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Tendências d o Pensamento Político Contemporâneo

Tendências d o Pensamento Político Contemporâneo. Tendências políticas do mundo antigo. No mundo antigo, as principais oposições ideológicas eram: entre democracia e aristocracia e entre república e tirania.

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Presentation Transcript


  1. Tendências do Pensamento Político Contemporâneo

  2. Tendências políticas do mundo antigo • No mundo antigo, as principais oposições ideológicas eram: entre democracia e aristocracia e entre república e tirania. • A tendência aristocrática defendia o governo de poucos, os “melhores”, e buscava utilizar critérios de distinção, em virtude e em propriedade, para o acesso à política. Aceitava uma igualdade geométrica (igualdade entre iguais, mantendo a noção de hierarquia de ordens) e não uma igualdade aritmética (igualdade numérica, sem hierarquia de ordens). • A tendência democrática defendia um alargamento da cidadania, e buscava utilizar critérios de seleção de lideranças que ampliassem à participação política. Defendiam um avanço da igualdade em direitos e, eventualmente, em propriedade também. • A tendência republicana, aristocrática ou democrática, se contrapunha à tirania, entendendo república por: o governo da lei, o governo misto de ordens sociais e o autogoverno do povo. A tirania era o governo da exceção, sem os limites da lei, baseado na força e obtendo a obediência pelo medo ou pelo apoio da maioria envolvida por um demagogo. • O “despotismo oriental” era, para o mundo da política “ocidental”, o “grande outro” que servia para formar a auto-imagem política do mundo “ocidental”. No “despotismo oriental” um povo a-político e passivo era apenas governado (sem participar do governo) por um poder despótico que tratava os cidadãos como um patrão trata seus empregados, ou como um pai trata seus filhos menores de idade, ou seja, como pessoas incapazes que não respondem plenamente por seus atos.

  3. Observação: • Não existia no mundo antigo uma tendência política relevante que pretendesse recriar inteiramente a sociedade de acordo com algum modelo extraído da razão ou de algum ideal abstrato. • Não existia a ideia moderna de revolução. • A história era vista como cíclica por alguns autores . • Não havia, portanto, a noção de progresso e perfectibilidade humana.

  4. Tendências políticas do mundo contemporâneo • Alguns autores, anteriores ao séc. XVIII, como Hobbes e John Locke, haviam sido importantes para a formação das bases do pensamento político contemporâneo, com a idéia de recriar a sociedade a partir de um plano racional e com a fundamentação do Estado a partir da doutrina jusnaturalista. • A fonte mais direta das tendências políticas contemporâneas está no iluminismo e na reação contra ele.

  5. O iluminismo • "Nada podeser reconhecido como válido numa constituição se não estiver de acordo com o Direito da Razão". (Hegel, sobre o princípio do iluminismo)

  6. Características do iluminismoAs luzes da razão • Racionalismo: Para os iluministas, apenas através da Razão poderíamos buscar a verdade. A Razão seria como uma Luz capaz esclarecer os homens, iluminando o mundo "obscuro" marcado pelo dogmatismo, pela repressão ao pensamento livre, pelo predomínio da fé cega e das superstições. Era contra essa realidade que os filósofos iluministas lutavam.

  7. Dominar a natureza e recriar a sociedade • Leis naturais: Através da Razão os homens poderiam descobrir as leis naturais que regem o mundo natural e também o mundo dos homens. A partir desse conhecimento seria possível dominar a natureza e construir uma sociedade de acordo com a razão, fundada nos direitos naturais dos homens. Eles não aceitavam uma sociedade apenas pela tradição ou pelo costume, eles questionavam as tradições e se perguntavam se elas eram racionais ou não, se era realmente "natural" que uns tenham que nascer servos e outros senhores, ou se o Rei têm mesmo o Poder por direito divino. A sociedade deveria ser racional e organizada para realizar a felicidade, • "A felicidade é uma idéia nova na Europa"(Saint-Just)

  8. O conhecimento liberta • Razão e Liberdade: Através da Razão descobrimos as leis naturais e com esse conhecimento podemos dominar a natureza. O homem é livre através do uso da razão, pois com ela o homem é capaz de pensar com a própria cabeça, sem ser manipulado por outros e também pode dominar seus próprios apetites e inclinações, em vez de ser escravo da necessidade. • “Todos os homens nascem livres”. • Mas...“Quem vive na ignorância é como se não enxergasse e é manipulado pelos outros”.

  9. Todos os homens nascem iguais • Razão e Igualdade: Todos os homens nascem iguais, pois são racionais. A desigualdade é um produto da forma de organização da sociedade, não é o resultado das diferenças naturais entre as pessoas. Se a sociedade foi feita pelos homens, ela pode ser transformada pelos homens. A desigualdade baseada no privilégio (de sangue, ou “divino”), era portanto contra a natureza humana. Dessa forma, o iluminismo criticava o princípio estamental de organização social e o Estado Absolutista.

  10. Alguns filósofos iluministas • Montesquieu - Em 1721 publicou "Cartas Persas", nas quais satirizava os costumes e as instituições. Em 1748 publicou sua grande obra "O Espírito das Leis", dedicado ao estudo das diversas formas de governo. Para ele a única forma de garantir a liberdade era a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Até hoje as democracias se organizam dessa forma. • Voltaire - Foi um dos mais destacados filósofos do iluminismo. Durante sua estada na Inglaterra, publicou as "Cartas Filosóficas". Elogiava as liberdades inglesas, atacava o absolutismo e a intolerância, escreveu o "Tratado sobre a tolerância" onde atacava todas as formas de intolerância. Seus discípulos se espalharam pela Europa. • Rousseau - Ao contrário de Voltaire e Montesquieu, que eram monarquistas liberais, Rousseau foi um democrata convicto. Suas idéias foram expostas num tratado de educação e, principalmente, no "Contrato Social", sua obra máxima. Defendia a liberdade e a igualdade entre os homens. O Poder político repousava sobre o povo (a vontade geral), que era, portanto, o soberano máximo. Defendeu a democracia direta dos cantões da Suíça. • Diderot - foi o responsável pela organização da grande Enciclopédia, obra em 35 volumes, publicada em 1751-52, que procurava reunir todo o conhecimento humano até a época e continha as novas idéias. O governo condenou a obra, proibindo sua divulgação. Diderot foi auxiliado por um matemático D'Alambert, tendo como colaboradores a maior parte dos novos pensadores e escritores.

  11. Discurso sobre a origem da desigualdade (trechos)Jean Jacques Rousseau(1712-1778) • "Concebo, na espécie humana, dois tipos de desigualdade: uma que eu chamo de natural ou física, por ser estabelecida pela natureza e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito e da alma; outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção e que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens. Esta consiste nos vários privilégios de que gozam alguns em prejuízo de outros, como serem mais ricos, mais poderosos e homenageados do que estes, ou ainda por fazerem-se obedecer por eles. • Não se pode perguntar qual é a fonte da desigualdade natural, porque a resposta estaria enunciada na simples definição da palavra. Pode-se, ainda menos, procurar a existência de qualquer ligação essencial entre essas duas desigualdades, pois, em outras palavras, seria perguntar se aqueles que mandam valem necessariamente mais do que os que obedecem, se a força do corpo ou do espírito, a sabedoria ou a virtude sempre se encontram, nos mesmos indivíduos, na proporção do poder ou da riqueza: tal seria uma boa questão para discutir entre escravos ouvidos por seus senhores, mas que não convém a homens razoáveis e livres, que procuram a verdade. • (...) O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer, isto é meu, e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado aos seus semelhantes: defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém!“ Grifos nossos. • Rousseau, J.J. Coleção Os Pensadores, Editora Abril, Livro XXIV, págs. 241 e 265.

  12. Conseqüências práticas do iluminismo • Despotismo esclarecido: alguns príncipes procuraram pôr em prática as novas idéias, tentando governar de acordo com a Razão, segundo os interesses do público, mas sem abandonar o seu poder absoluto. Reformavam o absolutismo, sem afetar seus fundamentos. Exemplos: Frederico II (Prússia), Catarina II (Rússia), José II (Áustria), Marquês de Pombal, ministro de D. José I (Portugal). • Revoluções democráticas: As idéias iluministas influenciaram os processos revolucionários que romperam com o Antigo regime, e inauguraram um Estado de Direito, baseado não no poder absoluto do Rei, mas numa constituição que garantiria os direitos dos cidadãos, estes seriam todos iguais perante a lei e não haveria mais, portanto, privilégios de sangue ou "divinos". Ex: Independência dos Estados Unidos e outras colônias, Revolução Francesa e uma série de revoluções burguesas pelo mundo.

  13. Tendências políticas na Revolução Francesa (1789) Na Revolução Francesa surgiram três grandes grupos políticos: - Girondinos: eram a favor da revolução, defendiam a monarquia constitucional, a igualdade perante a lei e o Estado laico. Eram moderados, não queriam a implantação da república, nem da reforma agrária. Sua base principal de apoio era a burguesia. - Jacobinos: eram a favor da revolução, defendiam a república democrática, a igualdade perante a lei, a reforma agrária e a educação pública e gratuita. Eram os revolucionários mais radicais a favor da igualdade. Sua base principal de apoio eram os mais pobres e a pequena burguesia. - Realistas ou monarquistas. Eram contrários à revolução. Eram a favor do poder absoluto do rei por direito divino e eram a favor dos privilégios da nobreza. Portanto, eram contra a igualdade. Acreditavam que as idéias dos iluministas eram fantasias perigosas criadas por filósofos e que estavam produzindo anarquia.

  14. Esquerda e Direita na Política • É nessa época da revolução francesa que surgem as expressões “esquerda” e “direita” para identificar as diferentes tendências políticas. • Esquerda e Direita não quer dizer “oposição e situação”.

  15. Os jacobinos se sentavam do lado esquerdo da assembléia e eles eram os maiores defensores da igualdade. A partir desse momento, a palavra “esquerda” foi utilizada para definir as tendências políticas que defendem mais mudanças a favor de mais igualdade. • Os realistas se sentavam do lado direito da assembléia e eles eram os mais conservadores e os maiores opositores da igualdade. A partir desse momento, a palavra “direita” foi utilizada para definir as tendências políticas contrárias à igualdade e mais conservadoras.

  16. Os girondinos se sentavam no centro da assembléia e estavam também no centro entre a igualdade defendida pelos jacobinos e a desigualdade defendida pelos realistas. Eles eram “moderados” entre os dois pólos opostos.

  17. Surgimento das três grandes tendências do pensamento político contemporâneo • No séc. XIX, após a revolução francesa, surgem as três grandes tendências do pensamento político contemporâneo: • Liberalismo. • Conservadorismo. • Socialismo.

  18. Liberalismo • Doutrina política e econômica surgida na Europa, no século XIX. Considera o direito do indivíduo de seguir a própria determinação, dentro dos limites impostos pelas leis, como fundamento das relações sociais. Por conseguinte, defende as liberdades individuais frente ao poder do Estado e prevê igualdade perante a lei.

  19. Liberalismo político • Na política, o liberalismo, baseia-se na defesa do direito do indivíduo de seguir a própria determinação. Por conseguinte, defende as liberdades individuais frente ao poder do Estado e prevê igualdade dos cidadãos perante a lei, sem distinções de sangue, gênero, raça ou classe social. • O Estado não deve ser absoluto, mas limitado por uma constituição que protege os direitos civis e deve haver separação de poderes (executivo, legislativo e judiciário). O Estado deve tentar ser neutro em relação a valores, não pode defender uma religião em específico (deve ser laico) e nenhuma ideologia em especial, deixando os cidadãos livres para que eles busquem os seus valores. • O Estado liberal é representativo, quer dizer, os cidadãos não participam diretamente do governo (como na antiga democracia ateniense), mas indiretamente, votando nas pessoas que formarão o governo e o poder legislativo. • A ênfase dos liberais é na defesa dos direitos civis, mais do que nos direitos sociais.

  20. Liberalismo econômico • Na economia, o liberalismo defende a não-intervenção do Estado na economia, por acreditar que a dinâmica de produção, distribuição e consumo de bens é regida por leis – como a lei da oferta e da procura – que por si sós estabelecem o equilíbrio. A "mão invisível do mercado" produziria um equilíbrio social e econômico espontâneo.

  21. Um dos pais do liberalismo econômico: Adam Smith • "Todo indivíduo necessariamente trabalha no sentido de fazer com que o rendimento anual da sociedade seja o maior possível. Na verdade, ele geralmente não tem intenção de promover o interesse público, nem sabe o quanto o promove. Ao preferir dar sustento mais à atividade doméstica que à exterior, ele tem em vista apenas sua própria segurança; e, ao dirigir essa atividade de maneira que sua produção seja de maior valor possível, ele tem em vista apenas seu próprio lucro, e neste caso, como em muitos outros, ele é guiado por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte de sua intenção. E o fato de este fim não fazer parte de sua intenção nem sempre é o pior para a sociedade. Ao buscar seu próprio interesse, freqüentemente ele promove o da sociedade de maneira mais eficiente do que quando realmente tem a intenção de promove-lo". (A Riqueza das Nações. Livro IV, capítulo 2).

  22. CONSERVADORISMO • O conservadorismo foi um movimento que surgiu como reação contra as teorias iluministas. Os conservadores: • São contrários à idéia de revolução. Aceitam mudanças pontuais, mas não uma mudança radical da ordem social existente. • Não acreditam que a razão individual seja o melhor fundamento para a ordem social. Confiam mais na tradição do que na razão. A razão e a ciência têm limites, não conseguem explicar tudo e não fornecem um sentido para a vida do homem, portanto, não podem trazer felicidade por si mesmas. • Consideram o poder político necessário, pois os homens são limitados para poderem se autogovernar e sem poder político a sociedade cairia na anarquia. Ao mesmo tempo, porém, o poder político deve ser limitado (não deve ser absoluto). • Em vez de ser neutro, o Estado deve promover valores comuns que estimulem a religião e o patriotismo. O homem é um ser social, e não um átomo individual, como querem os liberais. Em relação à economia, há conservadores que defendem a intervenção do Estado na economia e há conservadores que defendem o livre mercado e o Estado mínimo. • São contrários à idéia de igualdade abstrata e defendem a importância da hierarquia social.

  23. Um importante pensador conservador: Burke • "Nem todos os sofistas de seu país poderão produzir nada melhor para garantir uma liberdade razoável e generosa que o método que nós adotamos; nós que procuramos seguir a natureza ao invés de nossas especulações e que preferimos confiar a conservação de nossos direitos e privilégios aos sentimentos de nossos corações ao invés de entregá-la à sutileza de nossas invenções" (Pág.70). •  (...) "Nesse sentido, os direitos dos homens compreendem tanto suas liberdades quanto as restrições que lhe são impostas. Contudo, como as liberdades e as restrições variam conforme os tempos e as circunstâncias e admitem infinitas modificações, elas não podem ser fixadas mediante o estabelecimento de algum princípio abstrato; e torna-se absolutamente leviano discuti-las tendo por base tal princípio." (pág. 91). •  "Quatrocentos anos se passaram, mas não creio que tenhamos essencialmente mudado desde então. Graças à nossa obstinada resistência à inovação, graças à lentidão fria do nosso caráter nacional, ainda carregamos a marca dos nossos antepassados" (pág. 107). Edmund Burke. Reflexões sobre a revolução em França (1790).

  24. SOCIALISMO • Existem muitos tipos diferentes de socialismo, mas o que há em comum entre eles é luta pela construção de uma sociedade mais igualitária. • Os socialistas queriam construir uma sociedade de indivíduos livres e iguais, como muitos liberais. Mas os liberais acreditavam que esta sociedade já existia e o mercado era o meio perfeito para a promoção desta igualdade e liberdade. Os socialistas não acreditavam na “mão invisível do mercado”. • Os socialistas concordavam com os conservadores sobre o homem ser um animal social, concordavam que o indivíduo era formado pela sociedade, com seus costumes e tradições, mas defendiam novas mudanças para resolver a questão social e realizar o ideal iluminista de uma sociedade de indivíduos livres e iguais.

  25. Para os socialistas, o mercado aumenta a produção de riqueza, mas também a desigualdade e a incerteza • Durante o processo de industrialização milhões de pessoas abandonam o campo, por vezes de modo violento, e vão tentar a vida nas cidades. Chegando lá, passam a viver da venda de sua força de trabalho em troca de salário. Tornam-se proletários. • Como não havia vagas para todos nas indústrias, alguns nem proletários se tornam. Viram lúmpens, miseráveis.

  26. A questão social • A partir da revolução industrial, a produção de riqueza alcançou níveis nunca antes atingidos. No entanto, a pobreza e a miséria também alcançou níveis nunca vistos. A cidades são divididas, com alguns bairros ricos cercados por imensas periferias e favelas. • A sobrevivência de milhões de pessoas tornou-se muito mais incerta porque: • O trabalhador não sabe se o seu salário chegará no fim do mês. • O trabalhador não sabe até quando terá este salário. • Se ficar desempregado, o trabalhador não sabe quando conseguirá um novo emprego. • Como não têm propriedade e capital, o trabalhador é obrigado a aceitar qualquer salário e qualquer emprego.

  27. Liberdade? • Para os socialistas, quem não escolhe com independência a sua vida não é livre, portanto, o trabalhador assalariado era livre só no papel, na prática era uma nova forma de escravidão: a escravidão assalariada. A concepção formal de liberdade não basta, a liberdade requer meios materiais para que possa ser exercida, como já imaginavam alguns antigos, como Aristóteles.

  28. Igualdade? • Para os socialistas, a igualdade que a constituição liberal garantia era só uma igualdade formal, no papel. Na prática, havia uma imensa desigualdade fundada na exploração de uma classe sobre a outra (da burguesia sobre o proletariado, através da extração de mais-valia). A riqueza de poucos vinha da exploração de muitos.

  29. Para os socialistas, novas mudanças são necessárias • Para realizar o objetivo iluminista, de uma sociedade racional de indivíduos livres e iguais, em que o mérito pessoal e não o nascimento em uma classe determinem o destino do indivíduo e que esteja de acordo com a natureza do homem como animal social são necessárias reformas e/ou uma nova revolução. O conteúdo dessas mudanças: • Já que a produção de riquezas é feita socialmente... • Já que os trabalhadores não são livres porque não tem propriedade... • A propriedade dos meios de produção não pode ser privada. A propriedade teria que ser social (estatal e/ou cooperativas). • Só com o controle social da produção, com a propriedade social, é que a riqueza produzida socialmente também será distribuída socialmente. Só com a propriedade social os trabalhadores seriam livres, de acordo com o socialismo.

  30. Manifesto Comunista1848 “A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes. [Homem] livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo [Leibeigener], burgueses de corporação [Zunftbürger] e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta.(...) (...) Neste sentido, os comunistas podem condensar a sua teoria numa única expressão: supressão [Aufhebung] da propriedade privada. Têm-nos censurado, a nós, comunistas, de que quereríamos abolir a propriedade adquirida pessoalmente, fruto do trabalho próprio — a propriedade que formaria a base de toda a liberdade, atividade e autonomia pessoais. Propriedade fruto do trabalho, conseguida, ganha pelo próprio! Falais da propriedade pequeno-burguesa, pequeno-camponesa, que precedeu a propriedade burguesa? Não precisamos de a abolir, o desenvolvimento da indústria aboliu-a e abole-a diariamente. Ou falais da moderna propriedade privada burguesa? Mas será que o trabalho assalariado, o trabalho do proletário, lhe cria propriedade? De modo nenhum. Cria o capital, i. é, a propriedade que explora o trabalho assalariado, que só pode multiplicar-se na condição de gerar novo trabalho assalariado para de novo o explorar. A propriedade, na sua figura moderna, move-se na oposição de capital e trabalho assalariado. Consideremos ambos os lados desta oposição. Ser capitalista significa ocupar na produção uma posição não só puramente pessoal, mas social. O capital é um produto comunitário e pode apenas ser posto em movimento por uma atividade comum de muitos membros, em última instância apenas pela atividade comum de todos os membros da sociedade. O capital não é, portanto, um poder pessoal, é um poder social. Se, portanto, o capital é transformado em propriedade comunitária, pertencente a todos os membros da sociedade, a propriedade pessoal não se transforma então em propriedade social. Só se transforma o caráter social da propriedade. Perde o seu caráter de classe. Horrorizais-vos por querermos suprimir a propriedade privada. Mas na vossa sociedade existente, a propriedade privada está suprimida para nove décimos dos seus membros; ela existe precisamente pelo fato de não existir para nove décimos. Censurais-nos, portanto, por querermos suprimir uma propriedade que pressupõe como condição necessária que a imensa maioria da sociedade não possua propriedade. Os comunistas rejeitam dissimular as suas perspectivas e propósitos. Declaram abertamente que os seus fins só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social até aqui existente. Podem as classes dominantes tremer ante uma revolução comunista! Nela os proletários nada têm a perder, a não ser as suas cadeias. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!“

  31. Crítica ao programa de Gotha - 1875 “Mas estes defeitos são inevitáveis na primeira fase da sociedade comunista, tal como acaba de sair da sociedade capitalista, após um longo e doloroso parto. O direito nunca pode ser mais elevado que o estado econômico da sociedade e o grau de civilização que lhe corresponde. Numa fase superior da sociedade comunista, quando tiver desaparecido a escravizante subordinação dos indivíduos à divisão do trabalho e, com ela, a oposição entre o trabalho intelectual e o trabalho manual; quando o trabalho não for apenas um meio de viver, mas se tornar ele próprio na primeira necessidade vital; quando, com o desenvolvimento múltiplo dos indivíduos, as forças produtivas tiverem também aumentado e todas as fontes da riqueza coletiva brotarem com abundância, só então o limitado horizonte do direito burguês poderá ser definitivamente ultrapassado e a sociedade poderá escrever nas suas bandeiras: "De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades!”

  32. Socialistas reformistas e revolucionários • Vários caminhos foram apontados para atingir o objetivo socialista de uma sociedade igualitária e sem exploração do homem pelo homem. Podemos resumir esses caminhos em três grandes grupos: • Anarquismo • Comunismo • Social-Democracia

  33. Anarquismo • O anarquismo foi um movimento que surgiu na mesma época em que emergiu o socialismo de Marx e Engels, tendo em Pierre-Joseph Proudhon e em Bakunin, alguns de seus primeiros teóricos. Proudhon escreveu que “a propriedade é um roubo”. • O segundo termo fundamental da teoria é o fim do Estado, já que existe a crença de que o Estado é nocivo e desnecessário para a sociedade, favorecendo exclusivamente as classes dominantes – no caso da época, a burguesia. A terceira característica do anarquismo é a crença na liberdade e ordem obtida de forma espontânea, sem a intervenção do Estado através de leis. • Para os anarquistas, deveria haver uma sociedade sem Estado, equilibrada na ordem, na liberdade de forma voluntária e na autodisciplina. No caso, o Estado seria uma abstração, uma ficção, uma mentira, que defendia apenas as classes mais altas e deveria ser extinto. Entretanto, os anarquistas são a favor de uma forma de organização voluntária, sendo que os seres humanos deveriam ter a liberdade espontânea sem ter que seguir diretrizes partidárias. • Assim, a própria comunidade deveria se reunir para tomar decisões de seu interesse, desenvolvendo a responsabilidade pelo seu grupo social, independentemente do Estado e das leis, pois as instituições sociais de caráter autoritário impediam que o ser humano desenvolvesse uma perspectiva cooperativa.

  34. Comunismo • Existiram diversos comunismos ao longo da história. Mas o comunismo moderno foi aquele que foi pensado e desenvolvido primeiro por Karl Marx e Friedrich Engels. Um dos primeiros livros importantes desta corrente foi o ”Manifesto Comunista”, escrito por Marx e Engels em 1848. • Os comunistas também queriam criar uma sociedade sem classes e sem Estado, onde a comunidade seria fundada no autogoverno, como os anarquistas queriam. • Mas não acreditavam, como os anarquistas, que seria possível chegar imediatamente a esta sociedade sem classes e sem Estado. Porque o homem que existe hoje é o homem que foi criado no capitalismo, portanto, era um homem egoísta, além disso, no momento imediato após a revolução, as classes dominantes, despojadas do poder iriam organizar uma reação, por vezes armada, para tentar restaurar seus antigos privilégios. Por isso, os trabalhadores não poderiam abolir imediatamente o Estado, pois precisariam de um instrumento de repressão para impedir a contra-revolução e precisariam do Estado para o planejamento da economia e para a formação do homem novo. Antes da sociedade sem classes e sem Estado (comunismo), seria necessário passar por uma fase transitória (socialismo). • Para os comunistas, só por meio de uma revolução proletária poderíamos chegar ao socialismo. Após a revolução, liderada pelo partido comunista, haveria uma socialização dos meios de produção (empresas), que passariam a ser de propriedade social (estatal ou cooperativa). A economia passaria a ser planificada (e não de mercado), a sociedade não teria classes sociais, e o único partido permitido seria o Partido Comunista.

  35. Social-democracia • A social-democracia pretendia chegar ao socialismo gradualmente, sem uma ruptura revolucionária. O partido socialista chegaria ao poder dentro das instituições burguesas, através das eleições, e gradualmente faria reformas sociais para reduzir a desigualdade e diminuir a incerteza. No futuro chegaríamos no socialismo, mas não seria possível precisar em quanto tempo isso ocorreria. • Dentro da social-democracia havia marxistas reformistas, socialistas cristãos, cooperativistas e socialistas evolucionários. Alguns destes nem tinham mais o socialismo como horizonte, mas queriam apenas reformar a sociedade capitalista, dando-lhe um rosto mais humano. • As principais reformas promovidas pela social-democracia foram: • Reforma econômica. Intervenção do Estado na economia, para evitar crises e promover o desenvolvimento econômico. As idéias do economista Keynes prevalecem sobre as idéias de Adam Smith. • Reforma tributária. Se a riqueza é produzida socialmente, ela deve retornar para a sociedade, em vez de se acumular em poucas mãos. Para isso, os impostos devem ser progressivos (quem tem mais paga mais) e devem incidir principalmente sobre: 1) Grandes fortunas; 2) Herança, 3) Patrimônio e 4) Renda. Os impostos sobre o consumo não são redistributivos, por isso não interessam muito à social-democracia. • Reforma social. O dinheiro arrecadado pelo Estado será usado para diminuir as desigualdades e incertezas geradas pelo mercado, sendo aplicado em: 1) Direitos sociais: educação pública, saúde pública, previdência social, habitação popular, seguro-desemprego, renda mínima, licença-maternidade, justiça gratuita etc. 2) Direitos trabalhistas; 3) Assistência social; 4) Infra-estrutura.

  36. FASCISMO • Movimento político-ideológico que surgiu na Itália na década de 1920. Suas principais características são: • Nacionalismo extremo; • Militarismo; • Conservadorismo; • Anti-comunismo; • Governo ditatorial do partido fascista; • Visão corporativista da sociedade; • Ideologia oficial (fascista) divulgada pelo Estado. • Principal líder na Itália: Mussolini.

  37. NAZISMO • Movimento político-ideológico que surgiu na Alemanha na década de 1920 e chegou ao poder em 1933. Suas principais características são: • Nacionalismo extremo; • Militarismo; • Conservadorismo; • Anti-comunismo; • Governo ditatorial do partido fascista; • Visão corporativista da sociedade; • Ideologia oficial (fascista) divulgada pelo Estado; • Racismo (teoria da superioridade da raça ariana); • Anti-Semitismo (ódio aos judeus); • Principal líder na Alemanha: Hitler.

  38. Tendências que foram muito influentes no século XX • Liberalismo. • Principalmente antes da crise de 1929, no mundo inteiro. • Nazi-Fascismo. • Na Alemanha (1933-1945) e na Itália (1922-1945) • Social-democracia. • Na Europa ocidental, especialmente na Suécia, Noruega, Finlândia, França, Alemanha, Inglaterra. Também foi muito forte no Canadá. • Comunismo. • Na Rússia, países do leste europeu, Cuba, China, Coréia do Norte, Vietnã. Também foi influente no movimento operário dos países ocidentais e no meio intelectual e estudantil.

  39. Tendências políticas atuais • Neoliberalismo. • Social-democracia. • Terceira Via. • Socialismo bolivariano. • Com menor influência ainda temos: anarquismo, comunismo (stalinismo, troskismo, Luxemburguismo etc), neonazismo. • Movimentos fundamentalistas.

  40. Ranking de Desenvolvimento Humano (Índices de IDH) • 1º Noruega – 0,963 • 2º Islândia – 0,956 • 3º Austrália – 0,955 • 4º Luxemburgo – 0,949 • 5º Canadá – 0,949 • 10º Estados Unidos – 0,944 • 15º Grã-Bretanha – 0,939 • 34º Argentina – 0,863 • 37º Chile – 0,854 • 52º Cuba – 0,817 • 53º México – 0,814 • 62º Rússia – 0,795 • 63º Brasil – 0,792 • 88º Paraguai – 0,755 • 85º China – 0,755 • 127º Índia – 0,602 • 176º Serra Leoa – 0,298 • 177º Níger – 0,281 • Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano 2005 - PNUD

  41. Coeficiente de Gini • Países mais desiguais do mundo (segundo o coeficiente Gini) • 1º Namíbia – 70,7 • 2º Lesoto – 63,2 • 3º Botsuana – 63,0 • 4º Serra Leoa – 62,9 • 5º República Centro-Africana – 61,3 • 6º Suazilândia – 60,9 • 7º Guatemala – 59,9 • 8º Brasil – 59,3 …e os menos desiguais • 1º Dinamarca – 24,7 • 2º Japão – 24,9 • 3º Suécia – 25,0 • 4º Bélgica – 25,0 • 5º República Tcheca – 25,4 • 6º Noruega – 25,8 • 7º Eslováquia – 25,8 • 8º Bósnia – 26,2 • Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano - PNUD

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