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3506680. Eritema-ab-igne : Relato de caso. Chan I Lym Lívia Arcanjo Fonteles Mariana Campos Souza Menezes Tullia Cuzzi Rosângela Souza Rodrigues Celso Tavares Sodré. Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF -UFRJ,
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3506680 Eritema-ab-igne: Relato de caso Chan I Lym Lívia Arcanjo Fonteles Mariana Campos Souza Menezes TulliaCuzzi Rosângela Souza Rodrigues Celso Tavares Sodré Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO • Eritema ab igne (EAI) é uma condição rara, caracterizada por lesão cutânea de aspecto reticulado que ocorre devido a exposição crônica a níveis moderados de radiação infravermelha sob a forma de calor, que estão abaixo do limiar capaz de provocar queimadura na pele. • Relatamos um caso raro de EAI em uma paciente que há 2 anos fazia uso frequente de bolsa de água quente em membro inferior. • Motivo da comunicação: raridade
RELATO DE CASO • Paciente do sexo feminino, parda, 90 anos, relata início de lesão hipercrômica assintomática em membro inferior direito há 18 meses. Referia hábito de utilizar bolsa de água quente há 2 anos sobre o local para alívio de dor crônica. • Ao exame: mácula hipercrômica extensa de aspecto rendilhado, com áreas eritematosas de permeio, na face anterior da coxa direita. • Realizada biópsia e exame histopatológico evidenciou hiperceratose, retificação de cones e nítida pigmentação melânica basal; congestão de vasos papilares com incontinência pigmentar. • Paciente orientada a evitar uso da bolsa de água quente e exposição solar. Prescrito fotoproteção e emolientes. Após um mês, referiu redução da hipercromia e do eritema.
Lesão hipercrômica extensa de aspecto rendilhado e eritema de permeio, na face anterior da coxa direita
DISCUSSÃO • O EAI é definido como uma dermatose macular, reticular, hiperpigmentada ou eritematosa com descamação e telangiectasias que ocorre devido a exposição repetida e a longo prazo a uma fonte de radiação infravermelha sob a forma de calor (43ºC e 47ºC), que não produz queimadura diretamente, mas lesão na epiderme e no plexo vascular superficial. • A fisiopatologia não é totalmente esclarecida, porém esse nível de radiação provoca displasia epidérmica, mudanças nas fibras elásticas dérmicas de forma semelhante às observadas na pele actinicamente danificada, e danos a vasos sanguíneos superficiais, com subsequente deposição de hemossiderina.
DISCUSSÃO • Durante a fase aguda, ocorre eritema evanescente; posteriormente, há eritema mais pronunciado e persistente, hiperpigmentação reticulada e atrofia epidérmica. A continuação da exposição pode levar a poiquilodermia e hiperceratose. Há raros casos com bolhas subepidérmicas. • O EAI tem aspecto característico, e o diagnóstico é eminentemente clínico. • Geralmente, as lesões são assintomáticas, mas prurido e dor em queimação podem acompanhar o quadro. Pode ocorrer em qualquer local do corpo, sendo mais relatado na porção inferior dos membros inferiores de mulheres. • Aplicação de calor local para alívio de dores é um tratamento antigo e efetivo; observamos com essa prática vários sítios de ocorrência das lesões. Casos mais recentemente relatados tem sido relacionados ao uso do laptop em contato direto com a pele, apoiado sobre as coxas. • Nossa paciente desenvolveu EAI devido ao hábito de colocar bolsa de água quente sobre o membro inferior direito, a fim de aliviar dor crônica local.
DISCUSSÃO • Pacientes com EAI apresentam risco de desenvolver doenças malignas cutâneas após um período longo de latência que pode ser de décadas. • Historicamente, carcinoma espinocelular tem sido associado quando há exposição a fontes de calor que utilizam hidrocarbonetos. Carcinoma de células de Merkel também tem sido relatado. • O exame histopatológico revela, na fase inical, atrofia epidérmica e vasodilatação enquanto que em fases tardias encontra-se incontinência melânina, com melanófagos presentes na derme superior, podendo ocorrer atrofia da epiderme ou hiperceratose. Degeneração do colágeno com perda do colágeno IV e aumento relativo no tecido elástico dérmico também são observados. Telangiectasias na derme papilar e hemossiderina podem ocorrer. • A biópsia de pele usualmente não é realizada, já que o diagnóstico é baseado na apresentação clínica e história do paciente.
DISCUSSÃO • O prognóstico é bom se o agente desencadeador (fonte de calor) for removido, caso contrário, as alterações pigmentares podem persistir, com chance de transformação maligna. • Tratamento do EAI consiste em eliminação da fonte de calor. Lesões mais recentes regridem em meses, enquanto que lesões crônicas com hiperpigmentação associada persistem por anos. • 5-fluorouracil tópico mostrou resolução de queratinócitosdisplásicos associados ao EAI. • Cho et al relataram boa resposta com Q-switchedNd: YAG laser 1064 nm em baixa fluência.
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