150 likes | 285 Views
IDENTIDADES TERRITORIAIS – da multiterritorialidade à “reclusão” territorial (ou : do hibridismo cultural à essência das identidades) . Dr. Dakir Larara M. da Silva Curso de Geografia Ulbra Canoas/RS.
E N D
IDENTIDADES TERRITORIAIS – da multiterritorialidade à “reclusão” territorial (ou: do hibridismo cultural à essência das identidades) Dr. Dakir Larara M. da Silva Curso de Geografia Ulbra Canoas/RS
(...) a crise de identidade seria o novo mal do século. Quando hábitos seculares vêm abaixo, quando gêneros de vida desaparecem, quando velhas solidariedades desmoronam, é comum, certamente, que se produza uma crise de identidade. (Lévi-Strauss, 1977:10-11)
O ressurgimento das identidades como princípios essenciais de vida pessoal e de mobilização social na era da mundialização, da Internet e da mídia é um dos maiores paradoxos da nossa época. Quem quer compreender hoje a política deve começar por se inclinar não sobre a economia ou a geopolítica, mas sobre a identidade religiosa, nacional, regional e étnica de cada sociedade. (Castells, 1998)
Questões • Num mundo dito em processo crescente de “globalização”e “desterritorialização”, nossas identidades cada vez mais estariam se diluindo através de um des-re-enraizamento constante e sem referenciais espaciais claros para a sua construção. • No lugar de identidades estáveis e bem definidas, histórica e geograficamente marcadas, identidades múltiplas, instáveis e sem referenciais geográficos definidos. • Discursos concomitantes sobre o debilitamento e o refortalecimento (Huntington, Castells) das identidades e dos territórios.
Relevância • As grandes divisões da humanidade e a fonte predominante de conflito serão de ordem cultural. (Huntington, 1994) • Não existem preocupações contemporâneas que não subentendam o problema da ilusão identitária. (...) a ‘globalização’ é acompanhada de uma exacerbação das identidades particulares (...). A reinvenção da diferença, inerente à globalização, se efetua em parte à escala das sociedades locais e se traduz pela exacerbação de particularismos identitários. (Bayart, 1996)
Pressupostos Teóricos: Território, Cultura e Identidade • Território –Espaço e relações de Poder: Poder político e Poder simbólico • O território envolve sempre, ao mesmo tempo (...), uma dimensão simbólica, cultural, por meio de uma identidade territorial atribuída pelos grupos sociais, como forma de controle simbólico sobre o espaço onde vivem (sendo também, portanto, uma forma de apropriação), e uma dimensão mais concreta, de caráter político-disciplinar: a apropriação e ordenação do espaço como forma de domínio e disciplinarização dos indivíduos. (Haesbaert, 1997:42) Continuum dos territórios mais funcionais aos mais simbólicos. • Identidade territorial como apropriação simbólica e estratégia de poder (cultura como cultura política).
Territorialidade e Território • Territorialidade mais ampla que território: “A todo território corresponde uma territorialidade, mas nem toda territorialidade implica na existência de um território” • Território: necessidade de uma base material, concreta • Territorialidade: pode ser a dimensão simbólica, o referencial territorial (simbólico) para a construção de um território, que não obrigatoriamente existe de forma concreta. Exemplos: os judeus e a territorialidade da “Terra Prometida” – depois a configuração do território de Israel; indígenas brasileiros com referência territorial (territorialidade) depois transformada em território (reservas oficiais) pelo Estado.
Quadro síntese sobre as concepções de território, sob a ótica de 3 vertentes:
Identidade • Múltiplas dimensões: filosófica, psicológica, sócio-cultural, histórico-geográfica; • Identidade como movimento, “identificação”: reflexiva, relacional, múltipla, contrastiva; processo de diferenciação, reconhecimento frente à alteridade; performativa (eficácia mais que “verdade”) • Natureza política, estratégica – inclui a essencializaçãoou naturalização das identidades.
Dilemas contemporâneos da construção identitária • por um lado, identidades como processo em constante (re)construção (mais identificações em curso do que identidades estáveis); por outro, reações neoconservadoras de identidades que se querem fechadas e segregadoras. • identidades múltiplas e híbridas (multi-escalares: [g]locais, regionais, nacionais, inter e trans-nacionais; e multi-dimensionais: mudanças culturais, econômicas, políticas, geo-históricas), nunca totalmente coesas ou uniformes; • identidades territorialmente muito mais fragmentadas, descontínuas, ou sem base territorial definida, lado a lado com espaços identitários (“lugares”) como amálgamas singulares de múltiplas identidades: identificações com “espaços multi-identitários”, configurando uma multiterritorialidade.
Identidade Territorial • Todas as identidades estão localizadas no tempo e no espaço simbólicos. Elas têm aquilo que Edward Said chama de suas “geografias imaginárias”: suas “paisagens”características, seu senso de “lugar”, de casa/lar, de heimat (termo germânico que significa cas, terra natal etc.), bem como suas localizações no tempo –nas tradições inventadas. (Hall, 1997) • A identidade social é também uma identidade territorial quando o referente simbólico central para a construção desta identidade parte do ou transpassa o território. (Haesbaert, 1999)
Múltiplas formas de construção das identidades territoriais : Identidade => Território Território => Identidade • Identidades culturais previamente existentes no “espaço vivido” dos grupos sociais e sobre as quais se institucionalizam territórios, que as reafirmam. Ex. reservas indígenas. • Territórios que para se institucionalizarem recorrem à criação ou invenção de identidades territoriais. Ex.: Padânia (norte da Itália), estado do São Francisco (sul da Bahia e norte de Minas Gerais). • Identidades culturais que se constroem a partir da escolha de referenciais espaciais ou territoriais. Ex. identidade gaúcha e os referenciais estância e pampa; nordestina e o sertão Identidades que moldam territórios, territórios que moldam identidades
Hibridismo Cultural • Hybris: desmedida, ultrapassagem de fronteiras, ultraje, miscigenação que viola leis naturais; • Hybrida: filho de pais de diferentes países ou de condições diversas; o que participa de dois ou mais conjuntos, gêneros ou estilos; • Do sentido negativo original (“anômalo”) para o sentido positivo contemporâneo; • Correlatos: miscigenação, sincretismo, transculturação.