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AVALIAÇÃO DE IMPACTOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA EM PERNAMBUCO. ANA CRISTINA BRITO ARCOVERDE Doutora em Sociologia, Mestre em Serviço Social Pesquisadora do CNPq, e líder do ARCUS Professora do Departamento e Programa de Pós - graduação de Serviço Social – UFPE. Revisitando a Avaliação.
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AVALIAÇÃO DE IMPACTOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA EM PERNAMBUCO ANA CRISTINA BRITO ARCOVERDE Doutora em Sociologia, Mestre em Serviço Social Pesquisadora do CNPq, e líder do ARCUS Professora do Departamento e Programa de Pós - graduação de Serviço Social – UFPE
Revisitando a Avaliação • Avaliação de políticas, programas e projetos desafio para gestores e pesquisadores rumos da política pública no Brasil, América Latina, mundo. • Brasil - visibilidade na agenda pública anos 80 • Demandas dos movimentos sociais universalização, transparência administrativa e financeira. • Movimento de pressão dos organismos financiadores internacionais = dimensionar a política pública e maior racionalidade dos gastos públicos. • Avaliar políticas, programas, projetos, sobretudo os públicos condição essencial para obtenção de financiamentos, nas três lógicas de aferição: - Eficiência = rentabilidade econômica a relação entre os custos despendidos e os resultados do programa; - Efetividade = relação existente entre resultados e objetivos - Eficácia = o grau em que objetivos e metas foram alcançados na população beneficiária, num determinado período de tempo. Silva (2001: p. 47).
Revisitando a Avaliação • Redemocratização - avaliação de Políticas públicas - necessidade dos gestores públicos = responsabilidade com a chamada “coisa pública” no debate democrático, tomadas de decisões = fundamentos, diretrizes e os rumos da política; aproximação às mesmas pelos sujeitos sociais envolvidos na sua execução, para superação da opacidade própria aos períodos ditatoriais. • Logo = avaliação passa a ser incorporada à gênese, ao desenvolvimento e aos resultados das políticas públicas no Brasil. • Política pública guarda coerência e pertinência com a relação construída entre Estado e sociedade no Brasil sob o signo do autoritarismo, sob regimes políticos centralizadores, concentradores e excludentes. • Perfis = paternalista, clientelista e autoritário, traços privatistas na cultura política brasileira = construiu um Estado aprisionado aos interesses de determinadas classes sociais. • Clientelismo, corrupção, insucessos dos resultados das políticas públicas são problemas cruciais na condução da política pública brasileira = evidência a imbricação entre o público e o privado, o poder de determinadas classes e grupos sociais sobre os interesses universais.
Revisitando a Avaliação • Processos avaliativos = ferramentas capazes de conferir visibilidade às demandas na esfera das políticas públicas. • “A avaliação implica no exercício de importante direito democrático: o controle sobre as ações de interesse público” (Gomes, 2001:21), • Alargamento da esfera pública, participação da sociedade civil, transparência e socialização da política. • Avaliação é “estratégia de construção da esfera pública como mecanismo de articulação entre Estado e sociedade civil numa perspectiva de crescente democratização da vida brasileira, em uma nova ordem social que valoriza a universalização dos direitos de cidadania” (Gomes, 2001:31).
Conceitos de Avaliação • Avaliação • Substantivo ou palavra avaliação • Sentido lato - valia, valor, preço, merecimento ou estima de algo, mas a fazemos cotidianamente. • Sentido estrito, no campo profissional, complexa, método científico e possui múltiplas dimensões: valorativa, cognitiva, comportamental. Avaliação procura dar conta de problemas, mensurações e aferir dimensões. • Avaliação = dimensão técnica e metodológica, teórica e política. • Métodos e técnicas da pesquisa social dão sentido à intervenção do Estado na realização da “res” pública. • Avaliação = ação que produz conhecimento, modo de julgar processos ou ações. (Barreira, 2000, p.17).
MODALIDADES OU TIPOS DE AVALIAÇÃO • Cohen & Franco (1993) conforme o momento e objetivos: - Ex-ante = antecipados aspectos para o processo decisório, conferir racionalidade, ordenar a política, programas e projetos segundo a eficiência e decidir se deve ou não ser implementados. Requer análise da relação custo e benefício e custo e efetividade. - Durante e ex-post = fundamentar decisões qualitativas de manter ou introduzir modificações. Avaliação de processo ou concomitante e avaliação terminal ou do depois avaliação de impacto. • Browne & Wildavsky (1984), tempo de realização = avaliação retrospectiva, prospectiva, formativa, contínua e integrativa. • Cohen & Franco (1993) e Aguilar & Ander-Egg (1994), conforme quem realiza a avaliação: - externa, avaliação realizada por pessoas estranhas ao quadro da instituição, programa ou ação; - interna ou auto-avaliação, realizada no interior da instituição por pessoas vinculadas ou não à formulação e, ou execução do programa, ação ou experiência. -mista que combina as modalidades interna e externa com a intenção de superar os limites de ambas e preservar as suas vantagens.
Avaliação de impactos: o caso dos empreendimentos econômicos solidários, em Pernambuco • Avaliação de impactos, ex-post, compreensiva, somativa = se interessa pelos resultados obtidos pelo conjunto de ações desenvolvidas no âmbito de uma política, programa ou projeto, está focada na eficácia entendida como mudança ou estimativa das ações sobre o problema que as requereram. • Roche (2002, 33), “datam dos anos 50 do século passado”. Para prever como política pública, suas prováveis conseqüências, sociais, econômicas, ambientais, etc. para aprová-las, ajustá-las ou rejeitá-las. • Nos anos de 1980 = vários métodos de pesquisa preocupados com os participantes sujeitos ativos das avaliações de impactos. • Avaliação de impactos, seja na sua concepção de “mudanças sustentadas nas vidas das pessoas provocadas por uma determinada intervenção” ou experiência, seja: de impacto “como mudanças significativas ou permanentes na vida das pessoas, ocasionadas por determinada ação ou série de ações” (Roche, 2002:36). • Cadeia de impactos = insumos atividades produtos resultados efeitos impacto. Para cada elo foram criados indicadores. (Roche, 2002:43) • Cardoso (1998, 51) na avaliação de impactos “não basta mostrar que ocorreram mudanças, mas que tais mudanças não ocorreriam (total ou parcialmente) sem a ação” realizada.
Metodologia de Avaliação de Impactos • Considerar a natureza do impacto: • objetivo = mudanças quantitativas em termos de acréscimos de bem-estar • subjetivo = estado de espírito ou percepção da importância do empreendimento • substantivo = qualidade do acréscimo • Requer comparar = aspectos quantitativos, ideológicos e qualitativos da população entre o antes, no processo e o depois da ação ou experiência realizada. • Nos empreendimentos econômicos solidários em Pernambuco buscamos = acréscimos de bem-estar, percepção do próprio negócio e qualidade da mudança na vida e no local. • Avaliação de impactos = “análise sistemática das mudanças duradouras ou significativas, positivas ou negativas, planejadas ou não, na vida das pessoas e ocasionadas por determinada ação ou série de ação” (Roche, 2002, 37). • Estrutura da cadeia de impactos = Cadeia de Impactos de Roche + as dimensões de Cardoso, e os indicadores sociais, econômicos e ideológicos e políticos que produzimos para cada elo da cadeia.
Perfil dos Empreendimentos • Data de Fundação: 90,4% datam de 1980 a 2000 • Registro: 85,9% estão registrados 40,5% são registrados em cartório 19,1% dos não registrados, não o fazem por falta de dinheiro • Tipo 59,2% são registrados como Associação, 19,8% são Cooperativas Territorialidade Urbano= 33,9%; Rural= 41,4%; Urbano-rural= 24,6 • Sede 38,4% tem sede própria • Divisão dos ganhos 44,1% por produção; 20,4% de forma igual, 24% não há ganhos
Impactos Econômicos- Dimensão objetiva • Renda antes: 15,6% não tinham renda 27,0% tinham renda inferior à 01 S.M. 24,3% tinham renda de 01 S.M. • Renda depois: 2,4% não tem renda 21,0% tem renda inferior a 01 S.M. 23,7% tem renda de 01 S.M.
Impactos Sociais – Dimensão Substantiva • Acréscimo de conhecimento, • Aumento da rede de relacionamento, • Maior integração com a comunidade, • Conscientização sobre direitos, • Reconhecimento social, • Melhoria nas condições de vida, • Acesso à informação, • Acesso à lazer, • Aumento do conforto e melhoria na qualidade de vida,
Impactos Ideopolíticos – Dimensão subjetiva GRAU DE SATISFAÇÃO Você gosta do trabalho que realiza?
Impactos Ideopolíticos – Dimensão subjetiva Profissional •Participação em cursos profissionalizantes; • Adquiriram experiência profissional; • Oportunidade do primeiro emprego; • Oportunidade de ter outra profissão; • Participação em capacitações; • Aperfeiçoamento das técnicas de trabalho.
Impactos Ideopolíticos – Dimensão subjetiva Pessoal • Satisfação pessoal • Amadurecimento pessoal • Melhorou a convivência com as pessoas • Aumentou os conhecimentos; • Melhorou o diálogo com as pessoas. • Aumentou o ciclo de amizades;
Impactos Ideopolíticos – Dimensão subjetiva Familiar • Melhorou o convívio entre os familiares; • Aumento da renda; • Participação familiar no empreendimento; • Acesso a bens materiais.
Impactos Ideopolíticos – Dimensão subjetiva Sociedade • Prestação de serviços à comunidade; • Geração de emprego e renda; • Oferecimento de produtos de boa qualidade; • Desenvolvimento comunitários • Mobilização da comunidade • Inclusão social.
Impactos Ideopolíticos – Dimensão subjetiva Financeiro • Aumento da renda pessoal; • Contribuição para as despesas familiar; • Acréscimo à renda familiar.
Impactos Ideopolíticos – Dimensão subjetiva Político-Ideológico • Conscientização e luta por direitos; • Ampliação da visão de mundo; • Reconhecimento social; • Participação política; • Mais expectativa para o futuro, • Ocupação de espaços de participação, • Mais segurança e poder de representatividade nos espaços públicos.
Impactos Ideopolíticos – Dimensão subjetiva Sociais • Melhorou a qualidade de vida; • Acesso a lazer; • Acesso à alimentação de qualidade; • Acesso a bens e serviços; • Acesso a plano de saúde; • Acesso à habitação.