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IMAGENS DO NEGRO NO CINEMA, NA MÍDIA E NA PUBLICICIDADE

IMAGENS DO NEGRO NO CINEMA, NA MÍDIA E NA PUBLICICIDADE. Adriana dos Reis SILVA (Mestranda Puc-Minas/bolsista Fapemig). 1. O pensamento Eurocêntrico.

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IMAGENS DO NEGRO NO CINEMA, NA MÍDIA E NA PUBLICICIDADE

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  1. IMAGENSDO NEGRO NO CINEMA, NA MÍDIA E NA PUBLICICIDADE Adriana dos Reis SILVA (Mestranda Puc-Minas/bolsista Fapemig)

  2. 1. O pensamento Eurocêntrico Vinculados ao pensamento etnocêntrico, autores e filósofos renomados acabaram “escorregando no terreno movediço das diferenças culturais concretas”. Desta maneira, encontramos ao longo da história: • Kant (1724-1804) refere-se aos negros africanos como: “não possuem, por natureza nenhum sentimento que se eleve acima do ridículo [...] O senhor Hume desafia qualquer um a citar um único exemplo em que um negro tenha demonstrado talentos [...] os negros são muito vaidosos, mas à sua própria maneira, e tão matraqueadores que se deve dispersá-los a pauladas” (Sodré, 1999, p. 26) • Conde Gobineau ( 1816-82) “ Trata-se de uma população totalmente mulata, viciada no sangue e no espírito e assustadoramente feia” (In: Raeders, 1988, p. 96 apud Schwarcz, 1994). • Monteiro Lobato em 1932 relatou em uma carta um incidente que havia assistido em Taubaté onde “um norte-americano retirou-se acintosamente de um restaurante por ter um guarda-freios [sic] de pele escura se sentado perto dele. O comentário de Lobato, racista assumido, interessaria a Badiou: “Filosoficamente me parece horrível isto – mas certo do ponto de vista racial”. (Sodré, 1999, p. 16)

  3. 2. Teorias Raciais A partir dos enunciados anteriores, podemos presumir que a idéia de raça é algo arraigado pelo imaginário social desde do Iluminismo (séc. XVIII) cujo princípio era baseado na ciência – “a fonte da racionalidade”. O conceito de raça introduzido por Georges Cuvier, em inícios do XIX, inaugurou “a idéia da existência de heranças físicas permanentes entre os vários grupos humanos. O conceito é, porém, rechaçado já nos anos trinta e sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, devido à visão preconceituosa que carregava consigo. Afinal, era a partir dele que se montavam as teorias que determinavam de forma natural a supremacia da raça branca.” (Schwarcz, 1997). Em meados so século XIX, teóricos como Taine e Le Bonn, sem deixar de mencionar o Conde Arthur de Gobineau (que concebeu suas teorias raciais em sua estada pelo nosso país como representante francês), são “conhecidos como teóricos do poligenismo, ou simplesmente como darwinistas sociais”. “Esses pensadores procuravam traçar paralelos com a teoria de Darwin, no que se refere às sociedades. A máxima era supor que o que valia para a natureza, valia para os homens, e que desigualdades sociais e políticas não passavam de diferenças biológicas e naturais. Em outros termos, tratava-se, sempre, de uma questão de adaptação ao meio: a superioridade da raça branca estaria comprovada por sua supremacia política, mas referida à sua" evidente" capacidade física e moral’” (Schwarcz, 1997), Daí a relevância da reflexão acerca das teorias raciais, “atentando para o contexto político em que elas se inserem, sem deixar de lado a dinâmica de reconstrução de conceitos e modelos. Assim, teremos condições de buscar questionamentos sobre seus novos significados em nosso contexto atual. (Schwarcz, 1994)

  4. 3. Um olhar sobre a Mídia Segundo Silverstone (1999): • “O estudo da mídia precisa ser crítico, relevante”. (p. 10) • “É impossível escapar à presença, à representação da mídia.” (p. 12) • “[...] podemos pensar nela como linguagens, que fornecem textos e representações para interpretação; ou podemos abordá-la como ambientes, que nos abraçam na intensidade de uma cultura midiática, saciando, contendo e desafiando sucessivamente.” (p. 17) • “A mídia está mudando, já mudou, radicalmente. O século XX viu o telefone, o cinema,o rádio, a televisão se tornarem objetos de consumo de massa, mas também instrumentos essenciais para a vida cotidiana.” (p. 17) • “A mídia depende do senso comum. Ela o reproduz, recorre a ele, mas também o explora e distorce. Com efeito, sua falta de singularidade fornece o material para as controvérsias e os assombros diários, quando somos forçados – em grande medida pela mídia e, cada vez mais, talvez apenas pela mídia – a ver, encarar os sensos comuns e as culturas comuns dos outros. O medo da diferença.” (p. 21) • “A mídia encanta. Somos , significativamente encantados. A história sobrevive – no faroeste e na novela; [...] atraindo, engajando, saturando, consumindo; uma mercadoria num mundo comercial.” (p. 81)

  5. 4. A imagem do negro no cinema Para Metz (1980) podemos reconhecer o cinema como uma instituição que está estreitamente ligada com as relações econômicas, ideológicas e expectantes de uma sociedade. “A instituição cinematográfica estabelece uma relação com o espectador que desencadeia uma interlocução centrada no imaginário, no desejo e na construção simbólica de cada um.” (Júnior et al, 2000) Logo, através desses contextos, observamos que a imagem do negro no cinema, muitas das vezes, é apresentada de maneira superficial, estereotipada, ou ainda, é pautada na depreciação, minimização ou negação existencial. Geralmente, “Personalidades negras e fatos históricos, fora do âmbito euro-norteamericano, têm sua participação ignorada ou minimizada na obra” (Júnior et al., 2000). Jackes d’Adesky (1999) considera que a relação inferiorizante do negro nos discursos fílmicos se dá em decorrência da falta de roteiristas, produtores e cineastas dessa etnia na instituição cinematográfica. (Junior et al., 2000)

  6. 5. Imagem do negro no rádio Pacheco (2001) menciona que Florestan Fernandes (1956) e Rogoer Bastide (1958), em seus estudos, postulam que “o futebol e o rádio constituem esferas de sucesso marcante para o negro [...]”. E ainda, em 1950 o rádio, em distinção aos outros meios midiáticos, não mostra em suas mensagens o negro, e por isso passa a ser classificado como o setor de maior aproveitamento desse público. De acordo com a autora, o aproveitamento do negro nessa esfera da mídia foi devido às “combinações culturais no plano estético-recreativo” (a associação do negro na história musical propiciou a comercialização radiofônica). O talento de alguns negros em trabalhar com suas vozes proporcionou-lhes a oportunidade de emprego em radionovelas. Entretanto, esses indivíduos só interpretavam personagens brancos, e isso claro, devido à ausência de personagens negros nas tramas ficcionais. E com isso, o branco não tinha tanta cobiça por esse tipo de trabalho (Pacheco, 2001).

  7. 6. Imagem do negro na TV Segundo Lopes (2003): “[...] a televisão está implicada na reprodução de representações que perpetuam diversos matizes de desigualdade e discriminação.”(p. 18) “A televisão oferece a difusão de informações acessíveis a todos sem distinção social, classe ou região.” (p. 18) “A consolidação da novela como o gênero mais popular e lucrativo da televisão está vinculada a uma mudança de linguagem, saudada pelos autores brasileiros com trabalho acumulado no rádio e no cinema.” (p. 24) As novelas tocam no imaginário social - “As gírias e maneirismo usadas por certos personagens são incorporados rapidamente na linguagem do dia-a-dia; nomes de personagens entram em moda e crianças são batizadas com eles; nomes de novelas passam a ser nomes de padaria e lojas; [...]” Pacheco (2001) menciona que a atriz Zezé Motta, em uma entrevista cedida para o programa Mulher 80 da TV Globo, relata o preconceito que encontrou entre seus próprios amigos, quando ingressou na escola de teatro. Os comentários que Zezé escutou era sempre os mesmos: “Eu não sabia que para fazer papel de empregada precisava fazer curso.” Ainda de acordo com a autora, é possível verificar nas novelas a aparição de personagens que mais se assemelham a escandinavos, exceto é claro, os empregados domésticos, que em sua maioria são representados por negros. Só após 30 anos de audiência foi que a Rede Globo “se dignou a por um núcleo negro em sua telinha”, representado uma família de classe média afrodescendente. Para Lima, Motter e Malcher (2000, p. 125) a telenovela ao caracterizar o negro de maneira estereotipada “traz para o mundo da ficção, um imaginário que permeia as relações entre brancos e negros no Brasil, revela o universo presente nessas relações, atualiza crenças e valores pautados por esse imaginário, que não modernizou as relações interétnicas na nossa sociedade”.

  8. 7. Imagem do negro na imprensa e publicidade De acordo com Silva (2002) na imprensa o negro continua “circunscrito às editorias: policial, relacionado à criminalidade; de esporte, principalmente no futebol e atletismo; de cultura, em geral cantores/as e/ou músicos/as”. Processo semelhante acontece na publicidade de revistas. Para Strozenberg (s.d.), • “ Em toda a história da propaganda no Brasil, até meados da década de 80 do século passado, negros e mestiços só apareciam em funções subalternas – como escravos, serviçais e trabalhadores braçais de vários tipos. Mesmo nesses casos, sua presença é secundária, como complementos do cenário, e nunca como beneficiários diretos do produto. Por exemplo, a empregada doméstica que garante a qualidade da farinha comprada pela patroa, ou o chofer que dá maior status ao carro cuja porta abre para o patrão (branco, naturalmente).” • “Não há dúvida que, embora ainda minoritária, a presença de personagens negros na propaganda brasileira, adquiriu, nos últimos anos, uma importância inédita. [...] evidenciam uma presença crescente de personagens de cor.” Lahni et al (2007, p. 82) considera que, “A partir dos de 1990, quando os afro-descendentes passam a ser vistos como consumidores, a imagem do negro na mídia tornou-se mais recorrente. Criam-se produtos específicos destinados aos negros. Com isso modelos e atores afro-descendentes brasileiros ganham espaço na publicidade. Nessa década, em 1995, é lançada a revista Raça-Brasil, que é uma mescla de valorização, orgulho e auto-estima, mesmo que com apelo mais estético do que político. Apesar disso, ainda há temas de anúncios aproximando-se da figura do branco. Pode-se citar, como por exemplo, as publicidades de produtos alisantes em que se indica um ideal estético de ter cabelos lisos.”

  9. 8. Referências Bibliográficas JUNIOR, Henrique Cunha et al. Cinema e afrodescendência no Brasil: notas sobre representações e possibilidades na prática pedagógica. In: X Congresso Internacional da Associação Latino-Americana de Estudos de África e Ásia, em 28 out. 2000. Rio de Janeiro: ALADAA/UCAM/CEAA, 2000. LAHNI, Cláudia Regina et al. A mulher negra no cinema brasileiro: uma análise de filhas do vento. In: Rev. Cient. Cent. Univ. Barra Mansa – UBM. Barra Mansa, v.9, n. 17, p. 88, jul. 2007. Disponível em: <http://www.ubm.br/ubm2007/hotsites/revista/pdf/A%20mulher%20negra%20no%20cinema.pdf> Acesso em 04 fev. 2008. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Telenovela brasileira: uma narrativa sobre a nação. In: Revistas Eletrônicas de Ciências da Comunicação. v. 9, n. 26, p. 17-34, 2003. Disponível em: <http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/Comedu/issue/view/305> Acesso em 15 dez. 2007. LIMA, Solange Martins Couceiro; MOTTER, Maria Lourde; MALCHER, Maria Ataide.A telenovela e o Brasil : relatos de uma experiência acadêmica. In: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. v.23, n.1, p. 118-136, jan./jun., 2000. 0102-6453. Disponível em: <http://reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/handle/1904/7153 > Acesso em 10 jan. 2007. METZ, C. Psicanálise e cinema. São Paulo: Global, 1980.

  10. Referências Bibliográficas PACHECO, H. P. Representatividade da imagem do negro nos meios de comunicação: revista Raça Brasil e a imprensa brasileira. Anais do 24. Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Campo Grande/MS, setembro 2001 [cd-rom]. São Paulo: Intercom, 2001. Disponível em: <http://reposcom.portcom.intercom.org.br/handle/1904/4968> Acesso em 04 mar. 2008. PEREIRA, Edimilson de Almeida; GOMES, Núbia P. M. Ardis da imagem: exclusão étnica e violência nos discursos da cultura brasileira. Belo Horizonte: Mazza Edições, Ed. Puc – Minas, 2001.   SCHWARCZ, Lilia Moritz. Espetáculo da miscigenação. In: Scielo Brasil Estudos Avançados. vol. 8, n. 20, abril, São Paulo. 1994. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141994000100017&script=sci_arttext&tlng=en> Acesso em 06 mar. 2008. SILVA, Paulo Vinicius Baptista da . Racismo discursivo na mídia: pesquisas brasileiras e movimento social. UFPR/ PUC-SP. GT: Afro-Brasileiros e Educação / n.21. Agência Financiadora: CAPES. Disponível em <http://www.anped.org.br/reunioes/28/textos/gt21/gt21896int.rtf> Acesso em 25. jan. 2008. SILVERSTONE, Roger. Por que estudar a mídia? São Paulo: Edições Loyola, 2002. SODRÉ, Muniz. Claros e escuros: identidade, povo e mídia no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1999. STROZENBERG, Ilana Strozenberg. Branca, preta, híbrida: qual é a cor da beleza na propaganda brasileira. In: Revista eletrônica de jornalismo cientifico. Disponível em: <http://comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=15&id=148&tipo=1> Acesso em 13 dez. 2007.

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