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A ERA DO RÁDIO. Objetivos do trabalho. Entender a importância do rádio como meio de comunicação na década de 1930 Compreender o conceito de ideologia trabalhista Analisar a letra de uma música, inserindo-a no contexto histórico referido. Estudar o samba como símbolo nacional.
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Objetivos do trabalho • Entender a importância do rádio como meio de comunicação na década de 1930 • Compreender o conceito de ideologiatrabalhista • Analisar a letra de uma música, inserindo-a no contexto histórico referido. • Estudar o samba como símbolo nacional • Fornecer ferramentas para a produção de um bem cultural baseado na ideologia varguista (cartaz, programa de rádio, música etc)
O rádio no Brasil • Getúlio Vargas foi quem mais influenciou a história do rádio na década de 30. • Desde que assumiu a presidência manteve o rádio entre as suas áreas de controle direto. • No período de governo conhecido como Estado Novo (de 1937 a 1945), Getúlio usou o rádio para fazer propaganda política. Getúlio Vargas ouvindo rádio
Estado Novo • Promessas de industrialização, modernização e “melhoria de vida”. • Estado: órgão de proteção e de amparo das necessidades do povo brasileiro. (Getúlio “pai dos pobres”) • “Público-alvo”: população urbana, em particular a classe operária.
PROPAGANDA POLÍTICA NA ERA VARGAS Programa Hora do Brasil Primeira transmissão desse programa, em 1938 Transcrição do áudio da primeira transmissão: (Prefixo musical: protofonia de "O Guarani", de Carlos Gomes) Locutor: Caros ouvintes, muito boa tarde. O Departamento de Imprensa e Propaganda vai transmitir a Hora do Brasil desse dia 7 de setembro, diretamente do estádio do Clube de Regatas Vasco da Gama, na bela praça de esportes do bairro carioca de São Januário, onde todos os anos têm sido realizadas as grandes concentrações de estudantes e do povo brasileiro para ouvir um discurso alusivo à data magna do país, pronunciado pelo presidente Getúlio Vargas. Os ouvintes brasileiros devem ter acompanhado pelo preciso noticiário da imprensa e pelas transmissões radiofônicas do Departamento de Imprensa e Propaganda o transcurso das festas e solenidades de imensa expressão cívica que nesse ano, como em todos os anos anteriores, foram realizadas nessa Capital e em todas as metrópoles e cidades do interior do país, rememorando o episódio histórico que determinou a nossa libertação das Cortes Portuguesas. FONTE 4 p.2
As vozes do rádio Emilinha Borba Aracy de Almeida Carmen Miranda
Prova da importância do Rádio na época são: • A eleição da “Rainha do Rádio”, que mobilizava todo o país; • Grande circulação das revistas especializadas em rádio, como a “Revista do Rádio” e a “Radiolândia”; • O número de cartas recebido pela Rádio Nacional nesse período - quase oito milhões. Rainha do rádio 1953: Emilinha Borba
Radiojornalismo • A partir de 1939, teve o início a Segunda Guerra Mundial • O rádio se transformou num importante veículo para difundir fatos diários e notícias do “front”. • Surgia o radiojornalismo, sendo o Repórter Esso um marco dessa época. Heron Rodrigues - o reporter Esso
PROPAGANDA POLÍTICA NA ERA VARGAS • A) Principal preocupação: O que é ser brasileiro? • B) DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – Coordenava, orientava e centralizava as propagandas internas e externas, controlava as produções artísticas, dirigia o programa de radiodifusão oficial do governo e organizava manifestações cívicas, festas patrióticas, exposições e concertos. • C) Propaganda feita por meio de: • Cartilhas para crianças e jovens • Controle dos grandes jornais • Cerimônias públicas voltadas aos trabalhadores e aos jovens • Exaltação do líder • Criação da Hora do Brasil – noticiário oficial do governo veiculado nas rádios
PROPAGANDA POLÍTICA NA ERA VARGAS FONTE 2 Desfile cívico realizado em estádio de futebol. Jovens carregam foto oficial do presidente Getúlio Vargas.
PROPAGANDA POLÍTICA NA ERA VARGAS Crianças! Aprendendo no lar e nas escolas o culto da Pátria, trareis para a vida prática todas as probabilidades de êxito. Só o amor constrói e, amando o Brasil, forçosamente o conduzireis aos mais altos destinos entre as Nações realizando os desejos de engrandecimento aninhados em cada coração brasileiro. Página de uma das cartilhas distribuídas para as crianças nas escolas. FONTE 1
PROPAGANDA POLÍTICA NA ERA VARGAS Cartaz de propaganda produzido pelo DIP entre 1939-1945. FONTE 3
PROPAGANDA POLÍTICA NA ERA VARGAS LINK: Youtube - A Voz do Brasil atualmente FONTE 4 p.1
Trabalhismo • Trabalho: viver de forma “honrada e honesta”. • Contribuir para o progresso do país (modernização e industrialização). • Condenava o ócio e a “malandragem”
“É negócio casar” (Ataulfo Alves e Felisberto Martins [1941]) • Veja só... O estado novoA minha vida como está mudada Veio para nos orientarNão sou mais aquele No Brasil não falta nadaQue entrava em casa alta madrugada Mas precisa trabalharFaça o que eu fiz Tem café, petróleo e ouroPorque a vida é do trabalhador ninguém pode duvidar Tenho um doce lar E quem for pai de 4 filhosE sou feliz com meu amor O presidente manda premiar... [breque] é negócio casarFonte: http://www.vagalume.com.br/ataulfo-alves/e-negocio-casar.html
Seu garçom, faça o favor de me trazer depressaUma boa média que não seja requentadaUm pão bem quente com manteiga à beçaUm guardanapo e um copo d'água bem geladaFeche a porta da direita com muito cuidadoQue não estou disposto a ficar exposto ao solVá perguntar ao seu freguês do ladoQual foi o resultado do futebol Se você ficar limpando a mesaNão me levanto nem pago a despesaVá pedir ao seu patrãoUma caneta, um tinteiro Um envelope e um cartãoNão se esqueça de me dar palitosE um cigarro pra espantar mosquitos Vá dizer ao charuteiroQue me empreste umas revistasUm isqueiro e um cinzeiro Telefone ao menos uma vezPara três quatro, quatro, três, três, trêsE ordene ao seu OsórioQue me mande um guarda-chuvaAqui pro nosso escritórioSeu garçom me empresta algum dinheiroQue eu deixei o meu com o bicheiroVá dizer ao seu gerenteQue pendure esta despesaNo cabide ali em frente Conversa de Botequim (Noel Rosa e Vadico [1935])
O samba vira símbolo nacional • “O samba malandro surge em um momento em que se buscava nas classes populares os parâmetros para uma nova maneira de se pensar a nacionalidade.” (Tiago de Melo Gomes) • O malandro representava a ingenuidade, juventude e a pureza nacional. • Temas: infidelidade, boêmia, formas de viver fora do mundo do trabalho assalariado, necessidade de sobrevivência. • “malandragem” x ideologia trabalhista (Vargas) • O vigor da nação brasileira estava na chamada “alma popular”.
Brasil!Meu Brasil brasileiroMeu mulato inzoneiroVou cantar-te nos meus versosO Brasil, samba que dáBamboleio, que faz gingarO Brasil, do meu amorTerra de Nosso SenhorBrasil! Pra mim! Pra mim, pra mim Ah! abre a cortina do passadoTira a mãe preta do cerradoBota o rei congo no congadoBrasil! Pra mim! Deixa cantar de novo o trovadorA merencória luz da luaToda canção do meu amor Quero ver a sá dona caminhandoPelos salões arrastandoO seu vestido rendadoBrasil! Pra mim, pra mim, pra mim! Brasil!Terra boa e gostosaDa morena sestrosaDe olhar indiscretoO Brasil, samba que dábamboleio que faz gingarO Brasil, do meu amorTerra de Nosso SenhorBrasil! Pra mim, pra mim, pra mim Oh esse coqueiro que dá cocoOnde eu amarro a minha redeNas noites claras de luarBrasil! Pra mim Ah! ouve estas fontes murmurantesAonde eu mato a minha sedeE onde a lua vem brincarAh! esse Brasil lindo e trigueiroÉ o meu Brasil brasileiroTerra de samba e pandeiroBrasil! Pra mim, pra mim! Brasil!Brasil! Pra mim, pra mim! Brasil!, Brasil! Aquarela do Brasil (Ari Barroso [1939])
“Samba é que nem passarinho: é do primeiro que pegar” (Sinhô) • Direitos autorais x composições coletivas • Profissionalização do samba Roda de Samba “Pelo Telefone”(Donga)-1º samba gravado
A domesticação do samba • “O samba, que traz em sua etimologia a marca do sensualismo, é feio, indecente, desarmônico e arrítmico. Mas, paciência: não repudiemos esse nosso irmão pelos defeitos que contém. Sejamos benévolos: lancemos mão da inteligência e da civilização. Tentemos, devagarinho, torná-lo mais educado e social. Pouco se nos importa de quem seja ele filho... O samba é nosso; como nós, nasceu no Brasil. É a nossa música popular.” Revista “Cultura Política”, órgão divulgador do Estado Novo
Conclusões • Com este trabalho aprendemos como o rádio foi usado como instrumento de propaganda política no Estado Novo. • Também foi possível observar as mudanças culturais que ocorreram a partir do advento do rádio. • Além disso, vimos como o samba se tornou um símbolo nacional. • Estudamos também as formas de uso do conceito de ideologia trabalhista no Estado Novo.
Bibliografia • ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas - reflexões sobre a origem e a expansão do nacionalismo. Lisboa: Edições 70, 1991. • CABRAL, Sérgio. A MPB na era do rádio. São Paulo: Moderna, 1996 (Coleção Polêmica). • CAPELATO, Maria Helena Rolim. Estado Novo: Novas Histórias. IN: Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto. • FAUSTO, Boris. Prefácio à edição de 1997. In: A revolução de 1930 - historiografia e história. São Paulo, Companhia das Letras. • GARCIA, Tânia da Costa. O “it verde e amarelo” de Carmem Miranda (1930-46). Tese de Doutoramento apresentada ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, 2001. • GOMES, Angela de Castro. O redescobrimento do Brasil. In: A Invenção do Trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1988. Pp.205-228. • MORAES, José Geraldo Vinci de. Cidade e cultura urbana na Primeira República. São Paulo: Atual, 1994 (Discutindo a História do Brasil). • NAPOLITANO, Marcos. Cultura, modernidade e brasilidade (1922-1979). IN: VÉSCIO, Luiz Eugênio (coord.). Portugal-Brasil no século XX - sociedade, cultura e ideologia. Florianópolis, SANTOS, Marco Antonio Cabral dos. DIP: máquina de propaganda que conquista corações. Revista História Viva - Grandes temas: Getúlio Vargas. Pp. 42-49. • PEDRO, Antônio. Samba da Legitimidade. Dissertação de Mestrado, FFLCHUSP, 1980.
Webgrafia • GOMES, Tiago de Melo. “Gente do samba: malandragem e identidade nacional no final da Primeira República”. Disponível em: http://www.revistatopoi.org/numeros_anteriores/topoi09/topoi9a7.pdf