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4 Poder, política e Estado O Brasil foi colônia de Portugal por mais de 300 anos. Com a independência, estabeleceu-se o Estado monárquico. Na República, o Estado brasileiro assumiu diferentes feições, sempre à sombra do poder militar. Só a partir da Constituição de 1988 o país passou a conviver com a perspectiva de um Estado democrático, mas também com uma política econômica neoliberal, sem ter efetivamente passado por um Estado de bem-estar social. Unidade
12 Poder, política e Estado no Brasil Capítulo O Estado até o fim do século XIX • Entre 1500 e 1822, todas as decisões políticas relacionadas ao Brasil eram tomadas pelo soberano português. Foi assim desde a criação das capitanias hereditárias até a instituição do Governo Geral. Em 1808, ao fugir de Napoleão Bonaparte, Dom João VI transplantou para cá a forma de Estado vigente em Portugal. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro O beija-mão real no Rio de Janeiro durante o período joanino (1808-1822), em representação de A.P.D.G., século XIX. Uma cerimônia da realeza absolutista transplantada para a colônia.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo Entre 1822 e 1889, havia no Brasil um Estado imperial constitucional, com os poderes Executivo (Conselho de Estado), Legislativo (Assembleia Geral, composta do Senado e da Câmara dos Deputados) e Judiciário (Supremo Tribunal de Justiça). No entanto, havia o poder Moderador, que ficava acima dos outros três e era exercido pelo imperador. Dom Pedro I tinha o poder absoluto com uma maquiagem liberal.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo Talvez o Brasil tenha sido o único país em que uma constituição liberal coexistiu com a escravidão. Trata-se de uma grande contradição, pois esse documento dispõe que todos os indivíduos são iguais perante a lei, ao passo que a escravidão é a negação desse princípio. Essa contradição permaneceu porque a escravidão era um dos elementos estruturais do Império. Ela foi abolida em 1888 e a monarquia caiu em seguida.
12 12 005aaaaasddsd Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo O Estado republicano O Estado nascido com a República caracterizou-se como liberal conservador. Desde o início, a presença dos militares foi marcante: na presidência da República ou nos bastidores, eles sempre influíram nas principais decisões políticas. Thinkstock/Getty Images Nesse período, diferentes tipos de poder se alternaram: o poder oligárquico (dos latifundiários), as ditaduras explícitas, os governos democráticos liberais com restrições, etc.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo A República no Brasil surgiu de um movimento da cúpula militar, sem a participação da população. Em 1891, foi promulgada uma constituição que instituiu a República Federativa do Brasil. As províncias (os atuais estados) tinham autonomia e constituição própria, que definia o Judiciário, as Forças Armadas, os códigos eleitorais e a cobrança de impostos. Mas a União podia intervir nas províncias em defesa da ordem e do pacto federativo.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo República Velha (de 1889 a 1930) Nesse período, o poder se caracterizava por duas práticas: a política dos governadores e o coronelismo. A política dos governadores expressava um acordo entre o governo federal e as oligarquias regionais, por meio da destinação de verbas da União para obras públicas estaduais. Em troca, o governo federal recebia apoio para a aprovação dos projetos de interesse do Executivo. Foi marcante a presença dos estados de Minas Gerais e São Paulo no Executivo federal.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo O coronelismo era uma forma de poder político, econômico e social, encarnado pelo proprietário rural, que controlava os meios de produção e os moradores da zona rural e das pequenas cidades do interior. A prática política e social dos coronéis mantinha uma articulação local-regional e regional-federal como nos tempos do Império. Biblioteca Municipal de São Paulo • Charge de Angelo Agostini feita nos primeiros anos da República Velha, ironizando as práticas eleitorais na época. Não havia mecanismos institucionais que pudessem coibir as fraudes, pois o voto era aberto e não existia uma justiça eleitoral independente.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo Período Vargas (1930 a 1945) Dois golpes de Estado delimitam esse período: um para colocar Getúlio Vargas no poder e outro para derrubá-lo. Acervo Iconographia A atuação parlamentar, quando existiu, esteve atrelada ao governo central. • Houve duas constituições: • a de 1934 (de fundamento liberal); • a de 1937 (de inspiração fascista e autoritária). Prenunciando a vitória nas eleições de 1950, a charge da revista Careta, edição de setembro do mesmo ano, mostra Vargas sorridente e tranquilo.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo Com Getúlio Vargas no poder, estabeleceu-se o populismo: relação em que o governo buscava o apoio dos trabalhadores e da burguesia industrial (setor que de fato representava). Isso criou uma divergência com o setor agrário dominante, já que o objetivo era industrializar o país, utilizando a modernização da estrutura estatal e a incorporação, de modo controlado e subordinado, das massas urbanas. 1930 Golpe e instalação do governo provisório 1934 Eleição de Vargas à presidência pelo Congresso
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo 1937 a 1945 Estado Novo 1945 Deposição de Vargas Na era Vargas, o Estado aparecia como o principal agente investidor na infraestrutura necessária à industrialização. A despeito de seu caráter autoritário e da repressão que desencadeou no Estado Novo, Getúlio Vargas deixou um legado de leis trabalhistas e a concepção de um país com um projeto nacional que continuou nos anos seguintes. Museu da República, Rio de Janeiro A Notícia
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo O Estado estruturou-se com a constituição de 1946, considerada politicamente liberal. Mas a intervenção estatal na economia era permitida, quando necessária à industrialização. O Estado liberal (1945 a 1964) O governo investiu em empresas siderúrgicas e nacionalizou a produção e o refino de petróleo. O objetivo era diminuir as importações que ainda abrangiam os bens de consumo duráveis, como os eletrodomésticos em geral.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo De 1956 a 1960, o governo de Juscelino Kubitschek promoveu grande desenvolvimento econômico e industrial graças à aliança entre investimentos do Estado e dos capitais nacional e estrangeiro. A indústria nacional de bens duráveis e a automobilística foram implantadas. Em 1961, Jânio Quadros foi eleito com a promessa de varrer a corrupção e a dívida pública. Mas sua renúncia desencadeou uma crise que culminou no golpe militar de 1964, derrubando João Goulart.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo República dos generais (1964 a 1985) Esse período divide-se politicamente em três momentos: de 1964 a 1968, de 1969 a 1973 e de 1974 a 1984. No primeiro momento, os militares editaram atos institucionais, suspendendo as eleições diretas para cargos executivos e os direitos políticos de centenas de pessoas. Criou-se o bipartidarismo, com a Aliança Renovadora Nacional (Arena), de apoio ao governo, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição consentida.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo Nos primeiros anos após o golpe de 1964, ocorreram manifestações públicas contra o regime militar. Logo passaram a ser reprimidas com violência. O Ato Institucional nº 5 (AI-5), editado em 13 de dezembro de 1968, praticamente anulou a constituição de 1967 e tornou clara a implantação da ditadura.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo No segundo momento, os chamados “anos de chumbo”, a intensa repressão aumentou a oposição ao regime, com a organização de movimentos guerrilheiros. Os militares reagiram com violência, praticando torturas, assassinatos e prisão de ativistas de esquerda e de pessoas que eles diziam conspirar contra a segurança nacional. Nesse período, iniciou-se o processo do “milagre econômico”, pois houve crescimento expressivo da produção nacional.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo A última fase do regime militar (1974-1984) foi marcada, no plano econômico, pelas crises internacionais decorrentes da elevação expressiva dos preços do petróleo. A oposição ao regime fortaleceu-se, tanto no plano eleitoral quanto no plano dos movimentos populares. O governo do general Ernesto Geisel (1974-1979) conteve militares que queriam a continuidade do regime, e iniciou uma transição lenta e gradual para a democracia representativa.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo Alguns fatos importantes dessa fase merecem ser lembrados: • extinção do AI-5 em 1978; • aprovação da lei da anistia, em 1979, com o retorno de exilados políticos; • restabelecimento do pluripartidarismo em 1979; • campanha por eleições diretas para presidente da República, em 1984, derrotada no Congresso.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo O retorno à democracia (1985 a nossos dias) O retorno à democracia iniciou-se com a eleição indireta do primeiro presidente civil a substituir os militares. O presidente eleito, Tancredo Neves, morreu antes de tomar posse. O vice, José Sarney, assumiu o poder. Em 1988, foi promulgada a Constituição Cidadã, fundamental para a democracia estável no país. Os governantes seguintes foram eleitos pelo voto popular; o Legislativo e o Judiciário desenvolveram suas atividades plenamente.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo A preocupação fundamental do Estado nesse período foi a redução da inflação. Vários planos econômicos foram criados para isso, mas somente o Plano Real alcançou os objetivos propostos. O Estado neoliberal, que se implantou a partir do governo Fernando Collor-Itamar Franco, criou um “Estado do mal-estar social” com as políticas que desenvolveu.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que sucedeu ao de Fernando Henrique Cardoso, foi necessário ampliar políticas de compensação à concentração da renda e às desigualdades sociais, que continuavam muito grandes. Essas políticas estão, lentamente, provocando uma pequena diminuição da desigualdade social no Brasil.
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo Exercícios 1. Observe a cronologia da charge abaixo e pesquise as razões da rápida ascensão e queda de Fernando Collor no cenário político brasileiro. Depois, responda: • Quem era Collor antes de 1989? • Que imagem dele osmeios de comunicaçãoprojetaram em todo o território nacional? Claudius, 1992
12 12 Poder, política e Estado no Brasil Poder, política e Estado no Brasil Capítulo Capítulo 2. De acordo com essa charge de Angeli, produzida em 1994, que grupos apoiavam Fernando Henrique Cardoso? E Lula? Quais eram os principais interesses de cada um deles? Angeli, 1994