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Luís de Camões Vida e obra…. Luís Vaz de Camões, filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo, nasceu em lugar incerto, provavelmente Lisboa, em 1524 ou 1525. A sua família era de origem galega, embora há muito radicada em Portugal, e pertencia à pequena nobreza.
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Luís de Camões Vida e obra…
Luís Vaz de Camões, filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo, nasceu em lugar incerto, provavelmente Lisboa, em 1524 ou 1525. A sua família era de origem galega, embora há muito radicada em Portugal, e pertencia à pequena nobreza. É possível que tenha frequentado a Universidade de Coimbra, embora os registos académicos não lhe façam qualquer referência. Certo é que, durante a juventude e ao longo da vida, adquiriu uma sólida formação humanística, revelando na sua obra um profundo conhecimento dos clássicos latinos. Em Lisboa conviveu com membros da fidalguia cortesã, e, por volta de 1550, serviu como soldado em Ceuta, no norte de África, onde perdeu um olho em combate. De regresso a Lisboa, levou durante algum tempo uma vida de boémia. Em 1552 envolveu-se em desacatos durante a procissão do Corpo de Deus, tendo ferido com gravidade um funcionário da corte. Esteve preso alguns meses e acabou por partir para a Índia, onde chegou em Setembro de 1553.
Como soldado, integrou a tripulação das armadas que patrulhavam a zona do Mar Vermelho e do Golfo Pérsico. Em 1555 encontramo-lo nas ilhas Molucas e dois anos depois em Macau, onde foi provedor dos defuntos e ausentes. Em 1560 regressou a Goa, onde esteve preso durante algum tempo, vítima de vagas acusações. Anos depois procura voltar a Portugal, mas em 1567 (1568?) Diogo do Couto encontrou-o retido em Moçambique, pobre e sobrevivendo com a ajuda de amigos. Só em 1569 consegue regressar a Lisboa, tendo publicado Os Lusíadas em 1572. Como retribuição pelos serviços prestados na Índia e pela redacção da epopeia nacional, D. Sebastião atribuiu-lhe uma tença anual de 15.000 reis. Faleceu em Lisboa, a 10 de Junho de 1580. Após a sua morte, foi D. Gonçalo Coutinho que mandou esculpir na sua pedra o seguinte letreiro: “Aqui Jaz Luís de Camões Príncipe dos Poetas de seu Tempo. Viveu Pobre e Miseravelmente e Assim Morreu. - Esta campa lhe mandou pôr D. Gonçalo Coutinho, na qual se não enterrará pessoa alguma.”
No cabo de GuardafuiVou aguardando bons ventosTiro a pena da mochilaE assento meus pensamentosÀs voltas com seu fadárioUm simples soldado rasoTomai lá meu secretárioE guardai bem este meu casoSó me deu p'ra dizer nãoEm tempo de dizer simTambém na mesma moedaO mundo me paga a mimComo este cabo tão tristePedregoso e sem verduraAssim minha vida existeMarcada p'la desventuraPergunto à musa porquê Pergunto aos deuses nos céusTodos me dizem que é sóMá fortuna e erros meusSe baixo o amor à taberna E depois o subo em sonetoEle arde em mim com dois lumesUm é branco e outro é pretoAssim ando estrada foraComo um bardo vagabundoDesisti de ver a horaDe ficar de bem com o mundoNo cabo de GuardafuiGuardei os meus pensamentosPonho a mochila às costasPois já sopram melhores ventosComo esse cabo que existeÀ tristeza condenadoTambém a má fortuna insisteEm andar sempre a meu ladoPergunto à musa porquêPergunto a vós que me ouvisTambém achais que um poetaSó é bom quando infeliz ?Carlos Tê / Rui Veloso, Auto da Pimenta Má fortuna, Rui Veloso
A época: O Renascimento O século XVI é marcado pelo grande movimento cultural do Renascimento, cuja génese está no desenvolvimento do comércio, das actividades industriais e das cidades. O Renascimento, como o Humanismo e o Classicismo, representou uma viragem decisiva em relação à concepção medieval do Homem e do Mundo. Ao teocentrismo medieval sucede o antropocentrismo, em que o Homem passa a ser o valor máximo. O Homem assume o papel de sujeito da História e do progresso.
A lírica camoniana:medida velha e medida nova Em Camões coexistiu a poesia com sabor tradicional – medida velha – com uma poesia cujos modelos formais e temáticos revelam a cultura humanística e clássica do poeta – medida nova. Fez uso da medida velha e cultivou o verso de cinco sílabas métricas (redondilha menor) e de sete sílabas métricas (redondilha maior), e por influência tradicional escreveu vilancetes, cantigas, esparsas, trovas, .... As temáticas tradicionais e populares usadas por Camões são o amor, a natureza, o ambiente palaciano e a saudade. Da influência clássica Renascentista, Camões cultivou a medida nova, fazendo uso do verso decassílabo, através do soneto (composição poética composta por duas quadras e dois tercetos) introduzido em Portugal por Sá de Miranda. Nas temáticas de influência Renascentista cultivou o amor platónico, a saudade, o destino, a beleza suprema, a mudança, o desconcerto do mundo, a mulher vista à luz do Petrarquismo e do Destino.