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Jangada de pedra. Olga Pombo Lisboa, FCUL, 16 Maio, 2013. Powerpoint apresentado no workshop Depois dos Descobrimentos, que redescoberta da Europa? , organizado por Diogo Sardinha no âmbito do programa internacional Transmed ! Pensamento mediterrânico e consciência europeia,
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Jangada de pedra Olga Pombo Lisboa, FCUL, 16 Maio, 2013
Powerpoint apresentado no workshop Depois dos Descobrimentos, que redescoberta da Europa?, organizado por Diogo Sardinha no âmbito do programa internacional Transmed! Pensamento mediterrânico e consciência europeia, promovido pelo Gabinete Franco-Alemão para a Juventude (Berlim/Paris) em parceria com o Colégio Internacional de Filosofia (Paris) e o Centro de Filosofia das Ciências (CFCUL), e realizado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), nos dias 16 e 17 de Maio de 2013
promessas • prometi acertar algumas ideias sobre Portugal para apresentar muito informalmente a um grupo de investigadores estrangeiros de visita a Lisboa. • prometi dizer algumas coisas sobre as descobertas e sobre o passado glorioso de Portugal. • prometi dar testemunho da ditadura que conheci na carne, do 25 de Abril que tive a felicidade de viver, da reforma agraria que acompanhei de perto, da crise actual que pensei nunca ser possível.
resgate e traição • resgatei o titulo a Saramago mas vou trair o nosso prémio Nobel pois vou usar o titulo do seu livro com um sentido diferente do que ele lhe deu. • não é a Península Ibérica que tem a forma de uma jangada. É Portugal que é uma jangada de pedra. • jangadapela aventura, pela vontade de partir, pela ânsia de infinito; de pedra pelo peso imenso que sempre interrompeu os seus sonhos e o fez ficar muito aquém da sua vontade.
que pais é este? • o ponto mais ocidental da Europa • pequena faixada península ibérica
país partido ao meio pelo rio Tejo: um norte católico e laborioso; um sul árabe, escaldante e vermelho
daqui irão sair os maiores navegadores de sempre - por isso o mar é português
Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar!Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.Quem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abismo deu,Mas nele é que espelhou o céu.Mensagem, Mar Português Fernando Pessoa
Oh salty sea, so much of your salt Is tears of Portugal! Because we crossed you, so many mothers wept, So many sons prayed in vain! So many brides remained unmarried That you might be ours, oh sea! Was it worthwhile? All is worthwhile When the spirit is not small. He who wants to go beyond the Cape Has to go beyond pain. God to the sea peril and abyss has given But it was in it that He mirrored heaven. Message, Portuguese See Fernando Pessoa
omar português ainda hoje é conhecido por oferecer as maiores ondas do mundo, verdadeiras preciosidades dos surfistas
“poucas vezes um povo, partindo de tão pouco, alcançou um direito tão claro a ser tido por grande” Eduardo Lourenço O Labirinto da Saudade. Psicanálise mítica do destino português, Lisboa: D. Quixote, 1978, p. 22
que povo é este? • desenhavanas rochas • entre 38.000 e 9000ac • Foz Coa, gravura rupestre
que misturas se fizeram aqui ? • os fenícios • os gregos • os romanos • os suevos • os alanos • os vândalos • os visigodos (414) • depois, os árabes (711)
Portugal, um dos países mais antigos da Europa Dinamarca – 950 Hungria – 1.000 Portugal - 1143 Afonso Henriques (1109- 1185)
“ diante de Lisboa, era compacta a selva de mastros (…) Acumulavam-se por vezes 500 navios, afora um cento, ou cento e cinquenta, que subiam o rio até Santarém, ao carregamento do vinho e do sal” Breve Interpretação da História de Portugal, Lisboa, Sá da Costa, 1972, p. 29 António Sérgio (1883 —1969)
um pequeno país de poetas Ay eu coitada Como vivo em gran cuidado Por meu amigo que ei alongado! Muito me tarda O meu amigo na Guarda! Ay eu coitada Como vivo em gran desejo Por meu amigo que tarda e não vejo! Muito me tarda O meu amigo na Guarda Paio Soares de Taveirós (1198)
um rei poeta que manda plantar pinhais para fazer barcosD. Dinis (1261 -1325)
D. Dinis funda também a Universidade de Coimbra, uma das mais antigas da Europa (1290)
“uma história filosófica dos descobrimentos” “a palavra-chave da época, “Descobrimentos”, (…) designa a encarnação de praticas pelas quais o desconhecido se transforma em conhecido, o não representado em representado“ Peter Sloterdijk Palácio de Cristal, Lisboa: Relógio d’Água, pp. 105-106
“sem a elaboração de sistemas de demência que justificassem como actos racionais tais saltos no indistinto e no desconhecido, as viagens dos portugueses nunca se teriam realizado. Esse é um dos traços essenciais da loucura bem sistematizada: sabe transmitir-se a outros sob as vestes do projecto plausível” Peter Sloterdijk Palácio de Cristal, p. 62
1ª passagem do cabo Bojador (1433) Gil Eanes
2ª passagem do cabo Da Boa Esperança (1487) Bartolomeu Dias
“ (…) quando uma figura Se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura, O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados, e a postura Medonha e má, e a cor terrena e pálida, Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos. "Tão grande era de membros, que bem posso Certificar-te, que este era o segundo De Rodes estranhíssimo Colosso, Que um dos sete milagres foi do mundo: Com um tom de voz nos fala horrendo e grosso, Que pareceu sair do mar profundo: Arrepiam-se as carnes e o cabelo A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo. Camões Lusiadas, Canto V
O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-rei D. João Segundo!» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso. «Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quere o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, D' El-rei D. João Segundo!» Mensagem, O Mostrengo
The bogey-beast that lives at the end of the sea In the pitch dark night rose up in the air; Around the galleon it flew three times, Three times it flew a-squeaking, And said: "Who has dared to enter My dens which I do not disclose, My black roofs of the end of the world?" And the helmsman said, a-trembling: "King Don Joao the Second!" "Whose are the sails over which I skim? Whose are the keels I see and hear?" Said the monster, and circled three times, Three times it circled filthy and thick. "Who comes to do what only I can, I who ell where none has ever seen me And pour forth the fears of the bottomless sea?" And the helmsman trembled, and said: "King Don Joao the Second!" Three times from the helm he raised his hands, Three times on the helm he lay them back, And said, after trembling three times: "Here at the helm I am more than myself: I am a People who wants the sea that is yours; And more than the monster, that my soul does fear And dwells in the dark of the end of the world, Commands the will, that binds me to the helm, Of King Don Joao the Second!" Mensage, The bogey-beast
3ª descoberta do caminho marítimo para a India (1497) Vasco da Gama
4ª descoberta do Brasil (1500) Alvares Cabral
Brasil: descoberta ou achamento ? Tratado de Tordesilhas (1494)
5ª aprimeira viagem à volta do mundo (1519) Fernão de Magalhães
o primado da ida “Se, após o motim dos seus capitães diante de s. Julian, na costa patagónica da América do Sul, a 1 de Abril de 1520, o português Magalhães não tivesse, apesar de todas as objecções dos seus subordinados, desembarcado e executado os insubordinados nobres espanhóis, não teria feito compreender aos seus homens, com a maior determinação, o que significa uma viagem de ida incondicional, e se, (…) não tivesse ameaçado de morte quem quer que falasse de regresso ou mencionasse a falta de viveres, a viagem por oeste para as Molucas teria acabado logo no primeiro quinto do trajecto” SloterdijkPalaciode Cristal, p. 91
depois dos navegadores, são os conquistadores que partem para oriente.
D. Francisco de Almeida 1º vice rei da India parte em 1505 com 22 navios e 1500 homens