1 / 21

O E nsaio sobre a Dádiva

Coesão Social através do Fortalecimento das Cadeias Produtivas Troca , Oportunismo Solidariedade e Clientela. Ou : o que Capital Social tem a ver com competitividade e sustentabilidade das Cadeias Produtivas ? Carlos Paiva – 16.11.11 . O E nsaio sobre a Dádiva.

lise
Download Presentation

O E nsaio sobre a Dádiva

An Image/Link below is provided (as is) to download presentation Download Policy: Content on the Website is provided to you AS IS for your information and personal use and may not be sold / licensed / shared on other websites without getting consent from its author. Content is provided to you AS IS for your information and personal use only. Download presentation by click this link. While downloading, if for some reason you are not able to download a presentation, the publisher may have deleted the file from their server. During download, if you can't get a presentation, the file might be deleted by the publisher.

E N D

Presentation Transcript


  1. Coesão Social através do Fortalecimento das Cadeias ProdutivasTroca, OportunismoSolidariedade e Clientela Ou: o que Capital Social tem a ver com competitividade e sustentabilidade das Cadeias Produtivas? Carlos Paiva – 16.11.11

  2. O Ensaiosobre a Dádiva • Todossabemos o que é a “dádiva”: é darsem pretender receberqualquercoisaemtroca! • Será? …. Marcel Maussnosexplicouquenão. Que a dádiva é darsemexigirretribuiçãoimediata. É interporumaespera ritual, emque o querecebepodenãoretribuir. • Mas a nãoretribuição é mal vista, e sofreretaliação. • Chegoualguém de fora, um colega novo vempara a nossacidade. Oferecemos um jantar. Depoisoutro. Depoisoutro. Depois…. nada. A não ser que o homenageado – quejá tem casa - nosrecebatambém.

  3. O Senhor e o Servo • Hegel tambémnosensinou a ver a trocaportrás de relaçõesqueparecem ser de “mãoúnica”, analisando a dialética entre o senhor e o servo; • Na aparência, um manda e outroobedece. Mas o senhordepende do servo para ser senhor. A sobrevivência do servo é a condiçãodapreservaçãodacondiçãoservil e, portanto, dacondição de ser do “senhor”. • O senhor se torna, assim, escravo dos seus servos e darelaçãoservil. E é tãomaisescravo, quantomenoscontratual for a relaçãoservil; quantomaisestarelação se aproximardaescravidãopura, marcadapelocaráter de excepcionalidade, por ser nãocontratual, não universal, nãoreplicável.

  4. A Troca é universal, mashátrocas e trocas • A dádiva é umatroca de “quaseequivalentes” com intervaloindefinidoparasuaconclusão. Mas o intervalonão é infinito. Entre pais e filhos, o intervalo é umageração. • Atémesmo a relação de escravidãoenvolvetroca. O escravoquenãorecebe o que é seupor “direito” – alimento, abrigo, proteção – perece. E, com ele, perece o senhor. Pois um senhorsemescravosnão é senhor. Ou o senhor “retribuiemtroca”, oudeixa de ser senhor. • Masexisteumadiferença crucial entre as trocaspré-mercantis e as mercantis. Estaúltima é transparente e pressupõealgumplano de equivalênciaem valor: o bemouserviçoalienadorecebe um valor no mercado e só é entregueemtroca do seu valor emdinheiro.

  5. Marx e o mundodamercadoria • Marx saúda o capitalismocomo o sistemaemque as trocasinaparentes se tornamóbvias. No mundoemquetudoviramercadoria, falsasdádivas, falsasobrigaçõesmorais, perdemosvéus e se mostram, o querealmentesão: purointeresse! • A regraabsolutamente universal do mundomercantil é: sódou, se receberalgoemtroca de valor similar. • Mas Marx lembraque o fatodatrocaperderosvéus e se tornar universal nãosignificaquetoda a trocaseja de EQUIVALÊNCIA. • Hátrocas – em especial a troca entre capital e trabalho – que é cronicamenteinequivalente: um dámaisque o outro. E o querecebemenos do quedá, tende a se revoltar.

  6. Coasee oscustosdatroca • Coasechama a atençãopara um outrolado do problema. Parecequase um anti-Marx. Para Coase, mesmo no capitalismomaisconsolidado, nemtudo é “troca”. • Subsistemsistemas de purahierarquia, ondeatividadessãorealizadas e produtossãoentreguessemqualquercontraprestaçãoemdinheiro. • Na verdade, esta é a essênciada FIRMA CAPITALISTA. Toda e qualquer firma, toda e qualquerempresa, é um sistemaemque as “trocasinternas” se dãosemreciprocidade, sempagamentoemdinheiro. É um fluxoqueparece ser de mão-única. Porquê?

  7. Oportunismo e Custos de Transação • O ponto de partida de Coase é o reconhecimento de quenenhumatroca se esgota no momentodaentrega do produto e do dinheiro. A qualidade do quefoiadquiridosóseráconhecido com o uso, queleva tempo. Comprar “gatoporlebre” é um risco (e um custo) muitogrande. • Além disso, quando se apelapara o mercado, hásempre o risco de nãoconseguirobter um produtoouserviço “quandomais se precisa” dele. • A estruturação de “transaçõeshierárquicas”, baseadasemcontratos de longoprazo (assalariamento, financiamentoparainvestimentos, aquisiçãodefinitiva de equipamentosprodutivos) é o principal instrumentoparagarantirquevamosconseguir “lebrequando se precisa de lebre”.

  8. Oportunismo, Hierarquia e Ineficiência • As conclusõesque se extraem de Coasesãomuitointeressante: • 1) quantomaisgeneralizado o oportunismo, tantomaior a necessidade de hierarquia. As firmastendem a ser grandes e altamenteintegradas no plano vertical. Num mundo de oportunistas, só a grande firma verticalmenteintegrada (fordista) sobrevive. • 2) Mas se a funçãodahierarquia é deprimir o risco, seucusto é a perda de flexibilidade e a emergência e estruturalização de ociosidades (máquinasparadas, trabalhadorescontratadossemtarefa a cumprir) “eventuais” e o arrefecimento do potencialinovativo dos agentesprodutivos (o trabalhadorobedeordens e nãoprecisa “conquistar” seuclientenalinha de produção).

  9. Oportunismo e Ineficiêncianumamentebrilhante • Poucodepois do trabalho seminal de Coase, a relação entre oportunismo e ineficiênciafoidemonstradamatematicamentepor John Nash e seusdiscípulosatravés do famosoDilema do Prisioneiro. • Doissuspeitos de latrocíniopodem se safardapenaporassassinato (masnão de roubo) porinsuficiência de provas. A políciapropõedelaçãopremiada (excetoroubo). • Tal comoficoudemonstrado, a únicadecisãoracional (o únicoequilíbrio de Nash) é a delaçãorecíproca. O oportunismo – a tentativa de levarvantagem, a despeito do outro - levaaopior dos mundos.

  10. Dilema do Prisioneiro

  11. O dilema do prisioneiro no cotidiano • Alguémpoderiapensarque a tendência à delação é boa para a sociedade. Massó é no caso particular narradoabaixo. Este jogo, contudo, é universal. Estamosdentro dele o tempo todo. E, via de regra, eleconduzaomesmoresultado: ficamostodospioraosermos “racionais”. • Istoficaclaroquandopensamosnaopçãomaisracional de investir (ounão) ematividadesquebeneficiam a todos (como P&D sempatentes). É sempremelhordeixarosoutrosinvestiremem P&D guardarseusprópriosrecursosparainvestirnaprodução e comercializaçãodainovação.

  12. O dilema do LaboratórioColetivo

  13. Hierarquia e Ineficiência • É semprepossível “resolver” o problema do oportunismopelahierarquia. A Máfiamata o delator. O governocria um imposto e todos “colaboram” para o Laboratóriocoletivo. • Mas, comoCoasenoslembra, a hierarquiageraineficiências. E, como Marx (e North) noslembra(m), elageradesigualdades e rancores. O queaprofunda a necessidade de hierarquia. Aprofundandosuasineficiências. • Só as sociedadesqueconseguiramcontrolar o oportunismo com um mínimo de imposiçãoexterna (Estado) e um máximo de circunscrição “interna” (via internalização de umadeterminadaideologiadasolidariedade e de honradez: confucionismo, judaísmo, luteranismo, calvinismo, etc.) prosperaram no longoprazo. • E quando as práticasoportunistaspassam a se imporsobre a ideologiadasolidariedadeemsociedadesque, atéentão, eram (parcialmente) regidaspelaúltima, a economiaperdedinamismo.

  14. A solidariedade é “ensinável”? • Tudo é ensinável. E tudo o que é ensinável, só o é por ser inóbvio e, portanto, difícil de aprender e entender. • Mashácircunstânciasquefacilitam a aprendizagem de conteúdosparticulares. As vantagensdasolidariedadesãomaisevidentesemcadeiasonde • 1) “colocar-se no lugar do outro” é um exercício de “memória”; onde o dono do restaurante de hojefoi o auxiliar de cozinha de ontem. • 2) o ganho de reputaçãopara a “origem” faz com que o sucesso de um transbordepositivamentesobreosdemaisagentesdacadeia; • 3) ondeexistam INSTITUIÇÕES responsáveispelapromoção do diálogo e pelapunição “socioeconômica” dos agentesqueapegam a práticasoportunistas.

  15. A solidariedade é “ensinável”? • Emeconomês, diríamosque as vantagensdasolidariedadesãomaisfacilmenteperceptíveisemcadeiasonde o ingresso é livre, onde as economiasexternassãomaisimportantesque as internaspara a competitividade e quesãocaracterizadasporumarica e complexainstitucionalidadenão-governamental. • Vitivinicultura, gastronomia (e todososserviços de turismo) processamento do leitesãocadeias de livreentrada, assentadasemexternalidades e caracterizadasporsistemascomplexos e ricos de governançainterna (Associações, Cooperativas, Sindicatos, etc.). • O elementomaiscomplexo é a externalidade. Um exemploajuda a compreensão: a construção de um novo parquetemáticoemGramadonãodeprime a rentabilidade das atraçõesjáexistentes, poispromove a vinda de maisturistaspara o território. Tal como num shopping center, onde a abertura de umalivrariaou bar podeajudar as lojas de roupa, umavezqueosmaridosganhamopções de lazerdurante o “ritual incompreensível” (ConstanzaPascolato).

  16. A solidariedade é “ensinável”? • Masháresistênciasemtodas as partes a “novidadismos”. Especialmentequandoeleatenta contra o senso-comum de quetodo o jogo é de soma zero (se alguémganha, é porquepassou a perna no outro! Nãoexistemjogosganha-ganha!) • E quanto o novidadismoenvolve defender a mobilidade social, o aprofundamento do livreingresso, a alteridade no poder, entãohásemprealgum “coronel” interessadoemdemonstrarque a idéia é “muitobonita no papel, mastotalmenteutópica!” • Felizmente, contamos com aliados no coraçãomesmo do discursoconservador: o discursoda “Administração de Empresas”, que, nostermos de Coase, é o discursoda “Administração das IneficiênciasdaHierarquia”.

  17. A Gestãovoltadapara o Cliente • Nada mais é do que o reconhecimento de que a hierarquia mascara ineficiências. • Hámuitomaisportrás do jargão “o cliente tem semprerazão” do queusualmente se pensa. Emprimeirolugar, está a lembrança de quequem define o que é “qualidade” é o comprador e quenenhummonopólio é estável. Quemnãoouveosreclamos e demandas do cliente comprador estáfadado a perderespaço. • Mastambémháumalembrança crucial: e que o fato do “próximo” nalinha de produção no interior da firma (do espaçodahierarquia) nãoterque “comprar” nãosignificaqueelenãodependadaqualidade do quetuoferecesparaagregar valor para a firma. • E isto se desdobranamaior das lições: • PARA ALÉM DE TODAS AS DIFERENÇAS HIERÁRQUICAS E DE FUNÇÃO, SOMOS CLIENTES FORNECEDORES E CONCORRENTES UNS DOS OUTROS.

  18. Fornecedores, clientes e concorrentes • Emsetores e cadeiasonde o ingresso de novosempresários é obstaculizadoporescalasmínimaselevadas e barreirastecnológicas (alicerçadasounãoempatentes) a percepção de cadaagentecomo, simultaneamente, “fornecedor, cliente e concorrente” é dificultadapeloespírito de “classe”. Os trabalhadores se vêemcomoumaunidade “contra” o empresário-capitalista (e vice-versa). • Nossetores de livreingresso, o empregado de hojepode ser o “patrão” amanhã. Na verdade, uma parte (nãodesprezível!) daremuneração do empregadonestascadeias é a expectativa de ocuparoutrolugar no futuro. • E estaexpectativa – se tiver bases sólidas – jáconduz a uma “perspectivação” distinta, onde o “colocar-se no lugar do outro” é quase trivial

  19. Fornecedores, clientes e concorrentes • Analisarumacadeia a partir das redes de relações entre fornecedores, clientes e concorrentes, é colocar-se naperspectivadaanáliseestruturalista, amplamentedifundidapor Porter. • Nãonosinteressaingressarnapolêmica entre estruturalistas e RBV (de Penrose a Prahalad). Ambasestãocorretas. Apenas se aplicam a níveisdistintos. • No momento, nosinteressaresgatar o elementoestruturaldacompetitividade e darentabilidade. E, destaperspectiva, é precisoavaliaroscustosimpostospelosfornecedores, o poder dos clientes de limitar o preço final e a pressão dos concorrentesparaoferecer a preçosmaisbaixos do queos “ideais” paracadaelo.

  20. Fornecedores, clientes e concorrentes • Aolongo de toda e qualquercadeialonga, háconflitosdistributivos entre as partes. O ganho de um (do fornecedor, porexemplo) é o custo do cliente. E o concorrentequeacaba de ingressarlimita a rentabilidade do jáestabelecido. • Entender a forma comoesteconflito (inerente e insuperável) é percebido e administradopelosagentes no interior das distintascadeiasprodutivas é fundamental paraqueentendamososmecanismos de desenvolvimento e de ESTRANGULAMENTO dasolidariedade no interior damesma. • Na verdade, a própriapercepçãodauniversalidadedestacondição “trial” é parte importantedaconsolidação de umainstitucionalidadeapta a administraradequadamenteosconflitosdistributivos no interior dacadeia.

  21. Fornecedores, clientes e concorrentes • O produtor rural é fornecedordavinícola, daindústria de leite e (com ousemmediações) do restaurante. A qualidade dos insumosqueeleoferece é crucial nadeterminaçãodaqualidade do produto final. O que o impede de oferecerinsumos “melhores a melhorespreços”? São osseusfornecedores de insumos, seusconcorrentesouseusclientesquelimitamsuacompetitividade e rentabilidade de longoprazo? • A firma vinícola e de laticínios é fornecedora do restaurante. A carrocinha de cachorro-quente é concorrente. E o consumidor final é o seucliente. • E também o trabalhadorassalariado no interior dacadeiaestá no interior destarelação “trial”. Quem o contratou – quecompra o serviçoqueelevende – é seucliente. Quemforneceuosinsumospara a realização de seutrabalho – a escola universal outécnica – é seufornecedor. E osdemaistrabalhadores do setor, sãoseusconcorrentes. • Se suaremuneração é baixa, quem é responsável: seucliente, seusconcorrentesouseusfornecedores? É istoque o nossoquestionáriobuscaidentificar. E, assim, buscamosidentificarosgargalos e osdeterminantes dos problemas de solidariedadeemcadacadeia.

More Related