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COESÃO TEXTUAL I-ARTICULAÇÃO SEMÂNTICA Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico a que damos o nome de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade se chama coesão.
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COESÃO TEXTUAL I-ARTICULAÇÃO SEMÂNTICA Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico a que damos o nome de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade se chama coesão.
1- Definição de Coesão : trata de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em A. Exemplo: A -Pegue três maçãs. B - Coloque-as sobre a mesa.
A maior parte das pessoas constrói razoavelmente a textualidade na língua oral, mas quanto se trata de escrever um texto, as únicas palavras para coesão são mesmo e referido, produzindo seqüências do tipo:
(1) A- Pegue três maçãs. B- Coloque as mesmas sobre a mesa. (2) A- João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. B - Na referida cidade, o mesmo disse que a Igreja continua a favor do celibato.
É muito fácil evitar este desagradável procedimento, fazendo uso dos amplos recursos de que a língua dispõe para construir a textualidade. Trata-se, como veremos a seguir, dos mecanismos de coesão.
2- Mecanismos de coesão para construção da textualidade.
Coesão por referência As palavras responsáveis por esse tipo de coesão são: pronomes pessoais (ele, ela, nós, o, a, lhe etc.); pronomes possessivos (meu, teu, seu etc.), demonstrativos (este, esse, aquele etc.), os advérbios de lugar e também os artigos definidos.
COESÃO POR REFERÊNCIA - EXEMPLO • (3)Pedi uma cerveja. A cerveja, entretanto, não veio gelada. • (4)*Pedi uma cerveja. Uma cerveja, entretanto, não veio gelada.
COESÃO POR REFERÊNCIA - EXEMPLO • A seqüência (3) é bem formada. Tem textualidade, coesão. O mesmo não acontece com (4), onde a pura repetição do termo da sentença anterior, sem o uso do artigo definido, faz com que haja uma ruptura no plano semântico.
COESÃO POR ELIPSE • Uma outra alternativa para fazer a coesão da seqüência (2) seria • (2b) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, disse que a Igreja continua a favor do celibato.
COESÃO POR ELIPSE Em (2b), João Paulo II se acha retomado na segunda sentença por ausência, ou seja o leitor, ao ler a segunda frase, se depara com o verbo disse e, para interpretar seu sujeito, tem que voltar à sentença anterior e descobrir que quem disse foi João Paulo II. Este processo de coesão tem o nome de elipse.
COESÃO POR PALAVRAS SINÔNIMAS Uma outra possibilidade seria utilizar palavras ou expressões sinônimas dos termos que deverão ser retomados em sentenças subseqüentes.
COESÃO POR PALAVRAS SINÔNIMAS No caso em questão, podemos usar a palavra papa, para retomar João Paulo II, e a expressão capital da Polônia, para retomar Varsóvia, o que produziria uma seqüência como:
COESÃO POR PALAVRAS SINÔNIMAS (2c) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Na capital da Polônia, o papa disse que a Igreja continua a favor do celibato.
As palavras mais utilizadas neste processo de coesão por sinônimos são os chamados sinônimos superordenados ou hiperônimos, ou seja, palavras que correspondem ao gênero do termo a ser retomado, em coesão. Como exemplos de sinônimos superordenados podemos ter séries como:
mesa móvel • faca talher • termômetro instrumento • computador equipamento • enceradeira eletrodoméstico
Utilizando tais sinônimos, para obter a coesão textual, podemos trocar seqüências de gosto duvidoso como: (5) Acabamos de receber trinta termômetros clínicos. Os mesmos deverão ser encaminhados ao departamento de pediatria.
por seqüências como: (5a) Acabamos de receber trinta termômetros clínicos. Esses instrumentos deverão ser encaminhados ao departamento de pediatria.
Coesão lexical Esse tipo de coesão permite também àquele que escreve manifestar suaatitude apreciativaoudepreciativa, em relação aos termos que fazem parte do objeto da coesão.
Numa apreciação positiva, poderíamos dar a (2) uma versão como a seguinte: (2d) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, Sua Santidade disse que a Igreja continua a favor do celibato.
Numa apreciação negativa, poderíamos ter uma versão como (2e) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, o mais recente aliado do capitalismo ocidental, disse que a Igreja continua a favor do celibato.
Uma outra maneira de expressar a coesão lexical é a utilização da metonímia(parte pelo todo). Examinemos, a esse propósito, a seguinte seqüência:
(6) Opresidente Reagandeverá reunir-se ainda nesta semana com opremier Gorbachev.Fontes bem informadas acreditam, entretanto, que não será ainda desta vez queMoscoucederá às pressões daCasa Branca.
Nesse texto, estamos retomando o presidente Reagan, que representa o governo americano, por uma parte desse governo, o palácio do governo, a Casa Branca. Ao mesmo tempo, retomamos o governo russo, representado no texto pelo termo o premier Gorbachev, também por uma parte do governo russo, a capital do país: Moscou.
Coesão por substituição Este processo consiste em abreviar sentenças inteiras, utilizando predicados prontos como “fazer isso” em seqüências como:
(7) O presidente pretende anunciar as novas medidas que mudarão o imposto de renda, mas não deverá fazer isso nesta semana. Em vez de uma seqüência como “mas não deverá anunciá-las nesta semana”, utilizamos, em (7), o processo por substituição.
Resumindo, pois, o que dissemos sobre os processos de coesão, podemos dizer que são CINCO os principais mecanismos:referência, elipse, sinonímia. coesão lexical e substituição. A utilização desses mecanismos é que constrói aquilo que chamamos de textualidade.
BIBLIOGRAFIA [1] ABREU, A. S. Curso de Redação. 5ª ed., São Paulo: Ática, 1996. pp. 12-19. [2] CITELLI, A. O texto argumentativo . São Paulo: Scipione, 1994. pp.31-44.
COESÃO TEXTUAL II- ARTICULAÇÃO SINTÁTICA Trataremos, neste conteúdo, da articulação sintática, dos mecanismos que ligam sintaticamente, as sentenças umas às outras.
3-USO DOS OPERADORES ARGUMENTATIVOS DEFINIÇÃO DO TERMO O termo operadoresargumentativos designa certos elementos da gramática de uma língua que têm por função indicar (mostrar) a força argumentativa dos enunciados, a direção (sentido) para o qual apontam. Esse operadores ligam sintaticamente as sentenças umas às outras.
A) Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões contrárias: • mas, porém, todavia, contudo, entretanto, • no entanto • embora, muito embora, ainda que, • conquanto, posto que, apesar de, a despeito • de, não obstante
(1) A equipe da casa não jogou mal, maso adversário foi melhor e mereceu ganhar o jogo. R= A equipe da casa merecia~R= A equipe da casa ganhar não merecia ganhar MAS p: a equipe da casa não q: o adversário foi melhor jogou mal
(2) Embora o candidato se tivesse esforçado para causar boa impressão, sua timidez e insegurança fizeram com que não fosseselecionado. R= O candidato poderia ~R= O candidato não ser selecionado poderia ser sele- cionado p: O candidato q: o candidato esforçou-se demonstrou para causar timidez e insegurança boa impressão
B) Operadores que assinalam o argumento mais forte de uma escala (com sentido positivo) orientada no sentido de determinada conclusão: • até (mesmo, até mesmo, inclusive). • -
(3) A apresentação foi coroada de sucesso: estiveram presentes personalidades do mundo artístico, pessoas influentes nos meios políticos e até (mesmo, até mesmo, inclusive)o Presidente da República.
R= A apresentação foi coroada de sucesso • (arg.+forte) • até mesmo p’’: esteve presente o presidente • da República • p' - estiveram presentes pessoas • influentes nos meios políticos • p - estiveram presentes personali- • dades do mundo artístico
C) Operadores que assinalam o argumento mais forte de uma escala (com sentido negativo) orientada no sentido de determinada conclusão: nem mesmo.
(4) A apresentação não teve sucesso: o Presidente não compareceu, nempessoas influentes nos meios políticos e nem mesmo personalidades do mundo artístico.
R= A apresentação não teve sucesso • p''- não estiveram presentes personalidades • do mundo artístico • p' - não estiveram presentes pessoas • influentes nos meios políticos • p - não esteve presente o presidente da • República
Há também operadores que introduzem um dado argumento, deixando subentendida a existência de uma escala com outros argumentos mais fortes. São expressões como ao menos , pelo menos, no mínimo.
5) O rapaz era dotado de grandes ambições. Pensava em ser no mínimo(pelo menos, ao menos) prefeito da cidade onde nascera.
R= O rapaz era dotado de grandes ambições • Pensava em ? • ser : ? • no mínimo prefeito da • cidade onde • nascera
D) Operadores que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão, isto é, argumentos que fazem parte de uma mesma classe argumentativa): e, também, ainda, nem(=e não), não só ... mas também, tanto...como, além de ..., além disso, a par de ..., etc.
(6) João é o melhor candidato: tanto tem boa formação em Economia, como experiência no cargo; além disso, não se envolve em negociatas.
R= João é o melhor candidato • tem boa formação experiência não se envolve • em Economia, no cargo em negociatas. • Arg. 1 Arg.2 Arg.3
Existe mais um operador, que também soma um argumento adicional a um conjunto de argumentos já enunciados, mas o faz de maneira "sub-reptícia”.
Ele é apresentado como se fosse desnecessário, como se tratasse de simples "lambuja", quando, na verdade, é por meio dele que se introduz um argumento decisivo, com o qual se dá o "golpe final", resumindo ou coroando todos os demais argumentos.
Trata-se do aliás. Veja-se como poderia ficar o texto acima, com o acréscimo de mais um argumento através do aliás:
(7) João é o melhor candidato. Além de ter boa formação em Economia (, )tem experiência no cargo enão se envolve em negociatas. Aliás, é o único candidato que tem bons antecedentes.
E) Operadores que introduzem uma conclusão a argumentos apresentados em enunciados anteriores:portanto, logo, por conseguinte, pois, em decorrência, conseqüentemente, etc.