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Monografia apresentada como requisito para conclusão da Residência Médica em Pediatria Geral (Hospital Materno Infantil de Brasília)/SES/DF. Diagnóstico e Manejo de Bronquiolite Viral Aguda: Proposta de Protocolo . LARISSA CAETANO SILVA Orientador: Jefferson Pinheiro
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Monografia apresentada como requisito para conclusão da Residência Médica em Pediatria Geral (Hospital Materno Infantil de Brasília)/SES/DF Diagnóstico e Manejo de Bronquiolite Viral Aguda: Proposta de Protocolo LARISSA CAETANO SILVA Orientador: Jefferson Pinheiro www.paulomargotto.com.br Brasília, 28 de novembro de 2013
Considerações gerais • Agente etiológico: vírus sincicial respiratório (VSR) em 70% • 95% das crianças aos 2 anos de idadejá foram infectadas pelo VSR • 40% das crianças infectadas até os 12 meses de idade desenvolvem bronquiolite clínica • Causa mais comum de admissão hospitalar nos primeiros 6 meses de vida • Sazonalidade: outono e inverno, particularmente nos meses de abril a setembro • Junior SJB, et al. Infecções agudas por VRSH em crianças hospitalizadas. J Pediatr (Rio J). 2011;87(3):219-224 • Fitzgerald DA. Viral bronchiolitis. Journal of Paediatrics and Child Health 2011; 47: 160-166. • Mação P, Dias A, Azevedo L, Jorge A, Rodrigues C. Bronquiolite Aguda Estudo Prospectivo. Acta Med Port 2011; 24(S2): 407-412.
Considerações gerais • Diagnóstico: história clínica e exame físico • Definição descritiva em crianças com sibilância: • bronquiolite? • hiperreatividade brônquica? • alergia? • sibilância associada a outros vírus? • asma? • Tratamento: várias terapias em estudo sem eficácia comprovada • Falta de consenso nos critérios diagnósticos e no tratamento • angústia nos pais e nos médicos • acometimento de faixa etária jovem na população pediátrica • risco de complicações • Bordley C, et al. Diagnosis and Testing in Bronchiolitis A Systematic Review. Arch Pediatr Adolesc Med. 2004;158:119-126. • Sakellaropoulou A, et al. Acute bronchiolitis in a paediatric emergency department of Northern Greece: Comparisons between two decades. Arch Med Sci 2012; 8, 3: 509-514.
Diagnóstico e Manejo de Bronquiolite Viral Aguda: Proposta de Protocolo • Objetivo: propor protocolo de diagnóstico e manejo sobre bronquiolite viral aguda para serviços de emergência pediátrica • Método: revisão da literatura nacional e internacional de artigos publicados nos últimos 10 anos nos bancos de dados MEDLINE, LILACS-BIREME e COCHRANE • descritores: bronquiolite aguda, infecções respiratórias virais na infância e sibilância em crianças • artigos originais, artigos de revisão, editoriais e diretrizes, sendo selecionados de acordo com os critérios do Centro Oxford de Evidência • Formatação: normas do Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria
Definição • Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa: • diretriz da American Academy of Pediatrics (2006): constelação de sintomas e sinais clínicos incluindo pródromos de infecção viral de vias aéreas superiores seguidos de aumento do esforço respiratório e sibilância em crianças com menos de 2 anos • Na Inglaterra, em outros países da Europa e na Austrália: • diretriz da ScottishGuideline Network (2006): doença viral sazonal caracterizada por febre, coriza e tosse, com crepitaçõesinspiratórias finas e/ou sibilos expiratórios ao exame • Subcommittee on Diagnosis and Management of Bronchiolitis. Diagnosis and Management of Bronchiolitis. Pediatrics 2006;118;1774. • Bronchiolitis in children: A national clinical guideline. Scottish Intercollegiate Guidelines Network. November 2006.
Diagnóstico • Clínico • Sintomas e sinais: • Tosse • Rinorréia • Taquipnéia • Desconforto respiratório: gemência, batimento de asa de nariz, retrações inter ou subcostais • Sibilos ou crepitações • Evolução autolimitada • Pico do estresse respiratório: entre o quinto e o sétimo dia de evolução • Sibilância: até uma semana ou mais. • Subcommittee on Diagnosis and Management of Bronchiolitis. Diagnosis and Management of Bronchiolitis. Pediatrics 2006;118;1774. • Bronchiolitis in children: A national clinical guideline. Scottish Intercollegiate Guidelines Network. November 2006.
Protocolo Criança com menos de 2 anos de idade Anamnese: sintomas de infecção viral de vias aéreas superiores seguidos de aumento do esforço respiratório com menos de 10 dias de evolução Exame físico: taquipnéia, desconforto respiratório, sibilos
Patogênese Broncoespasmo Bronquíolo terminal Musculatura lisa Replicação viral Sintomas e sinais de bronquiolite Produção de mediadores inflamatórios pelas células epiteliais respiratórias Predisposição dos lactentes: Pequeno calibre das vias aéreas distais Ausência de imunidade ativa contra o VSR e outros vírus respiratórios Edema de mucosa e acúmulo de muco Lúmen Aprisionamento de ar nos alvéolos Alveolo Edema e necrose das células epiteliais respiratórias Aumento na produção de muco Aumento da reatividade da musculatura lisa das vias aéreas Inflamação aguda Knight KL. Clinical assessment and management of a child with bronchiolitis. Nursing Children And Young People. 2012; 24 (8): 29-34.
Broncodilatadores • Não devem ser usados rotineiramente no manejo da bronquiolite • Beta-2-adrenérgicos (salbutamol) • Ação na broncoconstrição • Série monitorizada com resposta satisfatória: • Hiperreatividade brônquica • Asma • Alergia • Frey U, Mutius E. The Challenge of Managing Wheezing in Infants. N Engl J Med. 2009; 360:20.
Protocolo Série de beta-2 adrenérgicos monitorizada Critérios: frequência respiratória saturação de oxigênio sibilos esforço respiratório Reavaliação em 60 minutos Com resposta satisfatória Investigar antecedentes de asma, alergia e sibilância prévia Manter broncodilatador de horário Associar corticoide sistêmico se necessário Reavaliar em 48 horas
Broncodilatadores • Alfa-adrenérgicos (epinefrina) • Resultados favoráveis: • Redução do edema da mucosa respiratória • Revisão pela Cochrane: epinefrinanebulizada pode apresentar efeito melhor que salbutamol e placebo na melhora clínica • Metanálise: epinefrina mostrou melhora clínica de curto prazo e menor necessidade de internação hospitalar quando comparada a salbutamol • Cuidados: • Deve ser feita em ambiente hospitalar com controle clínico e monitorização da frequência cardíaca • Risco de efeito rebote • Anticolinérgicos (brometo de ipratrópio) • Em nenhuma situação são superiores aos beta-2 agonistas, isoladamente ou combinados • Subcommittee on Diagnosis and Management of Bronchiolitis. Diagnosis and Management of Bronchiolitis. Pediatrics 2006;118;1774. • SkjervenHO. Racemic Adrenaline and Inhalation. N Engl J Med. 2013; 368:24. • Hartling L, Bialy LM, Vandermeer B, et al. Strategies in Acute Bronchiolitis: Epinephrine for bronchiolitis. Cochrane Database Syst Rev. 2011. • Wainwright C. Acute viral bronchiolitis in children- a very common condition with few therapeutic options. Paediatric Respiratory Reviews. . 2010; 4: 39-45. • Dalt L, Bressan S, Martinolli F, PerilongoG, Baraldi E. Treatment of bronchiolitis: state of the art. Early Human Development. 2013; 89S1: S31-S36.
Protocolo Reavaliação em 60 minutos Com resposta parcial ou sem resposta Hipótese diagnóstica: Bronquiolite aguda Tratamento: -sem consenso -medidas de suporte
Hidratação e Oxigenioterapia • Hidratação • oral ou venosa • constantemente avaliada • necessidades aumentadas e ingesta diminuída • taquipneia e febre • desconforto respiratório • cautelosa com monitorização da diurese: • aumento do hormônio antidiurético • Oxigênio suplementar • se saturação de oxigênio persistentemente abaixo de 92% • cateter nasal, máscara ou oxitenda • McCulloh RJ, Smitherman SE, Koehn KL. Assessing the Impact of National Guidelines on the Management of Children Hospitalized for Acute Bronchiolitis. Pediatr Pulmonol. 2013; 9999:1-7. • Kugelman A, Raibin K, Dabbah H, et al. Intravenous fluids versus gastric-tube feeding in hospitalized infants with viral bronchiolitis: a randomized, prospective pilot study. J Pediatr 2013; 162:640. • Lieberthal AS. Oxygen Therapy for Bronchiolitis.Pediatrics 2007;120;686.
Protocolo • Tratamento domiciliar: • Critérios: • Crianças bem hidratadas, com aceitação da dieta oral, com oxigenação adequada e clinicamente estáveis • Tratamento: • Hidratação oral • Orientação aos pais • Anti-térmico se necessário • Reavaliação em 48 horas
Protocolo • Internação hospitalar: • Critérios: • aspecto toxemiado • dificuldade de alimentação ou desidratação • dispneia moderada a grave (batimento de asa de nariz, retrações de fúrcula, inter ou subcostais) • FR>70irpm • cianose • apneia • hipoxemia (SaO2 <92%) • pais incapazes de executar cuidados em casa • Bronchiolitis in children: A national clinical guideline. Scottish Intercollegiate Guidelines Network. November 2006. • PiedraPA, Stark AR. Bronchiolitis in infants and children. www.uptodate.com acessadoemsetembro de 2013.
Fatores de risco para doença grave • idade <12 meses (quanto menor a idade maior o risco) • sexo masculino • prematuridade (idade gestacional <37 semanas) • desnutrição • baixo poder aquisitivo • aglomeração • pais ou familiares fumantes • comorbidades • displasia broncopulmonar, cardiopatia congênita, fibrose cística, imunodeficiências Carvalho WB, Johnston C, Fonseca MC. Bronquiolite Aguda, Uma Revisão Atualizada. RevAssoc Med Bras 2007; 53(2): 182-8.
Solução salina hipertônica • Sem evidência suficiente para o uso de rotina • Nebulização com solução salina hipertônica a 3% • Reduzir o edema das vias aéreas e a aderência do muco, os principais fatores envolvidos na patogênese • Revisão sistemática recente: • reduziu tempo de internação hospitalar • melhorou gravidade dos sintomas • Altamente segura, não-invasiva, sem efeitos adversos e de baixo custo • Mais eficaz em livre demanda que em horários fixos • Melhor resultado com solução salina hipertônica 3% comparada a fisiológica 0,9% • Hartling L, Bialy LM, Vandermeer B, et al. Strategies in Acute Bronchiolitis: Epinephrine for bronchiolitis. Cochrane Database Syst Rev. 2011. • Wainwright C. Acute viral bronchiolitis in children- a very common condition with few therapeutic options. Paediatric Respiratory Reviews. . 2010; 4: 39-45. • Dalt L, Bressan S, Martinolli F, PerilongoG, Baraldi E. Treatment of bronchiolitis: state of the art. Early Human Development. 2013; 89S1: S31-S36. • Mandelberg A, Amirav I. Hypertonic Saline or High Volume Normal Saline for Viral Bronchiolitis: Mechanisms and Rationale. Pediatric Pulmonology. 2010; 45:36–40.
Protocolo • Internação hospitalar: • Tratamento: • Hidratação venosa 60-80% Holliday • Oxigênio suplementar • Nebulização com solução salina hipertônica de 4/4 horas e avaliar para manter em livre demanda
Corticosteroides • Efeito anti-inflamatório? • Revisões sistemáticas: • Sem benefício no manejo da bronquiolite em um primeiro episódio de sibilância • Sem alteração nos achados clínicos, na admissão hospitalar e no tempo de internação hospitalar • Carvalho WB, Johnston C, Fonseca MC. Bronquiolite Aguda, Uma Revisão Atualizada. RevAssoc Med Bras 2007; 53(2): 182-8. • AlansariK, Sakran M, Davidson BL, Ibrahim K, Alrefai M, ZakariaI.Oral Dexamethasone for Bronchiolitis: A Randomized Trial. Pediatrics. 2013;132;810.
Outras terapias • Fisioterapia respiratória • Ribavirina • Antibióticos • Heliox, DNase, surfactante exógeno, óxido nítrico inalatório, ventilação não-invasiva, antagonista do receptor de leucotrienos (Montelukast) • Sem nenhuma evidência até o momento que recomende seu uso • DaltL, Bressan S, Martinolli F, PerilongoG, Baraldi E. Treatment of bronchiolitis: state of the art. Early Human Development. 2013; 89S1: S31-S36. • Ferronato AE, et al. Etiological diagnosis reduces the use of antibiotics in infants with bronchiolitis. CLINICS 2012;67(9):1001-1006. • Piedra PA, Stark AR. Bronchiolitis in infants and children. www.uptodate.com acessadoemsetembro de 2013.
Protocolo Sem melhora ou com piora clínica após 72 horas Exames complementares Afastar outras causas
Exames complementares • Radiografia de tórax • Não deve ser feita de rotina • Indicações: • se não houver melhora em crianças hospitalizadas • se a gravidade da doença requiser investigação complementar • se houver suspeita de outro diagnóstico • Estudo prospectivo • uso mais frequente de antibióticos quando radiografias foram solicitadas em suspeita de bronquiolite • poucas alterações nos exames • Achados: • Diversos • Infiltrado verdadeiro: suspeita de pneumonia bacteriana secundária • Joseph J, Hall Z, Hall CB. Bronchiolitis: Recent Evidence on Diagnosis and Management. Pediatrics 2010;125;342. • Schuh S, Lalani A, Allen U, Manson D, Babyn P, Stephens D. Evaluation of the Utility of Radiography in Acute Bronchiolitis. J Pediatr. 2007;150:429-33.
Exames complementares • Hemograma: • Sem utilidade no diagnóstico ou na decisão terapêutica de crianças com bronquiolite • Alterado em infecções bacterianas • Testes rápidos de identificação viral: • Sensibilidade e especificidade variáveis • Pacientes ambulatoriais: pouco impacto no manejo da doença • Pacientes internados: intervenções para reduzir a transmissão nosocomial • Subcommittee on Diagnosis and Management of Bronchiolitis. Diagnosis and Management of Bronchiolitis. Pediatrics 2006;118;1774. • Coffin SE. Bronchiolitis: in-patient focus. Pediatr Clin North Am 2005; 52:1047.
Criança com menos de 2 anos de idade Exame físico: taquipneia, desconforto respiratório, sibilos Anamnese: sintomas de infecção viral de vias aéreas superiores seguidos de aumento do esforço respiratório com menos de 10 dias de evolução Série de beta-2 adrenérgicos monitorizada Com resposta satisfatória Com resposta parcial ou sem resposta Investigar antecedentes de asma, alergia e sibilância prévia • Internação hospitalar Tratamento domiciliar Hidratação venosa Oxigênio suplementar Nebulização com solução salina hipertônica a 3% Manter broncodilatador de horário Associar corticoide sistêmico se necessário Reavaliar em 48 horas Sem melhora ou com piora clínica após 72 horas Afastar outras causas Exames complementares
Conclusão • Bronquiolite aguda: um desafio pela falta de consenso hoje na literatura sobre seu diagnóstico e manejo • As intervenções terapêuticas têm sido alvo de diversos estudos • tratamento de suporte continua sendo o manejo preconizado. • Embora não haja evidências, algumas terapias são promissoras. São necessários, no entanto, mais trabalhos que aumentem as possibilidades de tratamento.