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Influxos do Espanhol no Português do Rio Grande do Sul. Um espelho para o galego?. Introdução Histórica. Primeiros habitantes: ameríndios.
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Influxos do Espanhol no Português do Rio Grande do Sul Um espelho para o galego?
Primeiros habitantes: ameríndios. • 1626. Jesuítas espanhóis: fase de assentamento da cultura gaúcha e do idioma espanhol. A cultura dos Pampas (comum às regiões do norte do Uruguai e da Argentina e diferente do resto do Brasil). • 1635. Expedições dos bandeirantes. • Impõe-se o português sobre o castelhano.Forma-se uma fala híbrida com mais elementos portugueses que espanhóis. • 1752. Imigrantes açorianos. • 1822. Independência do Brasil. • 1824. Imigrantes alemães.
1825. Independência do Uruguai. O falar híbrido gaúcho fica dividido pela nova fronteira uruguaio-brasileira. • 1835-1845. Guerra dos Farrapos. Conclui com a incorporação definitiva do Rio Grande do Sul ao território brasileiro. • 1875. Imigrantes italianos. • A divisão fronteiriça consagra a divisão linguística.O linguajar gaúcho sofre cada vez mais a assimilação pelo espanhol no Uruguai e pelo português brasileiro no Rio Grande do Sul.
Não confundir com o “portunhol ocasional”. É o linguajar gaúcho que ficou em território uruguaio. • Principais características: • Nível gráfico: Representa-se por meio da escrita do espanhol. • Nível fonético-fonológico: • Compartilha muitos traços do linguajar gaúcho brasileiro. • Confusão /b/ - /v/ generalizada ( ~ galego). • Ensurdecimento das sibilantes sonoras ( ~ galego). A anedota das “degolas”. • Léxico: Influxo muito grande do espanhol.
Indígena • Espanhola • Luso-brasileira • Açoriana • Africana • Alemã e italiana.
Isolamento geográfico • Dificuldade das comunicações • Contato com as repúblicas do Prata • Fronteira aberta e às vezes imprecisa • Vida campestre
Influências do Espanhol Conservadas no Linguajar Gaúcho do Rio Grande do Sul
1. Nível fonético: • /r/ vibrante: carro, arroio, rio... • vogais /-o/ e /-e/ finais permanecem sem fechar-se em /-u/ e /-i/ em determinadas zonas: “gaúcho do Alegrete”. • Confusão /b/ - /v/. É mais esporádica que no “portunhol” do Uruguai: haber, devalde, barrer • Manutenção de [t] e [d] perante /e/, /i/: tio, dia. • Manutenção de /-l/ final: Brasil. Estas características, que coincidem com o galego, não têm porque ser necessariamente em todos os casos de origem espanhola, mas o contato com o espanhol contribuiu para a sua manutenção.
2. Nível morfológico: • Sufixo –cia: desgrácia, desgraciado, querência... • Sufixo –ito: mocito, campito, galopito, gauchito, malito, chinita, bichito... • Sufixo –aço: manotaço, lindaço, ginetaço, ponchaço, amigaço, buenaço, bolaço... • Sufixo –udo: macanudo, gadelhudo, beiçudo, manotudo... • Sufixo –ero: cariguero (por cargueiro), entrevero (por entreveiro), aperos (por arreios)...
3. Nível lexical: • Substantivos: piso, rincão, peleia, muchacho, sombreiro, fraile, broma, propina, pelota, bolicho, mochila, canha, pelego, fiambre, picaço, terneiro, saladeiro, alambrado, cusco, chimarrão, vizindário, vislumbrar, vaquilhona, camarilha, recuerdo, pastoreio, charla, baeta..., etc. • Adjetivos: bueno, buenacho, rabioso, guapo, flaco, tostado, chulo, charlador, calaveira, picaresco, ditoso, prazenteiro, macanudo... • Advérbios: despácio, a’ora, amistosamente, de espacito, a galopito, donde, despois (em sua origem um arcaísmo, ~ galego), mui (em sua origem um arcaísmo, ~ galego).
Nível lexical (continuação): • Verbos: derribar, mermar, arreglar, mirar, sacar, empeçar, achicar, haber, charlar, lastimar, bolear, retouçar, adelgaçar... • Expressões exclamativas: bueno!, buenas!, mire!, caramba!, oigale! ou oigate!, la pucha!, la fresca!, eh mano!, a la cria! • Pronomes: • lo, le: «Mas a morte, caramba, lo respeitava”, “A rapariga consentiu, dei-le umas bouquinhas”, “Às meninas les dizia coisas de seus namorados” • Uso habitual do pronome tu, de segunda pessoa.
Nível lexical (elementos específicos do espanhol do Rio da Prata): • Tchê! • Plata ( ~ dinheiro) • No mais • Ao demais
Nível sintáctico: • Colocação de pronomes: • “E fui-me à água que nem capincho” • “Do mais, no se lhe dava” • “Nada de ti se me dava”
Outras influências: arcaísmos e popularismos de origem luso-brasileira e açoriana
Arcaísmos: • Coincidentes com o galego actual: despois, em riba, escuitar, mui, ua, cousa... • Outros: creçudo, vosmicê, i (por ‘aí’). • Popularismos: • Coincidentes com o galego atual: • inda, des’que, aquel, qu’és (por ‘que és’), val (por ‘vale’), inhorar... • Inflexão a>e nas formas verbais da primeira pessoa de plural dos perfeitos da primeira conjungação (~ galego mindoniense): andemo, tardemo, cruzemo... (por andamos, tardamos, cruzamos...)
Popularismos (continuação): • Presença de a- protético: achegar, arrenegar, arrecusar, alembrar, assuceder, arreceiar... • Presença de –s paragógico: finalmentes. • Outros popularismos (não coincidentes com o galego atual): • ca’alo (por cavalo). • Popularismos presentes noutros falares do Brasil: inté, vancê, ansim, botar (forma muito frequente no discurso informal)...
Indigenismos: • Origem guarani: chiru, biguá, mutuca, cuia, tocaio (no resto do Brasil xará), capincho, pixurum, baita, jacuí... • Origem quíchua (através do espanhol platino): tambo, lichiguana, guaiaca, porongo, churrasco, xarque, chasque, cancha... • Africanismos: (através, sobretudo, do português brasileiro): angu, bombear, bocó, balaio, cambada, moleque, mogango, pito, pinguela, capenga, senzala, emgambelar, fubá, samburá, mulambo...
“Portunhol” do Uruguai: • Apresenta um grau de assimilação avançado em muitos lugares. • Carece de qualquer reconhecimento oficial • Provavelmente apenas conseguirá sobreviver nas zonas de fronteira, que é onde melhor se conserva. • Contato com Brasil: • Mídia • Mercosul (Importância do ensino do português no Uruguai). • Provavelmente se consagre o espanhol uruguaio como língua de uso social e se estenda o conhecimento do português brasileiro, mas não do “portunhol”.
Linguajar gaúcho do Rio Grande do Sul • Cada vez mais próximo do padrão do português do Brasil • Conserva mais as suas características na zona dos Pampas e onde mais avançado está o processo de nivelação com o padrão brasileiro é na capital do Estado, Porto Alegre. • Mas alguns poucos vocábulos e expressões estão já aceitos na linguagem cotidiana e formal do Rio Grande do Sul e provavelmente consigam sobreviver. • O Regionalismo: preservação das tradições gaúchas. Os CTGs (Centros de Tradições Gaúchas).
FIM Marisa Terezinha Scotta Wilhelm 21 de Março de 2002.