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Josué de Castro 1908. Filho de retirantes da seca nordestina Exilado durante a ditadura militar, morreu na França, em 1975 Todos os seus trabalhos tinham como tema o fenômeno da fome
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Josué de Castro 1908
Filho de retirantes da seca nordestina • Exilado durante a ditadura militar, morreu na França, em 1975 • Todos os seus trabalhos tinham como tema o fenômeno da fome • Alguns exemplos: “O Problema Fisiológico da Alimentação no Brasil” de 1932, “O Problema da Alimentação no Brasil” de 1933, “Condições de Vida das Classes Operárias do Recife” e “Alimentação e Raça” ambos de 1935
Geografia da fome (1947) • Com formação médica, ele partia sempre de desafios biológicos para chegar aos problemas sociais. • “Nosso conceito de fome: as fomes individuais e coletivas. As fomes totais e parciais. As fomes específicas e as fomes ocultas.” • Trata especificamente da fome coletiva seja ela endêmica (permanente) ou epidêmica (transitória), seja ela total (inanição) ou parcial ou oculta.
Vê a fome como fenômeno político e social. • “é a expressão biológica dos males sociológicos". • Confere atenção especial para a fome parcial ou oculta por esta, segundo ele, ser mais freqüente e atingir uma maior parte da população. • Análise do subdesenvolvimento e da desigualdade regional (“Nordeste não está condenado à fome”) • Subdesenvolvimento = desigualdade entre classes e regiões. • indica insistentemente para o fato de que todas as regiões que passaram pelo processo de colonização (europeu principalmente) sofreram e ainda sofrem com o flagelo da fome.
“Nenhum fator é mais negativo para a situação de abastecimento alimentar do país do que a sua estrutura agrária feudal, com um regime inadequado de propriedade, com relações de trabalho socialmente superadas e com a não utilização da riqueza potencial dos solos.” • “O tipo de reforma que julgamos imperativo da hora presente não é um simples expediente de desapropriação e redistribuição da terra para atender às aspirações dos sem-terra. Processo simplista que não traz solução real aos problemas da economia agrária. Concebemos a reforma agrária como um processo de revisão das relações jurídicas e econômicas, entre os que detêm a propriedade agrícola e os que trabalham nas atividades rurais.”
“Precisamos enfrentar o tabu da reforma agrária - assunto proibido, escabroso, perigoso - com a mesma coragem com que enfrentamos o tabu da fome. Falaremos abertamente do assunto, esvaziando desta forma o seu conteúdo tabu, mostrando através de uma larga campanha esclarecedora que a reforma agrária não é nenhum bicho-papão ou dragão maléfico que vá engolir toda a riqueza dos proprietários de terra, como pensam os mal-avisados, mas que, ao contrário, será extremamente benéfica para todos os que participam socialmente da exploração agrícola...”
Impedimentos à superação da fome no Brasil: • Dualidade brasileira entre os setores industrial e agrário • Estrutura agrária feudal • Produção agrícola pouco eficiente • Inflação e baixa capacidade de compra das classes baixas • Ausência de um programa de educação alimentar
Diz que a fome leva à apatia: Jeca • Hoje cerca de 39 mil toneladas de comida são desperdiçadas diariamente no país. Estima-se que seriam suficientes para alimentar 19 milhões de pessoas. • Problema da obesidade: má alimentação (comer sem alimentar-se) >> outra face do mesmo processo.
Josué de Castro afirma que o fenômeno da “superpopulação” não causa fome, mas sim que a fome é a causa do fenômeno da “superpopulação”. • Com um alto índice de mortalidade infantil e a necessidade de braços para trabalhar para o sustento da família o número de filhos por casal também aumentaria significativamente. • afirma que a melhor maneira de se controlar o crescimento da população é promovendo uma melhoria significativa do padrão alimentar das pessoas.
"Denunciei a fome como flagelo fabricado pelos homens, contra outros homens”. • “Metade da população brasileira não dorme porque tem fome; a outra metade não dorme porque tem medo de quem está com fome”. • “Só há um tipo verdadeiro de desenvolvimento: o desenvolvimento do homem”.
"Os neomalthusianos, ao afirmarem que o mundo vive faminto e está condenado a perecer numa epidemia total de fome porque os homens não controlam de maneira adequada os nascimentos de novos seres humanos, não fazem mais do que atribuir a culpa da fome aos próprios famintos". • Ao contrário do que prega a doutrina malthusiana, Josué constata que a explosão demográfica é um efeito da fome, e por esta razão uma característica de países subdesenvolvidos. Observa que há uma correlação entre uma alimentação pobre em proteínas e o aumento da taxa de natalidade. Trata-se de uma expressão biológica de uma calamidade social.
PROGRAMA 10 PONTOS DE COMBATE À FOME • 1- Combate ao latifúndio.2 -Combate à monocultura em largas extensões sem as correspondentes zonas de abastecimento dos grupos humanos nela empregados.3- Aproveitamento racional de todas as terras cultiváveis circunvizinhas dos grandes centros urbanos para agricultura de sustentação, principalmente de substâncias perecíveis como frutas, legumes e verduras que não resistem a longos transportes, sem os recursos técnicos da refrigeração.4- Intensificação do cultivo de alimentos sob forma de policultura nas pequenas propriedades.5-Mecanização intensiva da lavoura, da qual dependem os destinos produtivos de toda nossa economia agrícola.6- Financiamento bancário adequado e suficiente da agricultura assim como garantia da produção pela fixação de bom preço mínimo.7- Progressiva diminuição até a absoluta isenção de impostos da terra destinada inteiramente ao cultivo de produtos de sustentação.8- Amparo e fomento ao cooperativismo, que poderá servir de alavanca impulsionadora à nossa incipiente agricultura de produtos alimentares.9- Intensificação dos estudos técnicos de Bromatologia e Nutrologia no sentido de que se obtenha um conhecimento mais amplo do valor real dos recursos alimentares.10- Planejamento de uma campanha de âmbito nacional para a formação de bons hábitos alimentares, o qual envolva não só o conhecimento dos princípios históricos de higiene como o amor à terra, os rudimentos de economia agrícola e doméstica, os fundamentos da luta técnica contra a erosão.