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ACESSIBILIDADE. ÀS VEZES É DIFÍCIL CIRCULAR. ESCOLA ALERTA EB23 Aires Barbosa. Ah! Como me sinto miserável. Estou cansada, sem força, desfeita, humilhada… E, contudo, ainda sou uma cadeira jovem, com força para enfrentar os desafios.
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ACESSIBILIDADE ÀS VEZES É DIFÍCIL CIRCULAR ESCOLA ALERTA EB23 Aires Barbosa
Ah! Como me sinto miserável. Estou cansada, sem força, desfeita, humilhada… E, contudo, ainda sou uma cadeira jovem, com força para enfrentar os desafios...
Hoje o dia foi muito difícil.Venci uma verdadeira prova de obstáculos nuns míseros 500 metros entre casa e a escola. Eu conto-vos o que se passou.
7 horas e45: saí de casa, transportando o José que se aleijou e não pode andar. Ao chegar à porta do prédio encontrei um degrau.
Mais à frente, o passeio , esburacado, sem rampa de acesso, bastante desnivelado, dava acesso a uma passadeira, igualmente esburacada.
No final: outro passeio intransitável, terminando inexplicavelmente!
As pedras soltas, pela força da chuva que se fizera sentir umas horas antes, obrigaram-me a caminhar aos solavancos e a perder – de quando em quando – o controle da minha condução que tão segura costuma ser!
Atravessei, então, a estrada por uma passadeira que terminava num exíguo passeio! Portanto, tive que circular na faixa de rodagem. Pelo menos evitei mais um passeio sem rampa!!! Mas encontrei muita água pela frente…
Cheguei então a outra passadeira! Esta, regulada por semáforos, com um separador central, estreito e elevado, onde fui obrigada a permanecer, porque – com a falta de rampas – não consegui completar a travessia enquanto o semáforo estava verde para os peões.
Finalmente lá completei a travessia. Tive tanto medo de ser atropelada! Ainda bem que os automobilistas – apesar do sinal verde ter acendido entretanto – não iniciaram marcha…
Dobrei a esquina e esperava-me um autêntico desafio: uma estrada, com imenso trânsito, sem passeio nem berma onde me encostar!!
Segui por ali, com a compreensão dos automobilistas que reduziram a velocidade … mas sempre com o coração apertado e muito medo.
Finalmente avistei um passeio, largo, mas demasiado inclinado e – novamente – sem rampa de acesso!
Solução: continuar pela estrada até encontrar um ponto onde conseguisse subir!
Subi a rua num passeio tranquilo, mas para sair dele tive que usar a rampa de entrada de uma garagem!
Aleluia! Já via a escola. A viagem estava quase no fim! Só mais um passeio sem rampa!!!
8:25: A campainha tocou. O José tinha aula de Física e Química. O laboratório ficava no 1º andar! Não havia elevador!!!!!
Felizmente apareceram os colegas do José que o levaram ao colo. O mesmo nos outros blocos! A biblioteca, a sala de informática, a sala de estudo, … tudo se situava no 1º andar!!! Desespero! O que fazer???
Como me senti inútil e incapaz!! Sem os colegas o José nem tão pouco teria almoçado, pois a entrada da cantina – para aceder à zona de recepção das refeições - não permitia a minha passagem.