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SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. Fotos antigas. São José dos Campos! Dizemos hoje deslumbrados com tua beleza, tua imponência de cidade moderna.
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SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Fotos antigas
São José dos Campos! Dizemos hoje deslumbrados com tua beleza, tua imponência de cidade moderna. Tu não és o berço em que eu nasci. Conheci, porém, a tua história e te vi crescer. Acompanhei o teu progresso. São lembranças que o tempo deixou ficar no coração e no olhar. Com cinco anos de idade, eu e minha família deixamos nossa terra natal, Araraquara, e mudamos para esta cidade, São José dos Campos, que nos acolheu como filhos queridos, como aqui nos sentimos. O olhar que viu SJC crescer
A cidade era calma e lenta e minha memória me leva a muitas casas onde morei, desde minha chegada em 1925. Na minha infância pude brincar na rua com minhas amigas,jogando bola, pulando corda e brincando de amarelinha na calçada O coreto da Praça Cônego Lima, ``Jardim da Preguiça´´, também servia para nosso divertimento.
Duas ruas são especiais até hoje em minha memória da ``Terceira Idade´´, pois já completei 88 anos, em abril deste ano: Rua Sebastião Hummel, no centro, e a recordação das palmeiras e o das magnólia da avenida Dr. João Guilhermino.
Havia no centro da cidade poucas ruas e alguns becos que ligavam a rua principal, Rua 15 de Novembro ou Rua Direita, como era chamada, por se localizar á direita da Igreja Matriz (marco de todas as cidades), com a Rua São José, que tinha o nome de Rua de Trás, por se localizar atrás da Igreja Matriz (que rodeava o Banhado).
A Rua 7 de Setembro éra a ``Rua do Mercado´´. Completavam o centro da cidade as ruas: Dr. Rubião Júnior, Rua Vilaça, Rua Francisco Rafael, Avenida Dr. Mario Galvão e a importante e comercial Rua Siqueira Campos com lojas de tecidos dos Libaneses, armazéns, barbearias. A tradicional ``Casa Confiança´´, de Nicolau Letaif e Elhage continua até hoje, e as lojas de Badue Cury e Said Calil não existe mais, embora tenham deixado muitos descendentes que atuam em outras áreas. importantes da cidade.
A Rua São José, hoje Avenida São José, tinha muitas casas que ocultavam o Banhado. Visitar o Banhado nos quintais das casas das amigas era um dos passeios prediletos. A criançada ao ouvir o apito do Trem da Central do Brasil, na curva da estrada em direção da Estação, descia o morro até a linha e era preciso muita energia depois para voltar. Banhado, neblina matutina, vegetação e o pôr- do -Sol rosa e dourado se apagando lá dos lados da Mantiqueira!
Com a demolição das casas da Rua São José, projeto do Engenheiro Francisco José Longo, apareceu a beleza do Banhado, postal da cidade. cartão postal da cidade.
O circo aparecia de vez em quando, sendo armado no Largo Valeriana, inteiramente de terra batida e apenas uma árvore de eucalipto no fundo. Hoje,``Jardim do Sapo´´ e oficialmente Praça João Mendes. Anunciavam o espetáculo passando pelas ruas calmas do centro: o palhaço, animais nas jaulas e muita alegria para as crianças e adultos. Ficava na cidade apenas três dias. Era triste ver o circo desarmado ir para outra cidade!
O lazer se concentrava na Rua 15 de Novembro. O carnaval de rua e os clubes Associação Esportiva e Esporte Clube animavam os foliões com marchinhas carnavalescas. O corso nas ruas com carros cheios de pessoas exibindo fantasias brincando com lança-perfume, serpentina e confete e o povo que se aglomerava nas calçadas, com muita alegria, enfeitavam a cidade durante os três dias.
Aos sabados e domingos, á noite, das 19h ás 22h a PL-1, de Paulo Lebrão que funcionava em uma das salas do Hotel dos Viajantes animava o ``footing´´, passeio das moças e rapazes com olhares amorosos que flertavam no trajeto do Largo da Matriz á Praça Cônego Lima (Jardim da Preguiça).
Em 1930, a Igreja Matriz (velha) foi demolida. As paredes eram de taipa, hoje só existe a Igreja São Benedito, no centro. O vigário, Padre José Monteiro foi substituido pelo Padre José Fortunato Ramos, encarregado da construção da nova Igreja, no mesmo local. É a que temos hoje que foi pintada e decorada pelo dedicado Padre João Guimarães, a quem merecidamentefoi dado o nome da praça da matriz.
As procissões organizadas pelo vigário percorriam a Rua 15 de Novembro e a rua 7 de Setembro em filas laterais com irmandades das moças Filhas de Maria, das senhoras do Sagrado Coração de Jesus, dos homens do Santissímo e das alunas do Externato São José uniformizadas com blusa branca, saia pregueada, gravata e boina azul-marinho. Atrás vinha a banda municipal e o povo contrito caminhava até a Igreja Matriz para assistir á missa campal, na praça. Não faltava na frente da procissão, abrindo o caminho e festejando, o rojão de vara em toda esquina.
Funcionava onde hoje é á Biblioteca Cassiano Ricardo, o Cine Teatro São José, de José Machado , filho de Bertolino Leite Machado que construiu o prédio em 1909, para esta finalidade. Mais tarde começou a funcionar o Cine Paratodos, na rua Coronel Monteiro, em frente á Igreja Cristã Evangélica, inaugurado com o filme ``E o vento Levou...´´.
As escolas Grupo Escolar Olympio Catão, Escola Normal Livre e o Externato São José, assim como as residências de famílias tradicionais como Delias, Ricardo, Mascarenhas, Cerdeira, D´ávila, Dória entre outras, ficavam na Rua 15 de Novembro. O Externato São José das freiras salesianas, fundada em 1926 pela irmã Rosalina, contribuiu na educação e cultura das jovens joseenses para um futuro promissor. Estudei nesta escola desde o Jardim da Infância até o quarto ano da Escola Primaria, no tradicional prédio que ficava em frente á Agencia do Correio.
No comércio da Rua 15 de Novembro constava a Padaria Rossi, de Leopoldo Rossi, com pães, biscoitos e balas de primeira qualidade. Todas as manhãs uma carrocinha entregava nas residências pães quentinhos. Hoje funciona a Galeria Rossi. Ao lado, onde éra Casa Diamante, de secos e Molhados, presentes finos e perfumes importados. O Bar 15 era o ponto de encontro de homens de negócios importantes ou mesmo bate-papo dos joseenses para passar o tempo da cidade calma e lenta.
O Mercado Municipal continua no mesmo lugar, reformado e bonito, mas nem sempre foi assim. As donas de casa diariamente freqüentavam para comprar frangos vivos, carne, peixes, frutas e verduras frescas. Aos sábados, o pessoal da roça, os chamados caipiras, traziam para vender, em balaios e carroças: rapadura, farinha de mandioca e de milho, cambuquira, mangarito, serralha, frutas, verduras e artesanato de barro. As compras eram levadas ás residências por meninos pobres, descalços, em carrinhos de mão rústicos, feitos de caixote de madeira.
Esta cidade do clima acolhia os doentes para tratamento da tuberculose que desembarcando na estação ferroviária procuravam a condução de charretes ou carro de aluguel para irem até os sanatórios e pensões como: Sanatório Vicentina Aranha, fundado em 1924, Sanatório Ademar de Barros, hoje Vila Ady-Anna, Sanatório Ezra, fundado por Judeus, hoje Parque Santos Dumont. As pensões Rosemberg, Muzzaco e outra ficavam longe do centro, da Avenida João Guilhermino em diante, por motivo do clima melhor e mais puro para os pulmões. Evitar o contágio com os moradores era necessário.
Dr. Ruy Rodrigues Doria Os dedicados médicos Dr. Nélson Silveira D´Ávila, Dr, Rui Rodrigues Dória atendiam os doentes no consultório e nas casas e muitas vezes sem cobrar. Nem todos os doentes voltavam completamente sãos para a sua cidade de origem. Dr. Nélson Silveira D´Ávila
A Tecelagem Parayba, fábrica de cobertores e mantas, desde o inicio aquecia o coração dos joseenses dando trabalho aos operários que bem cedo, ás 4h20, acordavam com o apito da fábrica e levantavam para o labor de cada dia.
O tempo não parou para São José dos Campos. A cidade ``lenta e calma´´ cresceu. Novas empresas encontraram portas abertas para o progresso: Rhodia, CTA, GM, Embraer, Johnson & Johnson e outras. Esta é a São José de hoje!. Pelo esforço e persistência de seus filhos, pela orientação patrióta e segura de seus administradores, coloca-se entre as primeiras do Vale do Paraiba, do Estado e do Páis. Hoje me pergunto: como não amar esta cidade que me viu crescer também e que na infância, na Rua Sebastião Hummel, encontrou um menino Joseense de onze anos, com olhares amorosos e que mais tarde o destino os uniu com um casamento duradouro de 38 anos?. Formamos uma familia Joseense, com três filhos, três netos e três bisnetos. Onde encaixar estas lembranças?. No coração... e no olhar.
Texto: Simplesmente – Maria Montagem: João 13 de Setembro de 2012