270 likes | 494 Views
Minas Gerais Setecentistas. ouro, comércio e abastecimento. James William Goodwin Jr. I – Garimpo e Mineração.
E N D
Minas Gerais Setecentistas ouro, comércio e abastecimento James William Goodwin Jr.
I – Garimpo e Mineração “A mineração foi a principal atividade econômica durante o século XVIII. A atividade extrativa deu forma à ocupação do território, fez surgir um mercado consumidor para produtos agrícolas, manufaturas, artesanato e artigos de luxo. A mineração era a atividade nuclear, que impulsionou o comércio, a lavoura e outras atividades de produção.” MARTINS, p. 23
A descoberta e exploração das jazidas minerais exigiu da Coroa a reorganização do aparato colonizador. Além da formação da Capitania – das Minas do Ouro e de São Paulo em 1709, das Minas Geraesem 1720 – e do aparato adminis- trativo decorrente (governa- dor, bispo, tropas etc.), o ouro levou à criação de um mecanismo de divisão das lavras e seus lotes, as datas; um sistema de cobrança de Impostos; e um aparato fisca- lizador, e também repressivo.
“A pequena extração realizada por indivíduos isolados, empregando basicamente a bateia, o carumbêe umas poucas ferramentas, tinha ampla difusão e estava muitas vezes associada à mineração ilegal – a garimpagem. Da faiscação e da garimpagem participavam tanto homens livres como escravos, sendo que os cativos deviam a seus senhores uma quantia semanal combinada – geralmente uma oitava – , podendo fazer uso livre do excedente que conseguissem apurar.” MARTINS, p. 24 Garimpo atual na região de Diamantina, MG
“Já as lavras eram estabeleci- mentos fixos que dispunham de algum aparelhamento, reunindo vários trabalhadores sob uma direção única e trabalhando em conjunto. A lavra correspondeu à época de auge da mineração, quando havia recursos e produção abundante, que tornavam possível a exploração em larga escala e obras de vulto, como o desvio de rios. Não era incomum encontrar nas lavras número considerável de trabalhadores livres assalariados.” MARTINS, p. 25
Para controlar o fluxo da riqueza mineral, a circulação de ouro em pó foi proibida, a partir de 1720. Foram implantadas casas de fundição em locais estratégicos, onde o ouro era fundido em barras e lingotes, recebendo o selo oficial. A Coroa retinha 20% do total – um quinto, que deu nome ao tributo.
A exploração de diamantes exigiu um outro mecanismo, tanto pela impossibilidade de marcar as pedras, quanto pela facilidade de ocultá-las. A delimitação de uma área sob regime especial – a Demarcarção Diamantina –, o regime de Contrato, depois o sistema de monopólio: estratégias da Coroa para lutar contra o constante contrabando dos diamantes. RUGENDAS, Comboio de diamantes passa por Caeté, 1835
A constante preocupação da Coroa em coibir os desvios e contrabandos, debelar os levantes e rebeliões, e ainda garantir a boa administração da Capitania - bem como os limites dessas políticas - podem ser exemplificados na tentativa de controle dos caminhos e rotas em Minas Gerais. Os caminhos oficiais e suas Variações, os descaminhos e suas lendas, formam a base histórica do recente produto turístico denominado Estrada Real.
II – Agricultura, pecuária e abastecimento a) Agricultura: subsistência, redução do custo de vida, economia para outros investimentos necessários (escravos, equipamentos, etc.) - região de difícil acesso torna mais interessante a produção local; - relação agricultura/mineração: uma sustenta e permite a expansão da outra; - início do século XVIII: mercado de terras – doações, testamentos, legados; posse da terra, além de status, confere fortuna e poder. b) Pecuária: ocupação da região do Vale do S. Francisco ainda antes da região mineradora (BA); no Sul, expansão das áreas pastoris paulistas.
Expansão das terras agrícolas acompanha região mineradora, mas também vai além (ver MARTINS): a) bacia do Médio São Francisco: margem direita, Comarca do Serro Frio; Comarca do Rio das Velhas; margem esquerda, Comarca de Paracatu – gado bovino, eqüino, couro e peles, carne e peixes, sal, algodão; comércio com as minas e com a Bahia; b) Médio Paraopeba: Rio Pará, Alto S. Francisco, planaltos de Araxá e Patrocínio – gados, tb suíno, algodão; comércio com as minas, São Paulo e Rio de Janeiro; c) Comarca do Rio das Mortes: Sul de Minas, Caminho de São Paulo – milho, feijão e arroz, fumo, gados, tb caprino, laticínios: Caminho do Rio – idem, além de toucinho, açúcar e rapadura; Minas, Rio e SP; d) Minas: milho, feijão, arroz, mandioca, cana, algodão, açúcar, aguardente; gado bovino e suíno; e) Jequitinhonha: Comarca do Serro Frio – milho, mandioca, feijão, fumo, cana e algodão, cachaça, rapadura e açúcar, tecidos, gado e laticínios; Minas e Bahia; Ocupação da quase totalidade do território mineiro; 2/3 da população economicamente ativa envolvida com agropecuária e/ou comércio.
A E B D C Divisão regional da produção agropecuária de Minas Gerais Setecentista (cf. MARTINS, sobre mapa da Província de Minas Gerais de 1868)
Rotas de abastecimento Comércio: rotas de tropeiros interligavam as regiões agropastoris entre si, com os mercados urbanos, e com outras áreas da colonização portuguesa; rotas estabelecidas e frequentes; - Vale do São Francisco: gado, escravos do NE; - Rio de Janeiro: fazendas, gêneros alimentícios, escravos africanos, azeite, bacalhau, trigo, manufaturas, armas, pólvora, ferramentas, artigos de luxo; porto oficial de exportação de ouro e diamante; - São Paulo: muares e gêneros alimentícios, vindos até da fronteira Sul.
RUGENDAS, Habitantes das Minas, 1835 Tropeiros “autônomos” convivem com grandes mercadores, donos de “companhias” de tropas.
Núcleos urbanos: abastecimento • Núcleo urbano (freguesia, arraial, vila) • - mercado para compra de produtos • para abastecimento de acampamentos • e fazendas (gêneros alimentícios, • ferramentas, armas, etc.); • ponto de confluência das rotas de • tropeiros e das regiões agropastoris • circunvizinhas (cf. MENESES, 2000).
“O certo é que, no final do período setecentista, os mineiros já não tinham mais ‘sua melhor bodega nos matos e rios’, como os paulistas que ocuparam a região e os nativos dos primeiros anos do século. Há uma rede comercial que lhes oferta uma maior diversidade de produtos e há, sobretudo, uma produção local que responde à demanda da população. Se a fome era a companheira constante da aventura paulista dos primeiros anos de colonização, a subsistência foi garantida e aperfeiçoada com o processo de sedentarização no decorrer de todo o período da mineração.” MENESES, 2000, p. 112
Núcleos urbanos: comércio População crescente gera grande demanda por abastecimento, produtos e serviços; gêneros alimentícios, mas também alimentos (quituteiras, por exemplo); escravos, mas também jornaleiros; construções; etc.; - companhias de comércio com ligações e representantes em vários pontos da Capitania e até além (cf. FURTADO) - comércio intenso de obras de arte: confrarias religiosas (ver próximas aulas).
Vila Rica, 1715 73 vendas, 63 lojas e 2 farmácias; açougues, sapateiros, alfaiates, barbeiros e ofícios manuais; comércio: população livre ou escrava, branca ou negra DEBRET, Botica, 1827
Referências Bibliográficas • CHAVES, Cláudia Ma. Perfeitos negociantes: mercadores das Minas setecentistas. São Paulo, Annablume. 1999. (Selo Universidade) • FURTADO, Junia. Homens de negócio: a interiorização da metrópole e do comércio nas Minas setecentistas. São Paulo, Hucitec, 1999. • MARTINS, Marcos Lobato. Da Bateia à Enxada: Minas Gerais nos Séculos XVIII e XIX. Diamantina, FAFIDIA/FEVALE, 2000. • MENESES, José Newton Coelho. O Continente Rústico: abastecimento alimentar nas Minas Gerais Setecentistas. Diamantina, Maria Fumaça Editora, 2000. • MENESES, José Newton Coelho. O gosto e a necessidade – em torno da cozinha mineira do século XVIII. Caderno de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte, FAHL-UNICENTRO Newton Paiva, ano VI, n.º 10, abril 1998, p. 18-3