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O ATENEU RAUL POMPÉIA (1888). O ATENEU AUTOR: RAUL POMPÉIA ESCOLA LITERÁRIA: NATURALISMO ANO DE PUBLICAÇÃO: 1888 GÊNERO: ROMANCE MEMORIALlSTA TEMA: A CORRUPÇÃO NO INTERNATO DIVISÃO DA OBRA: 12 CAPÍTULOS LOCAL: RIO DE JANEIRO NARRAÇÃO: 1ª PESSOA - SÉRGIO (PERSONAGEM-NARRADOR).
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O ATENEU RAUL POMPÉIA (1888)
O ATENEU AUTOR: RAUL POMPÉIA ESCOLA LITERÁRIA: NATURALISMO ANO DE PUBLICAÇÃO: 1888 GÊNERO: ROMANCE MEMORIALlSTA TEMA: A CORRUPÇÃO NO INTERNATO DIVISÃO DA OBRA: 12 CAPÍTULOS LOCAL: RIO DE JANEIRO NARRAÇÃO: 1ª PESSOA - SÉRGIO (PERSONAGEM-NARRADOR)
O AUTOR Raul de Ávila Pompéia Quando? 12 de Abril de 1863 Onde? Jacuecanga , Angra dos Reis, RJ. Destino: Rio de Janeiro, aos 10 anos Estudos: - Colégio Interno Abílio, onde se destacou pelo gosto da leitura, redigiu e ilustrou o jornalzinho "O Archote". - Colégio Pedra 11, 2º grau em 1879. 1º livro: Uma tragédia no Amazonas - 1880 - Fac. de Direito do Largo de São Francisco Participa de movimentos abolicionistas e republicanos. - Recife, em 1885, termina o Curso de Direito.
O AUTOR 1888 - ano da abolição da escravatura - "O Ateneu“ Trabalho: - professor de Mitologia da Escola Nacional de Belas Artes, após a Proclamação da República. - diretor da Biblioteca Nacional em 1894, cargo do qual foi deposto um ano depois, acusado de desacato ao Presidente da República. Polêmico: - marcou um duelo de espadas com Olavo Bilac. - foi ofendido por Luís Murat, num artigo com insinuações que manchavam sua honra. Conseqüência: suicídio, em 1895, aos 32 anos de idade, no dia de Natal. Antes de morrer, porém, escreveu: "À Notícia (um jornal da época) e ao Brasil, declaro que sou um homem de honra."
OBRAS Romance - Uma tragédia no Amazonas (1880); - As jóias da Coroa (1882); - O Ateneu (1888). Conto - Microscópicos (1881) Poema - Canções sem Metro (1990)
A ESCOLA LITERÁRIA - NATURALISMO A sociedade brasileira passa por modificações: - a abolição da escravatura, - a proclamação da República, - a vinda dos imigrantes europeus para o Brasil, - a luta de classes, - a segunda fase da Revolução Industrial, - influências das teorias do Positivismo, de Taine, e do Evolucionismo, de Darvin. Essas mudanças refletiram na literatura, que mudou seu perfil romântico e passou a ser realista e naturalista. O novo estilo iniciou-se em 1881 com a publicação de duas obras: "O mulato", de Aluísio Azevedo, de tendência naturalista, e "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, de tendência realista.
CARACTERÍSTICAS Determinismo: personagem condicionado pelos fatores: raça-meio-momento. Cíentificismo: aplicação do método experimental à literatura. O Patológico: as doenças começam a fazer parte de seus personagens. Quanto à forma: Linguagem simples; Clareza, equilíbrio e harmonia na composição; Preocupação com detalhes; Descrição e narrativa lenta; Impessoalidade.
CARACTERÍSTICAS Quanto ao conteúdo: Determinismo; Objetivismo científico; Temas de patologia social (destaque às situações e personagens anormais, doentios e desequilibrados, mórbidos); Observação e análise da realidade; Zoomorfismo; “Despreocupação com a moral“; Literatura engajada.
PERSONAGENS CENTRAIS Sérgio: - narrador-protagonista da história; - no momento da narrativa, Sérgio é um adulto e escreve suas recordações desde o momento em que fora para o colégio interno aos 11 anos de idade; - enquanto conta a história, o garoto vai perdendo sua ingenuidade e torna-se um adulto cético, pessimista, irônico e amargo (pode-se dizer que é Raul Pompéia que fala de sua própria vida).
PERSONAGENS CENTRAIS Aristarco: - é o grande pesadelo da vida de Sérgio; - mesquinho, autoritário, corrupto e dinheirista. - é o diretor do Ateneu; - etimologicamente, seu nome significa (aristos = ótimo; arqué = governo) o governo dos bons ou ótimo governante. Ele acreditava nisso, afinal era de origem nobre,parente de um Visconde do Norte.
Aristarco descrito por Sérgio: “Osgestos, calmos, soberanos, eram de um rei - o autocrata excelso dos silabários; a pausa hierática do andar deixava sentir o esforço, a cada passo, que ele fazia para levar adiante, de empurrão, o progresso do ensino público; o olhar fulgurante, sob a crispação áspera dos supercílios de monstro japonês, penetrando de luz as almas circunstantes - era a educação da inteligência; o queixo, severamente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a lisura das consciências limpas - era a educação moral. Retorça-se sobre tudo isto um par de bigodes, volutas maciças de fios alvos, torneadas a capricho. Em suma, um personagem que, ao primeiro exame, produzia-nos a impressão de um enfermo, desta enfermidade atroz e estranha." (cap.l)
PERSONAGENS CENTRAIS Ema: - mulher de Aristarco; - tem dois filhos: Jorge, um garoto rebelde de 15 anos que se recusa a beijar a mão da princesa ("Era republicano o pirralho”, e uma moça chamada Amália, noiva de um dos estudantes do colégio, Rômulo; - etimologicamente, Ema é o anagrama de mãe, e ela exerce esse papel entre os meninos do internato; mas também habita os sonhos dos garotos, já que é uma das únicas mulheres que povoam seu universo.
Ema descrita por Sérgio: "Bela mulher em plena forma prosperidade dos trinta anos de Balzac, formas alongadas por graciosa magreza, erigindo, porém, o tronco sobre quadris amplos, fortes como a maternidade; olhos negros, pupilas retinas, de uma cor s6, que pareciam encher o talho folgado das pálpebras; de um moreno rosa que algumas formosuras possuem, e que seria também a cor do jambo, se jambo fosse rigorosamente o fruto proibido." (cap.l)
PERSONAGENS SECUNDÁRIAS Ângela: criada de Aristarco. "Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que parecem conformados expressamente para esposas da multidão.” (cap. V) Os rapazes do internato: Rebelo - Sanches - Bento Alves - Egbert Franco - Rômulo - Nearco da Fonseca - Silvino
PERSONAGENS SECUNDÁRIAS Os rapazes do internato: Rebelo: - garoto honrado e estudioso; - único que não se deixava levar pela questão da homossexualidade; - é ele quem alerta Sérgio sobre os perigos do Ateneu. Sanches: - rapaz de mau caráter; - ajuda Sérgio nos estudos, mas tem intenções de trocar carícias com o garoto.
PERSONAGENS SECUNDÁRIAS Os rapazes do internato: Bento Alves: - garoto que trabalha na biblioteca e apaixona-se por Sérgio; - possui desvio de conduta; - ao se ver abandonado pelo amigo, chama-lhe para uma luta corpo-a-corpo; - abandona o internato após a briga. Egbert: - amigo verdadeiro de Sérgio; - Sérgio o admirava tanto que, pela descrição, não se sabe se é amor de irmão ou de amante.
PERSONAGENS SECUNDÁRIAS Os rapazes do internato: Franco: - é o "bode expiatório" do colégio; - largado pelo pai que, como tantos outros, acreditava que o colégio daria um corretivo no filho; - é constantemente humilhado pelos professores e vive de castigo; - morre doente, praticamente abandonado, no internato. Rômulo: - candidato a genro de Aristarco; - rico e gordo; - garoto desprezível e corrompido pelo sistema.
PERSONAGENS SECUNDÁRIAS Os rapazes do internato: Nearco da Fonseca: - garoto rico, de excelente estirpe; - grande ginasta; - inteligente, foi membro representante do "Grêmio Literário Amor ao Saber". Silvino: - inspetor corrupto do Ateneu.
ENREDO • Obra publicada originalmente em folhetins, no jornal • Gazeta de Notícias, a partir de abril de 1888. • Obra considerada memorialista. • O personagem-narrador, Sérgio, adulto, mostra suas • memórias de infância e adolescência num internato para • meninos de nome Ateneu, local em que entrara aos 11 • anos de idade e no qual passara dois anos de sua vida. • O colégio é dirigido por Aristarco Argolo Ramos, da • conhecida família do Visconde de Ramos, um déspota • que se mostra muito mais comerciante do que pedagogo • e recolhe alunos provenientes de famílias respeitáveis • de todo o Brasil.
ENREDO • O Ateneu era conhecido como um colégio rigoroso, que • não tolerava a imoralidade de forma alguma. Mas, • quando Sérgio entra nesta instituição, descobre a dura • realidade de um sistema marcado por distinções • financeiras e políticas. • Sérgio, ao entrar no internato, é apresentado à • corrupção e à imoralidade que impera no lugar. • Através de suas memórias, ele relembra fatos que • gostaria de ter sido esquecido: são lembranças de seus • amigos que vivenciaram junto com ele a falsidade, o • despotismo, o homossexualismo, a deformação de • caráter, as tentativas de homicídios, o ódio, enfim, • situações que não combinavam com a oratória • convincente de Aristarco.
ENREDO • Sérgio, como forma de vingança de toda essa • humilhação, por raiva de ainda lembrar coisas ruins, põe • fogo no Ateneu, para que tudo se pagasse de sua • memória. • Com o Ateneu em chamas, a vingança se concretiza: • Aristarco perde seu domínio e seu império entra • ainda mais em ruínas quando a própria mulher o • abandona. Agora o tirano está sozinho em seu trono! • “Do interior do prédio, como das estradas de um animal que morre, exalava-se um rugido surdo e vasto. Pelas janelas, sem batentes, sem bandeiras, sem vidraça, estaladas, carbonizadas, via-se arder o teto; desmembrava-se o telhado, furando-se bocas hiantes para a noite. Os barrotes, acima de invisíveis braseiros, como animados pela dor, recurvavam crispações terríveis precipitando-se no sumidouro.” (cap.XII)
A ESTRUTURA • Romance narrado em primeira pessoa, pelo personagem • Sérgio. • Romance classificado pelo próprio autor de “crônica de • saudades”. • Para expor suas memórias, a obra apresenta-se dividida em 12 capítulos, os quais podem ser agrupados em quatro partes: • 1ª – O Ateneu visto antes da entrada de Sérgio (cap. I) • 2ª – O primeiro ano de Sérgio no internato (cap. II a VII) • 3ª – O segundo ano do protagonista no Ateneu (cap. XIII ao XI) • 4ª – O incêndio que ocasionou a queda do Ateneu (cap. XII)
A ESTRUTURA • O Ateneu nos leva a duas leituras: • A primeira: de cunho biográfico, traz a vida do próprio • Raul Pompéia à tona. • Comprovação da primeira leitura: • Coincidência de personagens fictícios com de vida • real: • - O Ateneu – colégio Abílio (internato em que • Raul Pompéia estudou durante cinco anos). • - Sérgio – Raul Pompéia • - Aristarco – D. Abílio César Borges • - Dr. Cláudio – Raul Pompéia (as idéias)
A ESTRUTURA • O Ateneu nos leva a duas leituras: • A segunda, de ordem político-social, representando a • queda da monarquia, na figura de Aristarco Argolo de • Ramos. • Comprovação da segunda leitura do romance: • Raul Pompéia era republicano e abolicionista e passa • a idéia de desejo de liberdade para sua obra.
A TEMÁTICA • A escola: • É vista como um meio hostil em que os alunos vivem • situações embaraçosas, como as humilhações, a • exposição à deslealdade, à corrupção, ao • homossexualismo e às amizades perigosas. • Crítica feita pelo autor à sociedade: “Não é o internato • que faz a sociedade; o internato a reflete.”(cap. XI) • A escola é vista pelos pais como um reformatório, um • local onde os meninos são depositados e preparados • para enfrentar a sociedade como homens.
A TEMÁTICA • O homossexualismo: • Era comum os meninos mais frágeis sentirem atração • pelos mais fortes, os mais inteligentes, os mais • poderosos. • Sérgio tem aproximação direta com Sanches (porém, ao • sentir a intenções deste, ele rompe a relação). Com • Bento Alves ( o garoto que cuidava da biblioteca), ele • mantém uma relação de namorados, chegando até a • receber um buquê de flores. Em Egbert, ele encontra a • verdadeira “amizade”. • Habitantes de um mundo quase que exclusivamente • masculino, os meninos também tinham seus sonhos com • Ângela e Ema. Esta última, a mulher do diretor, era vista • por Sérgio com confusões de sentido: ora amor • platônico, ora amor de mãe.
A TEMÁTICA • Os habitantes do Ateneu: • Os garotos do internato eram de famílias de posse; • chegavam crianças (Sergio tinha 1 anos) e saíam • “preparados” para a vida. • Longe dos pais e da família, eles buscavam em Aristarco • a figura paterna (porém, este não possuía esta • preocupação, já que era egocêntrico e só pensava nos • lucros) e em Ema, a imagem perdida de mãe. • No Ateneu, o normal era se tornar frustrado, • complexado, e homossexual. Em suas lembranças, • Sérgio descreve a figura dos amigos, às vezes, chegando • a enxergar na caricatura grotesca que faz de cada um • deles (características do Expressionismo).
A TEMÁTICA • A corrupção: • O caráter de Aristarco era o mais duvidoso possível. Ao • contrário do que pregava em seus discursos, apresenta- • se como um ser imoral e corrupto. Dizia-se um grande • pedagogo, mas revela-se um preocupado comerciante. À • sua imagem e semelhança, mesmo que indiretamente, os • alunos se apresentam: eles entram com um caráter e • saem com outro. • A Linguagem: • Linguagem culta, com obediência total às normas • gramaticais. • Figuras de linguagem: comparação; personificação; • hipérbole; metáforas.
A TEMÁTICA • O Estilo Literário: • Romance Naturalista, por suas características: • especialmente o modo com que aborda temas como • homossexualidade, traição, adultério. • Zoomorficação (atribuição de características animais ao • homem. • Tom descritivo. • Teoria do determinismo, de Taine, de que o homem é • determinado pela raça, pelo meio e pelo momento em • que vive.
A TEMÁTICA “O Ateneu” também entra na linha do realismo: - crítica ferina e caricatural dos personagens e da instituição; - maior preocupação do autor com a análise dos fatos e dos personagens que com o enredo; - análise psicológica dos personagens; - o casamento aparece como instituição falida; - a mulher é vista como o demônio da sociedade.