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análise das interações verbais. c urso de. Abordagens antropológica, linguística e sociológica. sessão 8 | 30 novembro 2012 Contar histórias: Dispositivos de organização da narrativa em interação.
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análise das interações verbais cursode Abordagens antropológica, linguística e sociológica sessão 8 | 30 novembro 2012 Contar histórias: Dispositivos de organização da narrativa em interação
Independentemente dos contextos de ondeemergem, das modalidadesatravés das quaissãoexprimidos, e dos génerosincorporadosnelas, todas as narrativasdescrevemumatransição temporal de um estado de coisaspara um outro. (Ochs, DATA) Estatransição é representadalinguisticamenteporumasequência de duasoumaiscláusulastemporalmenteordenadas entre si. (Labov & Waletzky, 1966; Labov, 1972)
O quefazumahistóriaserreconhecidaenquantotalpelosinteractantes e pelosanalistas? “Existem items que, porseremdescriçõespossíveis, mas tambémporseremusadosenquantopartes, ocorrememposiçõesquepermitemobservarqueosfalantessabemque as históriasapresentamtaisposições e queexistemitensque, quandosãoempreguesnessasposições, satisfazem as condiçõesnecessárias. “ (Sacks, 1972c) The baby cried. Themommypickeditup.
As históriassãoproduçõesinteractivas, co-construídaspelocontador e pelorecipiente da história, e sãoajustadasàsocasiões da suaprodução. Com as histórias, oscontadoresnãosórelatamexperiências, comosimultaneamente se justificam, se queixam, culpam, comentam e avaliam, etc.
O relato de umahistóriageralmenteexige, da parte do falante, a produção de turnos de falaextensospelocontador e, da parte do recipiente, a recusa da oportunidade de tomar a vez– isto é, a suspensão do arranjo normal de alternância de vezquegarante a cadafalanteapenasumaunidade de construção de turno (SSJ, 1974). No entanto, istosó é conseguido se houver o reconhecimento, no início do relato da história, de que se trata de facto de um relato de umahistória. “Stories emerge from turn-to-turn talk, that is, are locally occasioned by it, and, upon their completion, stories re-engage turn-by-turn talk, that is, are sequentially implicative for it.” (Jefferson,1978:220)
Doisaspectosassociadosaosurgimento local de umahistórianumaconversaemcurso: Uma história é “desencadeada” no decurso da falaturno-a-turno, isto é, quandoalgumacoisaditanummomento particular de umaconversaleva um participante (falanteououvinte) a lembrar-se de umahistóriaem particular, a qualpodeserounãoser “topicalmentecoerente” com a falaemcurso; Uma história é metodicamenteintroduzidanafalaturno-a-turno, istoé, existemtécnicasquesãousadasparademonstrar a existência de umarelação entre a história e a conversa anterior, e paraindicar a pertinência do relatodessahistória. (Jefferson, 1978:220) A produção de umahistóriapode involver quea determinação, feitaporalguém, de que se trata de umahistóriasejarelevanteparaque de facto se realize enquantohistória. (Sacks, 1992)
“Segundas histórias” (Sacks, 1992:764-772) A introdução de uma história enquanto pedido de informação (‘Saydidyouseenanything’) adequa-a à dinâmica interaccional da conversa em curso, inserindo-a numa sequência fortemente interaccional (o pedido). Ao incluí-lo numa sequência de pedido de informação, o locutor faz com que o seu relato de um evento se torne relevante para o seu interlocutor.
“Segundas histórias” (Sacks, 1992:764-772) Ao produzir uma segunda história imediatamente após lhe ter sido contada uma primeira, B demonstra ao seu interlocutor que compreendeu a história que lhe foi contada ao orientar a história com que responde para um elemento crucial da primeira história (‘I lookedandlooked in thepaper’), oferecendo ele próprio um relato da sua experiência relativamente ao tópico em questão – a notícia no jornal sobre o acidente de viação.
Prefaciando histórias (Sacks, 1992:764-772) Ao produzir uma segunda história que retoma algum aspecto relevante da primeira história (não só os acontecimentos narrados mas também a experiência do narrador relativamente a eles), B dota a sua resposta de relevância interaccional. B só inicia a sua resposta a A quando interpreta a sequência narrativa produzida por A como tendo sido finalizada, demonstrando que a interpretou como um todo, coeso e coerente. […]
organização global da NARRATIVA: Sinopse / Orientação orienta o ouvinte quanto à pessoa, lugar, tempo e comportamento na situação B. Complicação / Aproximação ao problema apresentação de um evento ou série de eventos que levam à avaliação Avaliação enfatização da importância do resultado da complicação D. Resolução / Resultado porção que segue a avaliação E. Coda fecha a narrativa / / redirecciona a perspectiva para o momento presente (Labov & Waletzky, 1966)
Os interactantesusam as históriaspara relatar acontecimentos PRESENTES:
Usos da narrativa em atendimentos de Serviço Social
O uso da narrativa e a organização global dos atendimentos de Acção Social (Monteiro, 2011; Binet, 2012)
Alguns dispositivos usados na produção (colaborativa) de narrativas:
Os interactantesusam as históriaspara realizar ACÇÕES:
Os interactantesusam as históriaspara relatar acontecimentos PASSADOS:
Relato de uma interação problemática: usos do discurso relatado em atendimentos de Serviço Social
exemplo extraído do corpusACASS: [Atendimento E]: linhas 109-132
U: “então disse-lhe se eu não poderia fazer um curso” (Atendimento E, linhas 109-132)
“ah mas a senhora não disse nada disso” (Atendimento E, linhas 109-132)
“e não sei quê” (Atendimento E, linhas 109-132)
“(.) e bo-” (Atendimento E, linhas 109-132)
“pronto” (Atendimento E, linhas 109-132)
“mas a gente vai inverter a ver se consegue” (Atendimento E, linhas 109-132)
“e não sei quê” (Atendimento E, linhas 109-132)
“na nana” (Atendimento E, linhas 109-132)
“haa (.) havia aqui para Sintra (.) agora só para a Amadora” (Atendimento E, linhas 109-132)
“e não sei quê” (Atendimento E, linhas 109-132)
“disse assim” (Atendimento E, linhas 109-132)
“disse assim” U: “pá veja lá se:: (.) se houvesse aqui na zona de Sintra era óptimo” (Atendimento E, linhas 109-132)
“porque” (Atendimento E, linhas 109-132)
“ir todos os dias para a Amadora e vir?” (Atendimento E, linhas 109-132)
Bibliografia: • Binet (2012) • Jefferson (1978) • Hall (1993) • Labov & Waletzky (1966) • Labov (1972) • Monteiro (2011) • Ochs (DATA) • Sacks (1992)