180 likes | 718 Views
Machado de Assis. (21.6.1839.) Nasce no Rio de Janeiro Joaquim Maria Machado de Assis. Morre em 29 de Setembro de 1908 aos 69 anos. Conhecendo Dom Casmurro (1899). Narrador: A narrativa em 1ª pessoa enfatiza a liberdade temporal. Presente Passado
E N D
Machado de Assis (21.6.1839.) Nasce no Rio de Janeiro Joaquim Maria Machado de Assis. Morre em 29 de Setembro de 1908 aos 69 anos.
Conhecendo Dom Casmurro (1899) • Narrador: A narrativa em 1ª pessoa enfatiza a liberdade temporal. Presente Passado Futuro hipotético Cotidiano do narrador Longínquos tempos míticos = Capacidade de articular diversos tempos
O modo narrativo Dom Casmurro = Autobiografia de Bento de Albuquerque Santiago (Advogado abastardo, viúvo solitário e cinquentão circunspecto.) • Foco narrativo • O ponto de vista de Bento Santiago protagonista e narrador domina tudo na narrativa. • Até mesmo as demais personagens não passam de projeções de sua alma. • São lembranças de seu passado, que vão ressurgindo do subsolo da memória à medida que ele procura a reconstrução de si mesmo. • Bento não conta objetivamente uma tragédia, apenas apresenta sua versão da vida que levara em família. (Visão pessoal e íntima)
O narrador problemático Através de Bento Santiago, Machado de Assis descobriu a chave para a densidade psicológica do romance e também para seu inesgotável poder de sugestão (surpresas e incógnitas): • Problematiza a noção de romance convencional, pois o narrador não é um contador de histórias e sim advogado que escreve por motivos psicológicos. • Questiona a noção de verdade absoluta, visto que jamais saberemos se Capitu traiu ou não o marido. • Produz um dos mais belos textos da literatura, sobretudo pela capacidade de o livro suportar sempre novas e diferentes interpretações, o que se deve ao fato de ser uma obra aberta, isto é, aquela cuja estrutura deixa o essencial do significado sob a sombra de uma dúvida.
Intriga Flashback • Dom Casmurro começa pelo fim da história. • Primeiro = a solidão trágica do viúvo. • Depois = o conhecimento das causas e motivos que o levaram a semelhante estado. • Cosmovisão Pessimismo e humor digressivos • Capítulo 9 = “A ópera” = Capítulo doutrinal = A visão de mundo segundo a qual Bento interpreta as pessoas e a vida. • Cosmovisão pessimista = Causa das ações humanas = Vontade pessoal e o interesse, nunca o amor ou o desprendimento.
Intertextualidade • Ilíada de Homero (capítulo 125) Ex: Príamo rei de Tróia, teve que beijar a mão de Aquiles, assassino de seu filho Heitor, Bento teve que proferir um discurso elogioso à beira da cova de Escobar. • Otelo - Shakespeare (capítulo 135) “A vida é uma ópera” (tenor italiano Marcolini) Constantes paralelos entre a vida passada de Bento e o andamento do teatro clássico, sobretudo da peça Otelo (ciúmes e traição) • Míto de Abraão e Isaac (capítulo 80) Focaliza a tradição do sacrifício humano em favor das crenças religiosas, que pode ser observada tanto em culturas politeístas, quanto no monoteísmo do Velho Testamento e no Cristianismo atual (a promessa de Dona Glória).
Personagens • Bentinho Bento Santiago = Pseudo-autor, narrador e personagem. Trata-se de uma figura um tanto esquizóide (dividido entre o passado e o presente) • Capitu Personagem densa, surpreendente e estigante (infiel ou injustiçada?) • Escobar Símbolo de pessoa esperta e calculista. Bentinho conhece Escobar no seminário (sugere um mistério)
Sancha Tornou-se amiga de Capitu na escola. Casou-se com Escobar. • José Dias Personagem de costumes. Representa a caricatura de um charlatão. (apresentara-se como médico homeopata sem o ser). • Dona Glória Mãe de Bentinho e viúva de Pedro de Albuquerque Santiago. (santa até a morte) • Tio Cosme Advogado criminalista. Irmão de Dona Glória.
Prima Justina Viúva e quarentona, fora morar com Dona Glória por servir e ser servida. • Manduca Leproso que morava perto de Bentinho. • João Pádua Marido de Dona Fortunata e pai de Capitu. Funcionário público modesto. • Ezequiel Albuquerque de Santiago Filho de Bento e Capitu. Quando criança, exerce no romance a mesma função do lenço posto por Iago no quarto de Desdêmona, na tragédia de Shakespeare, Otelo: a prova do adultério. Tal é a conclusão (parcialíssima) de Bento.
Espaço O enredo se desenrola em três áreas: • Bentinho em sua casa, antes de ir para o seminário, vivendo seus encontros com Capitu e suas estratégias para escapar da profissão de padre. • Bentinho no seminário, quando conhece Escobar e o visita todo fim de semana. • Bentinho casado e algum tempo depois da separação. O ápice ocorre com o casamento de Bento e de Escobar, a vinda dos filhos e o início de desconfiança sobre paternidade do filho de Capitu.
Conclusão A solidão, o lado destrutivo do amor – a capacidade do amor, como em Otelo, de Shakespeare, de também aniquilar vidas, tanto do ser que ama quanto dos demais – são explorados aqui sob o fogo brando de uma narrativa que corrói quase imperceptivamente, assim como a vida, a cada batida do relógio, vai se escoando e sendo sugada pela morte.
“A um bruxo com amor” Em certa casa da Rua Cosme Velho (que se abre no vazio) venho visitar-te; e me recebes na sala trastejada com simplicidade (...) Todos os cemitérios se parecem, e não pousas em nenhum deles, mas onde a dúvida apalpa o mármore de verdade, a descobrir a fenda necessária; onde o diabo joga dama com o destino, estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro, que resolves em mim tantos enigmas. (...) Carlos Drummond de Andrade