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Texto I Navego as dores e os presságios, Como se carregasse um filho no ventre!

Texto I Navego as dores e os presságios, Como se carregasse um filho no ventre! Rebentadas as águas, Os rios aventuram-se no mar E diluem no sal a mansidão dos leitos! Nem todos os peixes são azuis, Como nem todas as lágrimas acordam As tuas palavras caladas!. Texto II

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Texto I Navego as dores e os presságios, Como se carregasse um filho no ventre!

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Presentation Transcript


  1. Texto I Navego as dores e os presságios, Como se carregasse um filho no ventre! Rebentadas as águas, Os rios aventuram-se no mar E diluem no sal a mansidão dos leitos! Nem todos os peixes são azuis, Como nem todas as lágrimas acordam As tuas palavras caladas!

  2. Texto II Por amor te matarei… Morrerei por amor? O desassossego me fere e mata, O desespero me cega e dói! Quem disse – quem foi? Que imolado pela dor Se ganha o céu?

  3. Texto III Mais que o beijo O desejo… A pele unida, colada, O sangue quente… Olhos que se olham E vêem para além da íris A febre, Para além da pele O sexo, Para além de nós O amor! Mais que o desejo, O silêncio que vem Depois!

  4. Texto IV Nem sempre nos sentimos belos… Há sombras que sugam a luz E no lugar dos sonhos emergem Fantasmas, Que ferem os tons claros e luminosos Com pinceladas de negro e desaforo! Insinuantes gestos moribundos, Quando as bandeiras não vogam E os sorrisos não trinam Como os pardais!

  5. Texto V Gosto das coisas simples, Escorreitas, Normais… Daquelas coisas vivas, Que nascem porque sim E morrem sem foguetes Ou sem noticia nos jornais! Coisas brancas de paz Ou azuis de céu e mar! Coisas de fogo e luz! Coisas terra… Coisas chão! Coisas sem nome A que possa dar beijos E amar sem saudade!

  6. Versejando… Texto VI Não sei mais do que sei! Entre o caminho e o deserto A distância é um abismo E o teu olhar a imensidão Do que falta percorrer… Morrerei? Não me acordes do sono Que leva ao sonho! Outro dia será, talvez, O futuro… Que sei eu que tu não saibas?

  7. Versejando… Texto VII • Quando todo o silêncio dói, • Até mesmo aquele em que te aninhas • Para sonhar, • É porque o teu olhar não consegue ver • Mais do que as sombras • Que dão forma à solidão!

  8. Versejando… Texto VIII • Confessa! • Assume que te apetece voar • E subir às estrelas • E sentar-te de viés na beira duma arriba • Virado para o nunca • E tratar com sedutora malícia • As ninfas que povoam as tuas noites • De insónia e pesadelo • E domar a sem cerimónia dum beijo • Com a ternura de mil outros… • Não prometas o impossível! • Aceita-te e nunca rejeites ser • Assim • Ainda que fantasista!

  9. Versejando… Texto IX • Ontem • Todas as palavras se esconderam • Negando-me o desejo de as possuir • E delas fazer minhas concubinas… • Ontem • Todas as letras tinham nomes próprios, • Redondos e sensuais, • Quentes e sedutores • E brilhavam mais que qualquer estrela • No meu firmamento emparedado, • De cinco por três metros! • Chamei-as uma por uma • E só uma veio sentar-se no meu colo: • Chamava-se ípsilon… • Que faria eu com um ípsilon?

  10. Versejando… Texto X • Num segundo, instante, • Rompante, • Rompendo o medo • Abriu-se o pano, despiu-se a cena, • E nu assim, • Nu até diante de mim, • Descobri-me nu, • Vertical na heresia • E no pudor, • Reavendo-me ser, • Ante a sombra projectada, • Um quase nada • De pura ousadia… • Tremia! • Não sei se de frio, • Ou se de embaraço! • Que faço?

  11. Texto XI Escorria de mim e em mim O suor Do temor! Na frente, em frente, O insistente olhar E o penetrante perscrutar! Eu ali era quem? E tu ali também? O sofisma que se soltou De mim Amadureceu por mim Na casta candura, Na serena doçura, Que emanava de ti! O suor não cessou, O temor não passou… Passei eu para lá de ti Entraste tu, finalmente, Em mim! Fundimos o ser E hoje somos outros Em nós mesmos! Versejando…

  12. Texto XII • Desdoura o palato • O teu sabor a mel, • O teu odor a manjerico, • O teu toque de musa. • Ave em voo rasante • Buscando o denso das nuvens, • O soalheiro dos espaços, • A aventura das rotas • Sem destino. • Largo, vasto, imenso • Chão de paz e prazer • Alagadiça úbere • Por onde escorre e se esconde • A divindade e a escravidão • Em sibilinas frases • De incentivo e demência! • Que faremos quando a luz • Morrer • E a noite vier • Na sua envolvência, que seduz? Versejando…

  13. Texto XIII • Não desistas ainda… • Esse fio de luz não te leva • Ao termo da tua imaginação! • Aniquila-te na promessa de um • Sonho • E rasga-te por dentro a carne • Carente • E o sangue fermentado, • Que se entorna de ti • Na constante mensal • Das regras! • Busca o tanto que aprisionas • E revela a reflexa aura • Do teu rosto • Rendilhado! • As rugas são caminhos • Que te levarão a porto seguro! Versejando…

  14. Texto XIV • Calo… • Embalo a solidão • Num sorriso verde, • Cinza, ocre… • Frio, o olhar morre ao nascer • Da aurora, • Quando o calor se apaga • Nos lençóis • E explode na manhã roliça! • Sei do vento o rumor • Que afaga as ramagens • E me adoça a face funesta • Onde o fogo fagueiro • Se dilui sem dó • E me esfria até ser frio • Suor! • Deambulo! • Às estrelas digo adeus! • …. Versejando…

  15. Texto XIV(continuação) • Segredo os sentimentos • A todas a sombras que serão • Tumbas • E guardarão em si as palavras • Que disser! • Sincopados os passos avançam • Levando-me ao fundo profundo • Da minha incoerência • Satânica! • Ardem fogos-fátuos • Num céu de alumínio! • Coerente é o sussurro que grita, • Autónomo, • A ausência de mim! Versejando…

  16. Texto XV • Não te cales, mesmo quando te abraço! • Gravarei em mim todas as frases • Que tragam o nu da verdade • E a luz casta da poesia • Que recende em ti • Em todos os poros • E em todos os grãos volúveis • Da tua pele extenuada • Onde nascem os segredos • E morrem as dores! • Grita! • Na ressonância dos gemidos • Nascerá a flor do sorriso! • Onde nascem cascatas • Decantam os medos • E repousam as horas breves • A inventar novos rios • E almas mais histriónicas! Versejando…

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