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Fernando Ribeiro Gonçalves, Sandra Valadas, Luís Faísca, Carla Vilhena & Helena Quintas

Contextos ecológicos versus contextos psicológicos e o rendimento escolar dos estudantes do ensino superior. Fernando Ribeiro Gonçalves, Sandra Valadas, Luís Faísca, Carla Vilhena & Helena Quintas Observatório Permanente para a Qualidade de Ensino (OPQE) Universidade do Algarve. Introdução

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  1. Contextos ecológicos versus contextos psicológicos e o rendimento escolar dos estudantes do ensino superior Fernando Ribeiro Gonçalves, Sandra Valadas, Luís Faísca, Carla Vilhena & Helena Quintas Observatório Permanente para a Qualidade de Ensino (OPQE) Universidade do Algarve Introdução Partindo da dupla dimensão do conceito de contexto, isto é, das suas dimensões ecológica e psicológica, os autores apresentam os resultados parcelares de um trabalho realizado no ano de 2000/2001 com 6740 alunos da Universidade do Algarve. São colocados em evidência os resultados que suportam a natureza das relações de associação entre rendimento escolar e as variáveis que integram o contexto psicológico, e que são: confiança nas capacidades como estudante, representações do fenómeno da reprovação e representações das causas de um fraco rendimento escolar. Este quadro de relações é circundado pela especificidade dos subsistemas de ensino (Universitário e Politécnico) e, nalguns casos, pelos anos frequentados, entendidos como variáveis enquadrantes do contexto ecológico em que os estudantes se movimentam. Método Participantes Os resultados parcelares que se apresentam são provenientes da auscultação da voz dos alunos através de um inquérito por questionário aplicado a 6740 estudantes na fase de inscrição e matrícula no anbo lectivo de 2000/2001. Nas análises efectuadas neste poster foram considerados válidos 5654 questionários. No que se refere à variável rendimento escolar pedia-se aos estudantes que avaliassem o seu rendimento numa escala de 5 pontos (1 - Fraco, 5 - Muito Bom). Para aqueles que avaliaram o seu desempenho como Muito Fraco e Fraco, solicitava-se ainda que escolhessem uma ou mais explicações para esse facto, entre uma série de alternativas possíveis: Explicação 01 – Não sabe estudar Explicação 02– Não se sente motivado para estudar Explicação 03 – Dispersa-se com outras actividades Explicação 04– O local onde estuda não é adequado Explicação 05– Presença pouco frequente nas aulas teóricas Explicação 06– Presença pouco frequente nas aulas teórico-práticas Explicação 07– Não acompanhamento da matéria ao longo do semestre Explicação 08– Não tira apontamentos da matéria Explicação 09 – Não organiza os apontamentos depois das aulas Explicação 10– Não aborda os professores para esclarecer dúvidas Explicação 11– Outras razões Variáveis A variável confiança nas capacidades como estudante foi medida numa escala de 4 pontos (1 - Nada Confiante, 4 - Muito Confiante). Foi analisado o significado que assume uma reprovação no ensino superior, tendo sido pedido aos estudantes que seleccionassem um ou mais significados possíveis: Significado 1 – Impedimento de prosseguimento dos estudos Significado 2– Motivo de desgosto familiar Significado 3 – Origem de problemas financeiros Significado 4– Motivo de enfraquecimento da auto-confiança Significado 5– Razão para abandono prematuro dos estudos Significado 6– Acidente de percurso Significado 7– Razão para se desinteressar dos estudos Resultados Figura 1 - evolução da confiança nas capacidades como estudante por ano em função do subsistema de ensino Observa-se um aumento gradual dos níveis de confiança nas capacidades como estudante em ambos subsistemas, embora essa confiança seja mais elevada no subsistema politécnico em qualquer dos anos frequentados. Figura 2 - avaliação do rendimento escolar em função do subsistema frequentado por ano Os resultados que se seguem (Figura 4) reportam-se aos estudantes que avaliaram o seu rendimento escolar como Muito Fraco ou Fraco (N= 1123). São os estudantes do universitário a considerarem mais frequentemente que o seu rendimento fraco, por um lado, por não se sentirem motivados para estudar, e por outro, por não abordarem os professores para esclarecerem dúvidas.b A evolução do rendimento escolar nos dois subsistemas de ensino apresenta as mesmas inflexões, ainda que de intensidade diferente. Os estudantes do 1º ano de ambos subsistemas começam por revelar baixos níveis de rendimento, verificando-se um aumento gradual ao longo do percurso escolar. A evolução da confiança nas capacidades ao longo do percurso escolar acompanha de perto a evolução do rendimento nos dois subsistemas (r = 0,43 para o Universitário; r = 0,37 para o Politécnico; p < 0,000). Na Figura 3 observa-se que, em função do subsistema frequentado, os estudantes atribuem diferentes significados a uma reprovação no ensino superior: para os estudantes universitários, uma reprovação parece ser motivo de desgosto familiar, para além de contribuir para uma diminuição da sua auto-confiança; ao contrário dos estudantes do politécnico que entendem a reprovação como um acidente de percurso e ainda como factor impeditivo de prosseguimento dos estudos. Conclusões Os resultados encontrados permitem-nos afirmar que existem relações de associação entre o rendimento escolar e algumas variáveis do contexto psicológico, em função do contexto ecológico em que se os estudantes se movimentam (Universitário/Politécnico). Na verdade, um nível elevado de confiança nas capacidades, mais visível nos estudantes do politécnico, parece associar-se a um rendimento escolar também ele elevado. Essa confiança aumenta gradualmente nos dois subsistemas estudados, à medida que se avança no percurso escolar. No que se refere ao rendimento escolar, apesar das diferenças de percurso (no geral, aumenta para ambos, mas esse aumento é mais visível no politécnico entre o 1º e o 2º anos e no universitário entre o 3º e o 5º), aquele converge no último ano, o que nos conduz, de certa forma, à compreensão deste fenómeno à luz das questões da adaptação ao ensino superior e especificamente da experiência académica como factor que influencia essa mesma adaptação. Os significados atribuídos à reprovação pelos estudantes dos dois subsistemas revestem-se de naturezas algo diferentes que merecem uma chamada de atenção: enquanto que no ensino superior universitário a reprovação assume contornos de ordem familiar e também pessoal (auto-confiança); no politécnico, ainda que seja rejeitada uma atribuição causal interna (vêem predominantemente a reprovação como mero acidente de percurso), essa mesma reprovação pode constituir um impedimento para continuar a estudar. Por fim, uma análise cuidada das representações das causas do rendimento escolar conduz-nos aos motivacionais, por um lado, e à relação pedagógica, por outro: são os estudantes do universitário aqueles que apresentam níveis de rendimento mais baixos, em virtude da sua falta de motivação e do tipo de apoio que procuram nos professores. Os resultados parcelares apresentados deverão ser entendidos de uma forma integrada, em função das representações que os estudantes emprestam a factores responsáveis pelo insucesso académico e educativo na Universidade do Algarve (currículo, instituição, professor e o próprio aluno), bem como dos aspectos motivacionais subjacentes à frequência de uma instituição de ensino superior. É neste contexto que chamamos a atenção para a existência de outras análises em curso, no sentido de uma visão integrada e completa dos fenómenos em questão.

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