o titulo do livro que tem parênteses, cuidadosamente colocados no intuito de fazer o leitor ter um leque de possíveis interpretações.