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Os Subterrâneos da Liberdade

Os Subterrâneos da Liberdade. Um canto de louvor à dignidade humana. Osmar Casagrande. A trilogia. Os Subterrâneos da Liberdade é o nome da trilogia composta pelos livros “Os Ásperos tempos”, “Agonia da noite” e “A luz no túnel”, autoria de Jorge Amado. Jorge Amado.

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Os Subterrâneos da Liberdade

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Presentation Transcript


  1. Os Subterrâneos da Liberdade Um canto de louvor à dignidade humana Osmar Casagrande

  2. A trilogia Os Subterrâneos da Liberdade é o nome da trilogia composta pelos livros “Os Ásperos tempos”, “Agonia da noite” e “A luz no túnel”, autoria de Jorge Amado

  3. Jorge Amado “O homem é o homem e sua circunstância” José Ortega y Gasset

  4. o homem jorge amado

  5. Jorge Amadoo homem • Baiano • Humanista • Socialista • Advogado • Comunista • Escritor

  6. Baiano Ao falar sobre o romance “Mar Morto”, em entrevista no ano de 1988, Jorge Amado declara: “(...) é o romance a que me sinto intimamente ligado. O que recorri quinhentas vezes com os mestres de saveiro, meus amigos; até hoje tem mestres de saveiro, meus amigos, que estão vivos!” “Recorri todo o Recôncavo... a vida do povo baiano, a vida do povo dos candomblés, a vida das festinhas de ruas, isso tudo conheço como as palmas de minhas mãos. A velha Bahia, conheço como as palmas de minhas mãos. É tudo o que aprendi e toda a minha obra e está aí, não saiu daí, tudo o que sei aprendi e trago dentro de mim. E ainda hoje, apesar de tantos anos, apesar das mudanças todas que existiram da vida baiana, nas cidades e tudo isso, ainda a minha ligação é extremamente íntima com o povo da Bahia tanto quanto as peças que tenho lá, sejam nas nacionais ou estrangeiras que lá estão.”

  7. Humanista • Toda a obra de Jorge Amado revela esse profundo senso de humanismo, considerando o ser humano acima das classificações, dos interesses monetários, da submissão do ser aos entes, quaisquer que sejam, das fábricas aos estados nacionais, sem apartar-se do humano sentimento.

  8. Socialista • “(...) Porque a humanidade marcha pra diante. O socialismo é fatal. O socialismo não depende de você, nem de mim, nem de ninguém. O socialismo é a marcha inexorável da humanidade que marcha pra frente. Agora, para se chegar ao socialismo verdadeiro, que o indivíduo, a sua individualidade não chega a ser esmagada, dizendo-se que é em função do coletivo, na realidade, sendo em função dos donos do poder... aí, nós vamos andar muito caminho, não tenho a menor esperança de ver, e nem sei se os meus netos verão isso, compreende? Agora, temos que lutar por isso. Porque a nossa luta caminha para isso. Só a luta mesquinha, daqueles que querem o poder imediato, que lutam para se obter alguma coisa imediatamente, que é vã. A luta real e verdadeira é aquela que se faz no desejo de se obter aquilo que um dia será realidade.”

  9. Advogado • Formação acadêmica. Nunca exerceu.

  10. Comunista • Através de Raquel de Queiroz aproxima-se dos comunistas no ano de 1932, estudante de Direito, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano publica seu primeiro romance, “O país do Carnaval”. Sua circunstância de então, emoldurada pela beleza do Rio de Janeiro, é a amizade com José Américo de Almeida, Amando Fontes, Rachel de Queiroz e Gilberto Freyre.

  11. Comunista • Em 1935 escreve no jornal “A Manhã”, veículo da Aliança Libertadora Nacional. Em 1936 sofre sua primeira prisão, acusado de ter participado, em novembro do ano anterior do levante ocorrido em Natal, nomeado de Intentona Comunista. • Em 1937 viaja pela América latina e Estados Unidos. Ao voltar ao Brasil é preso. Seus livros, considerados subversivos, são queimados em Salvador, por determinação da Sexta Região Militar. Em suas atas consta que foram incinerados 1.694 exemplares das obras “O país do carnaval”, “Cacau”, “Suor”, “Jubiabá”, “Mar Morto” e “Capitães da areia”.

  12. Comunista • Ao ser liberto, em 1938, lança-se em intensa atividade política em decorrência da tortura de presos e a desarticulação do Partido Comunista. • Engajado na luta política inicia, em 1941, os trabalhos que trarão como fruto um livro sobre Luís Carlos Prestes e, efetivamente o publica, primeiramente em Buenos Aires, no ano de 1942, em espanhol. O livro é vendido clandestinamente no Brasil e visa reforçar uma campanha pela anistia de Prestes, que está preso e incomunicável.

  13. Comunista • É novamente preso em 1945 por ter participado, como chefe da delegação baiana, do I Congresso de Escritores, que ocorreu em São Paulo e que terminou em manifestação contra o Estado Novo. • Torna-se secretário do Instituto Cultural Brasil-URSS. Também nesse ano lança no Brasil o livro que havia lançado em Buenos Aires, agora com o nome “O cavaleiro da esperança”. • É eleito deputado federal, pelo Partido Comunista, com 15.315 votos e, no ano seguinte assume o mandato, para perdê-lo em 1948, cassado, juntamente com o cancelamento de registro do partido.

  14. Comunista • Janeiro de 1948. Sem perspectiva política possível, sai do Brasil e vai viver em Paris. Em fevereiro do mesmo ano agentes federais invadem sua casa no Rio de Janeiro e apreendem livros, fotos, documentos. • Nesse período viaja pela Europa e pela União Soviética. • É expulso da França, em 1950, mais uma vez por motivos políticos. Recebe, em Moscou, o Prêmio Internacional Stalin, espécie de Nobel da literatura no universo soviético. • 1952. Visita a China e a Mongólia. Com a aprovação da lei anticomunista nos EUA, fica proibido de entrar naquele país. Seus livros também são vetados por lá. • 1956. Deixa o Partido Comunista. A razão: “queria voltar a escrever”.

  15. Comunista • A respeito de seu rompimento com a militância no Partido Comunista, vai declarar mais tarde: “Eu sempre fui, durante muitos e muitos anos, fui militante comunista (...) depois deixei de ser (...) vinha lutando com a direção do partido há três anos para que me liberassem , para voltar a ser escritor, depois de ter escrito Os Subterrâneos da Liberdade, passei anos e anos sem escrever nada e, não tendo conseguido, deixei de ser militante, sem ter me tornado inimigo do Partido Comunista. Eu tenho pelo Partido Comunista uma grande estima, acho que lá dentro estão os homens mais generosos, homens que se batem pela solidariedade (...) e tenho grande admiração por eles, e tive entre eles, e tenho ainda, amigos admiráveis.”

  16. Escritor • O vírus da escrita foi inoculado cedo no menino Jorge Amado de Faria. Nascido em 1912, já em 1922 criou um jornalzinho, “A Luneta”, que distribuía a vizinhos e parentes. Depois, no Colégio Ipiranga, dirige o jornal “A Pátria”, para logo fundar “A Folha”, em oposição ao primeiro. • Em 1927, com15 anos, emprega-se como repórter no “Diário da Bahia”, para logo transferir-se para “O Imparcial”. Tem o poema “Poema ou prosa” publicado na revista “A Luva”. • Passa a integrar o grupo literário Academia dos Rebeldes, que publica seus trabalhos nas revistas “Meridiano’ e “O Momento”.

  17. Escritor • 1929. Publica em O JORNAL, onde trabalha, a novela “Lenita”, escrita em parceria com Dias da Costa e Edison Carneiro, todos utilizando pseudônimos. • 1930.Muda-se para o Rio de Janeiro. Ali conhece Vinicius de Moraes, Otávio de Faria e outros nomes de destaque na literatura. Edita, em livro, a novela “Lenita”. • 1931. Estudante de Direito no Rio, lança seu primeiro romance, “O país do carnaval”, edição de 1.000 exemplares. O sucesso faz com que se lance nova edição, no mesmo ano, dessa vez com tiragem de 2.000 exemplares. • 1933. Publica “Cacau”. O livro tem a edição esgotada em um mês. Sai a segunda edição, de 3.000 exemplares.

  18. Escritor • Sua posição se consolida rapidamente nas rodas literárias e cresce seu círculo de amigos escritores e artistas outros. Em 1933 torna-se redator chefe da revista “Rio Magazine”. Nesse ano casa-se com Matilde Garcia Rosa. Juntos, lançam o livro infantil “Descoberta do mundo”. • 1934. Lança “Suor”. Nesse tempo já está trabalhando na Livraria José Olímpio Editora, escrevendo releases e depois editoriais. • 1935. “Cacau” é publicado em Buenos Aires, enquanto em Moscou, além de “Cacau”, é editado também “Suor”. Lança no Brasil o romance “Jubiabá”.

  19. Escritor • 1936. Publica “Mar Morto”, que recebe o prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras. • 1937. Lança, no Brasil “Capitães da areia”. O teor dos livros é uma afronta ao status quo do Brasil de então. • 1938. “Suor” é editado em inglês, em Nova Iorque e “Jubiabá”, em francês, Paris. No Brasil, lança pequena tiragem de “A estrada do Mar”, livro de poemas, o qual distribui aos amigos. • 1939. Redator chefe das revistas “Dom Casmurro” e “Diretrizes”

  20. Escritor • 1941. Lança “ABC de Castro Alves”. • 1942. Publica, em Buenos Aires, no idioma espanhol, “A vida de Luís Carlos Prestes”. • 1943. Lança “Terras do sem fim”, primeiro livro a ser vendido livremente , após seis anos de censura. • 1944. Publica “São Jorge dos Ilhéus”. Escreve a peça “O amor de Castro Alves”. Termina, nesse ano, seu casamento com Matilde. • 1945. Lança, no Brasil, “A vida de Luís Carlos Prestes”, batizado com o título de “O Cavaleiro da Esperança”. Em Nova Iorque é lançado “Terras do sem fim”. Passa a viver com Zélia Gattai.

  21. Escritor • 1946. Lança “Seara Vermelha”. • 1947. Publica “O amor de Castro Alves”. Abre-se a perspectiva do cinema. A Atlântida compra os direitos autorais de “Terras do sem fim”, que será lançado como “Terras violentas”, em 1948. Jorge Amado escreve diálogos e argumentos para filmes. • 1948. Lança “O gato malhado e a andorinha Sinhá”, estória infantil. • 1950. Escreve “O mundo da paz”, sobre os países socialistas. • 1951. Escreve, em Dobris, Tchecoslováquia, a trilogia “Subterrâneos da Liberdade”. É lançado, no Brasil, “O mundo da paz”, que leva Jorge a ser processado e enquadrado na Lei de Segurança Nacional.

  22. Os Subterrâneos da Liberdade • Esse instante literário de Jorge Amado é quebra de paradigma em sua produção. É aqui que sua visão de escritor desfoca das cidades da Bahia, dos tipos da Bahia, do mar da Bahia. O Brasil passa a ser seu foco, sua vila de pescadores (de almas) e de pecadores (da dignidade humana). O “coronel”, nessa sociedade, é apenas um bronco, representante de um sistema ainda feudal, que busca adaptar-se em um universo onde as potências jogam seu xadrez mundial, na disputa pelo poder. • As forças que se posicionam no tabuleiro são todas radicais: radicais de direita, radicais de esquerda, radicais de centro. O objetivo é tornar-se a potência regente do poder mundial.

  23. Os Subterrâneos da Liberdade

  24. OS ÁSPEROS TEMPOS Os Subterrâneos da Liberdade Primeiro livro da trilogia, Os Ásperos Tempos mostra a instalação do Estado Novo e a arquitetura de poder que o possibilita, na aliança com a burguesia que é, em verdade, a avalista do processo.

  25. OS ÁSPEROS TEMPOS Os Subterrâneos da Liberdade A maestria de Jorge Amado consegue colocar em foco cada um dos grupamentos sociais que se enfrentam, traçando seus representantes como personagens visceralmente ligados à sua posição ideológica.

  26. OS ÁSPEROS TEMPOS Os Subterrâneos da Liberdade O centro de decisões políticas não é o Palácio do Governo, e sim a casa do banqueiro Costa Vale que, com suas festas, representações, alianças e conluios com os decadentes resquícios da nobreza e outras forças capitalistas, políticas e de poder bélico traça os caminhos do desenvolvimento dos negócios pintados de verde e amarelo, numa nacionalização de fachada. O presidente da República aparece tão somente como executivo desse planejamento.

  27. OS ÁSPEROS TEMPOS Os Subterrâneos da Liberdade De outro lado, há a contraposição política personificada no Partido Comunista que se mostra na figura de idealistas os quais, através de um foco de guerrilha camponesa ao sul da Bahia, buscam implantar no campo uma reação à usurpação das terras indígenas, enquantonos centros urbanos operários se empenham em construir células da organização partidária. É nesse clima que se dá a instauração do Estado Novo, um golpe que tem como justificativa o perigo do domínio comunista.

  28. OS ÁSPEROS TEMPOS Os Subterrâneos da Liberdade • Também as forças de direita (Armando Sales de Oliveira e José Américo de Almeida) que disputariam o poder no Brasil, através da eleição presidencial que breve ocorreria, são colocadas à margem do processo, já que todos os partidos políticos têm o registro cassado e o Congresso Nacional é dissolvido. • Getúlio Vargas é o braço armado que a tudo controla, enquanto no exterior tanto a Alemanha Nazista quanto os EUA buscam influenciar o governo brasileiro e os negócios, buscando consolidar posições na geopolítica de poder.

  29. AGONIA DA NOITE Os Subterrâneos da Liberdade • Segundo volume da trilogia, Agonia da noite mostra as primeiras reações violentas do governo Vargas e o aprofundamento da crise institucional, onde as forças de direita, preteridas (notadamente os armandistas e integralistas), buscam associação para um golpe de estado, enquanto uma camada ascende socialmente, através das negociatas em associações com os novos donos do poder. • As tintas com que Jorge Amado pinta as cores dos acontecimentos no exterior, tornam-se mais fortes, carregadas das sombras ideológicas.

  30. AGONIA DA NOITE Os Subterrâneos da Liberdade • A Alemanha nazista está em plena ascensão, enquanto Franco avança na Espanha, apoiado nas forças nazistas, rumo à tomada do poder. • Tem-se claramente o quadro da disputa mundial e a armação da Segunda Guerra Mundial. • No plano interno, o governo Vargas negaceia e negocia com os integralistas, representantes do nazismo alemão que quer firmar uma base na América, ao mesmo tempo em que acena para os americanos que buscam estender seu poder hegemônico nas Américas.

  31. AGONIA DA NOITE Os Subterrâneos da Liberdade • Contudo, a União Soviética também quer estender sua influência e o faz através da ideologia comunista, contando com o trabalho do operariado. • É nesse clima que os estivadores negam-se a embarcar, em navio nazista, uma carga enorme de café destinado ao general Franco. É o modo que têm de não colaborar com os fascistas. • A ação da polícia política junto ao sindicato, fazendo pressão para que se fizesse o carregamento do navio, acaba levando o setor ao estado de greve. É um confronto direto com o governo ditatorial do Estado Novo.

  32. AGONIA DA NOITE Os Subterrâneos da Liberdade • Jorge Amado, contudo, vai temperando a construção da situação política com a construção do perfil ideológico e afetivo dos personagens, mostrando a simplicidade e pureza dos humildes, dos operários, e a sordidez e leviandade dos ricos e poderosos, delineando fortes traços culturais que perfazem a realidade das diversas camadas da população, que, ao mesmo tempo, como um molde de ação social, vai definindo reação de cada uma dessas camadas á situação tão estranha quanto adversa de se viver sob a ditadura, salvo para um pequeno grupo que se locupleta nas negociações que o poder possibilita.

  33. AGONIA DA NOITE Os Subterrâneos da Liberdade • Nesse clima se configura a luta surda contra o regime, desenvolvida nos subterrâneos sociais, os subterrâneos da liberdade. • Enquanto os americanos jogam com o peso do poder de seu capital, a Alemanha joga com o poder bélico que representa e a força motora industrial, buscando a preferência do regime ditatorial.

  34. AGONIA DA NOITE Os Subterrâneos da Liberdade • Os partidários do comunismo, por seu lado traçam planos para instruir os camponeses que moram no meio da selva, em Mato Grosso, local de incidência de manganês, alvo da cobiça norte americana, que se apronta para, junto com o banqueiro Costa Vale, explorar aquelas riquezas, excluindo dali os caboclos, seus proprietários naturais. O empreendimento é apoiado pelo representante dos latifundiários, Venâncio Florival.

  35. AGONIA DA NOITE Os Subterrâneos da Liberdade • Fazendo ponte entre as ações dos comunistas na cidade e no campo, Jorge Amado dá uma ideia bastante precisa do modo de ação do partido, na doutrinação tanto de caboclos embrenhados na mata quanto de intelectuais e gente letrada. • Mostra também o racha existente dentro do próprio Partido Comunista, expondo o trotskismo como um mal internalizado no partido, como um câncer capaz de matá-lo.

  36. AGONIA DA NOITE Os Subterrâneos da Liberdade • O enfrentamento comunista ao Estado Novo, agudiza-se com a tentativa de barrar a “constituição” ditatorial. • A truculência do regime é habilmente demonstrada por Jorge Amado em episódio no qual a negra Inácia, grávida, é atropelada pela cavalaria que investe contra o povo que conduzia o caixão do grevista morto pela polícia.

  37. AGONIA DA NOITE Os Subterrâneos da Liberdade • Assim é construído esse romance, de amor e ódio, de lutas políticas e embates ideológicos no qual o escritor vai construindo a grandeza da dignidade humana, dentre tantos atrocidades e tantos desmandos.

  38. A LUZ NO TÚNEL Os Subterrâneos da Liberdade • Apesar do título, é neste último volume da trilogia que mostra-se por inteiro todo o horror do regime ditatorial. • No plano internacional, a Alemanha nazista vai conquistando espaço com uma convincente máquina de guerra; Franco bate as forças democráticas que, oriundas de todo o mundo, haviam se juntado para defender a Espanha. O nazi-fascismoparece impor-se como a nova realidade política no mundo.

  39. A LUZ NO TÚNEL Os Subterrâneos da Liberdade • A situação internacional reflete-se no Brasil, em uma surda disputa no campo dos negócios, onde os aproveitadores do momento enriquecem fazendo o jogo comercial entre a Alemanha e os EUA, no seu embate pelo domínio político e econômico. O núcleo de poder do capital, representado pelo banqueiro Costa Vale, em conluio com o latifundiário Venâncio Florival implanta na selva a empresa de extração do manganês e fazendas modelo com mão de obra japonesa, à custa do sangue dos primitivos habitantes.

  40. A LUZ NO TÚNEL Os Subterrâneos da Liberdade • Jorge Amado mostra, nessa representação dos grandes negócios, onde as cifras são astronômicas, a infiltração e paulatino domínio dos EUA na economia do Brasil, substituindo a Inglaterra, e vencendo aos poucos a disputa com a Alemanha. Deixa claro também as dicotomias do governo Vargas, oscilando entre o apoio aos EUA e à Alemanha nazista.

  41. A LUZ NO TÚNEL Os Subterrâneos da Liberdade • Também as relações de amor e de ódio recrudescem. As personagens que fazem o mundo dos ricos, os intelectuais e jornalistas afinados com o regime mostram sua carga de virulência após a tentativa frustrada das forças da direita (partidários de Armando Sales e integralistas de Plínio Salgado) de golpe e derrubada do governo Vargas. Nessa camada da população, o amor é efêmero e reduz-se à satisfação dos sentidos. O grande prazer é exercer o poder e, para tanto, tudo o mais, inclusive as pessoas, é utilizado como moeda.

  42. A LUZ NO TÚNEL Os Subterrâneos da Liberdade • Os capitalistas elegem para a polícia de Vargas, uma missão primordial: acabar com o comunismo internamente, quebrar o PC, desmantelar a organização operária, enquanto têm esperanças de que no plano global a Alemanha invada a União Soviética e acabe com o comunismo internacional.

  43. A LUZ NO TÚNEL Os Subterrâneos da Liberdade • Nessa perspectiva, o quadro pintado pelo escritor é tétrico, ilustrado fartamente pelas sessões de tortura a que a polícia submete dirigentes comunistas e simples operários; homens, mulheres e mesmo crianças de colo são torturados; as técnicas de inteligência e de tortura da polícia se aperfeiçoam, enquanto o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) amordaça a imprensa.

  44. A LUZ NO TÚNEL Os Subterrâneos da Liberdade • Termina o livro e a obra mostrando a cena do julgamento de Luís Carlos Prestes, no dia 7 de novembro de 1940, quando Mariana, a heroína operária, símbolo da persistência da luta comunista no romance, ergue sua voz, saúda Prestes e, com toda a dignidade, admirada pelo povo presente, encaminha-se para a prisão, com a clara mensagem: a luta continua. Essa continuidade de luta é a luz no túnel de trevas do Estado Novo.

  45. A LUZ NO TÚNEL Os Subterrâneos da Liberdade • O regime ditatorial, nos moldes fascistas duraria ainda cinco anos, emoldurado num quadro de horror protagonizado pela Segunda Guerra Mundial.

  46. A LUZ NO TÚNEL Os Subterrâneos da Liberdade • E aqui retomamos a linha do tempo na produção literária de Jorge Amado, que lança, em 1954, “Os subterrâneos da liberdade” no Brasil, inaugurando com essa estrutura uma era de grandes romances, após desligar-se do Partido Comunista, em 1955.

  47. Escritor • 1956. Deixa o Partido Comunista, alegando “deixei de militar politicamente porque esse engajamento estava me impedindo de ser escritor”. • 1958. Escreve e lança, no mês de agosto, “Gabriela, cravo e canela”. A edição, de 20.000 exemplares se esgota em uma semana! Até dezembro venderia mais de 50 mil exemplares. Em 1959 ultrapassaria a vendagem dos 100.000 exemplares. • 1959. Escreve, em 2 dias, a novela “A morte e a morte de Quincas Berro Dágua” e a lança na revista Senhor.

  48. Escritor • 1961. Lança ”Os velhos marinheiros”. “Gabriela” é lançada na TV Tupi. A cia. Metro Goldwyin Mayer compra os direitos de adaptação para o cinema de “Gabriela, Cravo e Canela”. • 1962. Lança o romance policial “O mistério dos MMM”, escrito em parceria com Viriato Corrêa, Guimarães Rosa, Antônio Callado, Orígenes Lessa e Rachel de Queiroz. • 1964. Lança “Os pastores da noite”. • 1965. Publica o conto “As mortes e o triunfo de Rosalinda”. A Warner Brothers compra os direitos autorais para filmagem de “A completa verdade sobreas discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso”.

  49. Escritor • 1966. Lança “Dona Flor e seus dois maridos”, com tiragem de 75 mil exemplares. Na noite de lançamento atingiu os mil autógrafos e teve de fazer uma segunda noite para atender a todos os que não conseguiram entrar no evento, em Salvador. • 1969. Lança “A tenda dos milagres”, também com tiragem de 75 mil exemplares. • 1970. Recebe o prêmio Juca Pato, como “Intelectual do Ano”. Lidera, com Érico Veríssimo, movimento contra a censura prévia dos livros. Estreia o filme “Capitães da areia”, produção norte americana.

  50. Escritor • 1972. Lança “Tereza Batista cansada de guerra”. • 1976. Publica “O gato malhado e a andorinha Sinha”. • 1977. Lança, no Rio de janeiro o romance “Tieta do Agreste”. • 1979. Publica “Farda fardão camisola de dormir”. • 1981. Lança, em edição não comercial, “O menino grapiúna”. • 1984. Publica “Tocaia grande”, com tiragem de 150 mil exemplares. Lança a estória infantil “A bola e o goleiro”. • 1986. Lança “O capeta Carybé”.

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