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Sacramento do Matrimônio. O Matrimônio é o amor. Ninguém consegue viver sem a presença e a amizade de outras pessoas. Ninguém está sozinho. No casamento, essa amizade é repartida entre o marido e a mulher.
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Sacramento do Matrimônio O Matrimônio é o amor. Ninguém consegue viver sem a presença e a amizade de outras pessoas. Ninguém está sozinho. No casamento, essa amizade é repartida entre o marido e a mulher
A palavra matrimônio vem do Latim mater, e significa mãe. Ou ainda matrimonium que significa mulher casada ou casamento.
1. O MATRIMÔNIO NO ANTIGO TESTAMENTO • a sacralidade da sexualidade adquire, no momento da revelação bíblica, fundamento absolutamente novo.
A revelação divina põe fim a esses mitos. ela conhece um Deus único Pai para além de toda a sexualidade. Por isso desaparecem todos os ritos sexuais, como a prostituição sagrada (Dt 23,18-19).
a sexualidade será sagrada também para o povo de Israel, no sentido de que toda vida tem como origem o próprio Senhor
Dois textos do Antigo Testamento, muito vizinhos da literatura extra-bíblica, ressaltam a modificação trazida pela revelação bíblica.
Os relatos de Gn 1,26-28 (sacerdotal) e Gn 2,18-24 (javista)
Gn 2, redigido por volta do século X a.C., descreve a posse mútua do homem e da mulher:
a mulher é semelhante ao homem e ambos formam uma só carne (2,21-24)
Deus criou o homem e a mulher à sua imagem (Gn 2,18-25); • A imagem de Deus se reflete em duas faces profundamente unidas na identidade da mesma natureza humana e na complementaridade dos dois sexos, e juntos constituem a realização visível da imagem única de Deus;
Quem é chamado a tomar posse da terra não é um indivíduo, mas um casal; • A criatura humana pensada e desejada por Deus na dupla versão masculina e feminina;
Esse casal foi abençoado por Deus (Gn 1,28). Assim, o matrimônio aparece em toda a sua sacralidade como encontro entre o homem e a mulher: desejado, instituído e santificado pelo próprio Deus.
Em Gn 2,18-24 o motivo dado pelo Senhor Deus para a criação da mulher é
Ela é na tradução literal do texto hebraico “um auxílio [ou ajuda] adequado”.
Muitas vezes, no Antigo Testamento, Deus é chamado auxílio (Dt 33,7; Sl 33,20; 70,6 etc)
A mulher é destinada a ser alguém em quem o homem encontra apoio e força.
Um dos aspectos mais admiráveis dessa passagem é o fato de o Senhor Deus formar a mulher de uma costela (v. 32).
Sabemos, que na língua suméria, “costela” e “vida” são a mesma palavra.
É interessante notar que na conclusão do capítulo 3 o homem chama a mulher de “Eva”, forma da palavra hebraica para “vida”, e reconhece que ela será “a mãe de todo vivente” (Gn 3,20).
Essa passagem tem sido usada com freqüência para fundamentar a opinião de que a mulher é inferior ao homem e subserviente a ele.
Essa narrativa nos diz por que homens e mulheres são atraídos uns aos outros sexualmente e se casam. As palavras “deixar” e “ligar-se” são palavras de aliança e sugerem que o casamento é visto aqui como relacionamento de aliança.
Mas a insistência se coloca, sobretudo na fecundidade, bênção de Deus (1,28), pois essa fecundidade, que tem Deus como origem, é o fim determinante da criação do homem e da mulher, de modo que o casal se torna sujeito de uma vocação.
De fato, o primeiro casal devia ser o modelo dos outros em monogamia firmemente estabelecida.
Este relato insinua que o homem está só, e que nesta solidão sente-se incomodado e incompleto (Gn 2,18); • O homem sente-se insatisfeito diante de suas exigências de amor e comunhão que ele sente em si mesmo, daí a iniciativa de Deus de criar a mulher;
No relato javista a formação da mulher não é relacionada com a procriação e a perpetuação da espécie, mas sem com o fato de que o homem não pode estar só; • A mulher que Deus apresenta ao homem como companheira de vida e colaboradora, elimina radicalmente aquela situação incompleta em que o homem se encontrava;
O matrimônio aparece como expressão elevada e mais direta desse complemento, pois seu objetivo é o de permitir que o casal se realize numa comunhão total de vida;
Neste relato, o matrimônio é tido como união total e estável de dois seres, homem e mulher, “para formar uma só carne”. Carne, aqui, indica a pessoa humana total, embora sob os aspecto corpóreo.
A união, sexual, entre o homem e a mulher no matrimônio, volta-se claramente no sentido de manifestar e favorecer a união de corações, mente e espírito entre dois seres.
Podemos distinguir três etapas da revelação divina: • Na tradição anterior ao século VIII a.C. a Sagrada Escritura nos apresenta um ou outro casal. Eles refletem o ideal bíblico.
A preocupação será antes de tudo a descendência (Gn 16,1-3). A problemática fundamental é a da fecundidade e da descendência (Gn 29,32).
A preocupação da descendência é muitas vezes confundida com acontecimentos imorais para nós.
Alguns versículos, como 2Sm 16,21, recordam o concubinato; ao passo que 1Sm 1,8 ressalta o aspecto amoroso do casal.
Mas nem tudo é fácil na vida do casal; pelo contrário, com freqüência surgem dramas.
Os dois companheiros deixam-se dominar pelo orgulho e pretendem ser como Deus.
No tempo dos profetas, o matrimônio encontra o seu modelo na aliança.
De ambas as partes exige-se amor e fidelidade: da parte de Deus (Ex 34,6-7; Dt 7,7-8) e da parte de Israel (Dt 6,4; Os 4,2;6,6).
A aliança entre Deus e seu povo é como um matrimônio e esta união não é apenas jurídica, mas é união de amor.
O profeta Oséias parece estar na origem desse estreito paralelismo entre aliança e matrimônio.
O tema é retomado pelos outros profetas e também um pouco desenvolvido, por exemplo, por Isaías (5,1-7; 54,1-10), Jeremias (2,1; 3,4; 31,21-22), Ezequiel (16;23).
A época pós-exílica traz a sua contribuição à visão do matrimônio. Malaquias desenvolve o tema da indissolubilidade, isto ultrapassa as exigências da lei (2,14-16).
Os Provérbios apresentam as mesmas exigências: tudo deve concorrer para a fidelidade e, portanto, é mister afastar a mulher adúltera e sedutora (5,1-14; 7,1-27).
No Eclesiástico encontraremos o tipo da esposa modelar e da má esposa (23,16-26,18).
Tobias, porém, vai além da união matrimonial, trata-se da salvação. Na condição humana atual, o casal está exposto ao demônio (6,14-15) e Sara será salva por Tobias (6,19). O amor de Tobias e Sara é casto e é santificado pela oração, pela continência de três dias após o matrimônio.