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DIMENSÕES CULTURAIS DA ENFERMAGEM. São processos e mecanismos de aquisição de informações recebidas, preservadas, codificadas, decodificadas e traduzidas do sistema de implantação da profissão para o sistema atual. GÊNERO HUMANO
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DIMENSÕES CULTURAIS DA ENFERMAGEM São processos e mecanismos de aquisição de informações recebidas, preservadas, codificadas, decodificadas e traduzidas do sistema de implantação da profissão para o sistema atual GÊNERO HUMANO Na análise dos diversos aspectos da profissão, torna-se importante visualizar, criticar e discutir as implicações políticas que afetam uma profissão majoritariamente feminina. Essa associação da enfermagem como uma profissão feminina é significativa na divisão técnica, social e política do trabalho. Isto se explica, em parte, porque a enfermagem realiza no mundo público inúmeras atividades equivalentes às que as mulheres desempenham no espaço privado, como: limpar, lavar, alimentar dentre outras.
SABERES Formação profissional sólida >> fruto de muito trabalho teórico-prático >>> servindo de suporte entre quem opta pela profissão e o exercício dela. Qualificação profissional >> discussão em debates que abordam a questão da formação em enfermagem. A produção intelectual interna ainda é muito limitada, e o acesso as obras internacionais é restrito a minorias. Muitas instituições de ensino, ainda, optam por um ensino burocratizado, superficial, sem vigor interior, exprimindo conteúdos sem solidez e consistência. Isto gera desencanto entre quem ensina e quem aprende, quem dirige e quem executa, resultando na perda de muitos talentos na enfermagem. O ensino teórico-prático precisa ser revitalizado e, portanto, deve incorporar outras dimensões – tais como as que envolvem o estudo de subjetividade para estimulos das sensibilidades criativa, sensorial e utópica. Além de melhorar as unidades de ensino, reequipa-las, informatizar.
RACISMO Racismo presente, ainda hoje, nos processos seletivos. Um dos desvios do paradigma da enfermagem nightingaleana, trazido pelas pioneiras norte-americanas, foi o racismo presente nos processos seletivos de estudantes nacionais. Ainda não existem pesquisas sobre a questão do racismo na enfermagem para que se possa compreender melhor, sendo até hoje motivo de constrangimento, vergonha e manipulação de fatos históricos. CLASSE SOCIAL As primeiras escolas recrutavam, preferencialmente, mulheres das classes dominantes, privilegiando na seleção pessoas brancas, da classe burguesa e conservadora, para constituir as raízes nacionais da categoria. Porém, muitas se deram conta de que não seria executando os cuidados que alcançariam status social no espaço público.
Desta forma, a solução política encontrada foi o desmembramento do exercício profissional em 3 níveis de complexidade: universitário, técnico e auxiliar. Desta forma, abriu-se mercado de trabalho para todas as classes, ao mesmo tempo que gerou conflitos que afetam até hoje todo tecido social da enfermagem. Questão do poder na enfermagem >> subordinação de técnicos e auxiliares aos enfermeiros, às escalas de serviço desumanas, com direitos sociais reduzidos, além de conforto, alimentação, alojamento e higiene precários, gerando insatisfação, oculta ou evidente, entre os segmentos da profissão. Tudo isso acrescido de falta de diálogo entre os agentes de nível médio e enfermeiros. SEXISMO Se caracteriza por atitudes cotidianas assumidas por pessoas que privilegiam um sexo ( quase sempre o masculino) em detrimento do outro ( quase sempre o feminino).
A enfermagem é exercida atualmente pelos dois sexos, portanto são duas óticas de expressão de interesses. O reconhecimento profissional no masculino pode induzir a categoria, que é majoritariamente feminina, a perder territórios já conquistados. O sexo é inerente ao ser humano, do mesmo modo que a cor da pele, enquanto o gênero ( feminino e masculino) é uma construção cultural que pode ser modificado, pelo menos para eliminar o aspecto opressivo exercido pelo gênero masculino sobre o feminino. A QUESTÃO RELIGIOSA A introdução da enfermagem nightingaleana no Brasil fortaleceu por muito tempo a prevalência das escolas de orientação religiosa sobre as instituições leigas. Florence tinha uma mente clara e uma extrema sensibilidade, conseguindo equilibrar divertimento, agitação, beleza com disciplina, ordem e religiosidade.
Apesar da produção daquela época ser bastante reduzida, as enfermeiras religiosas conseguiram transmitir os valores morais que ainda estão muito presentes em todos os espaços da categoria. Na base ideológica do paradigma religioso brasileiro, o que permaneceu foi a fixação da enfermagem em um lugar de complementaridade na saúde, com profissionais abnegados, invisíveis, assexuados, passivos, obedientes e, consequentemente, despolitizados >> desta forma >> desvia-se do paradigma nightingaleano que tinha por objetivo formar enfermeiras para ensinar e assumir cargos – levando a um alto padrão de enfermagem. Na base ideológica da formação da enfermagem cristã prevaleceu também a dicotomia da identidade feminina: de um lado Maria, a virgem, e de outro Eva, a pecadora. O marianismo, constituiu um dos pilares da formação profissional. Era caracterizado pela anulação da sexualidade das estudantes.
No curriculo oculto estava determinado que para ser enfermeira, era preciso bloquear todo o erotismo. A sexualidade era vista como algo sujo, do domínio masculino. Como sexualidade e poder são indissociáveis, em nenhuma disciplina do currículo escolar era considerado fundamental o desenvolvimento de autonomia, liberdade, independência, autoconhecimento e autocrítica. Resquícios deste legado religioso ainda se refletem na enfermagem atual, identificados por atitudes individualistas, despolitizadas, conformistas, que freiam a integração harmoniosa e autônoma nas lutas políticas e sociais. LINGUAGEM Para se entender o que é enfermagem, deve-se voltar a atenção para a linguagem, observando a fala e a escrita do conjunto de agentes da profissão. A língua permite veicular o pensamento, a transmissão cultural e a interação social.
Fala dos agentes de saúde ⇓muitas vezes Imperfeita, dificultando a comunicação, traindo o pensamento falante, exprimindo ambiguidades e mal entendidos. Ex: Paciente É fundamental falar com a pessoa que recebe cuidados de saúde considerando-a como sujeito, evitando-se assim, a objetivação dos seres humanos. Desse modo, até os mais simples atos, devem ser precedidos de explicações claras que contribuam para que a pessoa doente possa entender os motivos e a relevância dessa ação para o sucesso de sua recuperação ou da manutenção de seu estado de saúde. Relação dos agentes da enfermagem com a linguagem: >> Linguagem – ação >> Linguagem pensamento
QUESTÕES – TABU: dinheiro, poder e corpo • Dinheiro • Acesso ao dinheiro Homem Mulher Na enfermagem, profissão exercida por uma maioria feminina, a negociação dos salários é muito deficiente; quase sempre a remuneração é menor que a de outros profissionais da área de saúde. Tabú: O prestígio social da mulher, depende dela ser capaz de prestar serviços à família e à sociedade por abnegação e amor, sem exigir nenhuma retribuição A mulher ao infringir este tabu, usufruindo o dinheiro como instrumento de poder, sente-se ameaçada pelo fantasma da prostituição.
Tradicionalmente, as atividades profissionais que incluem dinheiro como forma de pagamento sempre foram exercidas por homens, exceto a prostituição. Este tabu começou a ser desmistificado, pelo menos formalmente, pois os COREns fixaram preços para as atividades e vêm divulgando suas tabelas no interior da categoria. B) Poder Exercício do poder dentro da profissão, contudo, a sua presença é escassa quando se trata de exercer o poder nos processos sócio-políticos do setor saúde. Esse tabu é alimentado por vários fatores: invisibilidade social do enfermeiro em posições de poder e autoridade nas estruturas decisórias de saúde; carência de representantes com capacidade argumentativa para reivindicar os direitos específicos da categoria; silêncio que paira sobre o desempenho da enfermagem na manutenção de níveis desejados de saúde para a população.
C) Corpo O corpo, na maioria dos espaços de formação dos profissionais de enfermagem, é considerado como ferramenta de trabalho, é adestrado para realizar técnicas, sem que se dê importância ao desenvolvimento de sua capacidade emocional. Esse enfoque de desenvolvimento parcial do corpo apresenta resultados perversos, como a negação dos sentimentos ( ex: não é considerado certo chorar quando morre uma pessoa que estava sendo cuidada) devendo os estudantes controlar as sensações corporais ( engolir o choro). Essa dissociação torna o corpo rígido e sem possibilidade de realizar suas faculdades corporais. A concepção de um corpo rígido, limpo, agradável, inodoro e sem prazer ainda faz parte do ensino prático dos três níveis de enfermagem, por se tratar de uma profissão idealizada como sublime, cujos valores maiores eram a trilogia dedicação, abnegação e amor.
Um corpo emocionalmente sadio harmoniza o olhar, a expressão do rosto, a posição da cabeça, a postura do corpo, o tônus dos músculos, o timbre da voz, a motilidade da pelves, a espontaneidade do gesto em um quadro uno, integrado e autocomandado. Todos os tabus apresentados aqui afetam todas as profissões exercidas majoritariamente por mulheres. Entretanto, são exacerbados na enfermagem por se tratar de uma profissão totalmente voltada para o trabalho com o corpo de outras pessoas.