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HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES A CULTURA DA ÁGORA GRÉCIA ANTIGA. O funcionamento do regime democrático Nos primeiros tempos, Atenas era uma monarquia apoiada numa aristocracia composta de grandes proprietários da terra.
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HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES A CULTURA DA ÁGORA GRÉCIA ANTIGA
O funcionamento do regime democrático Nos primeiros tempos, Atenas era uma monarquia apoiada numa aristocracia composta de grandes proprietários da terra. A partir do século V a.C., um grupo de famílias nobres apoderou-se do governo passando a desprezar os interesses da classe média e dos pequenos proprietários. Estes revoltaram-se exigindo reformas sociopolíticas (estas reformas foram efectuadas pelos magistrados legisladores Drácon e Sólon, que tentaram desse modo, pôr termo às revoltas populares e da classe média que reclamavam mais direitos).
No entanto, a paz não foi alcançada e Pisístrato (governante ateniense que ocupou o poder em 560 a.C; durante o seu governo confiscou terras aos nobres e distribuiu-as pelos camponeses, diminuiu os privilégios da aristocracia e fomentou o comércio), impôs uma nova forma de governo – a tirania (regime político em que o poder é tomado pela força e é exercido por único individuo, com algum apoio popular). À morte de Pisístrato surgiram novos conflitos sociais, até que Clístenes conseguiu dominar o poder e completar as reformas anteriores lançando as bases da democracia ateniense. Dividiu a Ática em dez tribos, que elegiam os seus representantes para os órgãos de governo; decretou a igualdade de direitos políticos para todos os cidadãos e criou o ostracismo (este processo também visava impedir que os homens com ambições ditatoriais chegassem ao poder).
A democracia (de demos = povo + kratos = poder, regime político do povo, que elege os seus representantes por voto ou à sorte) ateniense pressupunha a participação de todos os cidadãos no governo da cidade. Para isso existiam:
No sistema de governo ateniense, os cidadãos tinham participação directa na vida da cidade e, à excepção da Eclésia, todos os órgãos eram compostos por cidadãos escolhidos ou sorteados anualmente por votos ou à sorte. A democracia ateniense era uma democracia directa em que os poderes do Estado estavam divididos.
Entre 443 e 429 a.C. distinguiu-se como chefe político Péricles, reeleito estratega 15 vezes seguidas, que consolidou o regime democrático, através: - da redução dos poderes do Areópago, tribunal formado por antigos arcontes, que passou a julgar apenas os crimes de homicídio, incêndios, envenenamentos e questões religiosas; - da criação de um subsídio em dinheiro pago pelo Estado, a fim de permitir a todos os cidadãos, mesmo aos pobres, o exercício de cargos públicos, reforçando assim a igualdade política.
Uma democracia directa A originalidade do sistema democrático ateniense consistiu na participação directa dos cidadãos no governo da polis (e não de um grupo de políticos que os representava). Cada cidadão tinha o direito de expressão e de voto. A democracia directa manifestava-se ainda: - no carácter rotativo dos cargos – ninguém podia ser membro da Bulé mais do que duas vezes na vida, por isso a quase totalidade dos cidadãos foi buleta; - na escolha por sorteio ou eleição para esses mesmos cargos;
A democracia ateniense representou, no século V a.C., uma inovação notável, dando a todos os cidadãos a mesma possibilidade de participação no poder, sem atender à fortuna, grau cultural ou situação social de cada um. No entanto, tinha limitações e contradições:
O pensamento grego, o primeiro pensamento filosófico, é o resultado de um longo e organizado processo de racionalização e humanização de conceitos religiosos implícitos nos mitos. • Devido ao bem-estar económico e à vivência do ócio, surgiram alguns pensadores que procuraram explicações coerentes e racionais para a origem do mundo material, para as relações do Homem como o Cosmos, dos homens entre si e destes com a Natureza. • A discussão sobre o elemento primordial de onde derivavam todas as coisas foi a preocupação dos sábios que começaram por estudar a Cosmologia e o mundo físico, criando assim a Filosofia (amor pela sabedoria) numa perspectiva cosmológica ou física.
A situação política, económica e social de Atenas no século V a.C. contribuiu para um novo impulso no pensamento e na filosofia: a par do mito, a política, a lei, a democracia, o Homem e o seu modelo de actuação em sociedade passaram a ser os assuntos de reflexão e especulação de muitos filósofos. • Pensamento lógico e racional, centrado no Homem e na procura da verdade,
Artes plásticas A principal característica das artes plásticas gregas está no facto de serem essencialmente públicas. Era o Estado que patrocinava as obras como fontes, praças, templos, etc. Mesmo quando encomendadas por particulares, eram frequentemente expostas em locais públicos. Nas artes plásticas, evidencia-se a combinação do naturalismo (detalhes dos corpos, como, por exemplo, o vigor dos músculos) com a severidade e a regularidade do estilo.
Arquitectura (do grego arché - αρχή = primeiro ou principal e tékton - τέχνη = construção) Os gregos edificaram os seus primeiros templos no século VII a.C., influenciados pelas plantas das casas micénicas que apresentavam uma sala central rodeada de colunas. Os primeiros templos eram pequenas construções na forma de cabanas, feitas de madeira, cascalho ou tijolos de barro, algumas vezes com telhado de folhas. Os templos com colunas de pedras são raros antes do século VI. A partir dai, os gregos concentraram as suas pesquisas estruturais num único sistema: o trilito (formado por dois pilares de apoio e por um elemento horizontal de fecho). Na arquitectura, as formas variavam pouco de região para região. Os templos eram construídos com linhas rectas rectangulares, sem arcos nem abóbadas. O projecto era simples: uma construção de forma estandardizada rectangular sobre uma base, com colunas no pórtico, na extremidade oposta ou em todos os seus lados e o entablamento de remate. O núcleo do templo era uma zona fechada, formada por uma ou mais salas, onde era colocada a estátua do deus. Sendo as cerimónias realizadas ao ar livre, os arquitectos gregos preocuparam-se mais com a sua imagem exterior do que com o espaço interior, reservado aos sacerdotes.
Os gregos não usavam o arco; suas construções, para produzirem efeito, dependiam dos fortes contrastes entre luz e sombra nas superfícies horizontais e verticais. Figuras esculpidas preenchiam o frontão de cada extremidade da construção e relevos apareciam nas vigas apoiadas pelas colunas. A escultura normalmente evocava a história de um deus ou herói do lugar. Frontões apresentando elaboradas cenas de acção foram encontrados nos templos de Egina (início do século V a.C.), Olímpia e no Partenon (meados do século V a.C.). Os templos da Acrópole de Atenas, construídos no século V a.C., representam o apogeu da arquitectura grega. O Parténon, reconstruído em 447 a.C., tornou-se no mais importante templo dórico da Grécia.
O Templo grego O templo grego é uma das tipologias arquitectónicas de maior relevo na Grécia Antiga. Tem origem no mégaron, um espaço existente nos anteriores palácios micénicos, e exerceu uma forte influência na posterior arquitectura da Roma Antiga e no seu respectivo templo romano.
Pronaos Antecâmara que antecede o naos e que se transformará, mais tarde, no nártex.
Naos Neste espaço, delimitado por 4 paredes sem janelas, é colocada a estátua da divindade e pode ser, por vezes, organizado em 3 alas divididas por colunas. Em templos de grandes dimensões o naos pode funcionar como um pátio interior, sem cobertura.
Aditon Espaço só acessível a sacerdotes para o culto ou colocação de oferendas. Esta área pode funcionar de diferentes maneiras; como uma subdivisão do naos, aberta para ele; como uma câmara isolada no centro do naos; ou como um nicho na parede posterior do naos.
Opistódomo Câmara oposta ao pronaos onde se encontra o tesouro e que também pode funcionar, por vezes, como aditon.
Parthenon (Temple of Athena Parthenos) designed by Iktinos and Kallikrates 447-438 B.C.E.
Tipos de Templos Segundo número de colunas na fachada: Tetrástilo: 4 colunas na fachada Pentastilo: 5 colunas na fachada Hexástilo: 6 colunas na fachada Octastilo ou octostilo: 8 colunas na fachada Decástilo: 10 colunas na fachada Dodecástilo:12 colunas na fachada
Tipos de Templos Segundo número de filas de colunas:
Monóptero 1 fila de colunas. Também designa os templos de planta circular rodeados por 1 fila de colunas e remate a cúpula. Um monóptero com naos designa-se tholos.
Díptero 2 filas de colunas
Pseudodíptero Similar ao díptero, mas em que as 2 filas de colunas não envolvem todo o templo (p. ex.. a fila de colunas interior está embebida nas paredes do naos).
Tipos de Templos Segundo a distribuição de colunas:
Períptero O templo é completamente rodeado de colunas.
Pseudoperíptero Quando uma fila ou mais de colunas está embebida nas paredes do naos.
Prostilo O templo só tem colunas na fachada.
Anfiprostilo O templo apresenta colunas nas fachadas principal e posterior.
Pintura Como em outras civilizações, a pintura na Grécia começou como ornamento da arquitectura. Não era raro encontrar painéis pintados decorando paredes. Contudo, foi na cerâmica que a pintura grega mais se destacou, tornando-se indissociáveis. São famosos os vasos de cerâmica harmoniosamente decorados, usados para o transporte e armazenamento de líquidos e mantimentos. A história da pintura pode ser dividida estilisticamente em: Protogeométrico – de aproximadamente 1050 a.C. Geométrico – de aproximadamente 900 a.C. Arcaico – de aproximadamente 750 a.C. Pinturas negras – do século VII a.C. Pinturas vermelhas – de aproximadamente 530 a.C.
Durante os períodos Protogeométrico e Geométrico a cerâmica grega foi decorada com projectos abstractos. Posteriormente deu-se uma evolução estética e os temas passaram a ser figuras humanas. Batalhas e cenas de caçada também eram populares. No período arcaico a pintura grega lembrava a egípcia, com todos os símbolos e detalhes usados de forma a simplificar o desenho: - os pés sempre de lado (são mais difíceis de serem desenhados vistos de frente) e os rostos de perfil com o olho virado para a frente (os olhos também eram complicados de se desenhar de perfil), além da firmeza e do equilíbrio comum a esta. As pinturas representavam o quotidiano das pessoas e cenas mitológicas, como deuses e semideuses.
Pinturas negras Figuras pintados de preto, permanecendo o fundo com a cor natural da argila. Após a pintura, o contorno e o interior do desenho eram riscados com uma ferramenta pontiaguda, de forma que a tinta preta fosse retirada. Exéquias foi o maior artista deste estilo. Pinturas vermelhas Em 530 a.C. ocorreu uma revolução na pintura de cerâmicas. Um discípulo de Exéquias resolveu inverter o esquema de cores, ficando o fundo preto com as figuras da cor vermelha do barro cozido.
Aquiles cura Pátroclo - Detalhe de vaso em técnica de cerâmica vermelha 500 a.C..
Os Teatros Outra das mais importantes invenções da arquitectura grega foi o teatro, geralmente construído na encosta duma colina, aproveitando as características favoráveis do terreno para ajustar as bancadas semicirculares. No centro do teatro ficava a orquestra e ao fundo a cena que funcionava como cenário fixo. Dos muitos teatros construídos pelos gregos destaca-se o famoso Teatro do Epidauro.
Escultura Foram poucas as esculturas gregas que sobreviveram ao tempo. As obras actualmente conhecidas são cópias realizadas durante o período romano. Estatuetas de bronze sólido, retratando homens e especialmente cavalos, constituem os exemplos mais remotos de escultura grega. As primeiras estátuas de pedra, quase do tamanho humano, datam de 650 a.C. No início deste «período arcaico», o escultor representava superficialmente as feições e músculos, evitando cortar a pedra com profundidade. As estátuas do período arcaico revelam evidentes filiações na arte mesopotâmica, na arte egípcia e na arte da Ásia Menor. Nesta fase houve dois tipos de estátuas que tiveram especial divulgação: o Kouros e a Koré, a figura masculina e a feminina, respectivamente, em pé, numa pose de grande rigidez e frontalidade. Naquela época as esculturas deveriam ter figuras masculinas nuas, erectas, em rigorosa posição frontal e com peso do corpo igualmente distribuído entre as duas pernas. Os escultores dos séculos VI e início do V estudaram as formas do corpo, elaborando gradualmente as suas proporções. Na Grécia os artistas não estavam submetidos a convenções rígidas, pois as estátuas não tinha uma função religiosa, como no Egipto.
Kore do Heraion de Samos, c. 570–560 a.C. Tem 1.92 m de altura e na base uma inscrição onde se pode ler: Cheramyes dedicou-me a Hera, como oferta. Museu do Louvre. Kore de Antenor, Atenas.
A escultura desenvolveu-se livremente, e as estátuas passaram a apresentar detalhes em todos os ângulos de vista, em vez de apenas no plano frontal. Nessa postura de procura de superação da rigidez das estátuas, o mármore mostrou-se um material inadequado: era pesado demais e quebrava-se sob seu próprio peso, quando determinadas partes no corpo não estavam apoiadas. A solução para esse problema foi trabalhar com um material mais resistente. Começaram então a fazer esculturas em bronze, pois esse metal permitia ao artista criar figuras que expressassem melhor o movimento. As estátuas eram pintadas durante todo o período grego. Muitas delas, enterradas nas ruínas depois que os persas saquearam a Acrópole de Atenas, em 480 a.C., foram encontradas com a coloração preservada. Às vitórias sobre os persas, no início do século V a.C., seguiu-se um estilo sombrio e grandioso, cuja expressão característica encontra-se nas esculturas de Olímpia. Foi uma época de crescente naturalismo, durante a qual o escultor, seguro de seu domínio das formas humanas, começou a representar todos os tipos de acção.
Ordem dórica A ordem dórica surge nas costas do Peloponeso, ao sul e apresenta-se no auge no século V a.C.. É principalmente empregada no exterior de templos dedicados a divindades masculinas e é a mais simples das três ordens gregas definindo um edifício em geral baixo e de carácter sólido. A coluna não tem base, tem entre quatro a oito módulos de altura, o fuste é raramente monolítico e apresenta vinte estrias ou sulcos verticais denominados de caneluras. O capitel é formado pelo équino, ou coxim, que se assemelha a uma almofada e por um elemento quadrangular, o ábaco. O friso é intercalado por módulos compostos de três estrias verticais, os tríglifos, com dois painéis consecutivos lisos ou decorados, as métopas. A cornija apresenta-se horizontal nas alas, quebrando-se em ângulo nas fachadas de acordo com o telhado de duas águas.
Ordem jónica A ordem jónica surge a leste, na Grécia oriental e seria, por volta de 450 a.C., adoptada também por Atenas. Desenvolvendo-se paralelamente ao dórico apresenta, no entanto, formas mais fluidas e uma leveza geral, sendo mais utilizado em templos dedicados a divindades femininas. A coluna possui uma base larga, tem geralmente nove módulos de altura, o fuste é mais elegante e apresenta vinte e quatro caneluras. O capitel acentua a analogia vegetal da coluna pela criação de um elemento novo entre o coxim e o ábaco de carácter fitomórfico. Este elemento dispõe de dois “rolos” consideravelmente projectados para os lados, as volutas. O friso passa a ter elemento único decorado em continuidade.
Ordem coríntia Também denominado como capitel coríntio, é característico do final do século V a.C. Utilizado inicialmente só no interior, é um estilo notoriamente mais decorativo e trabalhado. A coluna possui geralmente dez módulos de altura e o fuste é composto por vinte e quatro caneluras afiadas. O capitel apresenta uma profusão decorativa de rebentos e folhas de acanto.