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A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA SOB A ÓTICA DE ADOLESCENTES VITIMIZADOS. Jéssica Totti Leite¹, Maria das Graças Carvalho Ferriani 2 , Marta Angélica Iossi Silva 2 Maria Aparecida Beserra 3 Diene Monique Carlos 3 .
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A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA SOB A ÓTICA DE ADOLESCENTES VITIMIZADOS Jéssica Totti Leite¹, Maria das Graças Carvalho Ferriani2, Marta Angélica Iossi Silva2 Maria Aparecida Beserra3 Diene Monique Carlos3 . 1- MESTRANDA DA EERP /USP; 2- PROFESSORES DA EERP/USP; 3- DOUTORANDAS DA EERP/USP UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO - BRASIL INTRODUÇÃO A violência doméstica intrafamiliar contra criança e adolescente é um fenômeno que atinge toda a sociedade independente de credo, nacionalidade, raça ou classe social. Esse tipo de violência tem sido objeto de estudos, pesquisas e reflexões no âmbito das áreas da saúde e educação, pelo fato de serem os profissionais dessas áreas os primeiros a terem contatos com as vítimas de violência doméstica intrafamiliar, seja de Natureza sexual, física, psicológica ou de negligência (RIBEIRO; ROSSO & .MARTINS, 2004). Violência intrafamiliar é toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família MS(2001). Pode ser cometida dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem laços de consanguinidade, e em relação de poder à outra. O conceito de violência intrafamiliar não se refere apenas ao espaço físico onde a violência ocorre, mas também, as relações em que se constrói e efetua. A violência doméstica distingue-se da violência intrafamiliar por incluir outros membros do grupo, sem função parental, que convivam no espaço doméstico. Incluem-se aí empregados (as), pessoas que convivem esporadicamente, agregados (BRASIL, 2001). Para um grande número de adolescentes, a carência do amor e da “nutrição afetiva” cria condições propícias para o surgimento do ódio e da revolta que resultam em condutas violentas e em delinquência. Colocar de castigo, conversar e não bater, porque se batesse resolvesse eu seria a menina perfeita. (E2). Aconselhar, não bater de cinta nem de pau, não deixar marcas senão vai perder a guarda do filho e ficar no abrigo que nem eu estou agora. (E3). conversar bastante, educar,mas não foi o que minha família fez comigo, eles me trataram como se eu fosse um nada... (E2) II. Reprodução da violência. Em contrapartida, alguns adolescentes citam a violência como opção de educação: Eu não apanhei quieta não...Foi na minha mãe...ela começou a me dar tapa na cara, chute na barriga e eu comecei a chorar. (E1) Bater neles devagarzinho e colocar eles de castigo. (E4) Conversar, e se não der certo levar a um psicóloga e se não tratar...apanhar um pouquinho. (E6) Quando abordamos quais os aspectos que mudariam em suas vidas, ficou evidenciado a busca de mudanças em si próprio , na família, na sociedade e possuir bens materiais: ...mudaria meu jeito de ser, porque eu quero ser o que eu não sou (E2) Morar com uma família que tinha um monte de coisas, usar óculos, aparelho... Morar com outra família em uma casa de princesa... ( T. A. 12 anos) OBJETIVO Conhecer e descrever as percepções de violência doméstica pelos adolescentes vitimizados abrigados no Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vitimizados – CACAV, do município de Ribeirão Preto-SP. MÉTODO Pesquisa descritiva e exploratória na qual se utilizou como instrumento de coleta de dados a observação participante e a entrevista semi-estruturada apresentando o seguinte questionamento o que você entende como violência doméstica. O campo de estudo foi o Centro de Assistência a Criança e ao Adolescente Vitimizado - CACAV. Os sujeitos do estudo foram seis Adolescentes de 10 a 17 anos, institucionalizados no CACAV, sendo 3 do sexo masculino e 3 do sexo feminino. A análise dos dados foi elaborada a partir do método de análise de conteúdo, proposto por Bardin. CONCLUSÃO A partir do conhecimento da dinâmica familiar e da forma como a violência é vivenciada pelas suas vítimas e agressores é que podemos pensar em uma estratégia de intervenção capaz de romper o ciclo das relações familiares violentas.Quando abordamos quais os aspectos que mudariam em suas vidas , ficou evidenciado a busca de mudanças em si próprio, na família e na vida social. Embasadas nas falas e desejos, percebemos que muitos adolescentes tem a noção do aspecto negativo da violência na sua vida.Observa-se que a violência doméstica pode ocasionar trauma e ressentimento muito grande na vida dos adolescentes, implicando à reprodução do ciclo da violência intrafamiliar. A violência é atitude aprendida nos processos sociais entre pessoas, instituições e sociedades, podendo ser desaprendida, sendo possível utilizar maneiras não agressivas de lidar com a raiva e resolver conflitos por meios pacíficos. Os resultados nos aponta para a necessidade de intervenções de quem lida com a criança e o adolescente em trabalhar a família numa cultura de paz, garantindo que os direitos dessa população sejam preservados. . RESULTADOS Após o processo de organização do material coletado nas entrevistas, e embasados na abordagem teórico-metodológica, nos resultados emergiram dois núcleos temáticos: I. Violência na família e II. Reprodução da violência. : I. Violência na família A família é a primeira experiência de exercício da cidadania que todo indivíduo vivência, sendo essa experiência fortemente marcante e, muitas vezes, determinante da trajetória de vida. Observou-se nos discursos que para os adolescentes, família é uma rede de proteção, carinho, e que na maioria das vezes esses jovens encontram em suas famílias, humilhação, ameaças e agressão. È ficar junto... Amor , carinho, atenção, não bater nas crianças. (E3) Coisa boa desde que você seja tratada bem... (E2) REFERÊNCIAS RIBEIRO, M.M; ROSSO, A.J; MARTINS, R.B. Violência doméstica: a realidade velada. R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 85, n. 209/210/211, p. 114-125, jan./dez. 2004. http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/93/95 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço / Secretaria de Políticas de Saúde. –Brasília: Ministério da Saúde, 2001 BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luis Antonio Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 1977.