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História dos Portugueses no Mundo (2012/2013) Aula n.º 3 «Descobrimento» e Colonização das ilhas Atlânticas II Os arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. A colonização do arquipélago de Cabo Ve rde O descobrimento de Cabo Verde ocorreu no século XV, mais precisamente em 1460 .
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História dos Portugueses no Mundo (2012/2013) Aula n.º 3 «Descobrimento» e Colonização das ilhas Atlânticas II Os arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe
A colonização do arquipélago de Cabo Verde O descobrimento de Cabo Verde ocorreu no século XV, mais precisamente em 1460. A colonização portuguesa iniciou-se logo após a sua descoberta, sendo as primeiras ilhas a serem povoadas as de Santiago e do Fogo.
De modo a incentivar a colonização o Rei de Portugal concedeu uma Carta de Privilégio aos moradores de Santiago que lhes dava o exclusivo do comércio de escravos na Costa da Guiné.
Na Ribeira Grande, principal lugar na ilha de Santiago, que se tornaria na capital do arquipélago de Cabo Verde (hoje, a capital é a cidade da Praia), estabeleceu-se a primeira feitoria. Este local serviu como ponto de escala para os navios portugueses (nomeadamente, aos que faziam a rota do Cabo = rota para a Índia), e para o tráfego e comércio de escravos. Para lá destas actividades, em Cabo Verde também se exploravam as plantas tintureiras, o sal, que se exportava, criava-se gado, que lhe rendia couros, sebo e carne. Ribeira Grande, 1587
A posição geográfica do arquipélago tornou-o estratégico nas rotas comerciais que ligavam Portugal , o Brasil e o resto da África, nomeadamente, no que diz respeito ao comércio de escravos. As características tropicais do clima de Cabo Verde não favoreceu o estabelecimento de um grande número de Europeus no arquipélago. A importação de mão-de-obra escrava, a partir do continente africano, e o profundo isolamento dos europeus que conseguiam sobreviver às doenças tropicais criaram uma «sociedade nova», uma sociedade mestiça, uma sociedade que não era nem europeia, nem africana, mas que resultava da simbiose das duas.
A colonização do arquipélago de São Tomé e Príncipe Não existe consenso entre os historiadores quanto à data do descobrimento das duas ilhas do arquipélago de São Tomé e Príncipe. Porém, é certo que a colonização das ilhas teve início em 1475.
O povoamento das ilhas teve um grande incentivo, em 1493, com a instalação de um número significativo de povoadores, nomeadamente, os “moços judeus”,crianças e jovens que tinham sido tirados à força das famílias que procuraram acolhimento em Portugal, após terem sido expulsas de Castela. Desenvolve-se, a partir de então, o cultivo de cana-de-açúcar e, na segunda década do século XVI, mais de 60 engenhos produziam cerca de 150 000 arrobas de produção anual total. Por outro lado, São Tomé foi, desde cedo, uma plataforma na distribuição de escravos com destino a Lisboa, a S. Jorge da Mina e, depois de 1520, à América espanhola. O número de europeus residentes em São Tomé atingiu o seu máximo em meados do século XVI, época em que também se deu o apogeu da produção de açúcar, mas tem, depois, tendência a declinar. A mortalidade era muito elevada, devido às doenças tropicais (particularmente a malária) e esse facto travava também a afluência de novos povoadores, que passaram a ser maioritariamente degredados. Simultaneamente, foi-se formando uma elite mestiça que dominou a vida económica, política e religiosa de São Tomé nos séculos XVII e XVIII.
Conclusões: • Tanto o arquipélago de Cabo Verde como o arquipélago de São Tomé e Príncipe tiveram como principal actividade o comércio de escravos. • As ilhas de São Tomé e Príncipe, devido aos solos férteis e abundância de água, desenvolveram uma importante produção de açúcar mas, à semelhança do que aconteceu na Madeira, esta produção declinou quando o açúcar brasileiro inundou os mercados. • Ao contrário dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, os arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe não foram colonizados maioritariamente por europeus, mas por africanos trazidos do continente. • As dificuldades do clima tropical e as doenças tropicais, como a malária, causaram grande mortalidade entre os europeus. Os europeus que sobreviviam casavam localmente com mulheres negras e mestiças. Ao contrário de outros espaços de colonização europeia, em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe desenvolveu-se uma elite local mestiça.