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O PMDB PARA O TERCEIRO MILÊNIO NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL. A DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO POLÍTICO Regina Perondi. OS 3 GRAUS DO PENSAMENTO RACIONAL DE ARISTÓTELES. A Teorética ( ciência) Saber racional, nunca acabado e nunca neutro
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O PMDB PARA O TERCEIRO MILÊNIO NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL A DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO POLÍTICO Regina Perondi
OS 3 GRAUS DO PENSAMENTO RACIONAL DE ARISTÓTELES • A Teorética ( ciência) Saber racional, nunca acabado e nunca neutro • A Poiética ( arte e técnica) Algo não vai bem: vamos satisfazer as necessidades • O Prático (filosofia e política) O mundo não é o que deveria ser: vamos agir • Por trás de um ato ou de uma omissão estão a ética e a política. Há três décadas isso não é mais assim os esquecimentos da política.
O BEM COMUM... • As pesquisas de opinião são realmente a expressão do bem comum? • Elas expressam somente o somatório de vontades pessoais, não são uma construção coletiva. • Mecanismos de regulação (“despotismo democrático”: Bignotto) empregados para satisfazer a maioria, diante da apatia geral; corroem a liberdade e são repugnantes por não atenderem os desejos de igualdade.
E A VONTADE GERAL • Para uma sociedade livre Rousseau defendia o “interesse comum”, utilizando o conceito de “vontade geral”. • Hoje, a vontade geral deve ser a ferramenta para o debate sobre o bem comum e a natureza da lei, no terreno da política.
Para onde vão as idéias rejeitadas, os projetos esquecidos, as crenças arruinadas? A árvore está imóvel, permanece parada no seu banho de luz. Mas ontem mesmo ela se agitava com todas as suas folhas, ramos e galhos, até mesmo seu potente tronco, cor de pedra e quase pedra. Onde estão seu entusiasmo, sua agitação, suas torções de braços e mãos? Paul Valéry, Poesia Perdida
A LABORIOSA CONSTRUÇÃO DO ESQUECIMENTO DA POLÍTICA • Quais são os expedientes políticos para o esquecimento? • A privatização da vida. • A fraqueza da esfera pública • O predomínio do moralismo • A religião • O discurso da tecnocracia
1. A PRIVATIZAÇÃO DA VIDA: • O elogio do individualismo e a desilusão do coletivo. • O esquecimento da coisa pública em proveito do privado. • A felicidade e o bem concentram-se no casal, na família, quando muito no pequeno grupo. • O consumismo: vitória da ética do “cada um por si” • Os números são o fetiche: pesquisa-se sobre tudo • O poder é delegado ao Estado ou ao político profissional.
1. A PRIVATIZAÇÃO DA VIDA: • A financeirização da economia • Regras abalam a soberania política e econômica e interferem nas políticas fiscais • As grandes transformações tecnológicas • Novos processos de produção, de categorias , de atuação sindical.
2. A FRAQUEZA DA ESFERA PÚBLICA • A irrelevância do debate político, que antes se refletia na opinião pública • Campanhas eleitorais direcionadas para o marketing individual • Plataformas pasteurizadas • A privatização das figuras do político e do cidadão privatiza também o espaço público.
3. O PREDOMÍNIO DO MORALISMO • A moral antiga visava o bem comum – exigia resposta política, a ação. • Hoje, dever e obediência à virtude estão ligados a interesses privados – diz o que não fazer. • Em vez de julgar a justiça social de uma política, julga-se a honestidade dos políticos.
4. RELIGIÃO E FUNDAMENTALISMO • Vínculos entre religião e política são evidentes no Brasil: • Deslocamento das comunidades eclesiais de base para as igrejas pentecostais: defendem o voto e também a despolitização dos fiéis e a salvação pessoal. • O fundamentalismo: • Recusa-se a aceitar a separação entre Igreja e Estado • Preceitos transformam-se em políticas públicas • Negação radical da democracia: a lei emana de Deus e não do povo soberano.
5. O DISCURSO DA TECNOCRACIA • O poder dos peritos: o saber pode tudo e as opiniões são vãs • O domínio pela palavra • Dominadores exercitam várias formas de subjugar a servidão voluntária, gerando passividade • As práticas políticas: crer e fazer crer – palavras podem ter valor, mas são destituídas de sentido.
REMÉDIOS CONTRA O ESQUECIMENTO DA POLÍTICA • Contra a crença de que a política é um negócio de profissionais: • Ativismo e militância. • Exercer a profissão de cidadão: além do voto, a informação diária pela mídia; assumir responsabilidades, gerenciar, consultar uns aos outros. • Tentar governar em pensamento: dizer a nós mesmos, diante de cada ato de um político “O que eu teria feito, o que era para ser feito e como?”
REMÉDIOS CONTRA O ESQUECIMENTO DA POLÍTICA • Contra a oposição entre “eles” e seus vícios e a honestidade das pessoas comuns: • Se você tivesse absoluta certeza da impunidade, seria tão virtuoso? • A solução não é moral (condenar os políticos, que são como eu e você). • A solução é política: financiar os partidos – necessários ao pluralismo democrático; tornar transparentes as despesas públicas; exigir que os políticos tornem públicos sua fortuna e o uso que fazem dela, etc.
O esquecimento da política pelos cidadãos é o perigo que ronda a democracia. E a democracia implica e supõe que as pessoas não são iguais apenas em direitos, mas também em valor: que o poder não deveria ser atribuído nem aos mais sábios nem aos peritos em economia, nem aos mais bonitos ou aos que falam melhor, nem àqueles cuja vida particular é a mais exemplar, nem aos que são modelos de virtude, mas aos que são simplesmente como todo o mundo e aceitam, por um tempo, nos servir, ou seja, servir à comunidade assumindo responsabilidades no nome dela. O único limite ao poder dos políticos somos nós. Francis Wolff
A DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO POLÍTICO Obrigada pela atenção. Que todos/as democratizemos nosso conhecimento político nesses dois dias em Santa Maria. reginaperondi@gmail.com