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Victor Meirelles: A Primeira Missa no Brasil (1861). Museu Nacional de Belas Artes, Brasil. Lembrando a aula anterior. Interpretações do Brasil. Aula 5 A mestiçagem e o discurso científico.
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Victor Meirelles: A Primeira Missa no Brasil (1861). Museu Nacional de Belas Artes, Brasil. Lembrando a aula anterior.... Interpretações do Brasil
Aula 5A mestiçagem e o discurso científico Alexandrina, mestiça de negro e índio retratada por William James (1868) e uma das colaboradoras locais da expedição liderada por Louis Agassiz Interpretações do Brasil
1859 – Publicação de “Origem das espécies” – Charles Darwin • 1861-65 – Guerra de secessão EUA , escravidão extinta por Lincoln • 1864-70 – Guerra do Paraguai • 1870 – Manifesto Republicano • 1871 – Lei do ventre livre • 1873 – Convenção Republicada de Itu • 1878 – Sociedade Positivista do Rio de Janeiro • 1880 – J. Nabuco (dep. PE) propõe proj. de lei que extingue a escravidão, com indenização, até 1890. – Sociedade Bras. contra a Escravidão (A. Rebouças e J.Nabuco) • 1883 – É publicado o “Abolicionismo” de Nabuco – Confederação Abolicionista (abolição imediata e s/ indenização) • 1884 – Escravidão é extinta no Ceará • 1885 – Lei dos sexagenários (liberdade aos escravos c/ + de 60 anos) • 1887 – Fundado Cidade do RJ, jornal abolicionista (J. do Patrocínio) • 1888 – Abolição dos escravos (Lei Áurea) • 1889 – Proclamação da República Contexto – datas importantes Interpretações do Brasil
“A Redenção de Cam”(1895) Modesto Brocos Interpretações do Brasil
Algumas representações do negro Rugendas – Navio Negreiro _ “Viagem pitoresca ao Brasil” (1835) Interpretações do Brasil
Algumas representações do negro Pintura de Debret -_“viagem pitoresca e histórica ao Brasil” (1834-39) Interpretações do Brasil
Algumas representações do negro Pintura de Debret -_“viagem pitoresca e histórica ao Brasil” (1834-39) Interpretações do Brasil
Navio Negreiro _ Castro Alves - 1868 • Declamado pela 1ª vez em SP, onde o baiano foi para cursar Direito Quem são? (...) Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . . (...) Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, que impudente na gávea tripudia? Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! (...) Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! (...) Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Debret Interpretações do Brasil
O Mulato - • Aluísio Azevedo - • 1881 “– Recusei-lhe a mão de minha filha porque o senhor é... é filho de uma escrava... – Eu?!– O senhor é um homem de cor!... Infelizmente esta é a verdade...” E o rosário de desculpas, desfiado por Manoel Pescada, constrangido, na tentativa de atenuar o impasse:“– Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas é por tudo! A família de minha mulher sempre foi muito escrupulosa a esse respeito, e como ela, é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja uma asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O senhor porém não imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!... Nunca me perdoariam um tal casamento; além de que, para realizá-lo, teria que quebrar a promessa, que fiz a minha sogra, de não dar a neta senão a um branco de lei, português ou descendente direto de portugueses!... O senhor é um moço muito digno, muito merecedor de consideração, mas... foi forro à pia, e aqui ninguém o ignora”. Interpretações do Brasil
O destino dos “filhos do sol”*: discutindoos dilemas do “Brasil Mestiço” * Expressão usada por Aimard em visita ao Brasil em 1887 Interpretações do Brasil
Positivismo ( Auguste Comte) • Evolucionismo social (monogenismo/ humanidade uma/ desigualdade pode ser explicada / hierarquia passageira/ crença no progresso e na perfectibilidade – ideais da Rev. Francesa) • Darwinismo social (poligenismo/ diferença com base biológica/ uso do conceito de raça (defesa de tipos puros)/ determinismo/ degeneração social) Principais matrizes ideológicas Interpretações do Brasil
Origem das espécies (1859) é o livro mais lido na época • Serve de inspiração até para pensamentos contrários: • “darwinistas sociais” (seleção natural = degeneração social) contrário às idéias de Darwin (maior adaptabilidade das espécies híbridas) • Veio ao Brasil em 1832 (ficou 6 meses) durante a viagem ao mundo a bordo do Beagle: • “queira Deus que eu jamais volte a por os pés em um país escravagista” Charles Darwin (1809/1882) Principais matrizes ideológicas Interpretações do Brasil
A diversidade humana: como explicar? • O conceito de raça foi introduzido por Cuvier, em inícios do XIX e instaura “a idéia da existência de heranças físicas permanentes entre os vários grupos humanos”. • idéia de raça é usada na literatura científica no século XIX. o racismo “científico” • discurso permeia debate sobre cidadania Principais matrizes ideológicas Georges Cuvier (1769-1832) Interpretações do Brasil
Diplomata francês é um dos principais teóricos do racismo e da eugenia eugenia – eu: boa genus: geração (criado por Francis Galton em 1883, capacidade humana varia em função da herança genética e não da educação) • Humanidade fadada à degeneração, decorrente da mistura das espécies humanas • Principal trabalho: Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas (1855) Conde Gobineau (1816 -1882) Principais matrizes ideológicas: Darwinistas sociais Interpretações do Brasil
Visita o Brasil (1869-70), enviado por Napoleão III Animosidade com o país (exceto com D. Pedro II) : “Trata-se de uma população totalmente mulata, viciada no sangue e no espírito e assustadoramente feia” • Estéril e degenerada, população brasileira fadada ao desaparecimento (saída imigração européia) “Mas se, em vez de se reproduzir entre si, a população brasileira estivesse em condições de subdividir ainda mais os elementos daninhos de sua atual constituição étnica, fortalecendo-se através de alianças de mais valor com as raças européias, o movimento de destruição observado em suas fileiras se encerraria, dando lugar a uma ação contrária." Conde Gobineau (1816 -1882) Principais matrizes ideológicas: Darwinistas sociais Interpretações do Brasil
Naturalista, Professor de Harvard • Veio ao Brasil, como líder da Expedição Thayer (1865-1866), financiada pelo milionário norte-americano Nathaniel Thayer, cujo objetivo era estudar a fauna da bacia Amazônica • Se surpreendeu com as características sociais brasileiras => Crítico da hibridização. J. Louis Agassiz 1807(Suíça) -1873 (EUA) Principais matrizes ideológicas: Darwinistas sociais Interpretações do Brasil
J. Louis Agassiz 1807(Suíça) -1873 (EUA) “...que qualquer um que duvide dos males da mistura de raças, e inclua por mal-entendida filantropia,a botar abaixo todas as barreiras que as separam, venha ao Brasil. Não poderá negar a deterioração decorrente da amálgama das raças mais geral aqui do que em qualquer outro país do mundo, e que vai apagando rapidamente as melhores qualidades do branco, do negro e do índio deixando um tipo indefinido, híbrido, deficiente em energia física e mental". Principais matrizes ideológicas: Darwinistas sociais Interpretações do Brasil
Qual a solução para o Brasil Mestiço? Se a identidade está ligada às “características biológicas” como reverter o “atraso”? Que disciplinas explicam a situação do país? Junção entre liberalismo e racismo: cópia ou tradução? Interpretações do Brasil
Ambigüidades tropicais:Alguns mestiços ilustres do séc XIX Interpretações do Brasil
André Rebouças - 1838 -1898 Interpretações do Brasil
JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS - 1839 -1908 Foto de 1890 Interpretações do Brasil
Meus amores Meus amores são lindos, cor da noite Recamada de estrelas rutilantes; Tão formosa creoula, ou Tétis negra, Tem por olhos dois astros cintilantes. Em rubentes granadas embutidas Tem por dentes as pérolas mimosas, Gotas de orvalho que o universo gela Nas breves pétalas de carmínea rosa. (...) O colo de veludo Vênus bela Trocara pelo seu, de inveja morta; Da cintura nos quebros há luxúria Que a filha de Cineras não suporta. A cabeça envolvida em núbia trunfa, Os seios são dois globos a saltar; A voz traduz lascívia que arrebata, - E coisa de sentir, não de contar. Quando a brisa veloz, por entre anáguas Espaneja as cambraias escondidas, Deixando ver aos olhos cobiçosos As lisas pernas de ébano luzidas (...) Luiz Gama 1830 - 1882 Interpretações do Brasil