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MARIA CLARICE DO A. SALARI. Escola e sociedade como comunidades educadoras e seu papel na prevenção ao uso de drogas e à violência. 28.01.2010 Guaratinguetá, São Paulo, Brasil. ALGUNS NÚMEROS. Em 2008, 3.3 bilhões de pessoas (metade da população mundial) já vivia em áreas urbanas
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MARIA CLARICE DO A. SALARI Escola e sociedade como comunidades educadoras e seu papel na prevenção ao uso de drogas e à violência 28.01.2010 Guaratinguetá, São Paulo, Brasil
ALGUNS NÚMEROS • Em 2008, 3.3 bilhões de pessoas (metade da população mundial) já vivia em áreas urbanas • O crescimento urbano se acelera: • Levou 10 mil anos para a população urbana atingir um bilhão em 1960 • Menos de 60 anos para atingir 4 bilhões • A velocidade do conhecimento está se transformando em algo tão avassalador que no ano de 2020, o próprio conhecimento estará sendo dobrado a cada 73 dias.
E ainda … • O aluno terminará a faculdade e seis meses depois todas as técnicas que ele aprendeu estarão ultrapassadas. • O número mostra que todo indivíduo terá de ser um aprendiz permanente, estar sempre aprendendo e reaprendendo. É um começar de novo... eterno.”
Atuações desastrosas • Pesquisa realizada em 2008 pela Organização dos Estados Ibero-Americanos com cerca de 8,7 mil professores mostrou que 83% deles defendem medidas mais duras em relação ao comportamento dos alunos, 67% acreditam que a expulsão é o melhor caminho e 52% acham que deveria aumentar o policiamento nas escolas.
Pistas e soluções • Os conselhos de classe devem funcionar para combater essa cultura negativa, identificando responsabilidades, garantindo reparações e promovendo formação. Como exemplo, pode-se promover um vínculo de compromisso com pais e professores, apresentando as regras de convívio, a fim de sanar as indiferenças entre professores e alunos.
ASSIM... • Os processos educacionais deveriam oferecer as condições necessárias para que o indivíduo atingisse ou persistisse em buscar as quatro competências básicas propostas pela UNESCO: “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver juntos” (Delors,2000)
APRENDER A VIVER JUNTOS ... • A palavra de ordem do milênio é “PARCERIA”, por isso, sabiamente, devemos analisá-la com profundidade. Então, o que quer dizer parceria? Parceria é a união de pessoas para um fim comum e é através do entendimento e aceitação de fatores, que elas se ajudam mutuamente chegando ao sucesso almejado. • ESCOLA E SOCIEDADE : experiência da CIDADE EDUCADORA
CIDADE EDUCADORA • O conceito surgiu no início da década de 90, na cidade de Barcelona, Espanha, quando alguns profissionais da educação começaram a perceber que a escola sozinha não tem condições de transmitir todos os conhecimentos e informações do mundo contemporâneo aos seus alunos e elaboraram a CARTA DAS CIDADES EDUCADORAS. • Elas trabalham em três redes temáticas. São elas: Luta contra o fracasso escolar, Transição escola-trabalho e Educação em valores.
O primeiro parágrafo da Carta diz: “Todos os habitantes de uma cidade terão o direito de desfrutar, em condições de liberdade e igualdade, dos meios e oportunidades de transformação e entretenimento e desenvolvimento pessoal que a própria cidade oferece”.
ENTENDENDO MELHOR O QUE É UMA CIDADE EDUCADORA? • É aquela que converte o seu espaço urbano em uma escola. Imagine uma escola sem paredes e sem teto. Nesse espaço, todos os lugares são salas de aula: rua, parque, praça, praia, rio, favela, shopping e também as escolas e as universidades. Há espaços para a educação formal, em que se aplicam conhecimentos sistematizados, e a informal, em que cabe todo tipo de conhecimento. Ela integra esses tipos de educação, ensinando todos os cidadãos, do bebê ao avô, por toda a vida.
COMO ISSO FUNCIONA NA PRÁTICA? • Com projetos do governo local junto com ONGs, universidades, igrejas ou quem queira se unir. Alguns exemplos: a educação ambiental, onde a cidade educadora ensina os cidadãos a não jogar lixo na rua, a cuidar do ambiente. O orçamento participativo também é uma estratégia da cidade educadora, onde a população participa ativamente das decisões do governo. .
COMO TRANSFORMAR SHOPPINGS E FAVELAS EM ESPAÇOS EDUCADORES? • Todos os lugares podem ser educadores. No shopping, dá para fazer apresentações de teatro, de música, de dança. As pessoas param de comprar por um instante e aprendem algo. A favela é vista como um espaço feio, mas nela podem ser trabalhados valores positivos, como a amizade e também a solidariedade.
Qual é, então, a diferença entre uma cidade educadora e uma cidade que investe em educação? • A diferença é que, participando da associação, o município entra em contato com outras cidades educadoras. Pode participar de projetos comuns, visitar uma cidade para estudar os seus programas ou convidar outro membro para explicar seus projetos. É uma rede solidária.
Quem é o responsável por coordenar o trabalho em cada cidade educadora? • Primeiro, o prefeito; depois, a Câmara Municipal. O prefeito nomeia um responsável, que geralmente é o secretário da Educação. Mas não precisa ser. • Na cidade educadora, todos os secretários são secretários da Educação. O secretário de Planejamento deve planejar a cidade com espaços verdes, com espaços públicos para pessoas de todas as idades e com acesso para deficientes. • Todos eles, sejam da Saúde ou do Desenvolvimento Social, devem se preocupar com a educação. E o secretário da Educação não se preocupa só com escolas. Deve olhar também para parques, praças e praias.
E no Brasil? • No Brasil, já existem vários programas de educação cidadã e outros de preservação do patrimônio arquitetônico, que também é uma preocupação das cidades educadoras. São Paulo desde 2005 integra este grupo, formado pelas capitais Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG) e Cuiabá (MT), além dos municípios de Caxias do Sul (RS), Pilar (PB), Alvorada (RS) e Campo Novo do Parecis (MT). • Atualmente 250 localidades de todo o mundo integram o grupo.
O CEUAÇÃO - CENTRO DE EDUCAÇÃO UNIFICADO • O Centro Educacional Unificado (CEU) é um complexo educacional, esportivo e cultural caracterizado como espaço público múltiplo. • A cidade de São Paulo conta hoje com 44 CEUs onde estudam mais de 120 mil alunos. • CEUs garantem aos moradores dos bairros mais afastados acesso a equipamentos públicos de lazer, cultura, tecnologia e práticas esportivas, contribuindo com o desenvolvimento das comunidades locais.
VIRADA ESPORTIVA 2009 • 24 horas de atividades esportivas por toda cidade de São Paulo. Mais de 700 atividades previstas e um público superior a 2,5 milhões de pessoas. A edição deste ano trouxe de volta o remo no Rio Tietê. Ao longo do evento, tiveram 40 modalidades de esportes como arvorismo, skate, patins, frescobol, futevôlei e outros. Até um ringue foi montado, para prática de lutas.
VIRADA CULTURAL 2009 • Cerca de 800 atrações se apresentaram ao longo das 24 horas de performances musicais e intervenções artísticas para um público estimado pela organização do evento em 4 milhões de pessoas, entre as platéias dos 42 Centros Educacionais Unificados, unidades da rede SESC, museus administrados pela Secretaria de Estado da Cultura, Teatro Municipal de São Paulo e palcos de rua.
“Nenhum de nós é tão bom, e tão inteligente quanto todos nós juntos”.Marilyn Ferguson
PARA QUE SERVE A ESCOLA? • Está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): as escolas têm a obrigação de se articular com as famílias e os pais têm direito a ter ciência do processo pedagógico, bem como de participar da definição das propostas educacionais.
A escola foi criada para servir à sociedade. Por isso, ela tem a obrigação de prestar contas do seu trabalho, explicar o que faz e como conduz a aprendizagem das crianças e criar mecanismos para que a família acompanhe a vida escolar dos filhos. • "Os educadores precisam deixar de lado o medo de perder a autoridade e aprender a trabalhar de forma colaborativa", afirma Heloisa Szymanski, do Departamento de Psicologia da Educação da PUC de São Paulo.
O PAPEL DO GESTOR • O diretor pode criar, permitir ou tolerar a abertura de novos espaços necessários à transformação do cotidiano escolar. Sua ação é fundamental na constituição da rede de relações e ações que constitui o tecido sócio institucional no qual o aluno se insere. • Ele coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola, auxiliado pelos demais componentes do corpo de especialistas e de técnico-administrativos, atendendo às leis, regulamentos e determinações dos órgãos superiores do sistema de ensino e às decisões no âmbito da escola assumidas pela equipe escolar e pela comunidade e acima de tudo, pode legitimar para os pais muitas das medidas da instituição.
O PAPEL DO PROFESSOR • A autoridade do professor perante a classe só é conquistada quando ele domina o conteúdo e sabe lançar mão de estratégias eficientes para ensiná-los. Se não, como bem descreve o psicólogo austríaco Alfred Adler (1870-1937), a Educação se reduz ao ato de o aluno transcrever o que está no caderno do professor sem que nada passe pela cabeça de ambos. O resultado é o tédio. • E gente entediada busca algo mais interessante para fazer, o que muitos confundem com indisciplina.
MAS O QUE É INDISCIPLINA? • É preciso entender que a indisciplina é a transgressão de dois tipos de regra: • O primeiro são as morais, construídas socialmente com base em princípios que visam o bem comum, ou seja, em princípios éticos. Por exemplo, não xingar e não bater. Sobre essas, não há discussão: elas valem para todas as escolas e em qualquer situação. • O segundo tipo são as chamadas convencionais, definidas por um grupo com objetivos específicos. Aqui entram as que tratam do uso do celular e da conversa em sala de aula, por exemplo. Nesse caso, a questão não pode ser fechada, pois varia de escola para escola ou ainda dentro de uma mesma instituição, conforme o momento. • Diálogo durante a aula pode ser considerado indisciplina se ele se referir ao conteúdo tratado no momento?
Agindo nos casos de violência • Quando as agressões entres os alunos são comuns, a situação geralmente é contornada quando se dá mais espaço para que eles se manifestassem e procurassem, juntos, uma solução para os conflitos. • Essa perspectiva não exime o professor de exercer a figura da autoridade moral e intelectual - nunca autoritária - como o coordenador do processo educacional. Afinal, além de conhecer os objetivos pedagógicos, é ele o adulto da situação. • A negociação é a palavra. E ela tem de ser justa.
Soluções? Pistas? • "É preciso diversificar a metodologia, pois interagimos com alunos conectados ao mundo por diferentes redes e ferramentas", acredita Maria Tereza Trevisol, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus de Joaçaba. • Vale promover mais participação de todos em situações desafiadoras que dêem protagonismo a cada aluno. Pesquisas feitas por ela mostram que os alunos querem que o professor tenha autoridade também para resolver os conflitos em sala, antes de recorrer à direção.
O PAPEL DA FAMÍLIA • É preciso orientar os pais e subsidiá-los com informações sobre o processo de ensino e de aprendizagem, colocá-los a par dos objetivos da escola e dos projetos desenvolvidos e criar momentos em que essa colaboração possa se efetivar. • Porém, se o problema for comportamental, isto é, se a escola perceber que existem problemas pessoais que se refletem em atitudes que atrapalham o desempenho em sala de aula, os pais devem ser chamados e ouvidos, e as soluções, construídas em conjunto, sem julgamento ou atribuição de culpa.
ALTERNATIVAS • Há várias alternativas para não se fugir dessa difícil questão. Exemplo disso são os projetos escolares que visam um maior esclarecimento sobre o abuso de álcool, a injustiça e a intolerância como fatores que provocam a violência, a comparação entre o que vive na escola e o que se vê fora dela, entre outros. • Não se deve esconder a vivência de uma sociedade violenta, mas deve-se “contrapor abertamente a cultura de agressões”.
É POSSÍVEL UMA ESCOLA SEM DROGAS? • As ações educativas de prevenção assumem função primordial neste movimento pois é com o preparo dos jovens para viver e preservar a qualidade de vida nesta sociedade que vamos avançar e não negando os tantos desafios que esta realidade nos coloca. • Se, por um lado é uma utopia idealizar uma escola sem drogas na medida em que faz parte de uma sociedade com drogas, entendemos que é possível uma escola não excludente do adolescente que, por ventura já esteja envolvido com drogas.
FATORES DE PROTEÇÃO • A ESCOLA pode e deve reforçar os fatores de proteção pois tem muita oportunidade de influência sobre o jovem, na medida em que estes vivem uma boa parte de seu dia na escola e em contato com os educadores. • Ligação forte com os pais • Harmonia no lar • Suporte familiar e social • Comprometimento com a escola • Envolvimento regular em atividades religiosas • Crenças nas normas e valores da sociedade • Crença na auto eficácia • Repertório de solução de problemas • Temperamento próprio positivo • Encorajamento e reforço de valores positivos
FINALIZANDO • MAS a paz e uma escola sem violência e drogas necessita também de ações governamentais, políticas públicas que proporcionem condições mínimas de uma vivência digna, com perspectiva de futuro para as novas gerações, geração de emprego para a população jovem e adulta, pela não discriminação do idoso ou do diferente, incluindo nestas diferenças, a religião, a raça, a opção sexual, o portador de necessidades especiais, o obeso, o índio, o estrangeiro. • Isso será assunto para uma mesa redonda amanhã.
Os problemas de comportamento podem ser um jeito dos alunos mostrarem ao professor que uma regra é desnecessária ou não está funcionando. • Cada aluno, em diferentes situações, coloca sempre novos desafios. Ele necessita de referências e de orientação. O que ele espera é ajuda para pensar. É importante que alguém - na escola, o professor; em casa, os pais - coloque as regras, até que, efetivamente convictos, crianças e jovens possam gerenciá-las e, de forma autônoma, viver bem em sociedade.