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As Lutas dos Trabalhadores no Brasil. Texto base: História das Lutas dos Trabalhadores no Brasil – Vito Giannotti. A formação da Classe Operária no Brasil. A industrialização no Brasil começou por volta de 1850 a 1870 (cem anos depois dos países europeus).
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As Lutas dos Trabalhadores no Brasil Texto base: História das Lutas dos Trabalhadores no Brasil – Vito Giannotti
A formação da Classe Operária no Brasil • A industrialização no Brasil começou por volta de 1850 a 1870 (cem anos depois dos países europeus). • No final do Século XIX e inicio do Século XX a classe operária era pouco numerosa. Existiam entre 80 e 115 mil trabalhadores urbanos, incluindo artesãos de pequenas oficinas. • As primeiras fábricas foram criadas para o setor têxtil (48 fábricas por volta de 1890) e, posteriormente, vieram as fábricas de bebidas (Bohemia, 1853, Brahma, 1888). Nessa época, o país vivia do café (ouro verde) e, anteriormente, vivia do algodão (ouro branco).
Industrialização Lenta • Primeiros pólos industriais: Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG). Em seguida, São Paulo. • São Paulo: foi o que mais investiu na imigração européia. Vieram imigrantes das regiões mais pobres da Europa( muitos italianos). • Rio de Janeiro: A maioria dos trabalhadores era brasileira, um terço da população era composta, na maioria, de portugueses e espanhóis. • Também vieram muitos alemães do sul da Alemanha.
De 1875 a 1914, o Brasil recebeu cerca de 4,5 milhões de imigrantes (italianos, portugueses, espanhóis, alemães, sírio-libaneses e, em seguida, japoneses, poloneses e ucranianos),
Nas Fábricas • Economia exportadora e importadora: os portos tinham grande número de estivadores, eram pólos de crescimento das cidades e focos de luta dos trabalhadores (Santos, Recife e Rio Janeiro). • Primeiras fábricas: só selecionavam imigrantes Europeus. Para os ex-escravos sobrava os piores serviços, pequenos biscates ou qualquer trabalho por um prato de comida. • Nas fábricas: condições de trabalho péssimas, trabalho pesado, ambiente insalubre, doenças infecciosas (tuberculose, tifo, cólera), jornada de trabalho sem limite (12h, 14h, 16h ou mais), nenhum direito trabalhista (descanso semanal, férias, etc.).
A idade média de vida dos trabalhadores nas fábricas de São Paulo, em 1910, era de 19 anos. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, em 1910, havia o trabalho de crianças de 7, 6 e até 5 anos de idade.
A Organização e luta dos trabalhadores • Primeiras formas de organização: • a) entre 1880 e 1900 foram caixas beneficentes, caixas de socorro mútuo e associações de bairro (manifestações de solidariedade). • b) Depois vieram as Ligas Operárias, as Sociedades de Resistência e as Uniões dos Trabalhadores (caráter de resistência e de luta). • Foi este o caminho que levou a formação de sindicatos, às primeiras greves e os primeiros jornais operários no Brasil. Também surgiram vários agrupamentos com o nome de partidos.
Reação dos TrabalhadoresLutas operárias do início do século XX (1900-1920) • Anos 1900 a 1920: período de formação da classe operária (a classe chega a 200 mil operários). • Até o término da República Velha os patrões responderam à luta operária unicamente com repressão para manter o capitalismo com sua doutrina liberal. • A base econômica era a agricultura de exportação e a “questão social era caso de polícia”. • Até 1930 não havia leis de proteção para a classe trabalhadora.
Greves, insurreições e congressos • Mais de 400 greves organizadas entre o início do século e o ano de 1920. • Reivindicações: aumento de salário, redução da jornada de trabalho, liberdade de expressão e organização. • Foram, também, organizadas greves de caráter político (contra a guerra; solidariedade aos trabs. Russos em 1905, etc.). • Em 1906, no Rio de Janeiro, realiza-se o primeiro Congresso Operário da história brasileira.
A repressão implacável: Leis e soldados • Em 1908, houve uma greve de 800 trabs. Da construção da Estrada de Ferro do Sul (ES) por salários atrasados. No quinto dia, soldados enviados do Rio de Janeiro abriram fogo contra os grevista. Resultado: setenta mortos e mais de 200 feridos. • Este é um belo exemplo de como é contada a história da classe trabalhadora no país. Nenhum livro de história lembra este acontecimento.
Crescimento do Movimento Operário • Em 1915, em São Paulo, é criado o Comitê de Defesa Proletária, um organismo de unificação da luta dos trabalhadores. • Em 1917 ocorre o levante e a grande Revolução Russa, com operários, camponeses e soldados derrubando o czar e assumindo o poder. Sua influência se fez sentir no Brasil e em muitos outros países.
Primeiras organizações, sindicatos e congressos operários • No Congresso realizado em 1906 a principal decisão foi a criação da Confederação Operária Brasileira – COB, uma espécie de central sindical que foi formada oficialmente em 1908. • Outras deliberações: conquista das 8 horas de trabalho; criação do jornal A Voz do Trabalhador; incentivo às mulheres para criarem suas organizações e participarem dos sindicatos; unificação do nome das organizações para “sindicatos”.
O anarquismo e o anarco-sindicalismo no Brasil • No Brasil, a presença do anarquismo foi marcante no nascimento e organização da classe operária no início do Século XX. • O anarquismo é uma corrente política cuja idéia básica é a oposição a qualquer opressão e dominação. Anarquia significa “sem governo”. Uma nova sociedade, sem governo algum, baseada na produção e apropriação coletiva e solidária. São contra o Estado e qualquer forma de poder. • No mundo, havia anarquistas na França, Itália, Espanha, Suíça e em todos os países da Europa na primeira fase da industrialização. • O anarquismo se fortaleceu com a entrada, na Associação Internacional dos Trabalhadores, do revolucionário russo Mikhail Bakunin.
A chegada do anarquismo no Brasil • A maioria dos imigrantes que vieram para o Brasil vieram de países com forte influência das idéias anarquistas, sobretudo a Itália e a Espanha. • Lutavam por uma sociedade livre e igualitária, contra o capitalismo, mas rejeitavam qualquer idéia de partido político. • Posicionavam-se contra qualquer religião (anticlericalismo), polícia, exército e guerra. • Para os anarquistas os sindicatos eram a forma mais importante de organização dos trabalhadores, mas recusavam a Central Sindical. A greve geral era o principal instrumento de luta para derrubar a burguesia. • Apostavam no desenvolvimento autônomo, não tutelado da classe trabalhadora. Davam importância à cultura e à formação política (teatro, espetáculos, círculos de leitura, escolas operárias, entre outros). • Foi o anarquista português Neno Vasco, em 1905, que traduziu do francês, para nossa língua, o hino A Internacional, que passou a ser cantada nos encontros e manifestações dos trabs.
Visão panorâmica sobre a imprensa dos Trabalhadores • Desde os primeiros anos da história da classe operária brasileira nasceram pequenos jornais que circulavam nas fábricas e outros locais de trabalho. Mais de 500 jornais diferentes existiram até 1930. O primeiro deles foi o Jornal dos Topógrafos (RJ-1858). • Neste período, os jornais eram escritos por militantes anarquistas (reivindicações e temas políticos). Era uma imprensa política, que se colocava contrária à visão da burguesia.
A imprensa Comunista • A partir de 1922, com a criação do Partido Comunista, a imprensa anarquista perde espaço para a imprensa comunista. • A imprensa comunista será a principal ferramenta de disputa ideológica e política com a nova burguesia industrial e com as velhas oligarquias tradicionais. • A imprensa comunista foi a principal imprensa de oposição ao sistema capitalista durante os anos de Vargas (1930 a 1945). De 1945 a 1964, essa imprensa divulgará a visão do Partido Comunista com numerosos jornais e todo tipo de revistas.
A imprensa depois do Golpe de 1964 • Depois do Golpe de 1964 surge a imprensa alternativa entre os trabs. Mais de 150 jornais diferentes, criados de 1965 a 1981, confrontam a ditadura, exigindo liberdade e, em alguns casos, uma sociedade socialista. • De 1980 a 2002 (regime democrático de caráter conservador) há uma linha de continuidade da imprensa alternativa através da imprensa de movimentos e sindicatos ligados à CUT. Propõe uma linha contra a destruição de direitos, as privatizações e o aumento dos investimentos do Estado em saúde, educação e serviços. • Nos anos 1980 e 1990, salta aos olhos a ausência de uma imprensa declaradamente política e até partidária. Nenhum partido ou qualquer organização política conseguiu dar vida a uma imprensa consistente dos trabalhadores capaz de se contrapor à imprensa burguesa.
O período 1920-1930 e a fundação do Partido Comunista • Década de 1920: anos de forte repressão à classe trab. A novidade é a criação da Organização Internacional do Trabalho – OIT, logo após a Primeira Guerra Mundial. A OIT é fruto das iniciativas decorrentes do Tratado de Versalhes, onde os países capitalistas procuraram responder ao avanço das revoluções socialistas, como a da Rússia. O Brasil foi signatário do Tratado de Versalhes, mas seu governo resistiu, o quanto pode, à criação de leis trabalhistas. Os trabalhadores e as classes populares continuavam a ser considerados “classes perigosas”.
Apesar do domínio político e econômico dos donos das terras com seu café, seu açúcar e seu gado, haviam divergências no seio da burguesia nacional. Alguns setores defendiam uma visão mais nacional e moderna para o país, e apostavam na industrialização. Nestes setores destacaram-se: a jovem oficialidade do exército (os Tenentes); a crescente classe média; e, os intelectuais, que criaram o Movimento Modernista (artístico-cultural).
A fundação do Partido Comunista • Impulsionados pela Revolução Russa de 1917, os comunistas, nos vários países do mundo, passaram a organizar seu novo partido: o Partido Comunista. • Os Partidos Comunistas, revolucionários, agruparam, em 1919, na 3ª Internacional Comunista, criada em Moscou, sob a liderança de Lênin. • Os socialistas reformistas reativaram a 2ª Internacional, a Internacional Socialista.
Na América Latina repetiu-se o mesmo processo. Um racha entre os anarquistas gerou grupos de seguidores do caminho revolucionário, o que deu origem aos Partidos Comunistas. No dia 25/03/1922, em Niterói (RJ), foi criado o Partido Comunista Brasileiro.O PCB foi registrado no Cartório, mas logo foi cassado e remetido à ilegalidade.
A partir de então, a influência dos comunistas nos sindicatos crescia, enquanto que a dos anarquistas, diminuía. Os sindicatos tornaram-se mais centralizados e burocratizados, e os comitês de fábrica perderam sua autonomia.
As tendências políticas no meio operário entre 1920-1930 • Tendência socialista: ligados a 2ª Internacional, reformistas e com pouca influência no meio operário; • Tendência anarquista: ideologia libertária, nega o Estado e qualquer tipo de autoridade opressora, antimilistarista e anticlerical. • Tendências comunista: ligados à 3ª Internacional e ao Partido Comunista Brasileiro. Defendem o fim do capitalismo, da propriedade privada e das classes sociais, e um partido forte e centralizado. Para isso, admitiam lutas que iam da participação nos parlamentos burgueses, nos sindicatos e até a revolução armada. • Tendência católica – “os amarelos”: oposição aos anarquistas, comunistas e socialistas, ligados às classes dominantes, negavas a luta de classes e apoiavam os esforços “sinceros” dos governos e da burguesia.
A Era Vargas (1930-1945): Industrialização, Ditadura e Leis Trabalhistas • Entre 1930 e 1945, Getúlio Vargas provocou uma virada na política e na economia do Brasil. • A era do café e da clássica política econômica liberal cede espaço para a intervenção do Estado na economia e para a expansão da industrialização. • O Estado criou as bases da indústria pesada: Companhia Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional, Companhia Brasileira de Álcalis, entre outras. • Vargas intervém também nas relações capital X trabalho, criando o Ministério do Trabalho e elaborando leis trabalhistas e sindicais (possibilitar o desenvolvimento do capitalismo brasileiro).
A promulgação da CLT • No dia 1º de Maio de 1943, Getúlio Vargas completou sua obra de legislação trabalhista com a publicação da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. • Até a ascensão de Vargas, existiam muitos sindicatos de tendência anarquista e comunista. Sua forma de organização era livre. • A partir de Vargas desaparece a forma livre de organização e aparece o sindicato controlado pelo Estado. Havia um Estatuto padrão dos sindicatos fornecido pelo Ministério do Trabalho; era reconhecido somente um sindicato por categoria (unicidade sindical); as contas dos sindicatos deveriam ser monitoradas pelo governo. O objetivo era asfixiar os sindicatos rebeldes, anarquistas e comunistas. • “O Estado não quer, não reconhece luta de classes. As leis trabalhistas são leis de harmonia social” (Vargas, 1938).
O Movimento Operário sob Getúlio Vargas • Pode-se dizer que a legislação trabalhista dos anos 1930 foi o resultado da quarenta anos de lutas da classe operária brasileira. Foi, também, fruto de 200 anos de greves, manifestações, barricadas, levantes e revoluções da classe operária mundial. • Entre 1930 e 1935, há uma forte oposição da esquerda e de muitos sindicatos contra a Lei de Sindicalização (sindicatos oficiais) através de greves, manifestações, marchas e comícios. • Neste período cresce a influência da tendência comunista nos sindicatos. • Em 1932, há um forte aumento do movimento grevista: 124 greves de 1932 a 1933. Em maio de 1932, uma greve geral, em São Paulo, pára a cidade durante um mês. São greves econômicas e políticas, Marchas da Fome contra o desemprego e os baixos salários, luta contra o fascismo, entre outras.
O ano de 1935 será definido como “O Ano Vermelho”. Em março, é fundada a Aliança Nacional Libertadora – ANL, com um projeto popular e nacionalista. Em abril, Vargas cria a Lei de Segurança Nacional para reprimir as revoltas populares. Em novembro, após a tentativa de levante feita pelos comunistas, a ANL é fechada, o governo decreta estado de sítio. Prisões, torturas, mortes e fechamento dos sindicatos combativos passam a ser rotina. Em 1937, Vargas implanta uma ditadura, o chamado Estado Novo. De 1937 a 1945, a classe trabalhadora, com quase todas suas lideranças presas, e sem liberdade de movimentos, sofre a maior exploração e arrocho salarial. As greves ficaram quase impossíveis. O movimento se reanimará a partir de 1944, com os comunistas criando o Movimento de Unificação dos Trabalhadores – MUT.
Os trabalhadores no pós-guerra • Os sindicatos, esmagados pela ditadura do Estado Novo, começam a reativar-se. A pressão pela democracia era forte. • No dia 18/04/1945, Vargas decreta anistia aos presos políticos e liberdade de organização partidária. Das prisões saem centenas de comunistas, anarquistas e sindicalistas, presos durante a ditadura. Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do PCB era um dos anistiados. • O Movimento Unificado dos Trabalhadores – MUT exigia a eliminação do Estatuto Padrão, a soberania das assembléias e a autonomia administrativa dos fundos dos sindicatos. Em maio estouram 365 greves, nas quais os trabalhadores conquistam aumentos salariais entre 30% e 40%. • O PCB tinha forte influência no MUT e seguia a linha da URSS (aliança tática dos partidos comunistas com as burguesias nacionais). As greves foram freadas, pois primeiro era preciso que se realizasse a revolução democrático-burguesa e, somente depois, a revolução socialista. O PCB passou a colaborar com o governo Vargas e essa política refletiu nas fábricas e nos sindicatos.
A organização política das classes sociais • A burguesia vinculada ao capital internacional aglutinou-se na União Democrática Nacional – UDN (banqueiros, industriais, exportadores e importadores, grandes comerciantes e alguns proprietários rurais). Combatia idéias nacionalistas e desenvolvimentistas. • Getúlio Vargas criou o Partido Trabalhista Brasileiro – PTB e o Partido Social Democrático – PSD (maioria de latifundiários). Nas eleições de 1945 venceu o General Dutra, apoiado pelo PSD e pelo PTB. • Em 1946, os sindicalistas ligados ao PCB fundaram a Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil – CGTB. Neste ano estouraram inúmeras greves. • Em 1946 os comunistas tinham uma grande quantidade de publicações por todo o território brasileiro. • Em 1947, novamente o governo intervém nos sindicatos e intensifica a repressão política e a violência contra as greves. • Os 16 deputados do PCB são cassados e a classe operária se reduz à clandestinidade nas fábricas.
Mudanças na classe operária • Os “Anos JK” ficaram marcados pelo acelerado desenvolvimento capitalista. Além do crescimento da industrialização cresce, também, o peso dos trabalhadores nas empresas estatais e no setor público. • Entre os anos de 1950 a 1960, um fenômeno que teve grande importância devido a industrialização foi a migração de milhões de pessoas do campo para as cidades. Entre 1960 e 1980, 29 milhões de brasileiros deixam o campo para as cidades.
Com a nova fase de industrialização e com as migrações internas, a classe operária mudou seu perfil. Num clima de politização crescente ocorrem milhares de greves. As reivindicações principais eram contra as péssimas condições de trabalho e contra o alto custo de vida. A influência do PCB crescia entre as massas populares, intelectuais e artistas, embora ilegal. Em 1958, o PCB propôs a Frente Única de Luta por um governo nacionalista e democrático. A partir de 1959, as propostas dos sindicatos, sob a liderança dos comunistas, eram centradas em reformas estruturais da sociedade em geral que, posteriormente, seriam chamadas de Reformas de Base. A mobilização era crescente, os trabalhadores faziam greves por motivos econômicos e políticos.
1964-1979 – Golpe Militar, Novos Movimentos e Explosão das Greves • A Ditadura Militar veio para criar as condições de um grande ciclo de expansão do capital nacional e internacional. Significou o alinhamento do Brasil ao Bloco Ocidental, integrando-o ao capital internacional. • A meta dos militares era conter os movimentos sociais e afastar o país do comunismo. O que se viu foi muita repressão e intervenção nos movimentos da classe operária nos locais de trabalho e nos bairros (p. 184). • Apesar da intensa repressão, a esquerda se divide, surgem novos movimentos, vários grupos passam a defender a luta armada na cidade ou no campo (p. 194-196).
Visão Crítica e a ascensão do “Novo Sindicalismo” • A autocrítica feita por vários setores da classe trabalhadora foi a base da reorganização do movimento que começava a por em prática uma nova política –sindical, desatrelada dos governos e dos patrões e que condenava a aliança com a burguesia nacional. • Um importante movimento neste período foi a conquista do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco (SP), em 1967, por jovens do movimento popular da CEBs e da ACO, que tinham como proposta impulsionar a luta operária e combater a Ditadura Militar. • Esse movimento ampliou-se com a explosão das greves em 1978 e deu origem ao “Novo Sindicalismo”, que construirá um novo projeto sindical. • Cresce a imprensa alternativa que luta contra a ditadura e denuncia as barbáries desse regime contra o povo.
A retomada dos Movimentos deu-se com a explosão das greves em 1978 no ABC Paulista, na capital e em outros estados. Na capital paulista, a morte do operário Santo Dias da Silva (militante católico) em 03/10/79 pela repressão representou um marco histórico da sofrida luta dos trabalhadores no país. A classe trabalhadora rompeu a barreira do medo da Ditadura e chegou ao ano de 1980 representando um grande peso político no cenário nacional.
A década de 1980Greves e Centrais Sindicais • O Regime Militar estava em retirada “lenta, gradual e segura” desde 1978. • Os empréstimos tomados no inicio dos anos 1970 começaram a vencer em 1980 e a dívida externa aumentou escandalosamente. • Para os trabs. Arrocho salarial e desemprego. Para a população, a redução dos investimentos em saúde, educação, transporte públicos e ausência de programas habitacionais. • Nasce o PT (0l/1980), trazia uma forte marca classista, socialista, tendo como referência os trabs. Priorizava as lutas dos movimentos sociais e não a luta institucional. Era identificado com a CUT e o MST.
Das greves à criação da CUT • A principal greve de 1980, a dos Metalúrgicos de São Bernardo, durou 45 dias e abalou o Regime Militar. No dia 1º de Maio, mais de cem mil manifestantes invadiram as ruas e ocuparam o estádio de Vila Euclides. • No dia 28/08/1983 nasce a CUT, sob forte influência do PT. Jair Meneghelli será eleito seu primeiro presidente. A música “Internacional” foi a mais ouvida nos eventos da CUT. • Em 1984 nasce o MST, apoiado pela Comissão Pastoral da Terra – CPT. Dez anos depois será considerado o maior movimento camponês do mundo. • Em 1988 ocorrem inúmeras greves e movimentos em todo o país em torno da mobilização na Constituinte. • Em 1989 a CUT realiza uma greve geral que mobilizou de 15 milhões de trabs. (“Contra o Arrocho” e “Fora Sarney”).
1990-2002Do triunfo ao desastre do neoliberalismo • A partir da posse de Fernando Collor de Mello, em 1990, com as medidas de redução de investimentos sociais, ataque aos direitos trabalhistas, privatizações e abertura para o capital internacional, o Brasil entra na era neoliberal. • No inicio da década de 1990 houve resistência dos trabalhadores contra o Plano de Reconstrução Nacional e contra as privatizações. • Outros movimentos crescem no país como, por exemplo, o Movimento Nacional dos Atingidos por Barragens – MAB.
O contraponto da burguesia • Em março de 1991 é criada a Força Sindical, que nasce defendendo o projeto neoliberal do Governo. Luiz Antônio Medeiros é o maior propagandista do projeto neoliberal de Collor. • Rogério Magri, amigo de Medeiros e presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, é nomeado Ministro do Trabalho de Collor. • No 4.º Congresso da CUT as polêmicas se acirram. Duas visões opostas se defrontam: a primeira defendia o “entendimento nacional” como uma atitude “propositiva”; a segunda defendia a mobilização para o confronto direto com a burguesia, através de uma greve geral.
Vitórias e Derrotas • A Força Sindical, junto com a Fiesp, toma partido a favor das “reformas modernizadoras” de Collor. • Em setembro de 1992 a CUT perde o Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda para a Força Sindical, o que abriu caminho para a privatização da CSN. • Em setembro de 1992 cai Collor e assume Itamar Franco. • Em novembro, a esquerda ganha as eleições em Porto Alegre, Belo Horizonte, Natal, Goiânia e São Luiz, mas perde em São Paulo. • O ano de 1992 termina com muitas privatizações de empresas públicas (Usiminas, Celma, Mafersa, Petroflex, Álcalis e Acesita).
Em 1993 aumenta a inflação e a miséria. Em novembro, ocorre uma grande manifestação, em Brasília, contra a política econômica do Governo Itamar. É o começo das “Marchas a Brasília”.
Avanço e reações do neoliberalismo • Ocorrem manifestações contra o neoliberalismo no mundo (Chiapas/México/1994). • No Brasil é lançado o Plano Real e Fernando Henrique Cardoso ganha as eleições com um programa neoliberal. • As medidas neoliberais e a reestruturação produtiva enfraquecem a luta combativa dos trabalhadores ao longo da década de 1990. Diminui muito o número de greves (p.287). • Na CUT, enfraquece o sindicalismo de confronto e de luta, e cresce o “sindicalismo cidadão”.
Na era FHC (1994/2002) aprofundam-se as medidas neoliberais e implanta-se o Estado Mínimo para os setores populares e máximo para os interesses do mercado. O Plano Real é usado como mecanismo ilusório de distribuição de renda.
A luta continua • Enquanto dentro da CUT ocorrem divergências, os sem-terra são massacrados pela política militar em Eldorado de Carajás (PA), em 17/04/1996. No ano seguinte, uma Marcha (MST, CUT, Movimentos sociais) leva mais de 100 Mil pessoas à Brasília no aniversário de um ano do massacre.
Em 1997, FHC privatiza a CSN a preço de banana: 3,4 bilhões de dólares. Um estudo da ONU e do Banco Mundial aponta o Brasil como o país vice-campeão em desigualdade social do mundo.
Novo século, velhas lutas • A sociedade do capitalismo puro, no seu estágio neoliberal, mostra que há bilhões de seres humanos no mundo que estão sobrando. A barbárie toma conta do planeta. • O projeto neoliberal entra em crise. Em 2001, o país vive a racionalização de energia devido as privatizações. Ocorre o atentado nas Torres Gêmeas nos EUA. • As greves e pressões contra a flexibilização na legislação e pela reposição salarial são retomadas, especialmente no funcionalismo público.
O ano de 2002 foi marcado pelo crescente desemprego, arrocho salarial e denúncias de corrupção nas privatizações e outros setores. O desgaste de FHC é crescente. No meio da campanha eleitoral, as forças que dois anos antes tinham realizado o Plebiscito Popular sobre a dívida externa, realizam um novo plebiscito sobre a ALCA e o “não” vence. Depois de uma campanha polêmica, com muitos “militantes de aluguel”, LULA vence as eleições contra José Serra. Mas logo os trabalhadores perceberam que a chegada de um companheiro de classe ao Planalto não representaria, automaticamente, a mudança.
A questão de quem continuaria a deter a hegemonia na sociedade e dos caminhos a seguir, passava a ter uma atualidade trágica no país. A frase de Karl Marx, na fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores, em 1864, voltaria à mente de muitos trabalhadores: “A libertação da classe trabalhadora será obra da própria classe trabalhadora”.