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ENVELHECIMENTO POPULACIONAL BRASILEIRO: MITOS, PRECONCEITOS E DESAFIOS. Ana Amélia Camarano Junho, 2012. ENVELHECIMENTO. INDIVIDUAL; DA POPULAÇÃO. ENVELHECIMENTO INDIVIDUAL. MEDIDO PELA ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER: PASSOU DE 62,4 PARA 73,5 ANOS DE 1980 A 2010.
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ENVELHECIMENTO POPULACIONAL BRASILEIRO: MITOS, PRECONCEITOS E DESAFIOS Ana Amélia Camarano Junho, 2012
ENVELHECIMENTO • INDIVIDUAL; • DA POPULAÇÃO
ENVELHECIMENTO INDIVIDUAL • MEDIDO PELA ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER: PASSOU DE 62,4 PARA 73,5 ANOS DE 1980 A 2010. • PERDAS PROGRESSIVAS DE FUNÇÃO E PAPÉIS SOCIAIS; • PROCESSO ÚNICO QUE DEPENDE DE: • CAPACIDADES BÁSICAS, • ADQUIRIDAS E, • MEIO AMBIENTE.
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL PELA BASE • QUEDA DA FECUNDIDADE. • APROPORÇÃO DA POPULAÇÃO DE 60 ANOS E MAIS NO TOTAL DA POPULAÇÃO BRASILEIRA PASSOU DE 4,1% EM 1940 PARA 10,8% EM 2010 (ENVELHECIMENTO PELA BASE). • PROCESSO REVERSÍVEL: AUMENTO DA FECUNDIDADE. • O MUNDO INTEIRO ENVELHECEU.
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL PELO TOPO • QUEDA DA MORTALIDADE NAS IDADES AVANÇADAS; • 1980: EM 100 MULHERES, 28 COMPLETAVAM O 80º ANIVERSÁRIO; • 2010: 54 COMPLETAVAM; • O ENVELHECIMENTO PELO TOPO ALTERA A COMPOSIÇÃO ETÁRIA DENTRO DO PRÓPRIO GRUPO, OU SEJA, A POPULAÇÃO IDOSA TAMBÉM ENVELHECEU. EM 2010, A PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO “MAIS IDOSA”, DE 80 ANOS OU MAIS DE IDADE REPRESENTAVA 14,3% DO TOTAL DA POPULAÇÃO IDOSA. • O ENVELHECIMENTO PELO TOPO FOI MAIS EXPRESSIVO ENTRE AS MULHERES: FEMINIZAÇÃO DA VELHICE.
FASES DA VIDA • PREOCUPAÇÃO EM DIVIDIR A VIDA EM FASES NÃO É NOVA. • IDADES DO HOMEM - INFÂNCIA, MATURIDADE E VELHICE - IMORTALIZADA EM QUADROS DE TICIANO (1488-1576) E GIORGIONE (1477-1510). • SHAKESPEARE, NA PEÇA AS YOU LIKE IT, MENCIONA OITO IDADES DO HOMEM: “O INFANTE, O ESCOLAR, O AMANTE, O SOLDADO, O HOMEM MADURO, A VELHICE, A SENILIDADE E A MORTE”.
O QUE DIFERENCIA ESTE GRUPO DOS DEMAIS? • VULNERABILIDADES FÍSICAS E MENTAIS; • PROXIMIDADE DA MORTE; • PERDA DE PAPÉIS SOCIAIS; • PAPÉIS QUE PODEM SER PERDIDOS E OUTROS QUE SÃO MANTIDOS, ADQUIRIDOS OU MODIFICADOS AO LONGO DA VIDA. • APOSENTADORIA; • MORTE DO CÔNJUGE: VIÚVEZ; • PERDA DE IRMÃOS, AMIGOS; • SER AVÓS; • PAPÉIS PARENTAIS (INVERSÃO).
UMA OU MAIS FASES DA VIDA??? “A VIDA COMEÇA AOS 60” (Veja, 2003). • HOMENS: 21,2 anos • MULHERES: 24,8 anos • FASE MAIS LONGA QUE A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA JUNTAS.
HETEROGENEIDADE DO SEGMENTO • CRITÉRIO ETÁRIO: MOMENTO A PARTIR DO QUAL OS INDIVÍDUOS SÃO CONSIDERADOS VELHOS; • DEFINIÇÃO BRASILEIRA: HETEROGENEIDADE... • SER “IDOSO” IDENTIFICA NÃO SOMENTE INDIVÍDUOS EM UM DETERMINADO PONTO DO CICLO DE VIDA ORGÂNICO, MAS TAMBÉM EM UM DETERMINADO PONTO DO CURSO DE VIDA SOCIAL. • A CLASSIFICAÇÃO SITUA OS INDIVÍDUOS EM DIVERSAS ESFERAS DA VIDA SOCIAL: TRABALHO, FAMÍLIA, ETC.
UMA NOVA FASE DA VIDA??? • COMEÇO DE UMA NOVA FASE DA VIDA, COM PROJETOS INDEPENDENTES, MAS COM ANGÚSTIAS E INCERTEZAS. • SIMONE DE BEAUVOIR: “OS JOVENS VIVEM A ANGÚSTIA DO INGRESSO NO MERCADO DE TRABALHO E OS IDOSOS A ANGÚSTIA DE SEREM EXPELIDOS”. • JANUS: UMA FACE OLHA PARA A LIBERDADE E A OUTRA PARA A ANGÚSTIA, INCERTEZA, MEDO DA MORTE (ROSISKA OLIVEIRA).
VISÕES ESTERIOTIPADAS NEGATIVA: CONTINGENTE CRESCENTE DE PESSOAS DEPENDENTES E VULNERÁVEIS DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO, FÍSICO, MENTAL E COGNITIVO, O QUE PODE ACARRETAR PERDA DE CAPACIDADE LABORATIVA E AUTONOMIA PARA LIDAR COM AS ATIVIDADES DO COTIDIANO. NOVA: BASEADA NO EMPODERAMENTO DAS PESSOAS IDOSAS • NOVOS ESTERIÓTIPOS LIGADOS À ATIVIDADE CONSTANTE, INDEPENDÊNCIA, VONTADE DE PODER, CONSUMERISMO E DIVERTIMENTO. MELHOR IDADE • PRIVATIZAÇÃO DA VELHICE (DEBERT, 1999). • ENVELHECIMENTO BEM SUCEDIDO X MAL SUCEDIDO.
VISÃO NEGATIVA • "NÃO HÁ VANTAGEM NENHUMA EM ENVELHECER. VOCÊ NÃO FICA MAIS ESPERTO, MAIS SÁBIO, MAIS DOCE OU MAIS EDUCADO. VOCÊ COMEÇA A SOFRER COM DOR NAS COSTAS, INDIGESTÃO, A VISÃO FICA PIOR E VAI PRECISAR DE AJUDA PARA OUVIR. É UMA COISA MUITO RUIM FICAR VELHO. RECOMENDO QUE VOCÊS NÃO O FAÇAM". (Woody Allen, 74 anos, em maio de 2010). • “A INFÂNCIA NÃO, A INFÂNCIA DURA POUCO. A JUVENTUDE NÃO, A JUVENTUDE É PASSAGEIRA. A VELHICE SIM. QUANDO UM CARA FICA VELHO É PRO RESTO DA VIDA. E CADA DIA FICA MAIS VELHO”(Millôr Fernandes).
CULTURA DO ENVELHECIMENTO RECENTE • PODE SER CARACTERIZADA: • PRESENÇA DE ELEMENTOS VELHOS (VISÕES NEGATIVAS DE PERDAS) E • AUSÊNCIA DE NOVOS ELEMENTOS MAIS ADEQUADOS. • NO CASO BRASILEIRO, O “CULTO À JUVENTUDE” PERMEIA ESSES NOVOS ELEMENTOS.
VISÕES E POLÍTICAS • SLATER (1930): ATÉ FINS DO SÉCULO XIX, MEDIDAS VOLTADAS PARA A PROTEÇÃO DOS IDOSOS NÃO SE DIFERENCIAVAM DAS VOLTADAS PARA OS DOENTES, TODOS ENTENDIDOS COMO INCAPACITADOS PARA O TRABALHO. • DEBERT (1999): VISÃO NEGATIVA DE PERDAS ASSOCIADA À VELHICE FOI RESPONSÁVEL PELA LEGITIMAÇÃO DE ALGUNS DIREITOS SOCIAIS COMO A APOSENTADORIA. • OUTROS DIREITOS LEGITIMADOS: FILAS ESPECIAIS, VAGAS EM ESTACIONAMENTOS, RESERVAS DE ASSENTOS EM TRANSPORTE PÚBLICO.
NOVA FASE E PAPÉIS SOCIAIS • FENÔMENOS RELATIVAMENTE RECENTES: • AUMENTO DA ESPERANÇA DE VIDA NAS IDADES MAIS AVANÇADAS; • AS MELHORIAS NAS CONDIÇÕES DE SAÚDE. • UNIVERSALIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL. • AINDA NÃO FOI DEFINIDO UM PAPEL SOCIAL ESPECÍFICO PARA O IDOSO. • NOVOS PAPÉIS PODEM SURGIR E SE ESTABELECER.
NOVA FASE PARA TODOS? • A IDEIA DE PERDAS ESTÁ SENDO SUBSTITUÍDA PELA DE MOMENTO PROPÍCIO PARA NOVAS CONQUISTAS E BUSCA DE SATISFAÇÃO PESSOAL. • É A IDADE DO “PREENCHIMENTO” (LASLETT ,1996). • NOVOS IDOSOS: NÃO SÃO CARACTERIZADOS POR SAÚDE DEBILITADA, PAUPERIZAÇÃO E EXCLUSÃO DAS DIVERSAS ESFERAS DA VIDA SOCIAL. • BRASIL: DISSOCIAÇÃO ENTRE ENVELHECIMENTO E POBREZA
ASSUME-SE QUE • A FALTA DE AUTONOMIA PARA LIDAR COM ATIVIDADES DIÁRIAS E A AUSÊNCIA DE RENDIMENTOS SÃO OS PRINCIPAIS DETERMINANTES DA “DEPENDÊNCIA” DOS IDOSOS. • A “DEPENDÊNCIA” PODE SER REDUZIDA POR POLÍTICAS SOCIAIS.
À GUISA DE CONCLUSÕES: • PERIGO QUE CONSTITUEM AS GENERALIZAÇÕES DA ÚLTIMA ETAPA DA VIDA, SEJA DE UMA PERSPECTIVA NEGATIVA OU ATIVA. • EMBORA SE RECONHEÇAM OS AVANÇOS OBTIDOS NAS CONDIÇÕES DE VIDA DOS IDOSOS BRASILEIROS, SALIENTA-SE QUE A IDADE AVANÇADA TRAZ PERDAS FÍSICAS, COGNITIVAS, MENTAIS E DE CAPACIDADE DE TRABALHAR. • HÁ QUE SE RECONHECER A HETEROGENEIDADE DA POPULAÇÃO IDOSA.
À GUISA DE CONCLUSÕES: • “O VELHO BRASILEIRO NÃO EXISTE. EXISTEM VÁRIAS REALIDADES DE VELHICE REFERENCIADAS A DIFERENTES CONDIÇÕES DE QUALIDADE DE VIDA INDIVIDUAL E SOCIAL” (Néri, 1993). • SUAS POTENCIALIDADES E NECESSIDADES NÃO DEVEM SER VISTAS EM SEPARADO E NEM EM CONFLITO COM OUTROS GRUPOS DE IDADE.
E O FUTURO? POPULAÇÃO IDOSA CONTINUARÁ A CRESCER COMO VIVERÃO OS LONGEVOS?
RENDA PODE VIR A SER UMA RESTRIÇÃO BEM COMO A OFERTA DE CUIDADOS DE LONGA DURAÇÃO. ALGUMAS PREOCUPAÇÕES: QUAL SERÁ O LIMITE DA ESPERANÇA DE VIDA? ATÉ ONDE IRÁ O AVANÇO DA TECNOLOGIA MÉDICA? QUEM VAI PAGAR A CONTA DA PREVIDÊNCIA? QUEM VAI CUIDAR? QUAIS SERÃO OS NOVOS COSTUMES? ALGUNS DESAFIOS
OBRIGADA!!! ana.camarano@ipea.gov.br