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ROCHAS ORNAMENTAIS. MEDIDAS PREVENTIVAS O estudo e diagnóstico de várias deteriorações permitem a sugestão das seguintes medidas preventivas:
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MEDIDAS PREVENTIVAS • O estudo e diagnóstico de várias deteriorações permitem a sugestão das seguintes medidas preventivas: • Deve se aguardar a cura da argamassa de fixação ou assentamento de rochas. Por isso, não é recomendável a aplicação de tratamentos de superfície em rocha disposta horizontalmente sobre argamassa por pelo menos quatro semanas após a instalação; • -Procurar manter o ambiente de obra limpo, durante e após o assentamento da rocha, tomando-se cuidado, entre outros, com a possibilidade de manchamento de rochas claras com o pó de raspagem de assoalhos de madeira; • -Utilizar argamassas com pouca umidade compostas por cimento branco, especialmente para rochas brancas, e areia lavada, “secas”, ou argamassas colantes, e aguardar sua completa secagem antes do rejuntamento dos ladrilhos; • -Evitar composições (“paginações”) com materiais rochosos com resistência ao desgaste muito distintas (ex. mármores e granitos), em pisos de alto tráfego de pedestres; • -Evitar o uso de rejuntes impermeabilizantes, caso não tenha sido aguardada a completa cura das argamassas do contrapiso e de assentamento; • -Em edificações térreas, investigar a umidade do solo e/ou impermeabilizar o contrapiso, para evitar manchamento e/ou o favorecimento dos fenômenos de subeflorescência; • -Remover (lavar) a “lama” de serraria que tenha permanecido na face não polida especialmente em rochas brancas; • -Nunca utilizar ácidos (especialmente o muriático) para a limpeza da rocha após assentamento; • -Cuidado com a manipulação de frutas cítricas, vinagre e outros condimentos em tampos confeccionados com rocha.
LIMPEZA • A correta e criteriosa escolha da rocha e elaboração de projetos arquitetônicos, subsidiados pelas propriedades tecnológicas da rocha especificada e ensaios de alteração adequados ao uso em foco, já constituem em si importante forma de prevenção. O estabelecimento do plano de manutenção, nesse momento, é perfeitamente apropriado para já se estabelecer os futuros cronogramas de limpeza e manutenção e os custos envolvidos; • Para exemplificar, cita-se a limpeza e manutenção de grandes áreas, especialmente de fachadas, cujos custos relativamente altos, são muito mais em conta que qualquer intervenção generalizada de restauração ou de substituição de materiais; • Deve ser considerado que os princípios internacionalmente adotados para os procedimentos de limpeza são exatamente os mesmos utilizados no Brasil. No entanto, é preciso adotá-los ao nosso clima e cotidiano, que têm suas peculiaridades; • A poluição ambiental, uma condição comum às grandes e médias cidades da maioria dos paises, é o aspecto que mais exige atenção quanto à limpeza de fachadas, pois somente a prevenção da formação de crostas e outras sujidades possibilitará atingir a durabilidade prevista em projeto; • A limpeza doméstica das rochas polidas é fundamentalmente simples, pois envolve somente o uso de água limpa e detergente neutro, aplicados por meio de pano e esfregão.
LIMPEZA • Alerta-se para a obrigatoriedade de sempre testar qualquer método de limpeza numa área reduzida para determinar sua eficiência, seguindo as instruções do fabricante. Devem, então, ser empregados produtos com fórmulas perfeitamente conhecidas e já experimentadas em materiais rochosos; • Igualmente se enfatiza a não utilização de produtos de limpeza ácidos (ex. ácido muriático) ou básicos (ex. soda cáustica), que podem causar danos a rocha, sejam mármores ou granitos, dentre as quais se destacam os manchamentos (amarelamentos, branqueamentos e outros), irreversíveis na quase totalidade dos casos; • A limpeza profissional é altamente recomendada para áreas comerciais, fachadas ou situações emergenciais em residências. Envolve técnicas, equipamentos, produtos e pessoal especializado que utilizarão métodos diversificados, conforme o material rochoso, alterações presentes, grau de sujidade e outros; • Dentre os métodos utilizados, cita-se: a) físico-mecânicos: não modificam a natureza química dos materiais a eliminar, porém, fazem uso de instrumentos abrasivos, jatos de areia; b)mecânicos e químicos: unem a ação mecânica com a química. Tipos: pulverização com água, aparelhos de ultra-som, vapor d’água, jatos d’água; químicos: alteram as moléculas das sujeiras, combinando ou solubilizando seus componentes. Tipos: nebulização de água, substâncias absorventes.
MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO DAS ROCHAS DOS MONUMENTOS Podemos considerar três tipos de mecanismos de degradação das rochas dos monumentos: i) A degradação química, que considera as reações químicas que se processam à superfície e nas descontinuidades das rochas com formação de minerais secundários; ii) A degradação física, que resulta dos fenômenos de expansão e/ou contração provocados por variações térmicas, abalos físicos de várias origens e ainda por fenômenos de expansão devidos a gênese de minerais secundários por fenômenos de recristalização; iii) A degradação biológica, provocada pelo crescimento sobre as rochas de micro-organismos, algas, fungos, líquens, musgos e ainda pela ação dos pombos e vandalismo provocado pelo homem.
Imagem de São Vicente, no Portal Poente do Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa (calcário Liós). • A alteração superficial foi minuciosamente estudada permitindo esquematizar a dinâmica da alteração da rocha calcária, como se segue: • Dissolução superficial do calcário com formação periférica de uma finíssima “patine” argilo-calcítica com hidróxidos de ferro férrico de tom acastanhado; • Impregnação desta película por cloretos da contínua brisa marinha que hidrata o ferro residual resultante da dissolução da calcita, que passa a bicarbonato e vai em solução.
5. ESTUDO DE MICROCLIMAS Para o estudo da atmosfera, seus componentes gasosos, tipo e conteúdo em partículas é necessário dispor de um conjunto de monitores de SO2,NO,NO2, CO, O3 e HCl. O adequado estudo dos fenômenos de degradação das rochas de monumentos implica na caracterização do microclima da área onde se situa esse monumento. A caracterização do microclima supõe a montagem em local adequado de um anemômetro, com registro automático de dados e um pluviômetro. As águas coletadas deverão ser analisadas, determinando-se pH, dureza e SO42-, NO3-, NH4+, Na+, K+ e Ca2+. As partículas sólidas são coletadas (por high vol) e submetidas a raios-X.
A DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA • Os organismos que podem viver, desenvolver-se e atuar nas rochas de um monumento são em grande número e pertencem a várias categorias. Assim há: • Bactérias; • Algas e protozoários; • Fungos e liquens; • Plantas; • Animais. • Deve-se ter em mente que as rochas de um monumento intensamente fraturada e alterada serve de alojamento a microorganismos e mesmo macroorganismos por centenas de quilômetros quadrados. A água e o ar podem também circular pelo grande número de micro-canais e micro-nichos permitindo a instalação da vida. • Admite-se que 100.000 a 1.000.000 de microorganismos podem viver nas superfícies internas de um centímetro cúbico de rocha alterada (cerca de 2g). • Estes organismos têm ações químicas diretas (biocorrosão) ou funcionam como catalizadores de reações químicas em curso pelos processos de hidrólise, sulfatação, etc. As ações físicas (bioabrasão, desagegação) são também comuns.
A DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA A sistemática descrita a seguir, refere-se a ação biológica dos seres vivos habitando nas rochas dos monumentos: i) fornecimento de energia, nutrientes e água pelos germens que habitam o interior das rochas degradadas e que são alimentados pela permuta com a atmosfera envolvente, também ela rica em microorganismos; ii) ações de biocorrosão e bioabrasão pela microbiota que se move livremente pelos micro-canais das rochas procurando migrar para o interior da mesma aumentando o volume de rocha alterada; iii) ações catalíticas, acelerando ou retardando transformações químicas em curso. A microbiota é dividida em: a) químico-litotrófica – produtores de H2SO4 e HNO3 b)químico-organo-heterófica – produtores de H2CO3 e ácidos orgânicos iv) ações protetoras de ataques físicos e químicos pela formação de capas de proteção biogenéticas (patinas); v) ações físico-químicas promovendo a desintegração da rocha pela ação dos fungos e raízes das plantas de diversos portes que podem desenvolver-se sobre os monumentos. Ao lado das ações físicas há que salientar as atividades químicas. vi) Ações de lixiviação (biolixiviação) realizadas por ácidos biogênicos, como o H2SO4, ou por quelatos ou ainda diretamente por fungos, por cianobactérias e algas (que vivem da energia solar) por bactérias químico organotróficas (que vivem em meio de materiais orgânicos) e por bactérias químico-lito-autotróficas (que vivem em meios inorgânicos redutores).
A DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA • Podem ser então distinguidos dois grandes tipos de bactéria que contribuem para a degradação das rochas: • um primeiro grupo é constituído pelas bactérias que não necessitam de fornecimento de matéria orgânica como fonte de energia e de carbono, pois usam o CO2 como fonte de carbono C – são as bactérias autotróficas; neste grupo ainda há que serem separadas as bactérias foto-autotróficas que usam a luz solar como fonte de energia, das bactérias químico-lito-autotróficas que derivam a energia de que precisam da oxidação de substâncias inorgânicas; • o segundo grupo é formado pelas bactérias heterotróficas que necessitam de matéria orgânica como fonte de energia e de carbono.
ENSAIO DE LIXIVIAÇÃO CONTÍNUA ATRAVÉS DO EXTRATOR SOXHLET • Os fenômenos de meteorização processam-se em geral em meios oxidantes e hídricos em temperatura ambiente (25C) e sob pressão atmosférica (1 atm). Nestas condições, o desgaste das rochas dá-se muito lentamente sendo quase imperceptível. Uma das formas possíveis de averiguar a evolução da meteorização, simulando em módulo reduzido as condições ambientais, é através de um ensaio laboratorial de lixiviação contínua de um material rochoso em um equipamento denominado Extrator Soxhlet. • Extrator Soxhlet • O extrator Soxhlet é constituído essencialmente de um balão de destilação, uma coluna extratora, uma unidade de condensação e um sifão e permite lixiviar rochas ou minerais por água destilada simulando águas de precipitações atmosféricas. • Obtém-se na experiência com esse dispositivo a simulação de: • Uma atmosfera impregnada de umidade a cerca de 60C, onde se simula a precipitação atmosférica; • Uma zona de flutuação do nível hidrostático, periódica e alternadamente imersa e emersa, onde há uma percolação ativa com transporte em solução verdadeira e coloidal e ainda por suspensão e arraste de carga sólida; • Uma zona de depósito de acumulação da maior parte dos produtos carreados da zona precedente;
O equipamento permite reconstituir em escala laboratorial o ciclo hidrológico e o ciclo geoquímico. Com relação ao primeiro assiste-se à precipitação, infiltração, drenagem, acumulação e evaporação. Quanto ao ciclo geoquímico, simulando a percolação do maciço, tem-se os seguintes produtos: • constituintes eluviais (minerais de neoformação) sobre os fragmentos de rocha (maciço rochoso) do extrator; • hidrossilitos (bacia de recepção que é o balão receptor) e produtos aluviais.
Metodologia do ensaio O ensaio consiste em evaporar a água do balão com o auxilio de uma manta térmica, o vapor subindo até a unidade de condensação e precipitando como chuva sobre a coluna extratora que contém a amostra. Ao atingir o nível do sifão, a água é remetida de volta para o balão de destilação, iniciando um novo ciclo. São utilizados fragmentos de rocha com diâmetro médio variando de 15 mm e 25 mm e peso médio de 25 g. Enche-se o extrator com esses fragmentos, tendo o cuidado de permitir um gotejar fácil. Simula-se assim um maciço rochoso com um sistema denso de diáclases e vazios por onde a água de percolação se infiltra lixiviando as rochas. Cada dez horas de funcionamento do extrator corresponde a 750 mm de precipitação atmosférica diária. Para acelerar o processo utiliza-se temperatura média de 60C, tornando a umidade relativa no extrator próxima à saturação, com teores de oxigênio um terço do normal e dióxido de carbono um quarto do normal, caracterizando em ambiente laboratorial uma atmosfera úmida, com menos O2 e CO2 que a atmosfera normal e uma água de percolação mais pura e quente que a das chuvas. O tempo que deve durar o ensaio é variável em função dos objetivos a serem verificados. Na literatura encontram-se referências a 1.000 a 6.000 horas de ensaio.
Mesquita (2000) realizou este ensaio utilizando o Granito Branco Ceará e obteve os seguintes resultados: • A solução lixiviante final, resultante da evolução dos sucessivos ciclos, inicialmente incolor, com pH 6,8 e com certo grau de dissociação, apresentou coloração branca leitosa contendo uma quantidade de sólidos totais dissolvidos em torno de 8.434 mg/l, condutividade elevada e pH alcalino de 8,2. • A lixiviação promoveu, também, a precipitação de resíduos sólidos no fundo do balão. Estes resíduos, com peso igual a 107,15 g, dizem respeito à zona de acumulação de lixiviados da simulação, o que em ambiente natural corresponde a uma bacia de acumulação. • A análise química da água lixiviante após o ensaio revela a presença de íons, ressaltando-se o Na+ e o CO3--. Os elevados teores de CO3-- e principalmente de cloretos retirados pela água lixiviante foram interpretados como resultantes da dissolução de carbonatos e sais precipitados em microfissuras e/ou permeando os cristais sob a forma de finas películas, por ação de forças capilares em virtude do clima semi-árido ocorrente na região de jazimento do granito estudado. • A deterioração do material analisado pode ser avaliada pelos resultados dos índices físicos relacionados ao material estudado, antes e depois do ensaio. Verificou-se que diminuiu a massa específica do material, provavelmente pela desagregação e remoção dos finos da bacia de deposição, fazendo aumentar a porosidade e a absorção d’água.
Experimentais (ensaios de durabilidade): - Acelerados: ensaios de envelhecimento artificial - Básicos: Ciclos de umedecimento e secagem Ciclos de congelamento e degelo Ciclos de cristalização de sais - Atmosferas controladas: Atmosferas contaminadas Névoa salina Chuva ácida - Outros: Ataque com soluções agressivas Exposição à radiação ultravioleta Ciclos térmicos Ensaios combinados