250 likes | 346 Views
III Simpósio olhares sobre o poético. Encontro com a poesia de Max Martins. Travessia – I (1926/1966). “Existe é homem humano. Travessia”. João Guimarães Rosa. Nasci no mar, dans le bateau ivre , drapeau d’Arthur, de la nuit ; batel fazendo o mapa e o mapa estas suas águas mágoas,
E N D
III Simpósio olhares sobre o poético Encontro com a poesia de Max Martins
Travessia – I (1926/1966) “Existe é homem humano. Travessia”. João Guimarães Rosa • Nasci no mar, danslebateau • ivre, drapeau d’Arthur, de lanuit; • batel fazendo o mapa e o mapa • estas suas águas mágoas, • vagas lembranças, lenços e quebrantos. • – Eu era o mar ovante sobre os ombros, • ardendo nas virilhas. • Ou o mar aberto, pulcro de silêncios, • enxame de vidrilhos . • Um bem cevado mar, galhardo moço, • as vezes calmo e desportivo. • Canto esta viagem donde trouxe • astros e asas pelos mastros • (e aos seus lamentos eis-me chegado • piapitum(*) no rio defunto • impaludado). (*) piapitum: de pia (jovem) + pitum (noite) da língua tupi
II Parti do amor mais que perfeito e aqui cheguei em junho – Gêmeos governavam Caim e Abel ainda jovens. O lema era a manhã dessa partida, berço da memória, ventre bem amado, terra! de meus deuses e visagens. Palavras famintas pediam bis, e o X de Hamlet e Henry Miller me visava; velhas rezavam, se revezavam em cantos, panos, palinódias. Himens eram muitos, mas um hímem só me foi bastante para partir, gerar, gorar talvez não fosse a dor mais que perfeita no seu suor e espasmo.
III É preciso navegar, abrir os túmulos do sol, em sangue marear. E abrirmos velas e descobrirmos ilhas, os oásis, o mar em sua pré-missa de asas e rebrilhos. Comunico abril às coisas do horizonte: nuvens, pássaros, lágrimas, faces amadas, montes de azulejo intuindo espelhos, lagos. E vinha a noite: entravam estrelas nestas águas, farras, brincadeiras. Ali Endimião libava, cachimbávamos as ilusões do Amor m berço esplêndido.
IV A cabo da esperança fomos ao Equador e na aqua-dor banhar Janaína, Rainha e Mãe e Noiva amarear. Dali parti para Babilônias, a seus chamados Ecos; Eros irradiava postais de Circe pornográficos. E veio Amor, este amazonas fibras febres e mênstruo verde este rio enorme, paul de cobras onde afinal boiei e enverdeci amei e apodreci.
AX MAR-AHU TIN crítico / poético SARAU
Wien, Westbahnhof Real perfeito, o ato a cerimônia de um poema teve-me
Estranho Não entenderás o meu dialetonem compreenderás os meus costumes.Mas ouvirei sempre as tuas cançõese todas as noites procurarás meu corpo.Terei as carícias dos teus seios brancos.Iremos amiúde ver o marMuito te beijareie não me amarás como estrangeiro.
A pá nas minhas mãos vazias Não a pá de sermas a de estar, sendo pálavra no ventonuvem-poemaarcobusco-te-em-mim dentro dum lagomaxeKOÃdoe a face ex-garça-severdemusgomuda (Quem com ferro fereo canto-chãoinfere osilenciosopoço?) pá!Cavo esta terra - busco num fossoFODO-Aagudo ossoocoflauta de barrosôo? Silentes os sulcos se fechamespelhos turvam-see cavo soua pá nas minhas mãos vazias KOAN
O tempo o homem A Roberto La Roque Soares O tempo faz o homem que faz o tempo Faz tempo O homem que constrói o tempo Que destrói o homem Só a Era faz-se Heras destruindo o tempo o homem a casa velhas paredes azulejos limo A ampulheta: o testemunho, a arte Os ciclos, os séculos A hera decora o muro O tempo decora o homem que colora o tempo descolora Só o artista faz a Hora
A Sylvia e Benedito E verde eras - fomos hera num murocantochorado pelo ventoque envolvia tudo - o verde -embora o verde às vezes de haver se ressentisseno olhar de quem além a gente amava ave.Éramos e perdurávamosavos do ser estando em dia a carnepara o pacto-pasto das raízes,um rio-sim manando milhasde sonhos-ervas, grãosde sêmen solto amanhecente - o sol a sombra a relva.E se era inverno, o verde sido,um não-sim, um ecoainda assim se condiziano próprio coração dos que no leito amandoagora se desamamou se desdizem - h'era amor tecido contra um muro. H‘ERA
Na praia o crepúsculo Os seios não são como as ondas, colo de pedra lisa, espuma e sal; mas o corpo todo um pasto branco para o canto e os cabelos e os olhos , sombras desligadas do verde das montanhas. No beijo morno bóiam as dobras do sono e entre as coxas abandonadas, o eco dum suspiro.
um jardim zen Um coração de pedra e de silêncio entre palavrasNeste espelho neste jardim fechado-imóvel um tigre é que nos vê (puro-feroz) - não vemos E assim nos é/nos há/não somos nem penetramos e sumimos na sombra desse olhar da areia
ele&ela anelamnum halovioláceos m ela a & l ele num elo de hélice a violamo espaço / o templodo tempo / sua cúpulade gelo se abraçam/se abrasam Deserdam-se da morte E aquecidosentre-se-esquecem calados no arum no outrono topodos topos vertigem e//es espelhos se anulam ardem e se apagam na luz os amantes
Contemplação palavras-pássaros no horizonte de página voam vãoe voltam voltam vozes (ouves?) vão e voltam (vês?)
A Ronaldo Moraes RegoTateio Ateio o abismo dessa pele. Toco a flor do orgasmo, o ânus sinuoso da beleza e é falso o ouro, o lume destes dedos eu te escrevem: Ouro desmoronando: gozo agora de não ser senão ruína, urina solitária Gozo como outrora o gozo tenso na sua glória, casto desmaiava (o próprio gozo da palavra dita da palavra lida: Vida o câncer no seu gozo consumia) É negro o branco deste campo da batalha nua contra o medo contra os teus lábios, noite sepultada inábil, inúbil, sob o gelo Negra a bandeira lúbrica em que te exclamo e busco conquistando o nada - o vôo sem gume atravessando inútil os termos, ermos do poema Tateio Ateio o abismo desse olhar poroso-teia que me enleia, lê e silencia Eu, poema
Poema sem norteÉ sempre quando se fecha a porta que desejo voltarE a saudade já é esta hoje que desprezoAnte o beijo brotando da memóriaFrio, mas vivo.Caminho sem horizontesAo passado infalível.Nunca prosseguir. Venho apenas,Ferindo troncos, plantando marcos.Ser como o mar, voltando sempreSempre na praia.
Rasuras Um buraco sem fundo cheio de palavras Hakuin Meu nome é um rio Meu nome é um rio que perdeu seu nome Um rio nem sim nem não Nenhum Somenos correnteza Água masturbada em vaus peraus em pó luído orgasmo entre varizes Sêmen sem mim Mesmice Onde está meu nome Lá neste rio de lama sem memória e rumo?
Neste amarfanhado leito de inchada falha? Meu nome é um rio cotoco – um Ícone De barro barroco Um rio que só se-diz Seduz-se Se afaga e afoga em ego e água: Aquário Meu nome é um rio tapado (poço) E aqui se quebrantou meu nome sua viagem e osso É esta a sua fissura? E seu rosto é este escuro atrás da porta espelho exposto à febre à fera de si mesmo? Ensimesmado meu nome é um rio que não tem cura
Entrelinhas Caço a palavra caço-me na palavra ato-me à palavra E me desato suniato-me sumo na sombra do silêncio da palavra?
Outro sim Para que não se vá a vida ainda e a amada volte pede à palavra outra palavra outra sob palavra
Jaculatório és meu verso: pênisponta do olho atinge o olho o olhoque te pariu meu versoreversoatrás da setaque te conduz (condiz) à quedaA força do repuxocatapulta expulsa alcança a ilha: Terra!- teu país-paul lá ondea tua oraçãoereção deságua Jaculatório és
AX MAR-AHU TIN SARAU