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A PNEUMATOLOGIA DE SÃO PAULO. Curso para Bispos. Rio de Janeiro, 31 de Janeiro 2008. Tópicos. O Espírito princípio da experiência de Deus e do conhecimento. Os dons do Espírito em Corinto A vida no Espírito em Romanos 8 Aos Gálatas: a lei e a liberdade O Espírito como “Espírito de Cristo”
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A PNEUMATOLOGIADE SÃO PAULO Curso para Bispos Rio de Janeiro, 31 de Janeiro 2008
Tópicos • O Espírito princípio da experiência de Deus e do conhecimento. • Os dons do Espírito em Corinto • A vida no Espírito em Romanos 8 • Aos Gálatas: a lei e a liberdade • O Espírito como “Espírito de Cristo” • O Espírito na comunidade
APRESENTAÇÕES DO ESPÍRITO • São Pauloapresenta o Espírito na sua ação, como princípio de santificação que atua no espírito humano, permitindo um novo conhecimento e uma vida nova. • “Paulo reflete sobre o Espírito expondo a sua influência não só no agir do cristão, mas também no seu ser. De fato, ele diz que o Espírito de Deus habita em nós” (cf. Rm 8, 9; 1Cor 3, 16). BENTO XVI, Discurso na audiência geral, quarta feira 15.11.07.
Em primeiro lugar é chamado “Espírito de Santidade” (Rm 1,4) e muitas vezes “Espírito Santo” (Rm 5,5; 9,1; 14,17; 15, 13.16). • Em segundo lugar, o Espírito é entendido como o “Espírito de Deus” (Rm 8,14), ou do Pai (Rm 8,11; 3) e • finalmente por seu relacionamento com o Senhor Jesus: “o Espírito de Cristo” (Rm 8,9), ou o “Espírito de Seu Filho” (Gl 4,6), o “Espírito do Senhor” (2Cor 3,17).
Unidade e distinção entreo Espírito e o Filho • O Espírito é com certeza, o Espírito enviado pelo Senhor ressuscitado. Porém entre o Espírito e o Senhor deve ser mantida e respeitada uma diferença. O Espírito permite de reconhecer e confessar “Jesus Senhor” (1Cor 12,3). Esta distinção é nítida também em Romanos (8,11). • Às vezes algumas atividade são atribuídas a ambos. Os cristãos são exortados a estar em Cristo (1Cor 1,30) ou “estar no Espírito” (Rm 8,9) e todos são justificados “pelo nome do Senhor Jesus e pelo Espírito de nosso Deus” (1ICor 6,11).
I) O PRINCÍPIO DA EXPERIENCIA E DE CONHECIMENTO • No Novo Testamento o “pneuma” é comparado ao vento (Jo 3, 8 e 20, 22), a uma força (At 1, 8), a “um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso” e ao fogo (At 2, 3). Para Paulo o Espírito é, sobretudo o “Espírito que dá a vida” (1Cor 15, 45). • P. usa 139 vezes a palavra “pneuma” Lucas: Ev. E Atos 109.
Todo o seu trabalho missionário foi marcado “pela força de sinais e prodígios, na força do Espírito de Deus” (Rm 15, 19). • A ação do Espírito é descrita como um “derramar” ( Rm 5, 5), “irrigar e abeberar” (1Cor 12, 13ss). Pelo dom do Espírito os filhos “clamam” “Abbá! Pai!’” (1Cor 8, 15). O Evangelho é recebido “com a alegria do Espírito Santo” (1Ts 1, 6). • A conversão é uma visão nova da realidade como se fosse a retirada de um véu (2Cor 3, 12 – 16). Sem contar com a profunda mudança moral produzida pelo “vestir-se do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13, 13-14) e pelo “fazer morrer as obras do corpo pelo Espírito” (Rm 8, 13).
II) CORINTO • Corinto, uma cidade romana, de intensas atividades, onde se misturavam tantas correntes de pensamentos, com um clima libertino muito acentuado. • Neste clima era fácil a valorização dos carismas, particularmente os extraordinários, mas ao mesmo tempo havia uma certa liberdade de costumes • De um lado permissivismo moral, do outro formas de auto-suficiência espiritual. • Também havia fragmentarismo espiritual.Com os evangelizadores, como acontecia com as escolas filosóficas
Sabedoria e loucura • A primeira parte da primeira Epístola aos Coríntios fala da dialética entre a sabedoria de Deus e a sabedoria do mundo. • No capítulo segundo, em sintonia com a lógica do agir paradoxal de Deus que revela a sua potência e sabedoria na impotência e loucura da cruz de Cristo, Paulo afirma que escolheu anunciar o Mistério de Deus em Corinto sem recorrer à arte da retórica. • Ele insiste sobre “a demonstração de Espírito e de potência” para que a fé dos Coríntios se fundasse não “sobre sabedoria de homens, mas sobre a potência de Deus” (I Cor 2, 4-5).
Homem“psíquico” e “espiritual”(1Cor 2,14-15) • O Apóstolo contrapõe o homem espiritual – pneumatikós – ao homem psíquico, que Ele chama - psychikós. Este último se deixa guiar pelos critérios da sabedoria humana e por isso pode ser assimilado alguns cristãos de Corinto que Paulo chama sarkinoi ou sarkikoi, “pessoas carnais” (1Cor 3,1-3). • A distinção entre o homem psíquico e o homem espiritual indica os dois tipos possíveis de conhecimento da realidade: o simples conhecimento natural baseado na sabedoria humana e o verdadeiro conhecimento que é baseado no dom do Espírito.
Conhecer a realidade e conhecer a Cristo • O homem natural psíquico não conhece a realidade; o Espírito é o princípio do conhecimento das coisas no seu significado verdadeiro: “ A nós, porém, Deus o revelou pelo Espírito” (1Cor 2, 10). • Se o Espírito é necessário para conhecer a realidade no seu significado natural e amplo, o Espírito é indispensável para conhecer verdadeiramente quem é Cristo, “Poder de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio que os homens, e o que é fraqueza de Deus é mais forte que os homens” (1Cor 2, 24b-25). Por isso é somente o Espírito que faz dizer “Jesus é o Senhor” (1Cor 12, 3).
OS DONS DO ESPÍRITO 1Cor 12-14 • “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo, diversidades de ministérios, mas é o Senhor é o mesmo, e diversidades de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos” (1Cor 12, 4-5). • “Pois, fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres, e todos bebemos de um só Espírito” (1Cor, 12,13).
Diante do orgulho de alguns que presumiam ter um novo conhecimento religioso ligado a uma grande habilidade retórica Paulo afirma o seu método que é totalmente diferente: • “Eu lhes anunciei simplesmente Jesus Cristo, morto e ressuscitado, sem recorrer aos recursos da sabedoria humana. Pois não quis saber outra coisa entre nós a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. • Estive entre vós cheio de fraqueza, receio e tremor. Minha palavra e minha pregação nada tinham de persuasiva linguagem da sabedoria, mas eram uma demonstração de Espírito e Poder, a fim de que a vossa fé não se baseie sobre a sabedoria dos homens, mas sobre o poder de Deus” (1Cor 2, 2-5).
Fenômenos espirituais (Pneumatiká) e dons de graça (Charismata) • Em primeiro lugar, Paulo expõe uma doutrina geral dos carismas, frisando de um lado a unidade, de outro lado a pluralidade diversificada. • Depois introduz os temas dos carismas mais importantes, mas logo se interrompe afirmando que na hierarquia dos valores o ponto mais alto é do ágape, que é exaltado sobre todos os carismas. • Em seguida, retomando o motivo dos carismas mais importantes, o desenvolve em relação à glossolalia (palavra incompreensível) e à profecia (palavra compreensível).
Nas cartas de São Paulo se encontram quatro principais listas de carismas que não constituem uma enumeração completa. A primeira está na 1Cor 12, 8-10; a segunda em 1Cor 12, 28-30; a terceira em Rom 12, 6-9 e a quarta em Ef 4,11. • Na Primeira Carta aos Coríntios temos em primeiro lugar os apóstolos que figuram sempre fundamentos das igrejas e como evangelizadores itinerantes. Seja Paulo como Barnabé são definidos apóstolos. Paulo chama de “arquiapóstolos” os seus adversários na obra de evangelização. • Em segundo lugar vêm os profetas que são portadores de uma palavra de instrução, edificação e exortação para a comunidade. • Depois vem os doutores, depois quantos presidem que em Rom 12,8, parecem estar ligados à função dos presbíteros. • Depois, vem os dons dos milagres, das curas, da assistência, do governo (administrar)de falar línguas (a glossolalia) e da interpretação dessas línguas. • Todavia, o maior de todos os carismas é o amor, o ágape (1Cor 13,1-13).
O CRITÉRIO • Os Coríntios tinham a tendência de apreciar mais os carismas mais vistosos que pela aparência externa impressionavam; o apóstolo, porém indica que o carisma mais importante é o dom do amor. • Os carismas da Palavra são apreciados quando favorecem o crescimento pessoal e ajudam na construção da comunidade; por isso o carisma da glossolalia tem valor quando é acompanhado pelo carisma da interpretação e da profecia: “Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a menos que este as interprete, para que a assembléia seja edificada” (1Cor 14, 5). • Indica o critério: “Já que aspirais aos dons do Espírito,, procurai tê-los em abundância, para a edificação da Igreja” (1Cor 14, 12).
CARISMA E INSTITUIÇÃO • E. Käsemann – Paulo opõe os carismas a um ofício institucional. • H. Küng – Em Corinto não havia nem presbíteros, nem bispos, nem ordenações, só o apóstolos.”A Igreja” • A estrutura intitucional é carismática “Deus estabeleceu na Igreja...” (1Cor 12,28); “Em tudo é o mesmo Espírito que age... Um só é Deus que opera tudo em todos” (1 Cor 12, 4-6) • H. Conzelmann – “A famosa distinção entre carismáticos e autoridade da Igreja não se sustenta”. “Charis” TWNT, IX, 396.
III) A VIDA NO ESPÍRITO Rom 8 • O capítulo 8º forma com o capítulo 7º uma unidade, o verso e o reverso da mesma moeda se indica o itinerário da libertação da lei à vida no Espírito. • A antítese entre espírito e carne[1] é diferente da oposição que existe no dualismo grego, no qual o espírito imaterial se identificava com a alma que estava oposta ao corpo. • A visão de Paulo é segundo a antropologia hebraica, que olha para o homem como uma totalidade e como uma unidade psicofísica. Carne e espírito são duas atitudes da pessoa que se fecha na auto-suficiência ou se abre a Deus e aos outros no amor. Trata-se de dois dinamismos opostos. [1] Cf. J. D. G. DUNN, Teologia do Apóstolo Paulo, Paulus,SP, particularmente os parágrafos “O eu dividido” e “Carne e Espírito “, pp.535 – 546.
A lei do Espírito • “Quem me libertará deste corpo de morte?”(Rm 7,24). Paulo responde afirmando : “a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte” (Rm, 8, 2). • A lei do Espírito indica não uma presença passageira, mas um dinamismo estável que tona possível na vida do cristão a passagem da escravidão à liberdade “pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
A Filiação Divina • “Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são Filhos de Deus”( 8, 14), quem se deixa conduzir pelo Espírito é Filho de Deus. • O Espírito é o princípio da nossa filiação divina que se dá por meio da morte e ressurreição de Jesus que nos é dada no batismo. • “Pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova” ( Rm 6, 4).
“Abbá! Pai!” (Rm 8, 15). • “Recebestes um Espírito de Filhos adotivos, pelo qual clamamos: Abbá! Pai!” (Rm 8, 15). • O grito a Deus Pai é suscitado pelo Espírito.
“Conduzidos pelo Espírito”( 8, 14), • “Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são Filhos de Deus” ( 8, 14). • Ser conduzidos pelo Espírito é uma referência ao êxodo, ao caminho do povo guiado por Javé no deserto. O verbo “aghestai” tem uma dimensão histórico-salvífica. (De la Potterie)
SPE SALVI • O Espírito é o penhor a garantia e a antecipação da vitória antes mesmo do tempo da plenitude: Deus “nos marcou com o seu selo e colocou em nossos corações o penhor do Espírito (2Cor 1,22; cf. Rm 5,5; Ef 1,13-14 ). • Pelo Espírito, a escatologia já está realizada, mesmo que reste a esperar a sua plenitude. • O conteúdo da espera, neste cap. 8, é profundamente antropológico: “A revelação dos filhos de Deus” (19), “a liberdade da glória dos filhos de Deus” (21), “a redenção do nosso corpo” (23), a salvação possuída na esperança (24).
Pertencer eterno a Cristo • O capítulo termina com o canto da vitória: “Se Deus está conosco quem estará contra nós” (31). “Quem nos separará do amor de Cristo” (35). • A fonte da certeza diante de todas as dificuldade e da própria morte é o amor de Cristo. “Mas em tudo isso somos mais que vencedores graças Àquele que nos amou” (37); • “nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor?” (39b).
IV) ÀS IGREJAS DA GALÁCIA: A LEI E A LIBERDADE • Os opositores de Paulo nas comunidades Galácia eram com certeza cristãos, apresentados como propagadores de um outro evangelho (Gl 1,6-7). • É muito provável que fossem missionários judeus cristãos que faziam referência a um modelo judaico na tentativa de impor a circuncisão e observância do sábado e de específicas festividades judaicas, na convicção que os gentios podem participar plenamente do povo de Deus somente submetendo-se à lei mosaica. • A partir desta controvérsia, Paulo elabora uma grande reflexão teológica sobre a relação entre fé e lei e a liberdade cristã, colocando em evidência o fato que a salvação e a liberdade são dadas unicamente pela graça de Cristo.
A questão • A grande pergunta que colocou em crise a comunidade dos Gálatas era se a fé basta por si mesma a definir a experiência cristã ou deve ser completada por meio do rito da circuncisão e por meio da maneira de viver própria dos Judeus. • A afirmação de São Paulo é clara: os gentios que abraçam a fé cristã estão livres de qualquer herança cultural do judaísmo; especificamente estão livres da circuncisão e podem esperar igualmente como os judeus a salvação de Cristo.
Para liberdade Cristo nos libertou • O centro da argumentação de Paulo encontra-se no capítulo V que começa com um canto à liberdade ”É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão” (1) • E imediatamente apresentando-se diz o que pensa: “Atenção! Eu, Paulo, vos digo: Se vos fizerdes circuncidar Cristo de nada vos servirá” (2). E mais adiante “Nós, com efeito, aguardamos no Espírito , a esperança da justiça que vem da fé. Pois em Cristo Jesus,nem a circuncisão tem valor, nem a incircuncisão, mas a fé agindo pela caridade” (5 e 6).
DESEJOS DA CARNE E DESEJOS DO ESPÍRITO • Paulo esclarece que a liberdade daqueles que acolhem o Evangelho de Jesus Cristo não pode se tornar um álibi para satisfazer o próprio instinto, que Paulo identifica com “desejos da carne”, opostos aos “desejos do espírito”. • “Entretanto, que a liberdade não sirva de pretexto para a carne” (Gl 5, 13).
Deixar-se conduzir pelo Espírito • Paulo desenvolve uma nova reflexão sobre o ser movido pelo Espírito. “Ora, eu vos digo: Conduzi-vos pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne” (Gl 5 ,16). • A liberdade do espírito é a única via dos cristãos: “Mas, se forem conduzidos pelo Espírito, vocês não estarão mais submetidos à Lei” (5,18). A verdadeira liberdade consiste em “deixar-se conduzir pelo Espírito”. • O Espírito nos liberta da lei porque leva ao cumprimento a própria lei por meio do dom do amor.
Espírito e Lei • “Mas se vos deixais guiar pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (18). • Aqui não se fala mais da escravidão interior da concupiscência da carne, mas da escravidão da preceptística da lei. De ambas o Espírito liberta com seu influxo que torna o homem capaz de superar as tendências carnais e nem o deixa ficar escravo das normas da preceptística.
Indicativo e imperativo • Paulo usa o indicativo para sublinhar o fato que a libertação já é algo acontecido: “Cristo nos libertou” (Gl 5,1a); “fostes chamados à liberdade” (13). “Os que pertencem a Cristo crucificaram a carne com suas paixões e seus desejos” (24). • A este indicativo corresponde um imperativo, que indica uma responsabilidade: “Permaneceis firmes, portanto e não vos deixeis de novo prender ao jugo da escravidão” (1b). “Não façais desta liberdade pretexto para satisfazer a carne” (13, b). E o já citado: “Vos digo: conduzi-vos pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne” (16). “Se vivemos pelo Espírito, pelo Espírito também pautemos nossa conduta” (25). • Paulo vê o dom do Espírito como uma realidade que vivifica a vida toda dos fiéis orientando-os a viver com responsabilidade.
Uma exortação e um preceito • “Carregai o peso uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo” (6,2). • Esta lei de Cristo é aquela que se baseia no dom do Espírito, cujo fruto é “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio” (5, 22-23).
V) O ESPÍRITO DE CRISTO • “E porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abbá, Pai! (Gl 4, 6). • “Vós não estais na carne, mas no Espírito, se é verdade que o Espírito de Deus habita em vós, pois quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a Ele (Rm 8,9). • “Com efeito não recebestes um Espírito de escravos, para recair no temor, mas recebestes um Espírito de filhos adotivos, pelo qual clamamos Abbá! Pai! O próprio Espírito se une ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus.” (Rm 8,15-16).
Novidade Paulina • O “Pneuma” é sempre o Espírito de Deus que age por meio de Cristo a partir de sua glorificação. • Novidade paulina é atribuir de modo direto e pessoal o Espírito a Jesus. • O Espírito de Deus que é em Cristo e que opera mediante Cristo.
O Espírito de Cristo • Devemos afirmar que a experiência religiosa em São Paulo não se torna a idealização da experiência individual e • o fenômeno do Espírito se esclarece não como algo indeterminado, mas como o “Espírito de Cristo”.
Cristo e o Espírito unidos • Cristo e o Espírito estão intimamente unidos, tanto que São Paulo atribui alguns elementos constitutivos da vida cristã indistintamente a um e a outro. • Por exemplo, o gozo está no Espírito Santo (Rm 14,7) e no Senhor (Fl 3,1; 4,4.10); o amor de Deus vem do Espírito (Rm 5,5) e nos é dado pelo Senhor (Rm 8,39). A paz (Rm 14,17 e Fl 4,7), a liberdade (2Cor 3, 6 e Rm 8, 2; 6, 23; 2 e 2Cor 4,10), a glória (2Cor 3,8 e Fl 4,19) também.
Presença do Filho e do Espírito • Toda a existência cristã está em relação a Cristo e ao Espírito (1Cor 1,30; 2Cor 5,17; Rm 8,9). Assim é a presença de Cristo e do Espírito em nós (Rm 8,10; 2Cor 13,5; Gl 2,20; Rm 8,9; 1Cor 3,16). • É significativo o trecho da 1Cor 6,11: “Vós vos lavastes, mas fostes santificados, fostes justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito de Deus”. A santificação e a justificação são dons do Filho e do Espírito Santo.
“O Senhor é o Espírito” (2Cor 3,17) • Relação existencial e dinâmica: experimento o Senhor, na ação do Espírito, como Espírito. • Não se quer afirmar a equivalência entre os dois, mas ressaltar o fato que quem se converte a Cristo entra em comunicação com o Espírito Santo, que nos é dado como fruto da redenção. • Na ressurreição de Cristo, manifesta-se, de forma privilegiada, o poder do Espírito. Por sua vez, é o próprio Cristo glorificado que manda o Espírito aos homens para que se tornem filhos adotivos. • Se revela a ação unitária da Santíssima Trindade que anima toda a obra de salvação sem, por isso, eliminar certas pontualizações “cristológicas” e “pneumatológicas” feitas pelos autores sagrados e pelos teólogos.
VI) O ESPÍRITO NA COMUNIDADE • O Espírito edifica a Igreja • “Fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres, e todos bebemos de um só Espírito” (1Cor 12,13). • “Pois todos vós , que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 27 – 28). O Espírito unifica a Igreja é o princípio da unidade deste corpo, Aquele que une os fiéis com Cristo e entre eles.
Na unidade de um corpo • Há uma íntima conexão entre o Espírito e cada fiel. “Ninguém pode dizer: “Jesus é o Senhor”, a não ser no Espírito Santo” (1Cor 12,3b). • Por sua vez, cada fiel em comunhão com o Senhor e os outros fiéis formam o Corpo de Cristo: “Ora, vós sois o Corpo de Cristo e sois seus membros, cada um por sua parte“ (1Cor 12,27). E este corpo é a Igreja
Princípio de vitalidade e diversidade • O Espírito de Deus, como é fonte de comunhão e de unidade na Igreja, é também princípio da vitalidade e da diversidade na construção do único Corpo de Cristo. • Esse é o sentido dos vários membros descritos na imagem da 1Cor 12, e esse é também o sentido dos dons e carismas suscitados na vida da Igreja. • A insistência de Paulo é “que tudo se faça para a edificação” (1Cor 14,26b). “Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos” (1Cor 12,7).
Oração no Espírito • A multíplice ação do Espírito se desenvolve na vida da Igreja por meio da oração, que é mais obra do próprio Espírito que nossa. O coração e a mente são iluminados e abrasados pelo Espírito que habita em nós. • Na Carta aos Coríntios, o Espírito se junta à inteligência. “Orarei com o meu Espírito, mas hei de orar também com a minha inteligência. Cantarei com o meu Espírito e cantarei com a minha inteligência” (1Cor 14,15).
Gemidos inefáveis • “Assim também o Espírito socorre a nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26). • Estamos diante de um aspecto singular na visão paulina do Espírito porque normalmente este é apresentado com poder; aqui, junto com a imagem do poder de alguém que socorre e intercede, estamos diante de uma fala do Espírito não articulada como se revela na experiência pessoal de São Paulo. • Os gemidos inefáveis do Espírito lembram os gemidos da criação e consistem em suspiros não articulados em palavras(Dunn). Esta é a forma de oração como desejo.
Nos Sacramentos • O Espírito, como já vimos, anima toda a existência cristã e a vida da Igreja, e o mesmo Espírito age, enfim, por meio dos Sacramentos; em particular, o Batismo (1Cor 6,11; 12,13; Tt 3,5), a Confirmação (1Cor 12,13), a Ordem (2Tm 1,6-7) a Eucaristia e o Matrimônio (Ef 5,22ss; Rm 8,9; 1Cor 10,10-17).
Ação permanente • Em várias formas atua o Espírito Santo, o Espírito de Cristo, • que edifica a Igreja • por meio de Sua ação permanente e duradoura.
No abraço da comunhão trinitária • “A graça do senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo esteja com todos vós”. “Koinonia tou hagiou pneumatos”, • usa-se o genitivo subjetivo que indica a comunhão cujo princípio é o Espírito Santo. • Para São Paulo e para nós.