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POR QUE A PRODUÇÃO INDUSTRIAL NÃO CRESCE DESDE 2010?. Affonso Celso Pastore Marcelo Gazzano Maria Cristina Pinotti. Para uma explicação precisamos de um modelo com dois setores. Serviços
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POR QUE A PRODUÇÃO INDUSTRIAL NÃO CRESCE DESDE 2010? Affonso Celso Pastore Marcelo Gazzano Maria Cristina Pinotti
Para uma explicação precisamos de um modelo com dois setores • Serviços • Grande com relação ao PIB (valor adicionado de 67,5% do PIB em 2009) e no mercado de mão de obra (empregava 60 milhões de trabalhadores em 2009) • Fechado ao comércio internacional – opera próximo de um “fixador de preços”. • Indústria • Pequeno com relação ao PIB (valor adicionado de 26,8% do PIB em 2009) e no mercado de mão de obra (empregava 20 milhões de trabalhadores em 2009) • Aberto ao comércio internacional – opera próximo de um “tomador de preços” • Políticas monetária e fiscal expansionistas elevam a demanda de serviços e da indústria. Há uma tendência à equalização de salários, e a expansão da demanda de serviços desloca para a direita a demanda de mão de obra, elevando os salários no setor de serviços e na indústria. A produtividade do trabalho na indústria vem caindo a partir de 2010, o que eleva o custo unitário do trabalho. • Como a indústria é tomadora de preços, não consegue repassar os aumentos de custos para preços. A queda de margens contrai a produção. • E para onde vai a demanda de produtos industriais? Gera um aumento das importações líquidas.
Tamanho relativo da indústria e do setor de serviços no mercado de mão de obra, e tendência à equalização de salários. Pessoal empregado (em milhões de pessoas) Salários médios (a preços correntes)
Mercado de mão de obra: a) desemprego no mínimo histórico; b) taxa de participação alta e salários reais crescentes. Estas são indicações de pleno emprego. Entre 2004 e 2007 a elevação de salários reais na indústria ocorreu ao lado do aumento da produtividade do trabalho, mantendo constante o custo unitário do trabalhoDe 2010 em diante cai a produtividade média do trabalho ao lado da elevação dos salários, provocando o aumento do custo unitário do trabalho
O hiato da produção industrial e o NUCI (FGV) respondem: a) aos juros; b) ao custo unitário do trabalho. A queda da taxa real de juros levaria a um aumento da utilização de capacidade e da produção, mas esse efeito foi mais do que compensado pela elevação do custo unitário do trabalho.
As projeções dinâmicas (incluindo e excluindo do hiato do mundo) mostram o aprofundamento do hiato negativo a partir de 2010. Isto se deve ao aumento do custo unitário do trabalho.
E para onde foi a demanda? Elevou as importações líquidas. Mas de que setor?Deduzido o setor de construção, o valor adicionado da indústria era de 21,5% em 2009. As importações líquidas (a preços constantes do ano 2000) elevaram-se em 5 pontos de porcentagem do PIB a partir de 2009. O setor de non-tradables (serviços + construção) importa e exporta pouco, e a agricultura é exportadora líquida (beneficiou-se dos ganhos de relações de troca).O aumento das importações líquidas foi suportado predominantemente pela indústria.
Conclusões • A expansão da demanda (predominantemente consumo) elevou a demanda de bens “tradables” e “non-tradables”. • A expansão do setor de serviços levou ao forte crescimento da demanda de mão de obra (queda sensível do desemprego) e elevou salários reais. • Combinado com a queda da produtividade média do trabalho isto contraiu a oferta de produtos industriais, apesar da ampliação da demanda pelos produtos. • O excesso de demanda vazou para o comércio internacional na forma de importações líquidas. • A valorização cambial pode ter ajudado este processo. Mas a explicação acima indica a direção dos efeitos sem fazer qualquer hipótese sobre o câmbio.