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O Sacramento do Matrimônio. A segunda união. Visão bíblica em geral:. Na Bíblia o matrimônio aparece do Gênesis ao Apocalipse. A leitura dos textos da criação no Gênesis relembra que antes de ser uma instituição sacramental ela é natural, e antes de ser natural é criacional.
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O Sacramento do Matrimônio A segunda união
Visão bíblica em geral: • Na Bíblia o matrimônio aparece do Gênesis ao Apocalipse. • A leitura dos textos da criação no Gênesis relembra que antes de ser uma instituição sacramental ela é natural, e antes de ser natural é criacional.
No Antigo Testamento temos que: • Leitura Gn 1,26-28; 2,7.18.21-25. • Os dois textos, de tradição sacerdotal e javista, prescindindo de seu caráter estritamente histórico, devem ser interpretados como uma reelaboraçãodidático-teologica que quer expressar verdades muito concretas e profundas. • Deus cria o homem e a mulher a sua imagem e semelhança (Gn 1,27), com igual dignidade, diferentes na sexualidade; a criação da costela reflete o patriarcado semita, mas não diferença de dignidade.
No Antigo Testamento temos que: • Deus cria homem e mulher como seres relacionais (Gn 1,27; 2,24), com natureza esponsal, criados um para o outro a fim de criarem uma natureza superior que o texto bíblico chama de “uma só carne”.
No Antigo Testamento temos que: • Propriedades essenciais do matrimônio: • Unidade: o fato de Deus criar homem e mulher, expressos nos textos bíblicos no singular, podem tanto indicar o monogenismo pessoal e familiar. A segunda provavelmente é o que o autor quer sublinhar. Os dois formaram uma carne (Gn 2,24), ou seja, uma unidade superior (carne igual a parentesco, a pessoa inteira). Isso vai virar mandamento.
No Antigo Testamento temos que: • Indissolubilidade: do vínculo de unidade que já vimos, brota a indissolubilidade. Essa união superior que une homem e mulher e os fazem “uma só carne” não pode ser separada, uma vez que não são dois mais um só (Mt 19,6). Como homem e mulher deixam pai e mãe para serem esposo e esposa (uma só carne) → como uma só carne, toda a separação destrói existencialmente o ser esposo, o ser esposa. A exegese judaica, sobretudo com influencia gregas, sublinha a unidade e a indissolubilidade.
No Antigo Testamento temos que: • Finalidade procriadora: expressamente dita com a bênção de Gn 1, 27 a favor do crescimento e multiplicação.
O pecado: Ruptura da unidade e da indissolubilidade • Poligamia • Depois do pecado original vemos que a alegria do encontro entre homem e mulher é substituída pela desavença: viram que estavam nus; desavença; maternidade com dor; domínio pelas paixões. • De qualquer modo a poligamia não está alheia ao pecado. Ela já aparece na descendência de Caim:Gn 4,19 – Lamek (descendente de Caim); Gn 6,1-6 – Dilúvio; Gn 16,1-4 – Abraão; Gn 26,34-35 – Jacó
O pecado: Ruptura da unidade e da indissolubilidade • Após os tempos dos juízes a poligamia perde seus limites: Jz 8,32 – Gedeão; 2Sm 12,8 – Davi com as mulheres de Saul; 2Sm 3,2-5 – Davi e suas 6 mulheres em Hebron. • As culturas dos povos que rodeavam o ambiente bíblico a poligamia era ainda mais estendida – Amenófis 318 mulheres; os aréns.
O pecado: Ruptura da unidade e da indissolubilidade • Causas da Poligamia: • Razões políticas: pacto com reis vizinhos, casam-se com seus parentes; as invasões, aumento da influência, modo de dispor de mais braços para o trabalho, mais soldados para a guerra, mais voto nas assembléias. • A visão (interpretação) literalista do mandato à procriação (Gn 1,26): desconsideração do estado não desposado e da esterilidade, ter mais filhos era sinal de benção de Deus (Gn 16,1; 1Sm 2,5; Sl 113,9; 128,3). Lei do Levirato: (Gn 38,8; Dt 25,1-5).
O pecado: Ruptura da unidade e da indissolubilidade • Pecado: degradação sexual – alteração da doutrina bíblica – corrupção dos costumes. Queda da poligamia após o exílio da Babilônia, pois, houve volta á pureza teológica a pouco a pouco menor a poligamia. • Queda da poligamia: • Influência dos livros sapienciais: louvor ao primeiro amor, que tem o marido à sua única mulher (Ct 2,2-3; 6,8-10; 8,6-7; Pr 5,18-20; 11,16; 12,4; 18,22; 19,14; 31,10-31; Eclo 4,10; 7,19; 9,9; 26,1-4; Sb 8,2.9.16; Sl 128)
O pecado: Ruptura da unidade e da indissolubilidade • Consideração bíblica que Deus é fiel e o povo se apresenta como prostituta (Os 1-3; Jr 2,2; 3,13; Is 54,4-8; 62,4-5; Ez 16.23) o amor de Deus é HESED-EMET, amor entranhado/misericordioso/fiel. É o amor entre pessoas que estão vinculadas por laços íntimos, que não deve romper-se, este vínculo se refere ao matrimônio. Reflexo em Tobias e Suzana. Quase desaparecendo, restando na classe alta, mas não era proibida.
O pecado: Ruptura da unidade e da indissolubilidade • Permissão bíblica da poligamia: • Premissas: Dt 21,15 • Deus conduz o povo segundo este pode suportar: pedagogia. A permissão da poligamia não pode ser entendida como uma verdadeira lei, tal “lei” foi acrescentada como lei, mas não tendo Deus como origem
O pecado: Ruptura da unidade e da indissolubilidade • Divórcio: • Legislação do divórcio: • Se separam quem contraiu um verdadeiro matrimônio; • A carta de divórcio significa ruptura total com o cônjuge; • Só o esposo poderia dar tal carta; • O motivo deveria ser grave; • Tinha o sentido de limitar e regular os abusos; • Era visto pelos judeus como um privilégio.
O pecado: Ruptura da unidade e da indissolubilidade • Razões: • Era uma prática dos judeus; • Unificar a forma jurídica, pois, haviam diferentes práticas. • Valor bíblico: • Progresso da revelação; • Pedagogia divina.
No Novo Testamento: • Cristo interpreta Dt 24,1-4 em Mt 19,1-12; Mc 10,2-12; Lc 16,18. • a. Questionamento dos Fariseus: Base da pergunta: se o Dt deve ser interpretado rigorosamente (Escola de Shamai) ou de modo laxista (Escola de Hilel) • b. Jesus não assume nenhuma das duas posturas mas cita Gn 1,24 reafirmando a indissolubilidade do matrimônio. Jesus explica a razão de Dt 24,1-4 (dureza do coração) e reafirma Gênesis (portanto, serão uma só carne).
No Novo Testamento: • c. Cristo mostra a igualdade do homem e da mulher: o pecado se dá quando um ou outro se repudiam. • d. A unidade dos dois é criada por Deus: o que Deus uniu o homem não separa. • e. A doutrina é reafirmada em 1 Co 7,11; Rm 7,2-3.
No Novo Testamento: • A clausula de São Mateus – “me epi pornéia” (Mt 19,9). Mt 5,31-32 –“parektós logou pornéias” = o termo “pornéia” poderia ser traduzido por adultério. • Dificuldades: silêncio de Marcos e Lucas e também de Paulo; divergências com o sentido do texto todo; o problema é a inclusão de Mt ou o silêncio dos demais textos?!
No Novo Testamento: • Tentativa de solução: • 1ª- Parektós: a tradução seria exceto ou incluso. • 2ª- Que o termo pornéia não se tratasse de um verdadeiro divórcio, mas de uma separação sem a possibilidade de uma segunda união.
No Novo Testamento: • 3ª- Pornéia: Vários sentidos, todos relacionados com excessos sexuais. A resposta vai em dois sentidos: 1) relações extraconjugais ou concubinato. 2) relações incestuosas entre parentes próximos (aceito pelos judeus como verdadeiro). Sobre o primeiro, este era proibido pelas duas escolas na Lei. Sobre o segundo, reflete a palavra hebraica Zénuth= matrimônio ilegal – catequese de Mt onde Jesus reafirma Gn e ajuda os interlocutores a saírem da falsa idéia de Dt 24.
A teologia da Igreja: • O que é o matrimônio? É o sacramento mediante o qual os esposos se dão e se recebem mutuamente, constituindo uma aliança estável e indissolúvel. • A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão da vida toda, é ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, e foi elevada, entre os batizados, à dignidade de sacramento por Cristo Senhor. (Cat. 1601)
A teologia da Igreja: • Quais são as conseqüências do sacramento do matrimônio? São duas: • O Vínculo matrimonial é, pois, estabelecido pelo próprio Deus, de modo que o casamento realizado e consumado entre batizados jamais pode ser dissolvido. Este vínculo que resulta do ato humano livre dos esposos e da consumação do casamento é uma realidade irrevogável e dá origem a uma aliança garantida pela fidelidade de Deus. Não cabe ao poder da Igreja pronunciar-se contra esta disposição da sabedoria divina (Cat. 1640)
A teologia da Igreja: • "Em seu estado de vida e função, (os esposos cristãos) têm um dom especial dentro do povo de Deus." Esta graça própria do sacramento do Matrimônio se destina a aperfeiçoar o amor dos cônjuges, a fortificar sua unidade indissolúvel. Por esta graça "eles se ajudam mutuamente a santificar-se na vida conjugal, como também na aceitação e educação dos filhos. (Cat. 1641)
A teologia da Igreja: • Não podemos nos esquecer que o matrimônio entre o homem e a mulher tem como arquétipo a relação esponsal de Deus com o Seu povo (Os 1-3; Is 54; Is 62; Jr 2-3; Ez 16; Ez 23) e, sobretudo, a relação de Cristo com a Igreja (Ef 5, 21-33)
A segunda união ou segundas núpcias: • O que é? É uma relação estabelecida entre duas pessoas, sendo que pelo menos uma delas está vinculada a uma primeira união matrimonial válida. • O que diz a Igreja? O seu estado e condições de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja (Familiarisconsortio nº84d) e que eles são chamados a imitar (Cf. Ef 5, 21-33).
A segunda união ou segundas núpcias: • O que isto quer dizer? • Quem contraiu matrimônio canonicamente válido, está vinculado ao outro cônjuge até que a morte os separe, portanto, mesmo depois de uma separação física, eles permanecem unidos pelo sacramento. • Se estão casados, toda e qualquer outra relação com afeto marital, é um traição objetiva à primeira.
A segunda união ou segundas núpcias: • Qual é a postura de Igreja frente aos casais em segunda união? • A Igreja, com efeito, instituída para conduzir à salvação todos os homens e sobretudo os batizados, não pode abandonar aqueles que - unidos já pelo vínculo matrimonial sacramental - procuraram passar a novas núpcias. Por isso, esforçar-se-á infatigavelmente por oferecer-lhes os meios de salvação (Familiaris consortio nº84a)
A segunda união ou segundas núpcias: • Juntamente com o Sínodo exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida (Familiaris consortio nº84c) .
A segunda união ou segundas núpcias: • Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a freqüentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança (Familiarisconsortio nº84c) .
A segunda união ou segundas núpcias: • E quanto aos sacramentos? • A Igreja, contudo, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união. Não podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e condições de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio (Familiarisconsortio nº84d) .
A segunda união ou segundas núpcias: • A reconciliação pelo sacramento da penitência - que abriria o caminho ao sacramento eucarístico - pode ser concedida só àqueles que, arrependidos de ter violado o sinal da Aliança e da fidelidade a Cristo, estão sinceramente dispostos a uma forma de vida não mais em contradição com a indissolubilidade do matrimônio. Isto tem como conseqüência, concretamente, que quando o homem e a mulher, por motivos sérios - quais, por exemplo, a educação dos filhos - não se podem separar, «assumem a obrigação de viver em plena continência, isto é, de abster-se dos atos próprios dos cônjuges» (Familiarisconsortio nº84e) .
A segunda união ou segundas núpcias: • A impossibilidade objetiva de receber o sacramentos não está baseada no fato da separação física, sobretudo porque, muitas vezes, a pessoa não é responsável da separação, sendo até, vítima dela. • Se ela não é responsável do que aconteceu no passado, o é nas suas decisões presentes. Então, se decide, livre e conscientemente, por iniciar um segunda união, estando ligado a uma outra pessoa pelo sacramento do matrimônio, pode ser responsabilizada por tal atitude.
A segunda união ou segundas núpcias: • Duas observações importantes: • Igualmente o respeito devido quer ao sacramento do matrimônio quer aos próprios cônjuges e aos seus familiares, quer ainda à comunidade dos fiéis proíbe os pastores, por qualquer motivo ou pretexto mesmo pastoral, de fazer em favor dos divorciados que contraem uma nova união, cerimônias de qualquer gênero. Estas dariam a impressão de celebração de novas núpcias sacramentais válidas, e conseqüentemente induziriam em erro sobre a indissolubilidade do matrimônio contraído validamente (Familiarisconsortio nº84f).
A segunda união ou segundas núpcias: • Agindo de tal maneira, a Igreja professa a própria fidelidade a Cristo e à sua verdade; ao mesmo tempo comporta-se com espírito materno para com estes seus filhos (Familiaris consortio nº84g). • Não pode haver verdadeiro amor sem verdade!
A segunda união ou segundas núpcias: • Com firme confiança ela vê que, mesmo aqueles que se afastaram do mandamento do Senhor e vivem agora nesse estado, poderão obter de Deus a graça da conversão e da salvação, se perseverarem na oração, na penitência e na caridade (Familiarisconsortio nº84h).