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Poder, Cultura e Controle Organizacional. Profa . Carolina Maranhão. "A educação tem como objetivos formar mentes que possam ser críticas, que possam verificar, ao invés, de aceitar tudo que lhes é oferecido." Piaget. Poder nas organizações.
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Poder, Cultura e Controle Organizacional Profa. Carolina Maranhão
"A educação tem como objetivos formar mentes que possam ser críticas, que possam verificar, ao invés, de aceitar tudo que lhes é oferecido." Piaget
Poder nas organizações • Fenômeno político de imposição e de controle sobre as decisões e sobre a organização do trabalho.
Perspectivas Sobre Poder nas Organizações Marxista: como um fenômeno de alienaçãoeconômica Psicanalítico: como um fenômenopsicológico de alienação, de dependência, de projeção e introdução, daformação de sistemas de defesa, etc Política: de imposição e de controlesobre as decisões e sobre a organização do trabalho Ideológico: como um fenômeno de apropriação dos significados e dos valores.
VISÃO FUNCIONALISTA VISÃO CONSTRUTIVISTA A organização política Organização A organização máquina A organização cultura A organização enquanto fluxo e transformação
A visãofuncionalista • Poder como algo de “objetivo” • Poder como algo “que se tem” • A visãoconstrutivista • Poder como algo inerente à organização • Uma concepção ativa do sujeito no contexto do grupo – o ator organizacional (Crozier) • Poder está no relacionamento das pessoas (M. Foucault) • Poder como fonte de fluxo e transformação constante na organização
O que é poder organizacional? • Poder organizacional: a capacidade que uma pessoa ou grupo tem de contornar a resistência de outros para resolver o conflito e alcançar um objetivo ou resultado desejado. • Conflito e poder estão intimamente relacionados.
Fontes de poder organizacional • Autoridade: poder que é legitimado pelos alicerces legais e culturais em que uma organização é baseada. • Delegação: a descentralização deliberada de autoridade. • Controle sobre recursos: à medida que a organização controla mais e mais recursos em seu ambiente, o poder dentro de uma organização vem do controle dos recursos. • Controle sobre informação: O acesso a informações estratégicas e o controle do fluxo de informações são fontes de considerável poder.
Não substitutabilidade: se ninguém mais pode realizar a tarefa que uma pessoa ou unidade realiza, essa pessoa ou subunidade é não substituível. • Centralidade: as subunidades que são mais centrais aos fluxos de recursos têm a capacidade de reduzir a incerteza que as outras subunidades enfrentam. • Controle sobre incerteza: uma subunidade que pode realmente controlar as principais fontes de incerteza tem um poder significativo. • As mudanças nas contingências enfrentadas pela organização alteram as subunidades que esse poder têm.
Poder reservado: controlando as premissas da tomada de decisão. • Poder reservado: o poder fluindo da capacidade de controlar as premissas por trás da tomada de decisão. • O poder de uma coalizão se encontra em sua capacidade de controlar as hipóteses, metas, normas ou valores que os gerentes usam para julgar soluções alternativas para um problema.
Usando poder: políticas organizacionais • Política organizacional: atividades tomadas dentro das organizações para adquirir, desenvolver e usar o poder e outros recursos para obter os resultados visados por alguém em uma situação em que existe incerteza ou desacordo em relação às opções.
Tradição • Carisma • Autoridade racional e legal M. Weber (1947) Três tipos de poder: VisãoFuncionalista: fontes e tipos de poder institucional O tipo de poder que está por trás da formulação do modelo burocrático ainda hoje seguida pela maioria das grandes organizações
VisãoFuncionalista: as limitações (1) As regras de poder de natureza burocrática condicionam a criatividade e são fonte de desculpas permanentes para “não fazer” (2) A única forma para as regras de poder de natureza burocrática funcionarem eficazmente é terem a intervenção constante por parte das chefias, ficando os chefes com funções exclusivas de comando e controle (3) Existem sempre dentro da organização grupos ou unidades com alguns (legítimos) conflitos de interesses. A observância rigorosa das regras de poder de natureza burocrática vêm inevitavelmente agudizar tais conflitos (4) As regras de poder de natureza burocrática não têm qualquer capacidade para controlar o comportamento humano, imprevisível e emergente, no dia-a-dia da organização
ImagensdaOrganização • Metáforapolítica: arenas complexasondeosindivíduosbuscamseusinteressesparticularesporintermédio dos meiosoferecidospelasestruturas e regrasburocráticas • Os atoressociaisdevemorganizar a cooperação entre si
Organizaçãocomo Arena Política RacionalizadaLimitada Estruturalismo
O Modelo Político e Estratégico de ação Social • Açãoestratégicaemgrupo: a açãocoletiva e estrátegicanão é um fenômeno natural. Trata-se de um contruto social. • A organização é umaestruturaçãoestratégicadaaçãocoletivaque visa oferecersoluçõesespecificaspara a concretização de objetivos do grupo social • As regrasburocráticascorrespondemàssoluçõescriadasporatoressociaisrelativamenteautônomos, quebuscam regular e instituir a cooperação
Problemas da Ação Coletiva • Segundo o Estruturalismo, as organizações são soluções institucionalizadas e construídas por um grupo de pessoas com interesses em comum; • Tratam-se de soluções artificiais que gera, problemas de coordenação • A negociação é uma forma de se obter cooperação.
A Organização como uma Arena Política • A organização é um sistema de jogos estruturados: • As regras e estruturas organizacionais operam de modo indireto e não determinam o comportamento dos atores sociais, mas induzem os jogos de poder e comportamentos; • Ao lutar pelos seus interesses pessoais, os atores devem “jogar”, ou seja, agirem estrategicamente, conforme as regras estabelecidas pelo sistema.
As Incertezas e o Poder • O controle dos recursos organizacionais é distribuído de modo desigual; • Zonas de incertezas pertinentes: detém mais poder os atores que controlam estas zonas. • Influência nos rumos organizacionais e, consequente, maior obtenção de poder.
Negociação e Estrutura Burocrática • Efeitos primários: tensões primordiais do sistema burocrático • Diferenças entre os interesses pessoais e os objetivos formais das organizações • Efeitos secundários: estabelecimento das regras burocráticas • Coordenação dos indivíduos, a fim de atender as metas organizacionais GOULDNER
Cooperação e Poder nas Organizações Como pode haver cooperação entre indivíduos egoístas, em que cada um procura atingir os seus interesses pessoais, buscando nas organizações os meios para tanto? (Axelrod, 1978); O Jogo do Dilema do Prisioneiro (MerrilFlood e Melvin Desher, 1950) – estrutura das relações sociais por meio do estudo da interação entre dois indivíduos.
Dilema do prisioneiro • Se cooperam recompensa média (3) • Se não cooperam, os dois perdem pouco (-1) • Um coopera e o outro não. O que não coopera tem recompensa máxima (5) e o que coopera tem mínima (0)
A emergência da cooperação em ambientes inóspitos • Cooperação na guerra: estratégia de evitar fatalidades e poupar vidas • Jogo do prisioneiro: estratégia ganha-ganha. Quanto mais o jogo de cooperação dura mais ambos lados ganham, mesmo que as regras sejam aparentemente contrarias a tal ato.
Figura 14.1: Cooperação e competição entre stakeholders organizacionais
O que é conflito organizacional? • O choque que ocorre quando o comportamento alinhado a objetivos de um grupo bloqueia ou frustra as metas do outro. • Embora com frequência o conflito seja percebido de maneira negativa, pesquisas sugerem que algum conflito pode melhorar a eficácia organizacional. • Pode superar a inércia e promover aprendizagem e mudanças.
Além de certo ponto, o conflito se torna a causa do declínio de uma organização. • Conflito leva à incapacidade de chegar ao consenso e indecisão. • Muito tempo gasto negociando em vez de atuando rapidamente para resolver problemas. • Em geral, as organizações devem estar abertas ao conflito e reconhecer seu valor.
Figura 14.2: Relação entre conflito e eficácia organizacional
Modelo de conflito organizacional de Pondy • Conflito é um processo que consiste de cinco estágios sequenciais. • Estágio 1: Conflito latente: não existe conflito completo, mas há potencial para conflito devido a diversos fatores latentes. • Algumas fontes de conflito são: • Interdependência; • Objetivos e prioridades diferentes; • Fatores burocráticos; • Critérios de desempenho incompatíveis; • Competição por recursos escassos.
Estágio 2: Conflito percebido: subunidades percebem o conflito e começam a analisá-lo. • Conflito se agrava quando os grupos lutam para eliminar a causa do conflito. • Estágio 3: Conflito sentido: as subunidades respondem emocionalmente umas para as outras e as atitudes são polarizadas para o tipo “nós versus eles”. • A cooperação entre as unidades diminui; • O que começou como um pequeno problema se torna um imenso conflito.
Estágio 4: Conflito manifesto: as subunidades tentam sabotar as outras. • Briga e agressão aberta; • Agressão passiva – não fazer nada; • A eficácia da organização sofre. • Estágio 5: Consequência do conflito: o conflito é resolvido de alguma maneira. • Se as fontes de conflito não forem resolvidas, a disputa surgirá novamente; • Consequência do conflito.
Administração de conflito: estratégias de resolução • O conflito organizacional pode rapidamente crescer e contaminar a cultura de uma organização. • Administrar o conflito é uma prioridade importante. • A organização deve equilibrar suas necessidades de ter algum “bom conflito” e evitar que ele se torne um “mau conflito”. • O método para administrar conflitos depende da fonte do problema.
Administração de conflito: atuando no nível de estrutura • Como a interdependência de tarefas e as diferenças de objetivos produzem conflito, altere o nível de diferenciação e de integração para mudar as relações. • Aumente o número de funções integradas. • Transfira a solução do conflito para a alta administração. • Repense na hierarquia/cadeia de comando para assegurar que não haja perda de controle.
Administração de conflito: atuando no nível de indivíduos • Estabeleça um sistema processual que permita que as partes expressem suas reclamações. • Importante para conflito entre os gestores e os sindicatos. • Use um negociador externo. • Faça intercâmbio e rotatividade de pessoas. • CEOs também podem usar seu poder para resolver conflitos e motivar as unidades a cooperarem.
Cooperação e Poder nas Organizações • Criar um sistema em que a busca dos objetivos individuais dos atores sociais seja coordenada dentro de uma eficiência mínima que permita a concretização dos objetivos do grupo organizacional, ao menos em parte: • Evitar um sistema que prejudique a todos • Organizar a cooperação: objetivo da burocracia
Estratégias de Cooperação Ganhos constantes e médios: evitar conflitos e cooperar sempre que o outro jogador também cooperar; Responder a uma não-cooperação com o mesmo comportamento. Demonstrar que não se deixa enganar; Ao voltar a jogar com indivíduos que não cooperaram, tentar estabelecer uma política de cooperação; Ter uma estratégia estável e comunicá-la claramente.
Estratégias de Cooperação • Os jogadores organizacionais tendem a colaborar quanto mais duradoura for a relação entre eles; • Optar pela não-cooperação é mais lucrativo, principalmente se as interações entre os atores forem limitadas; • Críticas ao modelo de Axelrod: • Simplificação das relações humanas, subtraindo as variáveis afetivas, reações defensivas e outros comportamentos não-lógicos.
Estratégias de Cooperação • Processo complexo e orgânico, de interações políticas. Os modelos defendidos pela coalizão dominante e pelos indivíduos que detém os recursos essenciais para a organização têm mais chances concretas de serem implementados. • A mudança depende da negociação entre os atores sociais (desafio político). • Os valores dos indivíduos são parcialmente modificados, diante do impacto e da pressão por sobrevivência; • A cultura é o resultado das escolhas estratégicas dos atores sociais.
Organização, Política e Cultura • Definição pragmática de cultura: • Construção política; um instrumento que is atores sociais criaram e tornaram a recriar para regular suas interações de forma a obter um mínimo de cooperação necessária à concretização de objetivos do grupo organizacional.
Atitudes e Poder • Paradigma Parsoniano: o sistema de valores é determinante dos outros sistemas e funções sociais. • Atitude: reação ou balanço • Atitudes e Poder: inclinações para a ação em relação às possibilidades de ganhos futuros; • O futuro estrutura a ação presente dos indivíduos.
Atitudes e Poder • Jogadores Bons versus Jogadores Atrofiados/Apáticos • Os sistemas organizacionais não distribuem os recursos de forma democrática; • Os sistemas de aprendizagem organizacional não são distribuídos equilibradamente;
Jogos de Poder • São osefeitosinesperadosdaaçãoestratégicaemgrupo, suasdisfuncoes • Disfunçõesburocráticas • Fontes: indivíduos com interessesmúltiplos e divergentes, váriasracionalidades e "lógicas de ator" igualmenteválidas • Cadadecisão é racional, dentro do pressupostodaracionalidadelimitada.
Os jogos da não decisão Jogos de Poder • A tática da inclusão/exclusão de itens na agenda das reuniões • A tática da inclusão/exclusão de pessoas na tomada de decisão • A tática do “pegar” pelos detalhes • A tática do adiar (é sempre necessário aprofundar mais a questão) • A tática do “homem invisível” (o que nunca aparece) • A tática de não reagir ou incentivar a inércia (semelhante à tática do adiar) • A tática de manter o projeto complexo, difícil e vagamente definido
Jogos de poder negativo ou do poder da contra-implementação Jogos de Poder • A tática do “bode expiatório” (a culpa de não-fazer é sempre de alguém) • A tática da chantagem emocional (não faço porque o problema tem um grande peso emocional) • A tática da minimizar a legitimidade e influência dos lideres da mudança (o agente da mudança não conhece bem o problema ...) • A tática da explorar a ausência de conhecimento interno (não podemos mudar porque nos faltam as competências ...)
Jogos de Poder Algumas vantagens dos jogos micro-políticos • Podem corrigir deficiências e flexibilizar os sistemas administrativos • Podem assegurar a ascensão dos mais fortes a lugares de chefia através de um processo natural • Podem criar um debate em torno de certas questões “tabu”, fazendo realçar aspectos encobertos por procedimentos administrativos • Podem ser um elemento incentivador da mudança • Podem ser importante como facilitador da implementação de certas decisões
O conceito de Legitimação • Forças de união • Interesses de grupo • Forças de continuidade Cultura Como ultrapassar esta dualidade? • Forças de desagregação • Interesses individuais • Forças de mudança Através de um processo de legitimação da visão, do projecto ou do(s) líder(es) Poder
O conceito de Legitimação • Um conceito central, essencial para uma compreensão dos processos de continuidade e mudança e que liga as análises políticas e culturais, na organização • Legitimação é conseguida através de processos de gestão de significados, construção de símbolos e utilização de valores, desenhados para legitimar as ideias e acções do próprio e para “deslegitimar” as ideias e acções do oponente. • O processo da liderança é, portanto, um processo de construção de legitimação (Pettigrew, 1987)