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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EDUCAÇÃO CURSO DE LETRAS DISCIPLINA: LINGÜÍSTICA IV PROFESSORA: SOCORRO CARDOSO. O USO DO “ A GENTE ” COMO VARIANTE INOVADORA. BELÉM out./2008. Apresentação.
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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIACENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EDUCAÇÃOCURSO DE LETRASDISCIPLINA: LINGÜÍSTICA IVPROFESSORA: SOCORRO CARDOSO O USO DO “A GENTE ” COMO VARIANTE INOVADORA BELÉM out./2008
Apresentação Partindo-se do pressuposto de que a língua não é um sistema estático e que a heterogeneidade é constitutiva do discurso, buscamos, nesta pesquisa, analisar as variações lingüísticas presentes nas exposições orais de sujeitos de classe social alta e baixa, mulheres, na faixa etária de 18 a 25 anos e alfabetizadas.
Abordagem dos sujeitos • Desinteresse de alguns sujeitos da classe alta sobre o tema abordado. • Os demais sujeitos foram favoráveis ao tema, mas apresentaram pouco conhecimento sobre o assunto. • A presença do gravador inibiu alguns sujeitos.
Caracterização dos sujeitos (variável classe social) • Tímido (S6, S5) • Detalhista (S1, S2, S6, S8) • Espontâneo (S1, S3, S4, S7, S8) • Auto-suficiente (S1, S8) • Indeciso (S2, S3) • Desinteressado (S7)
Gráfico 1: Variação geral no corpus (Classe Alta e Baixa) SEM- 37% MS- 96% FF- 67%
Gráfico 2: % variação GERAL no corpus (Classe Alta) SEM- 14% FF- 25% MS- 61%
Gráfico 3: % variação GERAL no corpus (Classe Baixa) SEM- 23% FF- 42% MS- 35%
Gráfico 4:Fenômeno MS “a gente” no lugar de “nós” Classe Baixa 42% Classe Alta 58%
Os sujeitos da classe alta (58%) apresentaram o maior percentual de variante inovadora “a gente” comparando-os com os sujeitos de classe baixa (42%), de mesma faixa etária, de mesmo sexo e grau de escolaridade diferentes Resultado segundo à lingüísticasobre a variação
Segundo o lingüista Marcos Bagno... “ O uso de “nós” vai diminuindo quanto mais jovem é o falante. Isso porque, nós não falamos a língua exatamente do jeito como a aprendemos com nossos pais, mas sim como aprendemos, na fase da adolescência, com as pessoas da nossa faixa etária ou alguns anos mais velhas que nós.” BAGNO (2007, p.176)
Segundo à Gramática Tradicional Para BECHARA (2006, p.136), o substantivo “gente”, precedido a um grupo de pessoas em que se inclui a quem fala, ou a esta sozinha, passa a pronome e se emprega fora da linguagem “cerimoniosa”. Em ambos os casos o verbo fica na 3ª pessoa do singular: Ex: “ É verdade que a gente, às vezes, tem cá as suas binas”
Segundo à Gramática Tradicional Em CUNHA e CINTRA (2007, p.310), por exemplo, “a gente” é tido como fórmula de representação da 3ª pessoa do singular, uma vez que pode substituir tanto “nós” quanto “eu”. Ex: Houve um momento entre nós Em que a gente não falou. (F. Pessoa)
Aos “olhares”da Lingüística... Segundo BAGNO (2007, p.213), a forma “a gente” é o pronome-sujeito de 1ª pessoa do plural que de fato está se tornando o mais usado no português brasileiro de todas as camadas sociais e regionais.
Algumas considerações sobre a variante “ a gente” Quando uma variante inovadora já se tornou amplamente usada pelas camadas superiores (como os da nossa pesquisa), ela deixa de ser sentida como “erro” (a não ser, é claro, pelos gramatiqueiros), deixa de “doer no ouvido” ou de “causar arrepios”, muito embora contradiga as prescrições da gramática normativa.
O uso do “a gente” presente nas músicas “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte, A gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé A gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer ...” (Arnaldo Antunes)
REFERÊNCIAS BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália A Língua de Eulália : novela sociolingüística. São Paulo: Contexto, 2001. ______Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação lingüística. – São Paulo: Parábola: Editorial, 2007. ______ Português ou brasileiro?: um convite à pesquisa.- 4ª ed.- São Paulo: Parábola Editorial, 2004. BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolingüística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004 ______________. Nós cheguemu na escola e agora?: sociolingüística e educação. –São Paulo: Parábola Editorial, 2005. CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 2001. CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. MARCUSCHI, L.A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização.- 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolingüística. São Paulo: Ática, 1997.