1.2k likes | 1.57k Views
Crise internacional e as economias da América Latina. Reinaldo Gonçalves EPPG, 28 julho 2008. Sumário. 1. Objetivos 2. Conjuntura internacional: mudanças recentes e perspectivas 3. Fragilidades e vulnerabilidades da América Latina 4. Síntese. 1. Objetivos.
E N D
Crise internacional e as economias da América Latina Reinaldo Gonçalves EPPG, 28 julho 2008
Sumário • 1. Objetivos • 2. Conjuntura internacional: mudanças recentes e perspectivas • 3. Fragilidades e vulnerabilidades da América Latina • 4. Síntese
1. Objetivos • mudanças recentes na conjuntura internacional • variáveis que geram risco econômico e financeiro na região • diferenças entre os países da América Latina em termos fragilidades e vulnerabilidades frente à crise internacional
2. Conjuntura internacional: mudanças recentes e perspectivas • Atuais incertezas críticas na economia mundial têm sido causadas, em grande medida, pela crise financeira nos Estados Unidos • Origem: o problema de solvência relacionado originalmente no mercado imobiliário
empréstimos imobiliários foram securitizados (transformados em títulos). • base para novos títulos ou obrigações – as CDOs, collateralized debt obligations –, que foram vendidos para investidores.
Perdas financeiras • perdas no mercado financeiro estadunidense têm aumentado nos últimos meses. • perdas estimadas eram de US$ 240 bilhões em outubro de 2007 • aumentaram para US$ 945 bilhões em março de 2008. • valor total dos ativos financeiros era de US$ 23 trilhões em março de 2008
Perdas não se limitaram aos Estados Unidos • perdas estimadas dos bancos nos Estados Unidos eram de US$ 95 bilhões em março de 2008 • Europa e resto do mundo: perdas eram US$ 80 bilhões e US$ 18 bilhões, respectivamente
Crise nos Estados Unidos EUA: nível de atividade tem se mostrado fraco desde o último trimestre de 2007
ESTADOS UNIDOS: CRESCIMENTO ECONÔMICO ECONOMIC GROWTH
Situação se agravou • elevação dos preços das commodities internacionais, com destaque para o petróleo e os alimentos. • a pressão inflacionária: fenômeno praticamente global nos últimos meses. • Estados Unidos: taxa anualizada de inflação ultrapassou os 4% em 2008.
ESTADOS UNIDOS: INFLAÇÃO INFLATION
Inflação • desequilíbrios nos mercado mundiais de petróleo e de outras commodities, com destaque para os alimentos. • no horizonte curto e médio prazo não parece haver soluções para estes desequilíbrios.
Crise global de alimentos • preço dos alimentos tem sido afetado pela própria elevação dos preços dos fertilizantes, transporte e pesticidas que dependem do petróleo. • há inúmeras causas estruturais e conjunturais para a elevação dos preços dos alimentos (UNCTAD, Addressing the Global Food Crisis, May 2008, cap. B) (UNCTAD, Food Crisis, May 2008).
Preço do barril de petróleo superou US$ 140PREÇO INTERNACIONAL DO PETRÓLEOMARÇO-JUNHO 2008
Principais temas da agenda energética mundial • aumentar a eficiência no consumo de energia • desenvolvimento e difusão de novas tecnologias; • expansão dos investimentos no setor energético; • aumento do nível de produção;
Agenda petróleo (cont.) • corte dos subsídios ao consumo; • cooperação na formação de estoques estratégicos de petróleo; • maior exploração de formas alternativas de energia • controlar os efeitos ambientais do uso intensivo de energia
Problemas energéticos em países específicos • situação no Iraque, • tensões políticas associadas ao desenvolvimento de energia nuclear no Irã • problemas na exploração e produção de petróleo em países como Indonésia e México • crescimento extraordinário da demanda, principalmente em grandes países consumidores como Índia e China. • China e Índia responderão por 40% do aumento da demanda global energia no horizonte 2030
Elevação dos preços das commodities • estratégias de hedge de agentes econômicos frente à desvalorização do dólar • operações de especulação nos mercados futuro e a termo, bem como nos mercados de derivativos
Tendência de aumento generalizado do preço das commodities internacionais: índices PREÇO INTERNACIONAL DAS COMMODITIES JANEIRO 2007-MAIO 2008
Situação econômica internacional • graves problemas financeiros • desaceleração da produção • pressão inflacionária.
Lado real da economia mundial • significativa deterioração em 2008 • negligível melhora em 2009. • em todas as regiões: desaceleração do crescimento em 2008 • exceção: África - melhora dos termos de troca causada preços elevados das commodities,
América Latina • projeções de crescimento econômico para 2008-09 são particularmente desfavoráveis no caso da América Latina e do Caribe • América Latina e do Caribe apresenta o processo mais marcante de desaceleração econômica.
CRESCIMENTO ECONÔMICO MUNDIAL 2006-09
Pressão inflacionária generalizada em 2008 • mais significativo nos casos da África e da América Latina e o Caribe. • taxas médias de inflação previstas para a América Latina e o Caribe: 6,6% em 2008 e 6,1% em 2009
INFLAÇÃO MUNDIAL 2006-09
América Latina • pressão inflacionária: reduz o grau de liberdade das políticas macroeconômicas tradicionais para impulsionar o crescimento econômico • segundo semestre de 2007 e em 2008 alguns países da região já aumentaram o grau de restrição da política monetária via aumento da taxa de juros.
Processo de ajuste macroeconômico nos Estados Unidos repercute diretamente no conjunto da economia mundial via comércio internacional
Forte desvalorização do dólar estadunidense e a desaceleração econômica têm como efeito: • redução do déficit da conta corrente do balanço de pagamentos dos Estados Unidos. • resto do mundo deve experimentar situação menos favorável da conta corrente do balanço de pagamentos em 2008-09. • África e, principalmente, Ásia continuarão com superávits na conta corrente do balanço de pagamentos ainda que em situações menos confortáveis que no passado recente
Déficits elevados persistirão nos países da Europa Central e Oriental em 2008-09. • América Latina e o Caribe: em 2008 nítida reversão do processo - região passará da situação de superávit para de déficit.
Hipótese otimistas:Países da América Latina não deverão ter problemas sérios de financiamento externo (na ausência de turbulências mais agudas na arena internacional )
América Latina e os fluxos de capitais • fluxo líquido de capitais internacionais deve ser mantido estável 2008 comparativamente a 2007 • há diferenças marcantes entre países em termos da sua capacidade de atrair capital externo e resistir aos fatores desestabilizadores externos.
FLUXOS FINANCEIROS INTERNACIONAIS PARA OS PAÍSES EMERGENTES (US$ BILHÕES) 2006-08
3. Fragilidades e vulnerabilidades da América Latina países da região continuam marcados por significativa vulnerabilidade externa estrutural
Sinais desfavoráveis: • aumento da pressão inflacionária; • menor crescimento da demanda externa; • tendência de situação menos favorável das contas externas; • aumento da percepção de risco em relação aos países da região; • interrupção da tendência de melhora nas finanças públicas ocorrida nos últimos anos.
Impacto da crise internacional sobre cada país depende da interação de um complexo conjunto de fatores:
Fatores • (1) natureza e extensão dos mecanismos de transmissão (contágio e choques); • (2) capacidade de resistência de cada país (fragilidades e vulnerabilidades) frente às pressões, fatores desestabilizadores e choques externos; • (3) o policy space e as respostas de políticas de ajuste.
Áreas de fragilidade e vulnerabilidade • Econômica • Financeira • Política
Área econômica:Variáveis • crescimento econômico • inflação • finanças públicas • contas externas
Área financeira: Variáveis • ingresso líquido de capital externo • descompasso (entre ativos e passivos correlatos) em montantes, prazos e moedas, • existência de bolhas de preços de ativos ou de volume de crédito,
volume excessivo de investimentos em ativos imobiliários, • nível de endividamento externo e serviço da dívida externa, • valor líquido das reservas internacionais • desalinhamento da taxa de câmbio.
Área política (não será analisada) • questão da governabilidade (estabilidade do governo) (eleições) • condições sociais.
3.1 Área econômica A. Crescimento econômico: 2008 • Argentina e, em menor grau, na Venezuela: forte crescimento. • marcante crescimento econômico (acima da mediana do painel de 4,7%) no Brasil, Peru e Uruguai
2009 • forte desaceleração na Argentina, Venezuela, Brasil e Uruguai. • exportadores de hidrocarbonetos como Equador e Bolívia apresentam trajetórias futuras favoráveis, marcadas por taxas de crescimento econômico cada vez maiores.
México se destaca pelo fraco desempenho econômico a partir de 2007 em decorrência da sua forte dependência em relação à economia dos Estados Unidos • Peru deve desacelerar, no entanto, manterá elevadas taxas de crescimento econômico
CRESCIMENTO REAL DO PIB (%) 2007-09
Fatos marcantes • fase ascendente do ciclo internacional tem influenciado a convergência das taxas de crescimento econômico na região. • coeficiente de variação das taxas de crescimento do PIB apresenta tendência de queda ao longo do período 2003-07, • protagonismo do ciclo internacional para as economias latino-americanas, todas elas marcadas por grandes fragilidades e vulnerabilidades.